Ciro chega a 18% e empata com Serra no segundo lugar

DE SÃO PAULO

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O candidato do PPS, Ciro Gomes, ganhou sete pontos percentuais em 28 dias, passando de 11% para 18% das intenções de voto, e agora divide o segundo lugar na disputa pela presidência com José Serra (PSDB), que oscilou de 21% para 20%, mostra pesquisa realizada pelo Datafolha nestas quinta e sexta-feira, 4 e 5 de julho de 2002. Anthony Garotinho (PSB) perdeu três pontos em relação ao levantamento anterior, realizado no dia 7 de junho, e ocupa a terceira colocação, com 13% das intenções de voto. Luiz Inácio Lula da Silva, que oscilou de 40% para 38%, continua liderando a disputa de maneira isolada.

A margem de erro máxima para este levantamento é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, considerando-se o total da amostra. O Datafolha ouviu 5103 eleitores brasileiros em 285 cidades do país.

Em virtude da margem de erro, o real percentual de intenção de voto em Serra situa-se em um intervalo que vai de 18%, no mínimo, a 22%, no máximo; o candidato do PPS, por sua vez, pode ter entre 16% e 20%. Anthony Garotinho pode ter entre 11% e 15% das intenções de voto.

Zé Maria (PSTU) tem 1%, taxa que Rui Costa Pimenta (PCO), embora citado, não chega a atingir. Ambos foram incluídos na série de pesquisas do Datafolha pela primeira vez. O percentual de eleitores brasileiros que votariam em branco ou anulariam o voto diante dessas opções de candidatos, é de 5%, taxa idêntica à dos que se declaram indecisos.

O candidato do PPS também ganhou pontos no que se refere a um possível segundo turno e a rejeição a seu nome diminuiu. A intenção de voto em Ciro Gomes apresentou variação positiva na maioria dos segmentos do eleitorado passíveis de análise. A maior variação positiva para o candidato ocorreu entre aqueles com idade entre 35 a 44 anos. Nesse estrato Ciro cresceu 12 pontos, passando de 10% para 22%.

Entre as mulheres Ciro ganhou nove pontos percentuais, passando de 11% para 20%. O candidato do PPS teve ganho idêntico entre os eleitores de escolaridade média e renda familiar alta: foi de 13% para 22% entre os que estudaram até o 2º grau, e de 18% para 27% entre os que têm renda familiar mensal acima de 10 salários mínimos.

No Sul, Ciro Gomes passou de 8% para 17%, enquanto Lula perdeu 11 pontos percentuais, caindo de 48% para 37%; no Sudeste Ciro foi de 10% para 18% das intenções de voto.

De um modo geral, Serra teve variações positivas especialmente entre os eleitores com nível superior de escolaridade, entre os que ganham entre cinco e dez salários mínimos e entre os moradores do Sul. O peessedebista perdeu votos principalmente entre os moradores das regiões Norte, Centro-Oeste e Nordeste, entre os eleitores com idade entre 35 e 44 anos e aqueles com renda acima de 10 salários mínimos.

Na região Nordeste, Ciro, com 21%, fica à frente de Serra, que tem 16% das intenções de voto.

Garotinho teve variações negativas principalmente entre os moradores das regiões Norte e Centro-Oeste e entre aqueles com maior renda.

Por outro lado, Lula, assim como Ciro, ganhou votos entre os eleitores com maior renda familiar mensal. Nesse estrato o petista ganhou seis pontos percentuais (passou de 32% para 38%).

Considerando-se a avaliação que os eleitores fazem do governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, verifica-se que Ciro Gomes passou de 12% para 21% entre aqueles que consideram o desempenho do presidente regular. Garotinho perdeu cinco pontos percentuais nesse estrato, caindo de 18% para 13%.

Na tabela encontram-se as variações de cada candidato nos principais segmentos sociodemográficos.

Sem Garotinho na disputa, 34% dos eleitores do candidato do PSB votariam em Ciro Gomes

Um segundo cenário, sem o nome do ex-governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho, também foi apresentado aos entrevistados. Nessa hipótese, Lula perdeu seis pontos percentuais em relação ao levantamento de junho: o petista tinha 42% das intenções de voto naquela ocasião, e agora atinge 36%. Ciro Gomes ganhou oito pontos, passando dos 16% obtidos anteriormente para 24%, percentual idêntico ao obtido por Serra, que tinha 26% no levantamento anterior.

Dos entrevistados que, no primeiro cenário, afirmam que votariam em Garotinho, 34% optam por Ciro Gomes com a retirada do nome do ex-governador da disputa. Os demais se distribuem entre José Serra (25%) e Lula (21%). A taxa dos potenciais eleitores de Garotinho que votariam em branco ou anulariam o voto no caso de desistência do candidato chega a 13%, cinco pontos acima da média. Na tabela abaixo encontram-se os resultados para os dois possíveis cenários, apresentados aos entrevistados em cartões circulares:

O percentual de brasileiros que dizem, espontaneamente, que pretendem votar em Lula para presidente oscilou de 25% para 26%. As citações espontâneas a Serra permanecem idênticas às verificadas na pesquisa anterior 8% - mesmo percentual agora atingido por Ciro Gomes, que em junho tinha 5% de menções espontâneas. Citam Garotinho espontaneamente 6%. A taxa dos que não sabem dizer de maneira espontânea em quem gostariam de votar para presidente caiu de 48% em junho para 44% hoje.

A taxa dos eleitores brasileiros que dizem que não votariam de jeito nenhum em Lula para presidente oscilou de 31% para 32%. A rejeição a Garotinho aumentou de 22% para 25%, e a taxa dos que rejeitam Serra cresceu de 21% para 24%. Por outro lado, a rejeição a Ciro Gomes caiu de 18% para 14%.

Zé Maria não receberia o voto, sob nenhuma hipótese, de 28% dos entrevistados; essa taxa é de 25% em relação a Rui Costa Pimenta. Votariam em qualquer um dos pré-candidatos 4% e não votariam em nenhum deles 2%.

Ciro Gomes venceria José Serra em eventual segundo turno

Ciro gomes venceria José Serra em eventual segundo turno Se o segundo turno da eleição para presidente fosse hoje, e os candidatos fossem Ciro Gomes e José Serra, Ciro teria 45% do total de votos, e venceria o peessedebista, que ficaria com 40%.

Essa foi a primeira vez que o Datafolha incluiu essa hipótese de segundo turno nessa série de pesquisas eleitorais.

Ciro ganhou seis pontos percentuais na simulação de segundo turno contra Lula.

Caso enfrentasse Lula hoje, o candidato do PPS teria 44% (atingia 38% em junho), contra 47% do petista (que tinha 52% na pesquisa anterior).

Esse resultado representa um empate entre os dois candidatos, em virtude da margem de erro máxima da pesquisa. Considerando-se a margem de erro, verifica-se que o real percentual de intenção de voto em Lula em um hipotético segundo turno contra Ciro situa-se em um intervalo que vai de 45%, no mínimo, a 49%, no máximo; o candidato do PPS, por sua vez, pode ter entre 42% e 46%.

Lula venceria Serra, por 50% a 40%, e Garotinho, por 51% a 35%.

Se o segundo turno fosse entre José Serra e Garotinho o peessedebista seria o vitorioso, com 48% do total de votos, contra 34% do ex-governador do Rio de Janeiro.

Ciro gomes é a segunda opção de 44% dos eleitores de Serra

O Datafolha perguntou aos eleitores brasileiros em quem votariam além do pré-candidato escolhido no primeiro cenário.

Ciro Gomes atinge 28% das citações como segunda opção de voto. O candidato do PPS é a segunda alternativa para 44% dos potenciais eleitores de José Serra, para 32% dos que pretendem votar em Lula e de 31% dos potenciais eleitores de Garotinho.

Apontam José Serra como segunda opção 20%. Entre os eleitores de Ciro Gomes a taxa dos que têm Serra como segunda opção chega a 35%.

Garotinho é citado por 17% e Lula por 11% como segunda opção de voto.

33% admitem mudar voto em caso de agravamento da crise econômica

Também foi indagado sobre a possibilidade de mudança de voto no caso de agravamento da crise econômica.

Nesse caso, cerca de um terço (33%) dos eleitores afirmam que existe chance de mudar seu voto para presidente caso a situação econômica do país se agrave até o dia das eleições. Desses, 10% afirmam que a chance de mudar o voto é grande, 16% média e 8% pequena.

A maioria (60%), no entanto, afirma que não existe chance de mudar o voto para presidente caso a situação econômica piore. A taxa dos que afirmam que existe chance de mudar é mais alta entre os potenciais eleitores de José Serra (41%, oito pontos acima da média) e Ciro Gomes (38%, cinco pontos acima da média). Entre os que votariam em Lula essa taxa fica abaixo da média (29%); entre os eleitores de Garotinho 31% admitem que podem mudar o voto caso a situação econômica se agrave.

Entre aqueles que admitem mudar até o dia da eleição, 26% citam Ciro Gomes como o candidato que teria mais chances de receber seu voto. Daqueles que, no primeiro cenário apresentado, afirmaram que votariam em José Serra, e admitem que podem mudar o voto, 37% votariam no candidato do PPS. Entre os eleitores de Lula, 35% admitem que podem trocá-lo por Ciro, caso a situação econômica se agrave.

José Serra é citado por 19%, Garotinho por 15% e Lula por 12% dos eleitores que admitem mudar o voto em razão da crise econômica. A taxa dos que atribuem muita influência à situação econômica do país em seu voto para presidente, no entanto, caiu de 57% em junho para 43% hoje. Já a taxa dos que atribuem um pouco de influência aumentou de 22% para 29%, e a dos que atribuem nenhuma influência ao aspecto econômico em seu voto para presidente cresceu, de 17% para 22%.

Maioria descarta influência da conquista da copa do mundo em seu voto para presidente

A maioria (63%) dos eleitores brasileiros afirma que a conquista do quinto título mundial pela seleção brasileira de futebol, no último domingo, não terá nenhuma influência em seu voto para presidente. Cerca de um em cada cinco dos entrevistados (19%), no entanto, afirma que a conquista da Copa do Mundo terá muita influência em sua escolha para presidente. Dizem que o triunfo brasileiro no Japão terá um pouco de influência em seu voto para presidente 12%. Não souberam responder à indagação 6% dos entrevistados.

Atribuem muita influência da conquista da Copa do Mundo em seu voto para presidente principalmente os moradores do Nordeste (30%), os menos escolarizados (26%), com renda familiar mensal até cinco salários mínimos e que moram em cidades localizadas no interior do país (22% em cada segmento).

Para cerca de um terço (31%) nenhum dos candidatos à sucessão de Fernando Henrique Cardoso será beneficiado politicamente pela conquista da Copa do Mundo. Mais de um terço (35%) dos entrevistados não soube dizer qual dos candidatos à presidência será beneficiado pela conquista. Para 18% o candidato mais beneficiado pelo título será José Serra.

São Paulo, 05 de julho de 2002