Jovens brasileiros

DE SÃO PAULO

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Pesquisa realizada pelo Datafolha junto a jovens brasileiros com idade entre 16 e 25 anos mostra suas opiniões, hábitos e anseios.

O estudo mostra, por exemplo, que família, saúde, trabalho e estudo são os principais valores, e que os maiores sonhos são materiais: realização profissional, comprar imóvel e veículo e ficar rico.

Realização profissional e casa própria são aspectos fundamentais para esses jovens, que também sonham com um veículo próprio.

Quando se considera o tradicional espectro político, parte significativa da juventude se posiciona à direita. O noticiário político divide os jovens, e a maioria não participa nem tem interesse em participar de organizações e movimentos sociais.

TV aberta e internet são as principais fontes de informação, sendo que, entre os mais jovens, com 16 ou 17 anos, elas empatam na preferência.

A maioria é contrária à descriminalização da maconha e do aborto e favorável à diminuição da maioria penal, enquanto a pena de morte divide a opinião dos jovens. As opiniões se assemelham às da população brasileira em geral.

Foram entrevistados 1541 jovens, em 168 municípios de 24 Unidades da Federação e no Distrito Federal, nos dias 1 e 2 de abril de 2008. A margem de erro máxima, para os resultados que se referem ao total de entrevistados, é de três pontos percentuais, para mais ou para menos.

Jovens brasileiros sonham com realização profissional

Pesquisa realizada pelo Datafolha junto a jovens brasileiros com idade entre 16 e 25 anos mostra que, quando indagados sobre qual é seu maior sonho, destacam-se referências espontâneas ao aspecto profissional: 18% se referem a se formar e trabalhar em alguma profissão específica (Direito e Medicina são citadas por 2%, cada) e 15% fazem menções a ter realização profissional, um emprego ou trabalho.

Referências a compra de imóveis atingem 14% e menções ao estudo chegam a 12%. São citados ainda, entre outros sonhos, referências a aspectos financeiros (9%, dos quais 4% afirmam querer ficar ricos), ter um carro ou uma moto (4%), ter um negócio próprio, ser feliz (3%, cada), viajar e ser bem sucedido (2%, cada).

Entre os que têm 16 ou 17 anos as referências a se formar e trabalhar em alguma profissão específica chegam a 34% das menções, quase o dobro da taxa registrada entre o total de entrevistados. Menções a ter realização profissional, um emprego ou trabalho chegam a 21% (seis pontos acima da média) entre os que têm escolaridade superior, mesma taxa verificada entre os que têm renda familiar mensal acima de 10 salários mínimos.

Entre os entrevistados que têm filhos, o percentual dos que fazem referências a compra de imóveis chega a 30%, ante 10% registrados entre os que não são pais. A taxa dos que se referem a imóveis entre os casados é de 28%; entre os solteiros ela é de 9%.

O percentual das que fazem referências a compra de imóveis entre as mulheres que têm de 22 a 25 anos chega a 28%, o dobro da taxa registrada entre o total de entrevistados. Já entre as moças que têm 16 ou 17 anos as menções a estudo atingem 20% (oito pontos acima da média).

Quanto ao maior medo, 23% citam, espontaneamente, a morte.

A morte de pessoas próximas é citada por 17% (citam os pais 10%), e a violência é mencionada por 13%.

Vêm a seguir, entre outros, desemprego (7%), problemas de saúde, doenças (4%), solidão, 3%, referências a aspectos profissionais e educacionais, falta de dinheiro e não alcançar metas (2%, cada).

Entre os homens que têm 16 ou 17 anos o medo da morte chega a 29%. Entre os que têm nível superior de escolaridade, o percentual dos que dizem ter medo da morte é de 17% (seis pontos abaixo da média), enquanto a taxa dos que dizem ter medo do desemprego chega a 14%, o dobro da verificada entre o total de entrevistados.

Personalidades do futebol, da música e das telas são referências para os jovens

Os entrevistados foram indagados a respeito de qual personalidade nacional ou internacional gostariam de ser. As respostas foram as mais diversas possíveis, e nenhum nome recebeu mais do que 2% de menções, não sendo possível apontar um primeiro colocado. Chega a 37% a taxa de personalidades que não chegaram a ser citadas por 1% dos entrevistados, e foram agrupados em outras respostas. Cerca de um terço (28%) disse não ter vontade de ser qualquer personalidade e 3% disseram que não gostariam de ser ninguém além de si próprios.

Atingiram 2%, entre o total de entrevistados, os jogadores de futebol Ronaldinho Gaúcho e Kaká, a cantora Ivete Sangalo e a atriz norte-americana Angelina Jolie. Entre os rapazes com 16 ou 17 anos de idade a taxa dos que citam Ronaldinho Gaúcho chega a 7%; Kaká é citado por 4% deles. Entre as moças nessa mesma faixa de idade, destacam-se Ivete Sangalo (7%), Angelina Jolie (6%), Juliana Paes (5%) e Gisele Bündchen (4%).

Também foram investigadas as opiniões dos entrevistados a respeito de alguns atributos específicos. Também nesses casos, ocorrem empates, sem que sejam registrados primeiros colocados indiscutíveis.

Quando indagados sobre qual a personalidade mais bonita, destacam-se, entre outros, Juliana Paes (9%), Angelina Jolie, Reinaldo Gianecchini (6%, cada) e Gisele Bündchen (5%).

Juliana Paes fica em primeiro lugar entre os homens, com 15% de menções entre o total de entrevistados do sexo masculino, e 19% entre os que têm 16 ou 17 anos. Reinaldo Gianecchini é o primeiro entre as mulheres, com 11%, chegando a 15% entre as que têm 16 ou 17 anos.

Quando se fala em honestidade, 5% citam o presidente Lula. Os apresentadores de TV Gugu Liberato e Luciano Huck são citados por, respectivamente, 3% e 2% dos entrevistados. Ivete Sangalo também atinge 2% das menções.

As menções a Lula chegam a 9% no Nordeste e entre os brasileiros que fazem parte das classes D e E. Luciano Huck é considerado o mais honesto por 7% dos que têm escolaridade superior.

Quando se trata da personalidade mais inteligente, alguns dos nomes citados são Silvio Santos, Jô Soares (7%, cada), Bill Gates, Lula (4%, cada) e William Bonner (3%). Entre os que têm escolaridade superior as menções a Jô Soares como o mais inteligente chegam a 11%. Entre os que fazem parte das classes A e B essa taxa é de 10%.

Quando se fala na personalidade que tem mais sucesso, são citados, entre outros, Ivete Sangalo (7%), Silvio Santos, Xuxa (6%, cada), Gisele Bündchen (4%) e Roberto Carlos (3%).

Entre as mulheres na faixa etária entre 22 a 25 anos, a taxa das que citam Xuxa chega a 14%. Entre os jovens que fazem parte do estrato que têm renda familiar mensal superior a 10 salários mínimos, Silvio Santos é citado por 11%. Ronaldinho Gaúcho é citado por 7% dos entrevistados do sexo masculino com 16 ou 17 anos.

37% dos jovens se colocam politicamente à direita

Questionados sobre sua posição política, considerando o tradicional espectro esquerda-direita, 37% dos jovens brasileiros se colocam à direita, 28% se posicionam à esquerda e 23% se situam ao centro. Não souberam responder 12% dos entrevistados.

Para identificar o posicionamento político do entrevistado é apresentado a ele um cartão com sete números e feita a seguinte pergunta:

Como você sabe, muita gente quando pensa em política utiliza os termos esquerda e direita. No quadro que aparece neste cartão em qual posição política você se colocaria, sendo que a posição "um" é o máximo à esquerda e a posição "sete" é o máximo à direita?

Os dados são processados considerando-se que os números 1, 2 e 3 representam uma posição à esquerda; o número 4 é o centro; e os números 5, 6 e 7 são direita.

Entre os homens com 16 ou 17 anos a taxa dos que se situam à esquerda chega a 36% (oito pontos acima da média); 34% se classificam como de direita. A opção pela direita é predominante entre os que têm escolaridade fundamental (41%) e entre os que têm renda familiar mensal de até dois salários mínimos (40%). Entre os que têm escolaridade superior, os jovens de centro ficam acima da média, chegando a 29% a taxa dos que se posicionam dessa maneira; 35% deles são de direita e 30% de esquerda. Entre os que têm renda familiar mensal acima de 10 salários mínimos, os percentuais são semelhantes aos registrados entre os mais escolarizados: 36% se colocam à direita, 30% são de centro e 27% se posicionam à esquerda.

Declaram não ter o hábito de acompanhar o noticiário político 52%; dizem ter esse hábito 47%. O noticiário político é acompanhado principalmente pelos jovens com escolaridade superior (62%), pelos que têm renda familiar mensal acima de 10 salários mínimos, pelos que fazem parte das classes A e B (53% em cada segmento) e pelos homens com idade entre 22 e 25 anos (56%). O interesse por esse tipo de noticiário não diverge muito quando se considera a posição política do entrevistado: dizem ter esse hábito 47% dos que se definem como de esquerda, 51% daqueles que se dizem de centro e 50% dos que se posicionam à direita.

Na opinião de 22% dos entrevistados a violência é o principal problema do mundo hoje. Esse tema fica nove pontos à frente de fome, pobreza e miséria, citadas espontaneamente por 13%. O meio-ambiente vem a seguir, com 9% de menções, das quais 5% se referem especificamente ao aquecimento global. São citados ainda, entre outros: corrupção, desemprego (8%, cada), tráfico e consumo de drogas, desigualdade social (7%, cada), poluição do ar e da água, guerras (4%, cada), saúde (3%), política e educação (2%, cada).

A violência também aparece no topo da lista como principal problema do país, com 17% das menções, mas em situação de empate técnico com a corrupção, citada por 16%. Desemprego, fome, pobreza e miséria são citados por 13%, cada. Vêm a seguir, entre outros, saúde (9%, dos quais 3% se referem especificamente à epidemia de dengue que assola o país), desigualdade social (6%), política e governantes (5%), educação, drogas (4%, cada), economia (3%), meio ambiente (2%) e discriminação (1%).

A pesquisa mostra que os jovens brasileiros não demonstram grande interesse por organizações e movimentos sociais.

Os movimentos ligados à Igreja são os que obtém maior índice de participação: 39% dos entrevistados declaram participar. Entre os evangélicos, tanto os pentecostais quanto os não pentecostais, essa taxa chega a 62%. Entre os católicos, ela é de 36%.

Trabalhos voluntários ou comunitários ficam em segundo lugar, com 24% de entrevistados que declaram participar. Entre os que têm nível superior de escolaridade, essa taxa chega a 39%. Entre os que têm renda familiar mensal superior a 10 salários mínimos, ela é de 36%.

Participam de movimentos em defesa da natureza e dos animais 12%, e de grêmio escolar ou centro acadêmico 10% - metade desse percentual (5%) declara participar de entidades estudantis, como UNE, UMES ou UBES.

Declaram participar de partidos políticos 7%, de ONGs 6%, de sindicatos 5% e de movimentos pela reforma agrária 4%.

Aos que não participam de nenhuma dessas organizações foi perguntado sobre seu interesse em participar.

Partidos políticos e sindicatos são os mais rejeitados: 74% afirmam não ter nenhum interesse em participar de agremiações partidárias, e 71% são completamente desinteressados em relação a participar de sindicatos.

Não tem qualquer interesse em participar de movimentos pela reforma agrária 62%; entidades estudantis como UNE, UMES ou UBES são rejeitadas por 55% e grêmios escolares ou centros acadêmicos não despertam nenhum interesse em 54%.

Movimentos em defesa da natureza e dos animais são mais atraentes para os entrevistados: 41% dizem ter muito interesse de participar, 29% têm um pouco de interesse e 27% declaram não ter qualquer interesse.

Em relação a trabalhos voluntários ou comunitários, 31% dizem ter muito e 30% declaram ter um pouco de interesse. Não tem nenhum interesse em participar desse tipo de organização 36%.

A maioria (57%) afirma não ter nenhuma vontade de sair do Brasil para morar para sempre em outro país. Dizem ter muita vontade 18%, e um pouco de vontade, 24%. Entre os homens com 16 ou 17 anos de idade a taxa dos que dizem ter muita vontade de ir morar em outro país para sempre é de 22%.

Jovens brasileiros têm gosto musical diversificado

Alguns dos estilos musicais mais apreciados pelos jovens brasileiros são forró (citado espontaneamente por 25%), pagode e rock (23%, cada). Mas a variedade de estilos é grande: são mencionados ainda, entre outros, sertanejo (20%), MPB (18%), Pop, Funk (17%, cada), Axé (15%), Eletrônica ou Dance Music (14%), Hip Hop (13%), Samba (11%), reggae (10%), Rap (9%), Gospel (7%), música romântica (6%), Black Music e Brega (5%, cada).

Entre os homens com 16 e 17 anos a preferência pelo rock chega a 33%, 10 pontos acima da média. Nesse estrato, também ficam acima da média as taxas dos que gostam de funk (29%), de Hip Hop e de Rap (22%, cada). Entre as mulheres nessa faixa etária a preferência pelo pagode chega a 31%, e também superam a média pop (21%), funk (28%), e música eletrônica (19%).

Entre os que têm escolaridade fundamental, ficam acima da média a preferência pelo forró (30%), pela música sertaneja (26%) e pelo funk (24%). Já entre os que têm escolaridade superior, a MPB fica em primeiro lugar, com 40% das menções, seguida do rock, citado por 35%, e do Pop, mencionado por 25%. Entre os mais escolarizados, o samba também fica acima da média, com 17% das preferências.

Entre os que têm renda familiar mensal até dois salários mínimos, a taxa dos que apreciam forró vai a 34%, e o percentual dos que apreciam sertanejo fica ligeiramente acima da média, chegando a 24%. Entre os jovens de maior renda (acima de 10 salários mínimos) o rock ocupa a primeira colocação, citado por 39%. Também superam a média, nesse estrato, MPB (33%), pagode (28%), música eletrônica (23%) e samba (21%).

A preferência pelo forró chega a 41% entre os que fazem parte das classes D e E; entre esses jovens, a música brega atinge 12%, sete pontos acima da média. Entre os que fazem parte das classes A e B destacam-se rock (35%), MPB (27%), Pop (22%) e música eletrônica (19%). Os jovens da classe C têm gosto musical semelhante à média dos entrevistados.

Regionalmente, o maior contraste se dá no Nordeste, região onde a preferência pelo forró chega a 51%. Entre os jovens nordestinos, 20% declaram o axé como estilo musical favorito. Entre os que moram nas regiões Norte e Centro-Oeste, 34% preferem música sertaneja, 29% gostam de rock, 25% apreciam música eletrônica. Nessas regiões, o brega atinge 13% das preferências. Entre os jovens que moram na região Sul, a música sertaneja é citada por 30%, e o rock é mencionado por 28%. Também se destacam, acima da média nacional, música eletrônica (25%), pop (21%) e o vanerão (12%). No Sudeste, pagode e rock empatam, com 24% das preferências, cada.

TV aberta e internet são principais fontes de informação

A TV aberta é a principal fonte de informação dos jovens brasileiros, citada por 33% como meio de comunicação que utilizam com mais frequência, em 1º lugar, para se manterem informados. Mas a diferença é bem pequena em relação à internet, que é citada por 26% como meio de comunicação utilizado primeiramente. Vêm a seguir, empatados, jornais (citados por 19%) e rádio (16%). Revistas (3%) e TV por assinatura (2%) completam a lista.

Entre os jovens que têm 16 e 17 anos, e entre os que têm de 18 a 21 anos, TV aberta e internet empatam. No estrato mais jovem, ambos os meios atingem 30% das preferências. No segmento de 18 a 21 anos, 32% citam primeiramente a TV e 29% preferem a internet. Entre os que têm de 22 a 25 anos, a TV aberta é citada por 35%, e ocorre empate entre internet (20%) e jornais (23%).

Entre os homens, de modo geral, também ocorre empate entre TV aberta (33%) e internet (31%). Jornais ficam em terceiro lugar, com 19%. Já entre as mulheres, a TV aberta é citada por 33% e a internet por 21%. Jornais e rádio empatam na preferência delas, ambos com 18%.

A internet fica em primeiro lugar na preferência dos entrevistados que têm renda familiar mensal entre cinco e dez salários mínimos (43%) e acima de 10 salários mínimos (48%), entre os que têm escolaridade superior (47%) e entre os que fazem parte das classes A e B (43%).

Já entre os que ganham até dois salários mínimos por mês, a taxa dos que citam a TV aberta como principal fonte de informação chega a 41%, e o rádio atinge 22% das menções, percentual seis pontos acima da média, que representa o dobro da taxa obtida pela internet (11%) e próxima da obtida pelos jornais (20%).

Os entrevistados também foram indagados sobre os meios que utilizam com mais frequência em segundo e em terceiro lugares. Quando se consideram todos os meios citados, ou seja, do primeiro ao terceiro lugar, TV aberta atinge 69%, rádio vai a 62%, jornais ficam com 59% e internet obtém 54% das menções. Nesse caso, a taxa dos que citam revistas atinge 29% e o percentual dos que mencionam TV por assinatura chega a 7%.

Declaram ter o hábito de acessar a internet 74%, dos quais 31% acessam em casa e 15% no trabalho. Entre os que têm 16 e 17 anos, a taxa dos que acessam a internet chega a 83%. Entre os que têm nível superior de escolaridade, 98% dizem acessar a internet. Entre os que têm renda familiar mensal acima de 10 salários mínimos essa taxa é de 95%.

O tempo que passam utilizando a internet, a cada vez que acessam é, em média, de 2,5 horas.

Os hábitos mais frequentes dos jovens que costumam utilizar a internet são acessar sites de relacionamento, como Orkut, MySpace e Facebook (81%), ler notícias (79%), trocar mensagens instantâneas e ler emails (76%, cada). A maioria também costuma fazer pesquisas para a escola, baixar músicas (61%, cada) e assistir vídeos (58%). Têm o costume de frequentar salas de bate-papo 43%; a maioria (57%) não têm esse hábito. Fazem pesquisas para o trabalho 37%, leem blogs 32%, baixam filmes 23% e escrevem em blogs 19%.

Os entrevistados que costumam baixar músicas na internet fizeram, em média, 25,5 downloads no último mês. Essa média é maior entre os homens (39) do que entre as mulheres (11,5). Entre os homens com idade entre 22 a 25 anos a média chega a 43,1. Entre os que têm renda familiar mensal acima de 10 salários mínimos a média de músicas baixadas é 43,7.

Apenas 16% dos que costumam baixar músicas na internet afirmam que já pagaram por isso. Nunca pagaram por nenhuma música que baixaram 83%. Entre os jovens de maior renda, que fazem parte do estrato que ganha mais de 10 salários mínimos por mês, a taxa dos que já pagaram por download de música é de 10%, seis pontos abaixo da média. Entre os que têm nível superior de escolaridade essa taxa também é de 10%, abaixo da média e dos percentuais registrados entre os que têm escolaridade média (16%) e fundamental (23%).

O percentual dos que têm telefone celular chega a 73%. As mulheres (76%), mais do que os homens (70%), possuem telefone móvel. Entre os homens que têm 16 ou 17 anos, por exemplo, 55% declaram ter telefone celular, taxa 18 pontos abaixo da média. Entre as mulheres nessa faixa de idade a posse de celular é de 73%. Possuem telefone celular 94% dos que têm escolaridade superior e 90% dos que têm renda familiar mensal acima de 10 salários mínimos. A posse de telefone móvel é mais alta entre os solteiros (74%) do que entre os casados (68%).

Dos que possuem telefone celular, 17% afirmam que costumam usar o aparelho em sala de aula; essa taxa chega a 26% entre os que têm nível superior de escolaridade. Ela é de 16% entre os que têm escolaridade média e de 12% entre os que têm o ensino fundamental.

Entre as que mulheres que têm 16 ou 17 anos, 28% dizem usar o telefone celular na sala de aula.

Admitem já ter usado o celular para colar em provas 9%, taxa que chega a 16% entre os rapazes com 16 ou 17 anos de idade.

Chega a 72% a taxa dos que dizem ir a shows e espetáculos. A maioria também vai a shopping centers (63%), a bares (59%), a bibliotecas (56%) e ao cinema (53%). Vão a danceterias e boates 47% e a livrarias 44%. Chega a 70% a taxa dos que não têm o hábito de ir ao teatro; 30% têm esse costume. Esses percentuais são próximos aos dos que se referem a museus: 72% não vão, 28% costumam ir.

Quase a totalidade (98%) dos entrevistados costuma assistir televisão, e o tempo médio passado em frente ao aparelho de TV é de 3,4 horas. Quanto menores a escolaridade e a renda familiar mensal dos entrevistados, menor a média de horas assistindo televisão: ela é de 3,7 entre os que têm o ensino fundamental, de 3,5 entre os que chegaram ao ensino médio e de 2,6 entre os que têm escolaridade superior. Entre os que têm renda até dois salários mínimos mensais, a média de horas em frente à TV é 3,7, ou uma hora a mais do que a registrada entre os que têm rendimentos acima de 10 salários mínimos (2,7).

A maioria dos entrevistados que costuma assistir TV têm o hábito de ver programas de notícias (89%), filmes (87%), novelas (72%), humorísticos (70%), desenhos animados (67%), musicais (63%), seriados (61%) e programas esportivos (60%). Metade (49%) costuma assistir programas sobre celebridades e 38% têm o hábito de assistir programas religiosos.

Dizem praticar algum tipo de atividade física 59%. São declaradamente sedentários 41%. Algumas das atividades citadas são futebol (26%), caminhada (12%), musculação (9%), ciclismo (8%), corrida (5%), dança, vôlei (4%, cada), artes marciais e natação (3%, cada).

Entre os homens, 75% declaram praticar atividade física; entre os rapazes com 16 ou 17 anos essa taxa chega a 82%, sendo que 60% deles jogam futebol e 15% praticam ciclismo. Já entre as mulheres, o percentual das que declaram praticar atividade física fica 16 pontos abaixo da média, sendo de 43%, chegando a 56% entre as que têm 16 ou 17 anos. Entre elas, a caminhada fica em primeiro lugar, com 16% de menções.

Maioria se diz satisfeito com aparência; 29% admitem vontade de fazer cirurgia plástica

A maioria (58%) dos jovens entrevistados afirma estar muito satisfeito com sua aparência. Dizem estar um pouco satisfeitos 38%. Apenas 4% declaram estar nada satisfeitos.

Entre os homens, de modo geral, 66% se dizem muito satisfeitos com sua aparência, taxa que é oito pontos maior do que a registrada entre o total de entrevistados e 16 pontos superior do que a verificada entre as mulheres (50%). Entre os homens com idade entre 18 e 21 anos o percentual dos que se dizem muito satisfeitos com a aparência chega a 70%. Já entre as mulheres na faixa etária dos 22 aos 25 anos essa taxa é de 47%.

Quanto ao peso, 50% se dizem muito satisfeitos, 34% afirmam estar um pouco satisfeitos e 16% se declaram nada satisfeitos. Mais uma vez, os homens demonstram maior satisfação. Entre eles, o percentual dos que se dizem muito satisfeitos com o peso é de 56% (60% entre os que têm 16 e 17 anos); entre elas, essa taxa é de 44% (39% entre as que têm de 22 a 25 anos).

Indagados sobre a parte do corpo da qual mais gostam, 28% citaram espontaneamente os olhos. Vêm a seguir as pernas (12%), a boca (11%), os cabelos (7%), a barriga (6%), os braços, as mãos (5%, cada) e o rosto (4%).

No que se refere à parte do corpo da qual menos gostam, empatam barriga, citada espontaneamente por 20%, e os pés, mencionados por 18%. Vêm a seguir nariz (10%), pernas (9%) e cabelos (8%).

Apenas 2% dizem já ter feito algum tipo de cirurgia plástica; porém, 29% admitem o desejo de fazer uma modificação cirúrgica em alguma parte do corpo.

Entre os homens, 16% dizem que gostariam de fazer alguma cirurgia plástica; entre as mulheres essa taxa chega a 42% (48% entre as que têm entre 22 e 25 anos).

As partes do corpo mais citadas pelos que gostariam de fazer algum tipo de cirurgia plástica são barriga, nariz e seios (7%, cada). Rosto, orelhas e nádegas atingem 1%, cada, mesmo percentual dos que dizem que gostariam de fazer uma lipoaspiração.

Entre os homens, a parte do corpo mais citada é o nariz, mencionado por 8%. Entre as mulheres, 14% citam a barriga e 13% mencionam os seios.

Família, saúde, trabalho e estudo são os principais valores

A Família e a saúde são os principais valores dos jovens brasileiros de 16 a 25 anos de idade: praticamente a totalidade (99%) as considera importantes ou muito importantes em suas vidas. O valor à família é superior à média entre os jovens com maior renda familiar mensal (91%, ante 82% no geral), enquanto que jovens com curso superior destacam-se entre os que consideram muito importante a saúde (91%, versus 86% no total).

Trabalho (97%) e estudo (96%) também são valores universais entre os jovens. Entre os jovens do sexo masculino, a opinião varia conforme a idade: 61% entre os que têm 16 e 17 anos considera o trabalho muito importante, taxa que atinge 72% entre os que têm de 22 a 25 anos. O mesmo ocorre em relação ao estudo: consideram-no muito importante 65% e 76%, respectivamente, nessas duas faixas etárias. Não se observa essa variação na opinião entre as jovens mulheres. No geral, a valorização do estudo é proporcional à escolaridade (64% entre os menos escolarizados consideram-na muito importante, ante 89% entre mais estudados), e à renda familiar mensal (muito importante para 67% dos que declaram renda até dois salários mínimos, e 81% para os que detêm renda familiar acima de cinco salários mínimos).

Entre os aspectos da vida em relação aos quais os jovens entrevistados atribuíram valor, seguem, em um terceiro patamar de importância, o lazer (88%) e os amigos (85%). Jovens pertencentes às classes A e B são os que mais valorizam o lazer (93%), enquanto que os que têm curso superior são os que mais valorizam os amigos (62% atribuem-lhes a máxima importância).

Oito em cada dez consideram importantes ou muito importantes a religião e o sexo (81%, cada), e o dinheiro (79%). As meninas valorizam mais a religião do que os meninos (84% ante 77% consideram-na importante ou muito importante). Já, entre os que consideram o sexo muito importante (38%), destacam-se os jovens que se declaram negros (45%), com renda familiar acima de cinco salários mínimos (47%), os que moram sozinhos (48%) e os do sexo masculino (53%). E, entre os que atribuem muita importância ao dinheiro (37%) encontram-se mais os meninos (40%) do que as meninas (33%), os que declaram maior renda familiar (42%), os jovens das regiões Norte/ Centro-Oeste (43%), os que se declaram negros (48%), e que moram sozinhos (50%).

Beleza (74%) e casamento (72%) são os valores menos importantes, dentre os investigados. O casamento é mais valorizado conforme a idade, de 66% entre os que têm 16 e 17 para 74% de importância entre os que completaram 22 anos ou mais. Também influi a escolaridade (67% entre os menos estudados, chegando a 77% de importância entre os de nível superior) O contrário ocorre com a beleza: 73% dos que têm entre 22 e 25 anos atribuem-lhe importância, ante 78% entre os mais jovens; de 69% entre os jovens mais escolarizados para 77% entre os que estudaram menos. Oito em cada dez jovens de outros municípios de regiões metropolitanas (81%) valorizam a beleza, contra 70% dos que moram nas capitais.

26% dizem-se muito consumistas, 61% gastam dinheiro com vestuário e calçados e 40% sonham em ter veículo próprio

Um quinto (19%) dos jovens brasileiros de 16 a 25 anos consideram muito importante estar na moda, e 51% consideram um pouco importante. Entre os que valorizam muito a moda, destacam-se os menos escolarizados (26% versus 12% entre os de nível superior), os que têm 16 e 17 anos (24%, ante 16% entre os que têm de 22 ou mais), os jovens das regiões Nordeste e Sul (22%, contra 17% dos que moram no Sudeste), os que moram em outras cidades da região metropolitana (23%), comparados aos que moram em capitais (15%), e entre os que se declaram politicamente de direita (22%), comparados aos que se dizem de esquerda (16%).

Um quarto (26%) considera-se muito consumista, principalmente as meninas (28%, ante 23% deles), os jovens com renda familiar acima de dez salários mínimos (35%, ante 22% dos menos privilegiados) os que moram em cidades metropolitanas (35%, versus 24% dos que moram no interior).

O maior sonho de consumo dos jovens é ter um veículo próprio (40%), principalmente o um carro (28%). Jovens do sexo masculino são os que mais sonham em ter um veículo (48%, contra 32% das jovens), bem como os solteiros (43%), os que não têm filhos (42%) e os que moram nas regiões Norte/ Centro-Oeste (44%) e Sul (43%).

Sonhos referentes à casa somam 36%, principalmente o de ter uma casa própria (30%). Entre os que alimentam sonhos em relação a casa, destacam-se as jovens do sexo feminino (41%, ante 31% dos meninos), os mais escolarizados (41%), os casados ou que moram com companheiro(a) (48% em média), e os que têm filhos (45%). Outros sonhos, como viajar ou ter um negócio próprio atingem 3% ou menos dos jovens.

Os jovens brasileiros costumam gastar a maior parte de seu dinheiro com vestuário e calçados (61%). Cerca de um terço (31%) gasta com alimentação, seguido de divertimento e lazer (22%), contas e dívidas (15%) e cursos e produtos de higiene pessoal (7%, cada). As meninas (67%), os jovens de 18 a 21 anos (64%), os que moram no Nordeste (65%) e em cidades metropolitanas (65%), e os que se declaram de direita (63%) gastam acima da média com vestuário e calçados.

Já, os meninos, bem mais do que as meninas, costumam gastar com divertimento e lazer (34% ante 10%, nesta ordem), assim como os jovens mais escolarizados (28%), os que têm renda familiar acima de cinco salários mínimos (média de 37%) e 32% dos que pertencem às classes A e B (ante 18% entre os que pertencem à classe C, e 14% das classes D e E).

Os casados ou que moram com um(a) companheiro(a) (47%, cada) e que têm filhos (48%) são os que mais gastam com alimentação, bem como com contas e dívidas (média de 25%). E, jovens com curso superior são os que mais gastam com cursos (23% versus 7% na média), e livros (7% versus 2%).

Seis em cada dez jovens costumam beber, um quinto fuma e 17% já experimentaram droga

Um quinto dos jovens de 16 a 25 anos (19%) costuma fumar. Destacam-se, entre os fumantes, os meninos (25% ante 13% das meninas), os que têm de 22 a 25 anos (23%), os que moram sozinhos (26%), os menos escolarizados (29%) e os que moram no Sul (29%). A média de cigarros fumados por dia é de 11,7, sendo maior entre os que têm de 22 a 25 anos (13,9), os jovens casados (14,4), os evangélicos pentecostais (13,3) e os que moram no Sudeste (13,3) e no Sul (13,8).

Começa-se a fumar, em média, com 15 anos, sendo que o início é mais cedo para os que têm 16 e 17 anos: em média, aos 13,7 anos de idade.

Sobre o uso de bebidas alcoólicas e drogas, os jovens participantes deste estudo responderam um questionário de auto-preenchimento, tanto com o objetivo de garantir-lhes o sigilo, quanto de obter maior veracidade das respostas.

Seis em cada dez (59%) declaram consumir bebidas alcoólicas, principalmente os meninos (65%), os mais escolarizados (66%), com renda familiar acima de cinco salários mínimos (64% em média), solteiros (60%), os católicos (65%), os que moram no Sul (68%) e em capitais (64%).

O consumo de bebidas alcoólicas começa um pouco mais tarde do que o de fumar: aos 20 anos, em média; mas, os que moram no Sul e os mais escolarizados começam um pouco mais cedo do que a média: com 18 e 17 anos, respectivamente.

Um em cada cinco (20%) admite já ter dirigido depois de beber, 36% declaram que nunca o fizeram e 40% não dirigem ou não sabem. Os meninos são os que mais o admitem (30%, versus 9% das meninas), bem como os que já completaram 22 anos ou mais (26%), os que têm curso superior (32%), renda familiar acima de dez salários mínimos (41%), pertencentes às classes A e B (30%) e, que moram no Sul (24%) ou nas regiões Norte/ Centro-Oeste (28%).

Já, o consumo de drogas é hábito declarado de 5% dos jovens participantes deste estudo, embora 17% afirmam já ter usado, não atualmente. Tanto entre os que declararam o hábito quanto entre os que já experimentaram, a maior proporção é de meninos: 7% e 22%, nesta ordem. Os que têm curso superior (25%) e maior renda familiar (24%), os que não têm religião (29%), moram nas capitais (25%) e pertencem às classes A e B (20%) também estão entre os que mais experimentaram alguma droga.

A droga mais usada é a maconha (77% entre os que já experimentaram e/ou o fazem atualmente), seguida da cocaína (31%), do lança-perfume (28%), ecstasy (11%), LSD (10%), crack (7%), e anfetaminas e chá-de-cogumelo (5%, cada).

Os usuários mais comuns de maconha são os que cursaram nível médio (81%) ou superior (78%), os que têm renda familiar acima de cinco salários mínimos (média de 85%) e os pertencentes às classes A e B, e D e E (84%).

Já, consomem mais cocaína os meninos (34%, versus 24% das meninas) os que estudaram, no máximo, até o nível médio (33%), que têm menor renda familiar (37%) e os que pertencem às classes A e B (34%).

O ecstasy é comparativamente mais utilizado pelos mais escolarizados e pertencentes às classes A e B (15%, cada segmento) e com maior renda familiar (29%).

Vale notar que, segundo 43% dos jovens entrevistados, os pais sabem que eles usam ou já usaram drogas, embora 49% não saibam. Recusaram-se a responder ou afirmaram não saber se os pais sabem ou não, 8%. Os jovens residentes no Sudeste são os que mais afirmam que os pais sabem (49%).

Maioria é contrária à descriminalização da maconha e favorável à diminuição da maioria penal. 61% são contra a tortura, enquanto que a pena de morte divide a opinião dos jovens.

O Datafolha também ouviu os jovens brasileiros sobre temas polêmicos. Chama a atenção a equivalência de opiniões com as da população brasileira com 16 anos ou mais, ouvida em pesquisa realizada entre os dias 25 e 27 de março de 2008.

Para 72% deles, fumar maconha deve continuar sendo proibido por lei, ante 25% que consideram que o hábito deveria deixar de ser crime. Apenas 3% são indiferentes ou não souberam posicionar-se. Entre os favoráveis à descriminalização, destacam-se os mais escolarizados (30%), os de renda familiar acima de cinco salários mínimos (média de 33%), os das classes A e B (31%), os que não têm religião (48%), jovens da região Sudeste (31%) e das capitais (30%) e, ainda, os que se declaram de esquerda ou centro (28%, ante 21% entre os que se declaram de direita). Na pesquisa junto à população brasileira com 16 anos ou mais, 76% mostraram-se favoráveis a que o hábito de fumar maconha continue sendo considerado crime.

A grande maioria (83%) é favorável à diminuição da idade mínima para responder por crimes que, hoje, é de 18 anos. A maioria penal deveria ser, segundo esses, de 15,5 anos, sendo que 43% consideram que deveria ser de 16 anos, para 18%, de 15 anos e, se dependesse de outros 19%, ela seria ainda menor que 15 anos. Não há diferenças significativas de opinião quando se considera as diferentes variáveis.

No caso de um plebiscito sobre a pena de morte, metade dos jovens brasileiros (50%) votaria a favor, ante 46% que se oporiam. O resultado revela uma divisão ideológica sobre o tema, uma vez que, considera a margem de erro de três pontos percentuais, tem-se um empate técnico. Indiferentes ou indecisos sobre o assunto somam 5%. Os católicos são mais favoráveis à pena máxima do que os evangélicos (53% versus 42%), os brancos mais do que os negros (53% versus 42%), os jovens das capitais (56%) mais do que os do interior (47%) e, os que se declaram de esquerda (54%) mais do que os se afirmam de direita (48%). A pena de morte é o tema que mais divide os jovens, assim como observado na população em geral, em que 47% posicionam-se a favor e, 46%, contra.

Por outro lado, a maioria (61%) acha que pessoas suspeitas nunca deveriam ser torturadas a fim de confessarem supostos crimes, enquanto que 27% são favoráveis à tortura dependendo da situação, e 8% mostram-se favoráveis ao método em qualquer caso. Entre os que seriam favoráveis dependendo da situação, destacam-se os que têm 16 e 17 anos e os que se declaram de direita ou centro (31%, cada), e os jovens evangélicos não-pentecostais (32%).

A lei deveria ser mantida como está quando o assunto é o aborto: para 68%, ele deveria continuar sendo permitido apenas em caso de estupro ou risco de vida da mãe, percentual idêntico ao observado junto à população brasileira, na pesquisa citada de março deste ano. Outros 16% gostariam que o aborto fosse permitido em mais situações e, 12%, que deixasse de ser considerado crime em qualquer caso. Apenas 2% consideram que o aborto nunca deveria ser permitido, nem mesmo nos casos atualmente previstos por lei. Os evangélicos não-pentecostais e os negros (73%, cada) e os que moram nas regiões Norte e Centro-Oeste (74%) são os que mais concordam com a lei atual. Por outro lado, os favoráveis a que o aborto seja permitido em mais situações encontram-se, sobretudo, entre os jovens das capitais (21%) e da região Sul (23%), e entre os que têm curso superior e renda familiar acima de dez salários mínimos (30% em cada segmento).

Na prática, 88% das jovens brasileiras entre 16 e 25 anos de idade nunca passaram pela experiência. Mas, 4% já a vivenciaram, outras 8% recusaram-se a responder. Admitem o ato principalmente as que estudaram menos (8%), com renda familiar acima de dez salários mínimos (9%) e as que se declaram evangélicas não-pentecostais (10%).

Considerando os jovens de ambos os sexos, 30% têm conhecimento de que alguma amiga fez aborto, principalmente os de nível superior e os que têm filhos (36% cada), os que têm maior renda familiar (37%), os evangélicos não-pentecostais (38%), e os que moram no Nordeste e nas capitais (também 36%, cada).

Gravidez não planejada é temida por sete entre dez jovens, 87% temem a AIDS; 35% costumam se masturbar e 83% já tiveram relações sexuais

A maioria das jovens brasileiras (73%) teme engravidar sem ter planejado, mas 27% afirmam não temer essa possibilidade. As que mais têm medo são as que estudaram menos e as pertencentes às classes D e E (77%, cada, ante 71% entre as que estudaram mais e pertencem às classes A e B), bem como as solteiras e que moram com os pais (80% em ambos os casos) e as que se declaram negras (84%).

Parcela equivalente dos jovens homens (71%) tem medo de engravidar alguém sem que tenham planejado, enquanto 29% afirmam que não. Entre os que têm medo destacam-se os meninos de 16 e 17 anos (77%), os que têm renda familiar mensal entre dois e dez salários mínimos (média de 73%), os que não trabalham atualmente (80%) e os que moram com os pais (74%, versus 64% dos que moram sozinhos, além dos que moram nas regiões Norte/ Centro-Oeste e nas capitais (77%, cada).

Já são pais 21% dos entrevistados, sendo que a média é de 1,4 filhos. Têm filhos, sobretudo, os que já completaram 22 anos ou mais e de escolaridade fundamental (39%, cada), os que têm renda familiar até dois salários mínimos (30%), que pertencem às classes D e E (32%) e os que são casados ou moram com companheiro(a) (média de 58%). A idade média dos filhos é de 3 anos.

Mais do que a metade (57%) casou ou vive como casado com o pai ou a mãe de seu filho, ante 21% que se casou mas se separou, e outros 21% que não chegaram a casar nem a morar junto. Entre os que estão casados destacam-se os que possuem escolaridade média (66%), têm renda familiar até dois salários mínimos (63%), não trabalham atualmente (71%), moram na região Sudeste (62%) e os que se declaram de esquerda (60%, versus 52% dos que se posicionam como direita).

Na maioria dos casos (61%), os filhos moram com o entrevistado e o(a) companheiro(a), enquanto os entrevistados cujos filhos moram só com eles são principalmente as jovens (23%) em comparação com os do sexo masculino (3%) e os que moram no Sul do país (29%).

O medo da AIDS atinge 87% dos jovens entrevistados, sendo que 68% afirmam temer adquirir a doença constantemente. Temem-na principalmente os que estudaram até o primeiro grau (93%), os pertencentes às classes C, D e E (em média 90%), os que se declaram negros (93%) e os que moram no Nordeste (92%).

Na opinião de 66%, a masturbação é saudável e faz parte do ser humano, mas para 23% ela é algo imoral e que deve ser evitado. Não souberam opinar 10%. Entre os que a consideram imoral, destacam-se os jovens que pertencem às classes D e E (30% em cada segmento) e os evangélicos (34%).

Por outro lado, 35% costumam se masturbar, contra 28% que afirmam não fazê-lo, 26% que afirmam nunca ter se masturbado e 11% que se recusaram, ou não responderam a questão. Admitem o ato sobretudo os meninos (55%, ante 15% das jovens), os que estudaram mais (41%), os que declaram renda entre cinco e dez salários mínimos (44%) ou superior a dez salários (50%), os que pertencem às classes A e B (43%) e os que não têm religião (47%).

A grande maioria dos jovens de 16 a 25 anos (83%) já teve relações sexuais, sendo que 35% tiveram primeira relação entre 13 e 15 anos, 24% entre 16 e 17, 12% com 18 anos ou mais, e 5% com 12 anos no máximo. Em média, perde-se a virgindade com 15,5 anos, iniciando um pouco mais cedo os meninos (aos 14,7 anos, em média), e os que têm 16 e 17 anos, bem como entre os menos escolarizados (com 14,6 anos, em ambos os casos). Não se lembram da idade em que perderam a virgindade 7% do total.

Metade dos jovens (48%) afirma usar camisinha em todas as situações; outros 30% afirmam usar às vezes, 10% confirmam que não têm o hábito e, 12%, que não responderam. Os que têm 16 e 17 anos (64%), os que não trabalham atualmente (54%), os solteiros (55%) mais do que os casados (31%), os que moram com outros parentes (62%), os que se declaram negros e os que moram nas regiões Norte/Centro-Oeste (53%) e, considerando-se o gênero, mais os meninos (51%) do que as meninas (44%) são os que mais dizem se proteger.

Um quinto (19%) teve um parceiro até hoje, 10% tiveram dois parceiros, e outros 23% afirmam ter mantido relações sexuais com 3 a 5 parceiros. A média de parceiros(as) até os 25 anos é de 8,3, sendo que entre os meninos é de 12,7 e, entre as meninas, de 3,8. Afirmam ter tido de cinco a dez parceiros 15% dos entrevistados, e de dez a 20, 9%, mesma parcela que afirma ter mantido relações com 20 parceiros ou mais (9%). Entre estes, destacam-se os que têm renda familiar superior a dez salários mínimos (14%) e entre os do sexo masculino (15%). As meninas destacam-se entre os que tiveram um único parceiro até o momento (33%).

A maioria (68%) declara que nunca teve relações com pessoas do mesmo sexo, enquanto 7% admitem já tê-lo feito. Um quarto (25%) não respondeu.

Entre os que já perderam a virgindade, 60% avaliam como ótima ou boa sua primeira vez, com destaque para os meninos (67%) em comparação com as meninas (51%), e os jovens do Sul do país (70%). Consideram que ela foi ruim ou péssima principalmente as jovens que têm hoje entre 22 e 25 anos (22%).

Um terço dos que nunca tiveram relações sexuais (33%) afirmam que pretendem casar virgem, 29% não pretendem e 38% não sabem dizer. As jovens (40%), os de nível escolar médio (36%), os jovens que moram com outros parentes (41%) e, principalmente, os que moram sozinhos (78%), os evangélicos (50% em média) e os que moram no Norte/ Centro-Oeste e os que se posicionam como centro (40% de cada segmento) são os que mais pretendem preservar a virgindade até o casamento.

60% têm medo de sair de casa devido à violência, e 29% já foram assaltados

A maioria dos jovens brasileiros tem medo de sair de casa por causa da violência, sendo que 26% têm muito medo e 34%, um pouco. Entre os que têm muito medo destacam-se as meninas (33%, ante 18% dos meninos), os de renda familiar até dois salários mínimos (31%), os pertencentes às classes D e E (33%), os que não trabalham atualmente (31%), os casados ou que moram com seus companheiros (média de 34%), os que têm filhos (33%), os jovens do Nordeste (37%), e os que são de direita (30%).

Um em cada três (29%) já foi assaltado alguma vez, principalmente os jovens do sexo masculino (34%), os que têm entre 22 a 25 anos (36%), os que cursaram nível superior (45%), os que ganham mais de cinco salários mínimos (47% em média), os pertencentes às classes A e B (39%), os evangélicos não-pentecostais (36%) e os que não têm religião (44%). Quando se considera a natureza do município, os jovens das capitais foram muito mais vítimas de assaltos do que os que residem no interior: 50%, ante 20%, respectivamente.

63% têm escolaridade média, 59% são católicos, 64% moram com os pais e 68% trabalham.

Metade dos jovens brasileiros de 16 a 25 anos são do sexo masculino e, metade, do sexo feminino (50% cada). Têm 16 ou 17 anos 20%, 41% têm de 18 a 21 e, 38%, encontram-se na faixa dos 22 aos 25 anos de idade.

A maioria (63%) possui escolaridade média, 22% estudaram até o primeiro grau, e 14% têm curso superior. À época do levantamento, com o salário mínimo de R$ 380,00, um terço declarou renda familiar até dois salários, ou seja, até R$ 760,00, 24% de dois a três salários, 19%, até cinco salários mínimos e, outros 23% acima disso. Metade pertence à classe C (53%), 27% pertencem à classe B, 4% à classe A e, são pertencentes às classes D e E 16%.

Declaram-se brancos 36%, quase a mesma parcela dos que se declaram pardos (39%), enquanto 14% dizem-se negros, 4% amarelos e, 3%, indígenas.

Seis em cada dez (59%) se definem católicos, 16%, evangélicos pentecostais, e 8% evangélicos não-pentecostais. Não têm religião 10%. Entre os que têm renda familiar acima de dez salários mínimos, é maior a parcela de espíritas kardecistas (7%, contra 2% do total).

A maioria é solteira (74%), um quarto é casado (24%) e, já se separaram nessa faixa etária, 1%, percentual este que é de 4% entre os que têm filhos e entre os que não têm religião. Entre os casados destacam-se os que já completaram 22 anos (39%), que estudaram até o primeiro grau (36%), com renda familiar até dois salários mínimos (35%), os pertencentes às classes D e E (33%), os evangélicos pentecostais (32%), os que se declaram indígenas (34%) e, principalmente, os que têm filhos (65%).

A maioria (64%) mora com os pais, 22% com um(a) companheiro(a), 12% com outros parentes, 4% sozinhos e, outros 4%, com amigos, irmãos ou filhos. Moram com outros parentes mais os das capitais (18%) do que os do interior (10%), ao passo que estes moram mais com um(a) companheiro(a) (24%) do que aqueles (19%).

A maioria dos jovens brasileiros trabalha (68%), sendo 22% assalariados registrados, 16% assalariados sem registro. Não trabalham atualmente 32%, sendo que 23% são estudantes. A maioria dos que trabalham ganham até dois salários mínimos, considerando o salário igual a R$ 380,00 quando da realização da pesquisa. Ou seja, até R$ 760,00, enquanto 14% recebem de R$ 761,00 a R$ 1.140,00, e 7% acima desse valor.

A diferença de remuneração entre homens e mulheres já se faz sentir na juventude: somam 83% as meninas que recebiam, à época da pesquisa, até dois salários mínimos (contra 72% dos meninos), enquanto que 27% deles recebiam mais do que dois salários, ante 14% delas. Proporcionalmente, também ganham menos os jovens com escolaridade fundamental (87%), os pertencentes às classes D e E (93%) e os que moram no Nordeste (86%).

A minoria (16%) recebe mesada, sendo de R$ 561,70 em média. Os beneficiados se destacam mais entre os privilegiados economicamente (25% entre os pertencentes às classes A e B e entre os com maior renda familiar), além de 34% dos que não trabalham. A diferença entre os gêneros se repete: os meninos recebem, em média, R$ 708,00, contra R$ 446 do valor médio recebido por elas, bem como os jovens do interior recebem mais do que os das capitais (cerca de R$ 707,00, versus R$ 398,00, respectivamente).

São Paulo, 6 de maio de 2008.