Manifestação de movimentos sociais reúne 37 mil na capital paulista

DE SÃO PAULO

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O perfil dos 37 mil manifestantes que foram às ruas de São Paulo em 20 de agosto com uma série de reivindicações, entre as quais afastar a hipótese de impedimento do governo Dilma Rousseff (PT), mostra que 59% eram homens, e 41%, mulheres. Apenas 12% tinham até 25 anos, e os demais se dividiam nas faixas de 26 a 35 anos (22%), de 36 a 50 anos (34%), e de 51 anos ou mais (32%). A média de idade ficou em 43 anos.

A parcela dos que tinham escolaridade fundamental era de 18%, e os demais possuíam escolaridade média (30%) ou superior (52%). A maioria (84%) fazia parte da População Economicamente Ativa (PEA), com destaque para assalariados registrados (35%), funcionários públicos (15%), e autônomos regulares (11%), entre outros.

Um em cada quatro (24%) tinha renda mensal familiar de até 2 salários mínimos, e 33%, entre 2 e 5 salários mínimos. A parcela dos que tem renda de 5 a 10 salários somava 21%, e 20% tinham renda superior a 10 salários.

Eram da capital paulista 71%, e os demais, de outras cidades. A origem mais comum, dentre os que moram na capital, era a região Sul (25%), e em seguida apareciam as regiões Leste (18%), Oeste (12%), Centro (9%) e Norte (7%). Quanto à cor, 46% se declararam brancos, 32%, pardos, 17%, pretos, 2%, amarelos, 2%, indígena, e 1%, outra cor.

A comparação com o perfil dos manifestantes que estiveram na Avenida Paulista no último domingo (20) em atos contra o governo Dilma Rousseff, entre outros motivos, mostra uma similaridade em número de participantes homens (no domingo, 61%) e idade (média de 45 anos no ato anterior).

De resto, o atual contou um nível de escolaridade menor (no de domingo, 76% possuíam escolaridade superior), uma renda menor (67% dos que foram à Paulista no ato anterior tinha renda mensal familiar superior a 10 salários) e com menor participação de brancos (no domingo, 75% declaravam cor branca).

As divergências se acentuam quando consideradas as posições políticas defendidas pelos participantes dos dois atos, como mostram os dados a seguir.

Os manifestantes que foram ao Largo da Batata, marcharam pela Rebouças e se reagruparam na Avenida Paulista, em 20 de agosto, eram em sua ampla maioria eleitores de Dilma Rousseff (PT) e contra seu afastamento da Presidência da República.

A maioria (83%) votou em Dilma Rousseff no 2º turno da eleição presidencial do ano passado. Uma fatia de 6% não votou, 5% votaram em Aécio Neves (PSDB) e 5% votaram em branco ou nulo.

A gestão da petista entre os manifestantes é majoritariamente aprovada (54% a consideram ótima ou boa). Os demais se dividem entre os que o avaliam como regular (25%) e ruim ou péssimo (20%). A taxa de avaliação positiva é mais baixa entre os que têm de 21 a 34 anos (44%) e entre aqueles que têm de 26 a 34 anos (39%), e mais alta entre os mais velhos (68%).

O trabalho desempenhado pelos presidentes da Câmara Federal, Eduardo Cunha, e do Senado, Renan Calheiros, também foram avaliados, assim como o de Michel Temer, vice-presidente e articulador político do governo. Todos eles são do PMDB.

O presidente da Câmara é conhecido por 92% dos manifestantes, sendo que 48% o conhecem muito bem, 20% conhecem um pouco, e 24% o conhecem só de ouvir falar. Seu trabalho à frente da Câmara é considerado ruim ou péssimo por 78%, como regular por 10%, e como ótimo ou bom por 3%. Uma parcela de 9% não opinou sobre o assunto. Entre os que estudaram até o ensino fundamental, 51% reprovam a gestão de Cunha, e 26% não têm opinião. Na fatia dos que estudaram até o ensino médio, 66% reprovam o trabalho do peemedebista, e 12% não opinam. Entre os mais escolarizados, a reprovação sobe para 93%, e a taxa dos sem opinião cai para 2%.

O conhecimento do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), é similar ao de Cunha (91%). Destes, 45% declaram conhecê-lo muito bem, 24%, um pouco, e 22%, só de ouvir falar. O trabalho do peemedebista à frente do Senado é visto como ruim ou péssimo por 51%, como regular por 29%, e como ótimo ou bom por 7%, além de 13% que não opinaram sobre o trabalho do senador alagoano. Como na avaliação de Cunha, a taxa de reprovação é menor entre os estratos menos escolarizados, em que há alta na taxa de sem opinião, e mais entre aqueles que estudaram até o ensino médio ou superior, com queda respectiva na taxa dos que não têm opinião sobre o assunto.

O vice-presidente Michel Temer é conhecido por 91%, sendo que 53% declaram conhecê-lo muito bem, 21%, um pouco, e 18%, só de ouvir falar. Entre os três políticos do PMDB que tiveram seu nome consultado junto aos manifestantes, o vice-presidente é o mais bem avaliado: 27% consideram seu trabalho no governo ótimo ou bom, 38%, regular, e 26%, ruim ou péssimo. Uma fatia de 10% não opinou.

Lula seria o preferido para 67% em nova eleição

A ampla maioria (86%) dos presentes à manifestação avalia que a Câmara dos Deputados não deveria abrir processo para afastar Dilma Rousseff de seu cargo, mas há 13% que pensam o contrário e avaliam que os deputados deveriam iniciar o impeachment da presidente. Há ainda 2% que não opinaram a respeito. Entre os mais escolarizados, 98% acreditam que não deveria haver processo para afastar a petista. Na fatia dos que estudaram até o ensino médio esse índice cai para 76%, e fica em 66% entre os menos escolarizados (segmento no qual 31% consideram que deveria haver a tramitação do impeachment).

Consultados se acreditam que a presidente será, de fato, afastada, 88%, avaliam que não, e 8% acreditam que ela será afastada. Há ainda 4% que não opinaram. A opinião sobre a renúncia tem números similares: para 88%, a petista não deveria renunciar, 11% acreditam que ela deveria, e 1% não opinou.

Questionados sobre quem assumiria a Presidência da República caso Dilma Rousseff fosse afastada, 45% indicaram o nome de Michel Temer, 22% mencionaram o vice-presidente, sem mencionar o nome, e 21% declararam não saber, entre outras respostas.

Os manifestantes também opinaram sobre o cenário eleitoral no caso de Dilma e Michel Temer serem afastados e uma nova eleição ser realizada. O ex-presidente Lula seria o preferido neste cenário, com a preferência de 67%. Em seguida aparecem Luciana Genro (9%), Marina Silva (9%), Aécio Neves (6%), Eduardo Jorge (1%) e Eduardo Paes, com menos de 1%. Há ainda 7% que não optariam por nenhum dos nomes apresentados e 1% não opinou.

Na consulta sobre o mesmo cenário, realizado entre manifestantes que foram à Paulista protestar contra o governo no último domingo, Aécio Neves obteve a preferência de 67%, e Lula, de 1%.

Em uma escala de 1 a 7 em que 1 é o máximo à esquerda e 7 o máximo à direita, 35% se colocaram na posição 1, totalmente na esquerda do espectro ideológico, e 21% indicaram a posição 2, o segundo grau mais à esquerda. Uma parcela de 15% se colocou em posições acima de 5, 15% disseram estar na posição 3, e 11%, na posição 4. Isso mostra que a maioria fica entre o centro e a esquerda, e a média geral de posicionamento é 3.

Os grupos mais representativos entre os presentes foram MTST, ao qual 12% eram ligados, e MST (11%) e CUT (6%), entre outros citados.

O PT foi o partido citado como preferido por 60%, e o PSol, por 7%. No último domingo, 33% dos participantes que se manifestaram na Avenida Paulista indicavam o PSDB, e 52%, nenhum partido.