Pessimismo econômico sob Bolsonaro supera pior momento de gestão Dilma

DE SÃO PAULO

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O quadro para a economia do país nos próximos meses é de pessimismo, com previsão recorde de inflação, desemprego e queda no poder de compra sob o governo Jair Bolsonaro.

Para 77% dos brasileiros com 16 anos ou mais, inflação daqui para frente irá aumentar, índice superior ao registrado em dezembro do ano passado (72%), até então o mais alto desde o início de mandato do atual presidente. Uma parcela de 10% acredita que a inflação irá ficar como está (eram 14% em dezembro), e outros 10% preveem queda (resultado estável), com 3% sem opinião sobre o tema.

Entre aqueles que aprovam o governo Bolsonaro, 69% veem crescimento da inflação aqui para frente, índice que sobe para 75% entre quem avalia o governo como regular, e para 84% na parcela da população que o considera ruim ou péssimo.

Há 79% que preveem aumento no desemprego nos próximos meses, resultado bastante superior ao registrado em dezembro (57%) e agosto (59%) do ano passado, até então os indicadores mais altos para a desocupação desde o início de 2019. A avaliação de que o desemprego irá cair daqui para frente passou de 20% para 10% desde dezembro de 2020, na mesma proporção dos que acreditam que ficará estável (de 21% para 10%).

Em relação ao poder de compra dos salários, 54% agora preveem diminuição daqui para frente (eram 45% em dezembro), 13% avaliam que haverá alta (18% no levantamento anterior), e para 30% haverá estabilidade.

A expectativa de alta para a inflação verificada agora apresenta o maior índice desde novembro de 2015 (77%), durante o governo Dilma Rousseff (PT). Durante o governo da petista, o Datafolha registrou a índice mais alto de pessimismo para esse indicador, em fevereiro de 2015 (81%). A previsão de crescimento do desemprego, por sua vez, é recorde: tem a maior taxa da série histórica do Datafolha sobre o tema, iniciada em 1995. O índice atual, de 79%, supera o verificado também em novembro de 2015 (76%), até então o mais alto já registrado.

Assim como no caso do desemprego, o pessimismo atual sobre a economia brasileira nunca foi tão generalizado, considerando o histórico dos últimos 24 anos sobre o tema. Dois terços dos brasileiros (65%) preveem, atualmente, que a situação econômica do país irá piorar nos próximos meses, e para 22% ficará como está hoje. Há 11% que preveem uma melhora, e 2% não responderam. Em dezembro do ano passado, 41% previam piora na economia brasileira, e no início do governo, em abril de 2019, esse índice era de apenas 18%.

Essa taxa de pessimismo de 65% em relação à economia supera a registrada em março de 2015 (60%), durante o governo Dilma Rousseff, até então a mais alta na série que tem início em 1997, no segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso (PSDB).

Na parcela com escolaridade fundamental, 59% preveem piora na economia brasileira para os próximos meses, índice que sobe para 66% entre quem tem ensino médio e para 74% no estrato com escolaridade superior.

Os brasileiros também foram consultados sobre sua situação econômica pessoal, e 47% previram estabilidade, 38% projetam piora, e 14% avaliam que sua situação irá melhorar. Na comparação com dezembro, a taxa dos que esperam um cenário estável oscilou dentro da margem de erro (eram 46%), e os cenários pessimista e otimista se inverteram: na pesquisa anterior, a taxa dos que esperavam melhora na situação econômica pessoal era de 31%, e superava a taxa dos que previam piora (22%). A previsão de piora na situação econômica pessoal também apresenta, neste levantamento, o índice mais alto da série histórica iniciada em 1997.

Na parcela mais pobre, renda mensal familiar de até 2 salários, 44% projetam que sua situação economia irá piorar nos próximos meses. No estrato de renda de 2 a 5 salários, o índice cai para 33%, e nos segmentos de maior renda recuam ainda mais (26% entre quem tem renda de 5 a 10 salários, e 23% na parcela com renda superior a 10 salários).

Dois em cada três brasileiros (67%) avaliam que a corrupção irá aumentar daqui pra frente, e os demais avaliam que irá diminuir (8%) ou ficar como está (23%), além de 3% que não opinaram. Em dezembro de 2020, 55% projetavam alta na corrupção, e 14%, queda.

Entre as mulheres, 74% veem alta na corrupção, taxa superior à registrada entre os homens (69%). Na parcela que aprova o governo Bolsonaro, 53% preveem crescimento da corrupção no país, 17% avaliam que haverá queda, e 25% a corrupção ficará como está. Entre aqueles que reprovam a gestão do atual presidente, 75% apontam alta nos casos de corrupção, apenas 3% enxergam queda, e 21% avaliam que a situação ficará inalterada.