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Percepção negativa sobre situação econômica brasileira recua ante abril e volta ao patamar de dezembro

Curva de otimismo com economia do país interrompe queda iniciada em dezembro de 2023

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A percepção negativa sobre o desempenho da economia brasileira caiu na comparação com abril, movimento acompanhado por uma interrupção na alta das expectativas pessimistas sobre o país. Entre indicadores macroeconômicos específicos, a previsão de piora na inflação segue em patamar alto, mas com recuos graduais depois de ser compartilhada por dois terços dos brasileiros no final de 2024.

Para 47% dos brasileiros com 16 anos ou mais, a economia brasileira piorou nos últimos meses. No início de abril deste ano, essa percepção era compartilhada por 55%, partindo de 41% em outubro de 2024 e de 45% em dezembro 2024. A percepção de melhora na economia era 26% em outubro do ano passado, de 22% dois meses depois, em dezembro, e de 21% em abril deste ano. Agora, está em 22%, em patamar estável. Para 28%, a situação econômica brasileira ficou igual nos últimos meses, percepção compartilhada por 23% em abril deste ano e por 31% em dezembro do ano passado. No levantamento atual, há 2% sem opinião sobre o tema.

Rio de Janeiro (RJ), 10/03/2024 - Imagem ilustrativa de dinheiro com cédulas de Real Notas de R$100 Reais.

A avaliação de que a economia do país piorou é mais acentuada na faixa de 25 a 34 anos (55%), entre quem estudou até o ensino superior (57%), nos estratos com renda familiar mais elevada (53% na faixa de 2 a 5 salários, 60% na faixa de 5 a 10 salários, e 62% na faixa acima de 10 salários) e na região Sul (57%). Fica abaixo da média, por outro lado, entre brasileiros que estudaram até o ensino fundamental (33%) e na região Nordeste (34%). Entre quem avalia o governo do presidente Lula (PT) como ruim ou péssimo, 82% veem piora na economia brasileira nos últimos meses, índice que fica em 36% na parcela que o avalia como regular, e em 11% entre aqueles que o avaliam como ótimo ou bom.

Na consulta sobre a situação econômica pessoal, 38% avaliaram como estável, 33% dizem que houve uma piora, e para 28% houve melhora, com 1% sem respostas sobre o tema. O cenário é parecido com abril deste ano (39% estáveis, 34% em situação pior e 27% em situação pior), e contrasta com dezembro do ano passado tanto em relação ao índice de estáveis (eram 43%) quanto no observado entre pessoas em situação pior (eram 27%). A taxa dos que apontaram para uma situação pior era similar à atual (29%).

Olhando para o futuro da economia brasileira, os brasileiros se dividem: 32% acreditam que vai melhorar, 33%, que vai piorar, e para 31% ficará como está, além de 4% que não opinaram. Esses resultados apontam para uma interrupção nas curvas de pessimismo, ascendente, e de otimismo, descendente. Em dezembro de 2023: 47% olhavam com otimismo para a situação da economia brasileira, e 22%, com pessimismo. Três meses depois, o otimismo havia baixado para 39%, e o pessimismo avançado para 27%. Em dezembro de 2024, nova baixa no otimismo, para 33%, e o pessimismo oscilado para 28%. Na pesquisa de abril deste ano, as curvas se cruzaram, com o pessimismo (36%) superando o otimismo (29%), e agora as expectativas positiva e negativa sobre a economia do país dividem um espaço igual na opinião pública brasileira.

Enquanto o pessimismo se destaca entre os mais escolarizados (43%) e mais ricos (48% na faixa de renda familiar de 5 a 10 salários, e 45% na parcela com renda superior a 10 salários), há mais otimismo entre brasileiros que estudaram até o ensino fundamental (42%) e na região Nordeste (41%).

A expectativa sobre a situação econômica pessoal tem mais otimistas (53%, ante 48% em abril deste ano) do que pessimistas (14%, e eram 16%). Há 31% que preveem uma situação estável (na pesquisa anterior, 35%), e 2% não responderam.

Consultados sobre a inflação nos próximos meses, a maioria (59%) prevê aumento, 12%, diminuição, e 24%, estabilidade, com 5% sem opinião sobre o tema. Em abril deste ano, os pessimistas sobre a alta nos preços eram 62%, e em dezembro do ano passado, 67%. A taxa dos que previam queda na inflação era de 9% no fim de 2024 e de 14% três meses depois, em março de 2025. No mesmo período, a expectativa de estabilidade se manteve em 21%.

Sobre o desemprego, a expectativa é estável: 42% acreditam que haverá alta nos próximos meses (eram 43% em abril e 41% em dezembro), 33% preveem estabilidade (mesmo resultado das duas rodadas anteriores), e 22% avaliam que haverá queda (em abril deste ano, 21%, e no final de 2024, 24%). Há ainda 3% que preferiram não opinar sobre o tema.

Na expectativa sobre o poder de compra para os próximos meses, 30% preveem alta, 36%, queda, e 30%, estabilidade, com 3% sem opinião. Os índices também ficaram estáveis na comparação com abril, e ligeiramente menos negativos quando contrastado com dezembro de 2024, quando 27% previam alta, 39%, queda, e 31%, estabilidade.

47% VEEM RECUSOS PÚBLICOS SUFICENTES, MAS MAL APLICADOS

A avaliação dos gastos públicos no Brasil pela população mostra uma divisão sobre o montante dos recursos, se suficientes ou insuficientes, e uma opinião majoritária, negativa, sobre a qualidade de sua aplicação.

Para 47% dos brasileiros com 16 anos ou mais, os recursos públicos no país são suficientes e estão sendo mal aplicados em serviços para a população. Na série histórica sobre o tema, o resultado atual para essa opinião só fica abaixo do registrado em dezembro de 2016 (53%), quando ela teve início durante o governo de Michel Temer (MDB). Em consulta realizada em agosto de 2019, durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), 36% consideravam os recursos públicos suficientes e mal aplicados. Esse índice oscilou para 38% em dezembro de 2019, para 40% em dezembro de 2023, e chegou a 45% em dezembro de 2024, antes dos 47% atuais.

Neste grupo há, proporcionalmente, mais homens (51%) do que mulheres (44%), e uma taxa acima da média de pessoas de 25 a 34 anos (56%), que estudaram até o ensino superior (63%), de estratos de renda familiar mais altos (55% na faixa de 2 a 5 salários, 59% na faixa de 5 a 10 salários, e 57% entre quem tem renda superior a 10 salários), entre eleitores de Jair Bolsonaro no 2º turno de 2022 (56%) e na parcela que considera o governo atual ruim ou péssimo (56%).

Alinhados na opinião de que os recursos são mal aplicados, há 32% que discordam sobre o montante disponível para esses gastos, que consideram insuficientes. Essa opinião era compartilhada por 36% em dezembro de 2016, por 37% em agosto de 2019, por 37% em dezembro de 2019, por 28% em dezembro de 2023 e por 35% em dezembro de 2024.

Neste caso, há uma proporção maior de mulheres (36%) do que homens (28%), com destaque também para brasileiros que estudaram até o ensino fundamental (38%).

Entre as opiniões minoritárias, há 9% que acreditam que os recursos públicos são insuficientes e estão sendo bem aplicados, e um índice similar (8%) de pessoas que avaliam que esses recursos são suficientes e estão sendo bem aplicados.

Na parcela de eleitores de Lula na última eleição presidencial, 15% avaliam que os recursos públicos atuais são suficientes e estão sendo bem aplicados, e para 13% são insuficientes, mas sua aplicação está sendo bem-feita.

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