97% dizem acreditar totalmente na existência de deus; 75% acreditam no diabo

DE SÃO PAULO

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Quando indagados sobre a existência de Deus, 97% dos brasileiros afirmam acreditar totalmente; 2% dizem ter dúvidas e 1% não acreditam. Mesmo entre os que não têm religião, 81% acreditam que Deus existe.

A crença na existência do Diabo é menor, embora também seja compartilhada pela maioria: 75% acreditam totalmente, 9% têm dúvidas e 15% não acreditam que ele exista. Entre os evangélicos pentecostais a taxa dos que acreditam no Diabo chega a 95%. Já entre os espíritas, a taxa dos que não acreditam (50%) supera a dos que acreditam (44%).

A maioria dos brasileiros também acredita totalmente que Jesus ressuscitou após morrer na cruz (93%), que o Espírito Santo existe (92%), na ocorrência de milagres (87%), que Maria deu a luz a Jesus, apesar de virgem (86%), que Jesus voltará à Terra no final dos tempos (77%), que a hóstia é o corpo de Jesus (65%), que após a morte, algumas pessoas vão para o céu (64%) ou para o inferno (58%), que existe vida após a morte (60%) e que existem santos (57%).

A maior parte dos brasileiros (44%) não acredita em reencarnação; 37% acreditam totalmente e 18% têm dúvidas.

A reencarnação é algo no qual acreditam totalmente a maioria dos espíritas (93% deles), dos umbandistas (79%) e dos adeptos do candomblé (68%). Entre os católicos, 44% acreditam totalmente na reencarnação, taxa sete pontos percentuais acima da média nacional. Entre os evangélicos pentecostais, por outro lado, a taxa dos que não acreditam chega a 74%, 30 pontos acima da média.

Entre os evangélicos pentecostais são verificadas as maiores taxas de entrevistados que acreditam totalmente na maioria dos temas pesquisados: além de 95% deles acreditarem totalmente na existência do Diabo (20 pontos percentuais acima da média nacional), 79% têm total convicção de que algumas pessoas vão para o inferno (21 pontos acima da média), e 80% de que algumas vão para o céu (16 pontos acima da média) e 95% acham que Jesus voltará à terra (18 pontos acima da média). Por outro lado, a maioria deles (83%) diz não acreditar em santos. Quanto à hóstia ser o corpo de Jesus, 44% dos evangélicos pentecostais acreditam totalmente, 43% não acreditam e 13% têm dúvidas.

Metade (49%) dos brasileiros afirma ter um santo de devoção. Entre os católicos essa taxa vai a 68%, mesma percentual verificado entre os adeptos do candomblé. Entre os umbandistas a menção a um santo de devoção é ainda maior, chegando a 76%.

Nossa Senhora Aparecida, a padroeira católica do Brasil, é a que tem mais devotos: 18% do total de entrevistados a citam espontaneamente como santa de devoção, taxa que chega a 26% entre os católicos. Vêm a seguir, entre outros citados espontaneamente pelos entrevistados, Santo Antonio, Santo Expedito (5%, cada), São Jorge (3%), São Judas, São Francisco de Assis e São José (2%, cada).

Brasileiros apoiam atuação de padres em causas sociais, mas são contra que eles tenham participação política

Os brasileiros são, em sua maioria, a favor que os padres da Igreja Católica atuem em causas sociais, mas não que tenham um posicionamento político.

Por um lado, a maioria é a favor que eles participem de entidades que cuidam de crianças de rua (88%), de entidades de defesa dos diretos humanos (81%), de movimentos pela moradia (77%) ou pela reforma agrária (61%). Entre os brasileiros que se declaram católicos essas taxas são ligeiramente superiores à média nacional.

Por outro lado, 63% são contra que os padres católicos defendam posições políticas, 72% acham que eles não devem ter o direito de se filiar a partidos políticos, 70% são contrários a que eles apoiem candidatos em eleições e para 73% eles não podem se candidatar a cargos políticos. Entre os católicos, essas taxas ficam dentro da média registrada nacionalmente.

Para 51%, alguns padres respeitam o voto de castidade, mas a maioria não. Na opinião de um terço (31%), a maioria respeita o voto de castidade a que estão submetidos. A taxa dos que pensam que nenhum padre respeita o voto de castidade (8%) é o dobro da dos que acham que todos seguem esse princípio (4%).

Entre os católicos, 36% acham que a maioria respeita o voto de castidade, taxa cinco pontos superior à média.

Na opinião de 66% os padres da Igreja Católica deveriam ter o direito de se casarem; 29% são contra a que eles tenham esse direito.

Entre os católicos, a taxa dos que pensam que os padres de sua Igreja deveriam ter o direito ao casamento é de 59%, sete pontos abaixo da média; 36% deles são contra que os padres tenham direito ao casamento. Entre os adeptos de outras religiões a posição a favor do casamento dos padres católicos fica acima da média, chegando a 94% entre os que professam o candomblé, a 80% entre os evangélicos pentecostais e a 79% entre os não pentecostais. Entre os espíritas e entre os adeptos da umbanda são 75%, em cada segmento, os que defendem o direito dos padres se casarem.

Quando indagados sobre as denúncias de casos de padres acusados de abusar sexualmente de crianças, 21% dos brasileiros opinam que essas denúncias são todas verdadeiras. Para 30% a maioria delas é verdadeira, mas algumas não, 38% acham que algumas são verdadeiras, mas a maioria não, e para 4% nenhuma dessas denúncias é verdadeira.

Entre os católicos, a taxa dos que pensam que algumas denúncias de pedofilia envolvendo padres são verdadeiras, mas a maioria não, é de 42%, quatro pontos percentuais acima da média.

O Datafolha apresentou aos entrevistados algumas frases que expressam estereótipos em relação a algumas religiões, e pediu a eles que dissessem, de cada uma, se concordavam ou não.

Dizem concordar com a frase "os católicos não praticam sua religião" 61% dos entrevistados, sendo que 19% concordam totalmente e 41% em parte. Entre os católicos, 58% concordam com a afirmação. A concordância chega a 72% entre os espíritas e é de 65% entre os evangélicos pentecostais e de 64% entre os não pentecostais.

Também são 61% os que concordam com a frase "os evangélicos são enganados por seus pastores" (77% entre os espíritas, 67% entre os católicos). A maioria dos evangélicos pentecostais (55% deles) discorda da frase. Já entre os evangélicos não pentecostais, ocorre empate: 47% concordam e 46% discordam da frase.

Concordam com a frase "umbanda é coisa do demônio" 57%. Entre os umbandistas, 87% discordam e 12% dizem concordar com a frase sobre sua religião. Entre os evangélicos pentecostais, a taxa dos que concordam que "umbanda é coisa do demônio" chega a 83%. Entre os católicos, a concordância com a afirmação fica ligeiramente abaixo da média, sendo de 53%.

"Os judeus só pensam em dinheiro" é uma frase com a qual concordam 49% dos entrevistados, percentual idêntico ao dos que acham verdadeira a afirmação segundo a qual "os muçulmanos defendem o terrorismo".

Maioria diz que sempre seguiu religião atual

A maioria (79%) dos entrevistados que têm religião declara que sempre seguiu sua fé atual. Entre os católicos essa taxa chega a 94%. Dos que afirmam não seguir sua religião atual desde sempre, 17% tinham outra religião e 3% não tinham religião alguma.

Por outro lado, entre os evangélicos pentecostais, a maior parte diz que já fez parte de outra religião (46%) ou que não tinha religião alguma (9%). Entre os espíritas 54% dizem que tinham outra religião antes.

A pesquisa mostra que a Igreja Católica foi a que mais perdeu fiéis: 52% dos que mudaram de religião ou que hoje não professam fé alguma declaram ter sido católicos antes. Dizem ter sido evangélicos pentecostais, e mudado, 14%, e não pentecostais vindos de outras religiões são 5%.

A religião na qual se encontram mais ex-católicos é o espiritismo: entre os espíritas que declaram ter tido outra religião antes, 82% afirmam que já seguiram o catolicismo. Nas igrejas evangélicas pentecostais há 74% de ex-católicos e nas não pentecostais eles são 63%.

A mudança religiosa para esses entrevistados aconteceu, em média, há aproximadamente 10 anos.

48% dos católicos brasileiros não sabem dizer nome do atual papa

Cerca de metade dos católicos brasileiros não sabe dizer o nome do atual papa. O cardeal alemão Joseph Ratzinger, ao ser eleito para suceder João Paulo 2º em abril do ano passado, adotou o nome Bento 16.

Quando indagados a respeito, 52% dizem Bento 16, 9% citam outros nomes e 39% não se arriscam a sugerir um nome. O percentual de católicos que citam o nome de batismo do papa, Joseph Ratzinger, não chega a 1%. Entre os brasileiros como um todo, 48% respondem Bento 16, 1% mencionam Joseph Ratzinger, 8% dão outras respostas e 43% não sabem responder.

Entre os espíritas, 56% respondem que o nome do papa é Bento 16%. Essa taxa é de 51% entre os adeptos do candomblé, de 49% entre os que não têm religião, de 44% entre os evangélicos não pentecostais e de 36% entre os evangélicos pentecostais.

A maioria dos católicos (72%) diz ter conhecimento da visita do papa ao Brasil, em maio deste ano. Essa taxa é de 69% entre o total de entrevistados. Chega a 86% a taxa de católicos que declaram pretender acompanhar a visita de Bento 16 pela TV (69% entre a população em geral); 24% dos católicos dizem que têm a intenção de comparecer pessoalmente a algum dos eventos do qual o papa participará no Brasil (18% entre a população).