Esquerda e direita abrigam parcelas iguais da população brasileira

DE SÃO PAULO

Baixe esta pesquisa

Os brasileiros se dividem de maneira igualitária entre direita (39%, sendo 10% de direita, e os demais 29%, de centro-direita) e esquerda (41%, sendo 10% de esquerda, e 31% de centro-esquerda) quando se trata de assuntos relacionados a comportamento, valores e economia.

Nessa divisão, 20% ficam no centro do espectro ideológico. Ao tratar somente de temas comportamentais e ligados a valores, os segmentos da população com mais afinidades com a direita (49%, sendo 12% de direita, e 37%, de centro-direita) ultrapassam os mais ligados à esquerda (29%, sendo 4% afinados com a esquerda, e 25%, com a centro-esquerda), e o centro puro ganha espaço (22%).

Quando se consideram apenas temas econômicos, a maior fatia também fica à esquerda (46%, considerando 21% de esquerda, e outros 25% de centro-esquerda), enquanto a direita abrange 26% (8% de direita, e 18%, de centro-direita), e o centro passa a abrigar 27%.

Para chegar a essa classificação, o Datafolha consultou os brasileiros sobre uma série de questões envolvendo valores sociais, políticos, culturais e econômicos, e partir daí os posicionou em escalas de comportamento e pensamento econômico, dentro das quais eles foram segmentados em esquerda, centro-esquerda, centro, direita e centro-direita. A união dos resultados dessas escalas resultou em uma escala geral de posicionamento ideológico, definida pela mesma segmentação.

Questão sobre crença em Deus e debate sobre drogas são temas que menos dividem brasileiros

Dessa série de frases, as que menos dividem a população se referem ao uso de drogas e a crença em Deus: para 87%, acreditar em Deus torna as pessoas melhores, e só 12% acreditam que crer em Deus não torna uma pessoa melhor. Um índice próximo (83%) avalia que o uso de drogas deve ser proibido porque prejudica toda a sociedade, e 15% veem a questão de outra forma e acreditam que não deveria ser proibido porque a consequência do uso é individual.

Entre duas questões sobre o mesmo tema, mas com sentidos opostos, as que também tiveram aceitação de mais de 60% por uma delas se referiam à punição de adolescentes infratores (72% acreditam que devem ser punidos como adultos, e 26%, que devem ser reeducados); à posse de armas (68% defendem a proibição, e 30%, a liberação do uso); à homossexualidade (67% acreditam que deve ser aceita pela sociedade, enquanto 25% analisam que deve ser desencorajada); à imigração (para 67%, imigrantes pobres contribuem com a cultura e desenvolvimento local, enquanto 25% acreditam que causam problemas); ao papel do governo (também é de 67% o índice dos que avaliam que o governo é o principal responsável por investir e fazer o país crescer, e 24% acreditam que esse papel cabe às empresas privadas); à pobreza (65% avaliam que a pobreza é causa por falta de oportunidades, e 32%, que está ligada à preguiça); e à criminalidade (63% defendem que a criminalidade tem origem na maldade das pessoas, e 34% creem que seja causada pela falta de oportunidades iguais para todos).

Ainda sobre a atuação do governo na economia, 58% preferem que o governo atue com força para evitar o abuso de empresas, e 31% avaliam que quanto menos o governo atrapalhar a competição entre as empresas, melhor.

Apoio similar (57%) tem os que defendem que o governo deve ajudar grandes empresas nacionais que correm o risco de falir, ideia rejeitada por 34%. Sobre as leis trabalhistas no Brasil, 54% acreditam que eles mais protegem os trabalhadores do que atrapalham as empresas, e 34% pensam de forma contrária e afirmam que eles são mais prejudiciais às empresas do que benéficas para os trabalhadores.

Entre as questões que mais dividem os brasileiros estão às que se referem ao papel dos sindicatos (49% avaliam que são importantes para defender os interesses dos trabalhadores, e 45% acreditam que eles servem mais para fazer política); à pena de morte (49% defendem que não cabe à Justiça tirar a vida de uma pessoa, mesmo que ela tenha cometido um crime grave, enquanto 47% apontam que essa é a melhor medida para indivíduos que cometerem crimes graves); e à atuação do governo (47% defendem que quanto menos dependerem do governo, melhor estará a vida, e outros 47% avaliam a questão de forma oposta e acreditam que quantos mais benefícios do governo, melhor).

Nesse levantamento realizado do dia 28 ao dia 29 de novembro de 2013, foram realizadas 4.557 entrevistas em 194 municípios, com margem de erro máxima 2 pontos percentuais para mais ou para menos considerando um nível de confiança de 95%. Isto significa que se fossem realizados 100 levantamentos com a mesma metodologia, em 95 os resultados estariam dentro da margem de erro.

Leia na Folha mais informações sobre esta pesquisa.