Pesquisa Datafolha mostra que a maioria dos brasileiros adultos tomou conhecimento da reforma da Previdência em andamento na Câmara Federal, e a rejeita. Dois em cada três entrevistados (66%) declararam ter conhecimento da reforma da Previdência, sendo que 18% declararam estarem bem informados sobre o tema, 39% mais ou menos informados e 9% mal informados. A parcela de brasileiros que declararam não ter conhecimento sobre o assunto chegou a 34% - o índice é mais alto entre os mais jovens (43%), entre os mais pobres (43%), entre os menos instruídos (47%) e entre os moradores da região Norte (47%).
A proposta de reforma da Previdência é rejeitada por sete em cada dez brasileiros (71%). Já, 23% são a favor (entre os mais ricos o índice sobe para 29%), 1% é indiferente e 5% não opinaram. Na análise das variáveis sociodemográficas, observa-se que a rejeição à reforma é majoritária em todos os segmentos e que a rejeição é mais alta entre os que têm conhecimento sobre o tema do que entre os que o desconhecem (78% a 57%).
Nesse levantamento, nos dias 26 e 27 de abril de 2017, foram realizadas 2.781 entrevistas em 172 municípios brasileiros. A margem de erro da pesquisa é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos considerando um nível de confiança de 95%.
Quanto às mudanças na idade mínima e no tempo de contribuição para o recebimento integral da aposentadoria, propostas pela reforma (homens, 65 anos e 40 anos de contribuição; mulheres, 62 anos e 40 anos de contribuição), a maioria (87%) declarou ser contra às alterações. Uma parcela de 10% declarou ser favorável às alterações, 1% é indiferente e 2% não opinaram. O apoio a estas alterações é mais alto entre os mais ricos (23%).
Aos entrevistados que declararam ser contrários às alterações na idade mínima e no tempo de contribuição para a obtenção da aposentadoria integral, o Datafolha perguntou a quais mudanças eles são contrários: à idade mínima ou ao tempo de contribuição. Uma parcela de 60% declarou ser contra ao tempo de contribuição de 40 anos, 27% contra a idade mínima de 65 para homens, 25% contra a idade mínima de 62 anos para mulheres e 23%, contra todas estas alterações.
A maioria também rejeitou a proposta de limitar para um só o número de benefícios da Previdência que uma pessoa possa receber, caso a soma dos benefícios seja superior a dois salários mínimos. Sete em cada dez (70%) declararam ser contra o limite de um só benefício, 27% são a favor e 3% não opinaram.
A proposta da reforma da Previdência de estabelecer regras diferentes para aposentadoria de acordo com a categoria profissional dos trabalhadores, diferenciando os militares, policiais, professores e trabalhadores rurais dos demais trabalhadores (de empresas privadas e do serviço público), dividiu as opiniões dos brasileiros.
Nos casos dos militares (58%) e dos policiais (55%), a maioria avalia que eles deveriam ter as mesmas regras que os demais trabalhadores para a aposentadoria. Enquanto, respectivamente, 38% e 42% são favoráveis a criação de regras diferentes para estas categorias. Os índices são próximos para a categoria dos professores: 54% defendem uma legislação igual ao dos demais trabalhadores brasileiros e 44% defendem uma legislação diferente. Já, no caso dos trabalhadores rurais, 52% defendem uma legislação diferenciada e 46%, a mesma legislação dos demais trabalhadores brasileiros.
Na análise por variáveis, observa-se que conforme aumenta a renda familiar mensal do entrevistado aumenta o apoio a leis diferentes de aposentadoria, de acordo com a categoria de cada trabalhador.
Metade dos brasileiros (52%) avalia que de maneira geral os trabalhadores do país se aposentam mais tarde do que deveriam, já, 38% avaliam que os trabalhadores se aposentam na idade certa e 8% avaliam que os trabalhadores se aposentam mais cedo do que deveriam - sobretudo, os mais ricos (19%). Na comparação com a pesquisa anterior, de julho de 2016, a taxa dos que avaliam que o trabalhador brasileiro se aposenta mais tarde do que deveria recuou sete pontos (era 59%), enquanto a taxa dos que avaliam que o trabalhador brasileiro se aposenta na idade adequada subiu 11 pontos (era 27%) e a taxa dos que avaliam que o trabalhador brasileiro se aposenta mais cedo que deveria oscilou três pontos (era 11%).
Quando questionados com qual idade espera se aposentar, a média ficou em 60 anos - a mesma média do levantamento de julho de 2016.
A maioria dos brasileiros não possui previdência privada, poupança ou qualquer outro tipo de investimento. Dos trabalhadores que contribuem com o INSS, o tempo médio de contribuição ficou em 15 anos.
Nove em cada dez brasileiros (90%) declararam não ter plano de previdência privada, enquanto 10% possuem. Seis em cada dez (62%) não aplicam seu dinheiro na poupança ou em outro tipo de investimento, ante 38% que aplicam seu dinheiro na poupança ou em outros tipos de investimentos. Entre os que tomaram conhecimento da reforma da Previdência o índice de aplicação na poupança ou em qualquer outro tipo de investimento é um pouco mais alto (42%).
De maneira geral, observa-se que a posse de previdência privada e algum tipo de investimento aumenta conforme cresce a renda familiar mensal e o grau de instrução do entrevistado.