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Para 65% dos brasileiros, as Bets deveriam ser proibidas

A taxa de favoráveis à proibição das Bets é mais alta entre as mulheres do que entre os homens (68%, ante 61%)

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Pesquisa Datafolha mostra que dois a cada três brasileiros (65%), com 18 anos ou mais, defendem a proibição das apostas esportivas online, as chamadas Bets. O índice é majoritário em todas as variáveis sociodemográficas. Um quarto (27%) é contra a proibição das Bets e 8% não opinaram.

A taxa de favoráveis à proibição das Bets é mais alta entre as mulheres do que entre os homens (68%, ante 61%). E, em contrapartida, a taxa de contrários à proibição das Bets é mais alta entre os homens (34%, ante 20% entre as mulheres) e entre os que têm 18 a 24 anos (37%). Observam-se diferenças de opinião entre os que têm o hábito de fazer apostas online e aqueles que não apostam mais ou que nunca apostaram. Entre os que têm o hábito de fazer apostas online, 18% são favoráveis à proibição das Bets e 82% são contrários.

Mulher joga jogos de apostas online, conhecidas como BETS (Foto: Laryssa Toratti/Folhapress) - Folhapress

O atual levantamento foi realizado nos dias 5 e 6 de novembro de 2024, com 1.935 entrevistas presenciais em 113 municípios, com população de 18 anos ou mais de todas as regiões do país. A margem de erro da pesquisa é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos considerando um nível de confiança de 95%. O desenho da amostra da pesquisa não permite a leitura isolada por Estado ou município.

Oito em cada dez (82%) declararam que nunca fizeram apostas esportivas online (eram 84% em dezembro de 2023), 18% já fizeram (eram 14%), sendo que 12% já fizeram apostas online, mas não o fazem mais (eram 7%) e 6% que já fizeram apostas online e continuam (eram 8%). Em comparação à pesquisa anterior, de dezembro de 2023, a taxa de quem já apostou cresceu 4 pontos percentuais, com destaque para quem apostou, mas não aposta mais.

Da parcela que nunca jogou, observam-se índices mais altos entre as mulheres (88%, ante 75% entre os homens), entre os que têm 60 anos ou mais (96%, ante 61% entre os que têm 18 a 24 anos) e entre os que têm 45 a 59 anos (91%). Por outro lado, da parcela que já jogou são observados índices mais altos entre os homens (25%, ante 12% entre as mulheres), entre os que têm 18 a 24 anos (39%, ante 3% entre os que têm 60 anos ou mais) e entre os que têm 25 a 34 anos (35%).

Daqueles que têm o hábito de fazer apostas online, 13% declararam que o fazem todos os dias, 35% uma vez por semana, 21% uma vez a cada 15 dias, 17% uma vez por mês e 14% menos de uma vez por mês. O valor médio gasto por mês com apostas online ficou em R$ 216 (era R$ 268 em dezembro de 2023). Um terço (32%) declarou, de forma espontânea, gastar até R$ 30 por mês (eram 27%), 17% gastam de R$ 31 a R$ 50 por mês (eram 19%), 24% gastam de R$ 51 a R$ 100 por mês (eram 20%), 24% gastam mais de R$ 100 (eram 28%) e, 4% não sabem o quanto gastam (eram 5%).

Quando questionados se tiveram mais ganhos ou mais perdas nas apostas esportivas online, seis em cada dez (59%) tiveram mais perdas do que ganhos (eram 52% em dezembro de 2023), 32% tiveram mais ganhos do que perdas (eram 37%) e 9% não tiveram ganhos e nem perdas (eram 10%).

Entre os que têm o hábito de fazer apostas online, a parcela que declarou ter mais ganhos do que perdas fica acima da média: 49% declararam ter tido mais ganhos do que perdas, 39% mais perdas do que ganhos e 12% nem ganhos e nem perdas. A maioria dos brasileiros é contrária às propagandas das Bets esportivas. Sete em cada dez brasileiros (71%) declararam ser contrários às propagandas das Bets, 17% são favoráveis, 7% indiferentes e 4% que não opinaram. Entre os que têm o hábito de fazer apostas online o cenário se inverte: 36% são contrários às propagandas das Bets, 53% são favoráveis. Ainda, 9% são indiferentes e 2% não opinaram.

32% COSTUMAM JOGAR NAS LOTERIAS DA CAIXA, NA LOTERIA FEDERAL OU NO JOGO DO BICHO

O Datafolha perguntou aos entrevistados se eles costumam jogar nas loterias da Caixa, na loteria Federal e no jogo bicho, e no agregado dos três jogos, 32% dos brasileiros declararam que costumam jogar algum deles. O índice é mais alto entre os homens (41%, ante 24% entre as mulheres), entre os que têm 60 anos ou mais (43%, ante 11% entre os que têm 18 a 24 anos), entre os que têm renda familiar mensal de mais de 5 salários mínimos do que entre os que têm renda familiar mensal de até 2 salários mínimos (40%, ante 29%) e entre os católicos (40%, ante 20% entre os evangélicos).

Já, 68% declararam que não costumam jogar em algum deles – a taxa é mais alta entre as mulheres (76%), entre os que têm 18 a 24 anos (89%) e entre os evangélicos (80%). Dos três jogos pesquisados, as loterias da Caixa são as mais populares, 29% declararam que costumam jogar em alguma delas.

Na sequência aparecem a loteria Federal, com 12%, e o jogo do bicho, com 8%. No agregado das apostas online, jogos em cassinos online, apostas nas loterias da Caixa, apostas na loteria Federal e no jogo do bicho, 36% dos brasileiros têm o hábito de jogar em algum deles, ante 64% que não tem o costume de apostar. O índice daqueles que costumam jogar em alguma dessas modalidades é mais alto entre os homens (47%, ante 26% entre as mulheres), entre os que têm 60 anos ou mais (44%, ante 23% entre os que têm 18 a 24 anos), entre os que têm renda familiar mensal de mais de 5 salários mínimos do que entre os que têm renda familiar mensal de até 2 salários mínimos (43%, ante 32%) e entre os católicos (43%, ante 25% entre os evangélicos).

PARA 78% DOS BRASILEIROS, AS APOSTAS EM CASSINOS ONLINE DEVERIAM SER PROIBIDAS

Oito em cada dez (78%) são favoráveis à proibição de jogos de cassinos online, como o do Tigrinho. O índice é majoritário em todas as variáveis sociodemográficas. Já, 17% são contrários à proibição de jogos de cassinos online e 5% não opinaram.

A taxa de favoráveis à proibição a esse tipo de jogos online é mais alta entre as mulheres do que entre os homens (81%, ante 75%). Por outro lado, a taxa de contrários à proibição é mais alta entre os homens do que entre as mulheres (21%, ante 14%) e entre os que têm 18 a 24 anos (25%, ante 8% entre os que têm 60 anos ou mais). A maioria (86%) declarou que nunca jogou em cassinos online e 14% que já jogaram, sendo que 10% já jogaram, mas não jogam mais e 4% que têm o hábito de jogar. Da parcela que nunca jogou, observam-se índices mais altos entre os que têm 60 anos ou mais (98%, ante 74% entre os que têm 18 a 24 anos) e entre os que têm 45 a 59 anos (93%).

Em contrapartida, da parcela que já jogou são observados índices mais altos entre os que têm 18 a 24 anos (26%, ante 1% entre os que têm 60 anos ou mais) e entre os que têm 25 a 34 anos (28%). Dos entrevistados que costumam jogar em cassinos online, 23% declararam que o fazem todos os dias, 26% uma vez por semana, 20% uma vez a cada 15 dias, 21% uma vez por mês e 10% menos de uma vez por mês. O valor médio gasto por mês com jogos de cassinos online ficou em R$ 354. Uma parcela de 23% declarou gastar até R$ 30 por mês, 10% gastam de R$ 31 a R$ 50 por mês, 18% gastam de R$ 51 a R$ 100 por mês, 27% gastam de R$ 101 a R$ 500, e 13%, gastam mais de R$ 500.

Uma fração de 8% não soube informar o quanto gastam. Da parcela que já jogou em cassinos online, dois terços (67%) tiveram mais perdas do que ganhos, 26% tiveram mais ganhos do que perdas e 7% não tiveram ganhos e nem perdas. Entre os que têm o hábito de jogar em cassinos online, o índice daqueles que declararam ter mais ganhos do que perdas fica acima da média: 56% declararam ter tido mais ganhos do que perdas, 33% mais perdas do que ganhos e 11% nem ganhos e nem perdas.

No agregado, quando se considera as Bets online e os cassinos online, 22% dos brasileiros já fizeram apostas em alguma das duas modalidades (7% já jogaram e continuam jogando e 15% já jogaram e pararam) e 78% nunca jogaram. O índice daqueles que já apostaram em alguma das duas modalidades é mais alto entre os homens (28%, ante 16% entre as mulheres), entre os que têm 18 a 24 anos (44%, ante 3% entre os que têm 60 anos ou mais) e entre os que têm 25 a 34 anos (42%).

54% AVALIAM AS BETS E JOGOS DE CASSINO ONLINE COMO UM VÍCIO E 30% COMO UMA PERDA DE DINHEIRO

A propaganda nas redes sociais é o principal meio de conhecimento das Bets e dos jogos de cassino online A imagem das Bets e dos jogos de cassinos online é majoritariamente negativa (84%), 54% avaliam as apostas como um vício e 30% como uma perda de dinheiro. Da parcela que avalia as Bets e os jogos de cassino online de forma positiva (14%), 9% a classificam como uma diversão, 3% como uma fonte de renda e 2% como um investimento financeiro.

Uma fração de 2% não opinou. Entre os que costumam fazer apostas online, a imagem é distinta da população, 72% têm uma imagem positiva e 28% uma imagem negativa. Entre esse público, 17% avaliam as Bets como um vício, 12% como uma perda de dinheiro, 54% como diversão, 9% como fonte de renda e 9% como investimento. O Datafolha apresentou uma lista com sete meios de informação e pediu para os entrevistados informarem por quais meios tiveram contato e tomaram conhecimento das Bets e dos jogos de cassino online.

Dos sete meios pesquisados, a propaganda nas redes sociais foi a mais citada, com 32% de menções. Na sequência ficaram: propagandas na TV (11%), propaganda em sites e portais (8%), conversa com amigos e colegas (7%), propagandas no YouTube (7%), grupo de mensagens (3%) e camisas de futebol (3%). Uma parcela de 28% não tomou conhecimento das Bets e jogos de cassino online por nenhum dos meios pesquisados.

As propagandas nas redes sociais são o principal meio de contato e conhecimento das Bets e jogos online entre os que têm o costume de fazer apostas online e jogam em cassinos online (37%), entre os que já fizeram apostas online e jogos em cassinos online, mas não o fazem mais (49%) e entre os que nunca jogaram (28%).

Quando questionados sobre ações tomadas para poder apostar em Bets ou em cassinos online, 22% declararam que contam com o dinheiro recebido nas apostas para pagar contas, 22% já usaram o dinheiro economizado na poupança ou em algum investimento para apostar, 19% deixaram de comprar coisas para apostar, 15% já pediram dinheiro emprestado para apostar, 15% já fizeram apostas via o cartão de crédito, 13% já deixaram de pagar alguma conta para apostar, 8% já ficaram inadimplentes para poder apostar e 5% já venderam alguma coisa para utilizar o dinheiro na aposta.

No agregado, 48% dos que apostam ou que já apostaram online responderam afirmativamente para algum dos oito itens pesquisados, ante 52% que responderam negativamente. Quanto aos impactos das apostas online na saúde individual, 26% declararam se sentirem mais ansiosos após começarem a fazer apostas online, 14% se sentiram deprimidos, 14% tiveram desentendimentos com parentes ou amigos por causa das apostas online, 6% se sentiram dependentes das apostas online, 4% tiveram problemas no trabalho e 2% tiveram pensamentos suicidas.

No agregado dos seis itens pesquisados, 37% dos que apostam ou que já apostaram declararam ter enfrentado alguma dessas situações após começarem a apostar nas Bets ou em cassinos online.

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