A presidente Dilma Rousseff (PT) recuperou pontos na corrida presidencial ao longo de junho - mês de realização da maior parte da Copa do Mundo - e, se a eleição fosse hoje, teria 38% das intenções de voto, índice que mostra avanço na comparação com pesquisa realizada na primeira semana de junho (quando 34% optavam pela petista) e estabilidade quando comparado aos resultados obtidos no início de maio (37%) e abril (38%). A preferência por seu nome neste momento, no entanto, ainda é inferior à obtida no início de fevereiro (44%), no primeiro levantamento realizado pelo Instituto Datafolha em 2014.
O adversário mais próximo de Dilma, Aécio Neves (PSDB), ficou estável entre junho e julho, oscilando de 19% para 20%. Em maio, o tucano também era apontado por 20%. Ele é seguido por Eduardo Campos (PSB), cujas intenções de voto haviam caído de 11% para 7% entre maio e junho e agora também mostram recuperação, alcançando 9%.
A candidatura do pastor Everaldo Pereira (PSC) segue estável, com 4%, e em seguida aparecem José Maria (PSTU), com 2%, e Luciana Genro (PSol), Eduardo Jorge (PV), Mauro Iasi (PCB), com 1% cada. As intenções de voto em Eymael (PSDC) e Levy Fidelix (PRTB não alcançaram 1%. A intenção de votar em branco, nulo ou em nenhum dos candidatos apresentados recuou de 17% em junho para 13% em julho, o menor índice em 2014. A fatia dos que não opinaram teve oscilação negativa no mesmo período, de 13% para 11%.
A recuperação de Dilma mostrada pelo levantamento atual se deu justamente nos estratos em que ela havia perdido terreno entre maio e junho. Entre as mulheres, por exemplo, a petista ganhou cinco pontos e passou de 33% para 38% entre junho e julho, voltando ao patamar de maio (37%). No grupo de eleitores que tem de 35 a 44 anos, a intenção de voto na petista passou de 34% em junho para 40% em julho, também em nível similar a maio (39%). Na região Nordeste, a preferência por Dilma alcançou 55%, sete pontos acima de junho (48%) e similar a maio (54%).
A análise pelos segmentos de escolaridade mostra um crescimento da petista de 41% em junho para 47% em julho entre aqueles que estudaram até o ensino fundamental. Neste caso, o retorno dos votos acontece após três meses de baixa, já que em maio ela tinha 42%, e só agora volta para o nível de abril (47%). Situação parecida ocorre no segmento dos eleitores que tem de 45 a 59 anos, no qual Dilma tinha 42% das intenções de voto em fevereiro, caiu para 36% em abril, oscilou para 34% em maio, foi a 33% em junho, e agora atinge 40%.
O principal adversário de Dilma no momento, Aécio Neves, continua angariando apoio entre os mais escolarizados e atualmente é o preferido de 36% deste segmento, alta de 7 pontos percentuais na comparação com junho (29%). A presidente tem a intenção de voto de 25% deste grupo.
Entre os favoráveis à realização da Copa, Dilma tem um índice acima da média de intenções de voto (45%), e empata com Aécio entre os contrários ao evento (25% para cada um deles).
Na pesquisa espontânea, sem a apresentação de nenhum nome aos eleitores, Dilma Rousseff alcançou seu maior índice de intenção de voto (25%) desde o início de junho de 2013 (27%), antes do início dos protestos e manifestações que começaram em São Paulo e se estenderam por todo o país. Desde o início de seu governo, a maior taxa de indicações de voto espontâneas à petista foi registrada em março de 2013 (35%). Na comparação com junho deste ano, Dilma registrou avanço de 6 pontos percentuais (tinha 19%). O segundo colocado atualmente é Aécio Neves, citado por 9% (ante 7% no mês anterior), e em seguida aparecem Eduardo Campos (3%, mesmo índice de junho), Lula (2%) e Marina Silva (1%). Metade (48%) não soube indicar espontaneamente nenhum nome (no levantamento anterior, 55%), e 9% disseram votar em branco ou nulo.
Nas duas situações de segundo turno consultadas pelo Datafolha, Dilma lidera, com ligeiras mudanças na comparação com o levantamento anterior. Contra Aécio Neves, Dilma tem 46% das intenções de voto, ante 39% do tucano. No mês passado, esses índices eram de 46% e 38%, respectivamente. Neste caso, 10% votariam em branco ou anulariam, e 5% não opinaram. Quando o adversário é o ex-governador de Pernambuco, Dilma tem 48% das intenções de voto (em junho, 47%), ante 35% de Campos (ante 32% em junho). Votariam em branco ou nulo, nessa disputa, 12%, e 6% não souberam responder.
Líder nas intenções de voto, Dilma também aparece à frente quando se trata da rejeição aos postulantes à presidência. Três em cada dez brasileiros (32%) não votariam de jeito nenhum na petista. O segundo mais rejeitado é o pastor Everaldo (18%), em patamar similar ao registrado por Aécio Neves, em quem 16% não votariam de jeito nenhum. Eymael, Levy Fidelix e José Maria são rejeitados por 15%. Com 12% aparecem Mauro Iasi, Eduardo Campos, e Luciana Genro, e com 11%, Eduardo Jorge. Uma fatia de 9% votaria em qualquer um deles, 5% rejeitam todos, e 13% não souberam responder.
A taxa de rejeição a Dilma é mais alta entre os mais jovens (42%), entre aqueles com ensino superior (51%), na região Sudeste (40%) e entre aqueles contrários à Copa do Mundo no Brasil (47%). No caso de Aécio, destaca0-se a rejeição fica acima da média no Nordeste (25%).
Devido à oficialização de candidaturas e a entrada de novos nomes na lista apresentado pelo Datafolha para medir o grau de rejeição, não é possível comparar os resultados obtidos neste levantamento, para o indicador de rejeição, com os anteriores.
De forma geral, a petista também é a mais conhecida entre os principais candidatos: 99% declaram conhecê-la, ante 81% quando o nome apresentado é o de Aécio (avanço de 3 pontos na comparação com junho, quanto tinha 78%) e 64% no caso de Campos (ante 59% em junho).
Três em cada cinco brasileiros (73%) declaram ter interesse pelas eleições presidenciais deste ano, sendo que 33% têm grande interesse. Os demais se dividem entre aqueles com médio interesse (30%) ou pequeno interesse (10%). Entre os homens, 38% têm grande interesse, ante 29% entre as mulheres. No eleitorado mais jovem, 26% têm grande interesse, índice que cresce conforme o avanço na faixa etária e atinge 38% entre os mais velhos. Na parcela dos eleitores com curso superior, metade (51%) tem grande interesse na eleição presidencial, ante 29% na parcela dos que estudaram até o ensino médio e 31% entre os que têm escolaridade fundamental. O maior grau de desinteresse é registrado justamente entre aqueles que declaram voto em branco ou nulo (57%, ante 26% na média do eleitorado).
Questionados sobre a obrigatoriedade do voto, a maioria (54%) afirma que não iria votar nas próximas eleições caso não fosse obrigado, e 44% iriam votar. Em maio, esses índices eram de 57% e 42%, respectivamente. No levantamento de julho, 1% não opinou sobre o tema. A opinião sobre a obrigatoriedade do voto também é favorável para os que defendem o voto facultativo: seis em cada dez eleitores (59%) são contra o voto obrigatório, 36% são a favor, e 3%, indiferentes. Em maio, esses índices eram de 61%, 34% e 4%, respectivamente. Uma fatia de 1% não opinou sobre o tema no levantamento mais recente.
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Confira a análise de Mauro Paulino, diretor-geral do Datafolha, e Alessandro Janoni, diretor de pesquisas do Datafolha, sobre a avaliação do governo da presidente Dilma Rousseff e o cenário eleitoral de 2014.
Veja também detalhes sobre a pesquisa de intenção de voto para a corrida presidencial matéria publicada na Folha.