Nove anos depois de ampla pesquisa realizada pelo Datafolha sobre as opiniões, valores e o comportamento dos brasileiros em relação a família, novo levantamento mostra que o percentual dos que dizem que essa instituição é muito importante em suas vidas subiu de 61% para 69%. A família ocupa agora o primeiro lugar em um ranking que inclui ainda estudo, trabalho, religião, lazer, casamento e dinheiro.
Foram ouvidos 2.095 brasileiros, em 211 municípios, nos dias 1 e 2 de agosto, e a margem de erro máxima, para os resultados que se referem ao total de entrevistados, é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
Em 1998 a família dividia a liderança no ranking com o estudo, que também era considerado muito importante por 61%. A taxa dos que atribuem muita importância ao estudo hoje é de 65%. O terceiro lugar continua sendo com o trabalho, cujo percentual de brasileiros que o consideram muito importante oscilou de 56% para 58%. A religião foi outro item que ganhou pontos: subiu de 38% para 45% a taxa dos que a consideram muito importante. O lazer é considerado muito importante por 32%, taxa quatro pontos maior do que a registrada no levantamento de nove anos atrás, quando esse aspecto ocupava o último lugar no ranking. Hoje, ele empata com o casamento, que obtém percentual idêntico ao de 1998 (31%) e com o dinheiro, que perdeu seis pontos percentuais, tendo caído de 36% para 30% a parcela de brasileiros que consideram esse aspecto muito importante.
Ter relacionamento próximo com os pais é muito importante para 78%; proximidade com amigos é mais importante do que com primos
O Datafolha perguntou aos entrevistados sobre o grau de importância que eles atribuem a ter um relacionamento próximo com parentes e amigos, levando-se em consideração a seguinte escala: muito importante, importante, mais ou menos importante, um pouco importante e nada importante.
Ter um relacionamento próximo com os pais é considerado algo muito importante por 78% dos entrevistados. Para 20% essa proximidade é importante. Dessa forma, a soma das categorias do extremo positivo da escala chega a 98%. Apenas 1% dizem que é mais ou menos importante ter um relacionamento próximo com os pais.
Acham muito importante ter um relacionamento próximo com irmãos 67%; acham isso importante 27%.
Para 57% é muito importante ter um relacionamento próximo com os avós. Para 33% essa proximidade é importante, para 5%, mais ou menos importante e para 2% um pouco importante.
A proximidade com os tios é considerada muito importante por 42%, importante por 38%, mais ou menos importante por 12%, um pouco importante por 5% e nada importante por 3%.
A pesquisa mostra que, para os entrevistados, é mais importante ter um relacionamento próximo com amigos do que com primos. A proximidade com os amigos é considerada muito importante por 38% e importante por 40%. Somando-se essas duas categorias, o percentual chega a 78%. Em relação aos primos, 35% consideram um relacionamento próximo muito importante e 38% acham isso importante, ou 63% na soma das duas categorias.
Em outra comparação possível, colegas de trabalho são vistos como mais importantes do que vizinhos.
Ter um relacionamento próximo com as pessoas com quem se trabalha é algo considerado muito importante por 26% e importante por 43%. No caso das pessoas que moram perto do entrevistado essas taxas são de, respectivamente, 22% e 31%. Para 11% não é nada importante ter um relacionamento próximo com a vizinhança.
87% consideram fazer um aborto moralmente errado; 85% pensam da mesma forma sobre fumar maconha
Fazer um aborto e fumar maconha se equivalem moralmente na opinião da maioria dos brasileiros.
Para 87%, fazer um aborto é algo moralmente errado. Essa taxa empata estatisticamente com a dos que têm a mesma opinião sobre fumar maconha, que é de 85%. Um caso entre pessoas casadas é moralmente errado para 80%, praticamente o mesmo percentual dos que acham condenável beber excessivamente (79%).
Mentir ao declarar o imposto de renda é moralmente errado para 66%. A maioria (56%) também julga moralmente condenável mentir para não magoar os sentimentos de uma pessoa.
Metade (49%) acha moralmente errado ter um comportamento homossexual. Para 21% é moralmente aceitável e para 19% a homossexualidade não é uma questão moral.
A taxa dos que consideram o sexo entre pessoas que não são casadas moralmente errado (38%) empata com o dos que acham esse comportamento moralmente aceitável (35%). Para 19% essa não é uma questão moral.
A pesquisa ouviu os brasileiros a respeito da gravidade que atribuíram a certos comportamentos por parte de filhos e filhas. Os resultados para essas questões permitem comparação com os do levantamento realizado em 1998.
O percentual dos que considerariam muito grave que um filho do sexo masculino fizesse parte de uma gangue violenta oscilou de 90% em 1998 para 89% hoje. Essa taxa empata com a dos que considerariam muito grave um filho fazer pequenos furtos fora de casa, que oscilou de 84% para 87%, idêntica à dos que veem como muito grave um filho que roubasse dinheiro dentro de casa (eram 85% em 1998).
Um filho homem usuário de cocaína seria uma situação considerada muito grave por 83%; essa taxa era de 87% na pesquisa anterior.
Para 75% seria muito grave ter um filho que bebesse todos os dias, taxa idêntica à registrada há nove anos.
A maioria continua achando muito grave um filho fumar maconha, mas a taxa dos que pensam assim caiu seis pontos percentuais, de 78% há nove anos para 72% hoje.
A taxa dos que considerariam muito grave um filho homem abandonar a escola subiu sete pontos, passando de 57% para 64%.
Caiu 20 pontos a taxa dos que considerariam muito grave um filho homem estar namorando alguém do mesmo sexo: ela foi de 77% em 1998 para 57% hoje. Essa queda reflete o aumento do percentual dos que não veriam isso como um problema (de 4% para 15%), e de variações nas taxas dos que consideram esse comportamento grave (de 14% para 17%), mais ou menos grave (de 3% para 5%) e pouco grave (de 2% para 4%).
A taxa dos que não considerariam um problema um filho homem namorar uma pessoa de outra raça ou cor subiu 16 pontos percentuais, passando de 76% para 92%, reflexo de variações nas taxas dos que acham isso muito grave (de 5% para 2%), grave (de 3% para 1%), mais ou menos grave (de 6% para 2%) e pouco grave (de 8% para 3%).
No que se refere às filhas, 90% consideram muito grave o envolvimento delas com gangues violentas e 88% veem como muito grave o roubo de dinheiro dentro de casa; percentual idêntico acha muito grave que filhas façam pequenos furtos fora de casa.
O percentual dos que acham muito grave que uma filha beba todos os dias subiu de 76% em 1998 para 82% hoje.
A exemplo do que ocorre com a hipótese de um filho abandonar a escola, aumentou a percepção de que seria muito grave uma filha tomar essa atitude: a taxa dos que pensam dessa maneira foi de 58% em 1998 para 68% hoje.
Variações semelhantes também se deram no que diz respeito à opinião sobre os hábitos de namoro das filhas. O percentual dos que consideram muito grave uma filha namorar uma mulher caiu 19 pontos percentuais, de 74% em 1998 para 55% hoje; em contrapartida, subiu de 4% para 16% a taxa dos que não veem um problema nisso. Para 85% não é um problema o fato de uma filha namorar uma pessoa de outra cor, taxa que é 12 pontos maior do que a registrada na pesquisa anterior (73%).
Também subiu a taxa dos que não veem problema em que uma filha perca a virgindade ainda solteira: ela passou de 39% em 1998 para 55% hoje. Esse aumento é acompanhado pela queda nas taxas dos que consideram essa situação muito grave (de 17% para 10%), grave (de 15% para 11%) ou mais ou menos grave (de 16% para 12%) e oscilou um ponto para baixo a dos que acham essa situação pouco grave (de 12% para 11%).
A combinação sexo e dinheiro, por parte de filhas, porém, continua sendo considerada assunto de muita gravidade. Para 75% seria muito grave caso uma filha fizesse programas com homens para ganhar dinheiro, percentual idêntico ao registrado há nove anos. A taxa dos que consideram essa situação grave oscilou de 20% para 19%.
Um item que foi incluído nesta pesquisa, e que não estava na anterior, traz resultado similar para ambos os sexos: 80% achariam muito grave saber de um filho envolvido em corrupção. Quando se trata de uma filha essa taxa é de 83%.
A rejeição à ideia de que uma filha durma com o namorado em seu quarto continua sendo maior do que à hipótese de que um filho faça o mesmo.
Quando indagados sobre como reagiriam caso uma filha lhes pedisse para dormir com o namorado no quarto dela, 66% dizem que não deixariam de jeito nenhum. Essa taxa é 12 pontos menor do que a registrada em 1998. Deixariam com certeza a filha levar o namorado para seu quarto 12% (cinco pontos a mais do que há nove anos) e talvez permitissem esse comportamento 16% (eram 13%).
Caso o pedido fosse feito por um filho, 55% não permitiriam de forma alguma (eram 63% na pesquisa anterior).
A maioria continua achando que um filho, seja homem ou mulher, só deve sair da casa dos pais após se casar, embora tenha aumentado a parcela dos que são favoráveis a que os filhos adotem um novo lar sem que tenham iniciado uma nova família.
A taxa dos que acham mais correto um filho sair de casa apenas depois de casar passou de 65% em 1998 para 60% hoje, enquanto a dos que acham que ele deve deixar o lar dos pais antes de se casar foi de 26% para 31%.
Entre as mulheres, o percentual das que acham que um filho só deve sair da casa dos pais depois de casar (63%) é seis pontos maior do que a registrada entre os homens (57%).
No que diz respeito a uma filha, 74% opinam que ela só deve deixar a casa dos pais quando casadas, taxa sete pontos menor do que a registrada há nove anos (81%). Já o percentual dos que acham que uma mulher deve deixar a casa de seus pais antes do casamento subiu seis pontos, de 13% para 19%.
Entre as mulheres, 73% acham que uma filha deve sair de casa apenas quando casar; ente os homens essa taxa é de 76%.
A maioria declara que daria seu apoio a um filho ou filha no caso de uma gravidez na adolescência, e rejeita um aborto nesse caso.
Ao considerar a hipótese de ter uma filha que ficasse grávida ainda adolescente, 82% a apoiariam para que tivessem o filho em qualquer situação. Dariam seu apoio para que ela levasse a gravidez adiante, mas a obrigariam a casar com o pai da criança, 15%. Apenas 1% dos entrevistados aconselhariam o aborto em qualquer situação. Não chegam a 1% os que a aconselhariam a fazer um aborto caso o pai da criança não quisesse assumir o filho, nem os que dariam esse conselho por acharem que ela seria muito nova para ser mãe.
Entre os homens, a taxa dos que obrigariam a filha adolescente a casar com o pai da criança é de 20%, o dobro da registrada entre as mulheres (10%).
Se fosse um filho a engravidar uma menina, 71% o apoiariam para que ele tivesse o filho em qualquer situação e 11% o obrigariam a casar. Apoiariam o adolescente a ter o filho, mas sem que ele casasse com a grávida, 14%. Os que aconselhariam um aborto em qualquer situação não somam 1%, e o mesmo acontece com os que seriam favoráveis à interrupção da gravidez por achar o rapaz muito novo para ser pai.
37% são casais que moram com filhos
Metade (49%) da população brasileira com 16 anos ou mais é casada ou mora com alguém como se fosse casada. Solteiros representam 37% desse universo, separados somam 8% e viúvos são 6%.
A população foi dividida em grupos, de acordo com quem moram. A maior parte integra o grupo de casais que moram com os filhos, que representa 37% desse universo. Desses, 32% vivem com filhos de uma relação que mantém atualmente, 2% vivem com filhos de uma outra relação e 1% têm em casa filhos tanto de um relacionamento atual quanto de outro. São casados, mas não têm a companhia de filhos em casa, 12%.
Há os solteiros que moram com os pais (24%), solteiros que moram com filhos ou que dividem a casa com os filhos e com seus pais (2% em ambos os casos) e ainda aqueles que moram com outras pessoas (5%).
O percentual de solteiros que já foi casado ou que já viveu com alguém é de 17%.
Separados ou viúvos que moram com filhos são 8%, e pessoas nessas condições que não moram com filhos são 2%. Moram sozinhos 8%.
Entre os casados que moram com filhos, 52% são mulheres e 48% são homens. A média de idade nesse segmento é de aproximadamente 40 anos. No grupo de casados que moram sem filhos a proporção por sexo é idêntica à registrada entre os que dividem a casa com a prole, e a média de idade é de 43 anos.
No segmento de casados que moram com filhos de outra relação, que não a atual, 84% são mulheres e apenas 16% são homens.
A maior parte (59%) dos solteiros que moram com os pais é de homens. A média de idade nesse grupo é de 23 anos.
Já as mulheres são a grande maioria (88%) tanto entre os solteiros que moram com filhos, quanto entre os que, além dos filhos, moram em uma casa com seus próprios pais (95%). A média de idade no grupo de solteiros com filhos (41 anos) é mais alta do que a verificada no estrato de solteiros que moram com pais e filhos (28 anos).
Elas também são a maioria entre os separados ou viúvos que moram com os filhos, estrato no qual 88% são do sexo feminino. A idade média nesse grupo é de 51 anos. Já os separados ou viúvos que moram sem a companhia de filhos são em sua maior parte (59%) do sexo masculino, e com idade média de 47 anos.
Entre os solteiros que moram com outras pessoas, que não sejam seus pais nem seus filhos, 56% são homens e 44% são mulheres, e a idade média é de 28 anos.
Os homens também são maioria entre os que moram sozinhos: são 59% dos que integram esse grupo, no qual a idade média é de 48 anos.
A média de moradores por domicílio, incluindo o entrevistado e excluindo empregados, é de quatro pessoas.
Moram com o cônjuge 49%, mesmo percentual dos que moram com filhos. Há mais pessoas morando com a mãe (29%) do que com o pai (18%). Um quarto (25%) mora com irmãos ou irmãs.
Declaram ser responsáveis pelo pagamento da maior parte das contas 39%. Essa taxa é de 49% entre os homens e de 29% entre as mulheres. Dizem que o cônjuge é o principal responsável pelas contas 18%, citam o pai 12% e a mãe 8% (mesmo percentual dos que dizem que as contas são divididas igualmente).
Apenas 1% diz empregar alguma pessoa que trabalha todos os dias e que costuma dormir na casa. Têm empregado ou empregada fixa, mas que não costuma dormir no domicílio 4%, e contam com os serviços de uma faxineira 9%.
Brasileiros consideram relacionamento com a mãe melhor do que o que têm com seus pais
Pensando na vida como um todo, 91% avaliam a relação que têm com sua mãe como ótima ou boa. Em relação ao pai essa taxa é de 76%.
A relação com irmãos do sexo masculino é considerada ótima ou boa por 71%. Quando se trata das irmãs, essa taxa é de 68%.
A média de idade com que os entrevistados deixaram a casa dos pais é de aproximadamente 20 anos.
Dos que moram com os pais atualmente, 72% sempre viveram dessa maneira. Saíram da casa dos pais para morar com um companheiro, e voltaram, 12%. Já moraram sozinhos 5%, mesmo percentual dos que foram morar com parentes e voltaram à casa dos pais, e 1% dividiram uma casa com amigos.
A taxa dos que dizem que os pais tiveram um casamento religioso caiu de 80% em 1998 para 71% hoje, e a dos que afirmam que eles se casaram no civil passou de 83% para 78%.
Problemas financeiros continuam sendo a principal motivação para brigas ou discussões na casa de quem moram com alguém. Esse motivo é citado por 14% desses entrevistados. Em 1998 essa taxa era de 11%. Um quinto (21%) afirma que não há motivos para brigas ou discussão em casa.
Alguns dos outros motivos para brigas citados são: ciúmes do companheiro (6%), o fato do companheiro ou de um dos filhos beber, divergência de opiniões, desorganização ou bagunça (4%, cada), discussões entre filhos, irmãos, sobrinhos ou netos, divisão das tarefas da casa e disputa por causa dos canais de TV (3%).
A vida em uma casa com um único morador é considerada ótima ou boa por 52% dos brasileiros que moram sozinhos. Um quarto (25%), por outro lado, considera ruim ou péssimo morar sozinho. Para 22%, é uma maneira de viver que pode ser considerada regular.
A vantagem de morar sozinho mais citada por esses entrevistados é não precisar dar satisfações a ninguém, poder fazer o que quiser, resposta de 39%. Ter tranquilidade, paz, não ter ninguém para perturbar fica em segundo lugar, com 17% de menções. Vêm a seguir não ter hora nem para sair nem para voltar para casa (7%), ter privacidade (5%), não ter horários determinados para a realização de tarefas, menos despesas (4%, cada), ter a liberdade de acordar a hora que quiser e não ter briga em família (2%, cada). Dizem não ver qualquer vantagem em morar sozinho 11%.
Citam solidão e falta de companhia como principal desvantagem de morar sozinho 37%. Veem como desvantagem não ter com quem conversar 18% e ter que fazer serviços domésticos em geral 14%. Foram citadas, ainda, entre outras desvantagens, não ter a quem recorrer em caso de doença (7%), a falta de alguém para ajudar nas despesas e a preocupação com a segurança do domicílio (2%, cada). Afirmam que não existe desvantagem em morar sozinho 13%.
Fidelidade é qualidade mais desejável e fator mais importante para a felicidade de um casamento
Ser fiel: essa é a qualidade mais desejável em um marido ou esposa deve ter, segundo os brasileiros. Indagados sobre qual é a principal qualidade que uma esposa deve ter, 21% citam a fidelidade. Quando se trata da principal qualidade de um marido, essa é a resposta de 25%.
Essas taxas, no entanto, são menores do que as verificadas em 1998, quando 27% se referiam à fidelidade como principal qualidade de uma esposa e 31% citavam a mesma característica quando pensavam em um marido ideal.
No que se refere à esposa, o percentual dos que dizem que ela deve ser sincera, não mentir, oscilou de 12% para 11% e o dos que citam como principal qualidade ela ser companheira, amiga, oscilou de 6% para 8%. Para 10%, ela deve respeitar o marido (eram 11% na pesquisa anterior).
Uma das maiores variações em relação à pesquisa de nove anos atrás se deu na taxa dos que consideram cuidar bem da casa a principal qualidade que uma esposa deve ter: foi uma queda de 12 pontos percentuais, de 19% para 7%. Também caiu a taxa dos que dizem que a principal qualidade de uma esposa deve ser cuidar dos filhos, que passou de 11% para 5%.
Quando se pensa na principal qualidade de um marido, a taxa dos que dizem que ele deve ser companheiro, amigo, passou de 6% para 10%. Também foram mais citadas, dessa vez, qualidades como amar a esposa (de 2% para 10%) e ser atencioso com ela (de 2% para 10%). Por outro lado, a taxa dos que dizem que a principal qualidade de um marido deve ser sustentar a família caiu oito pontos percentuais, passando de 13% para 5% das menções.
Entre outras características citadas, destacam-se, ainda: respeitar a esposa (13%), ser sincero, não mentir (12%), ser trabalhador (7%) e ser responsável (6%).
A valorização da fidelidade aparece em outras duas perguntas feita aos brasileiros. Apresentados a uma lista com seis itens, e indagados qual deles seria o fator mais um importante para a felicidade de um casamento, em primeiro lugar, 38% apontam a fidelidade. Essa taxa era 15 pontos menor em 1998, quando 23% apontavam a fidelidade como fator mais importante. Assim, esse aspecto divide hoje a liderança com o amor, cuja taxa de menções caiu de 41% para 35% nesses nove anos.
Vêm a seguir: honestidade (15%), filhos (5%), vida sexual satisfatória e dinheiro (2%).
Já a infidelidade, ou traição, é apontada por 53% como o fator mais prejudicial para um casamento, em primeiro lugar, superando por larga vantagem a falta de amor (15%). Ciúmes vem em terceiro lugar, com 11% de menções. Os resultados para os demais itens listados na pesquisa são: incompatibilidade de gênios (5%), desemprego (4%), dificuldades financeiras, brigas com a família do companheiro (3% cada um), não ter filhos, um dos parceiros gastar demais e vida sexual insatisfatória (1%, cada).
Para a maioria, o bem dos filhos não justifica a manutenção de um casamento que já não funciona muito bem. Nesse caso, também, a fidelidade aparece como fator primordial.
Discordam da afirmação de que, mesmo que o parceiro tenha um amante fixo, o casamento deve ser mantido, para o bem dos filhos, 84%, dos quais 75% discordam totalmente e 9%, em parte. Apenas 13% concordam com essa afirmação.
Uma infidelidade eventual obtém maior tolerância: 65% discordam da afirmação de que o casamento deve ser mantido, mesmo que o parceiro tenha sido infiel uma vez ou outra. Um terço (30%), porém, concorda com a frase, sendo que 13% concordam totalmente e 18% concordam em parte.
E o casal deve manter o casamento pelo bem dos filhos, mesmo que a relação tenha acabado? Não deve, segundo os 67% que discordam da afirmação (54% discordam totalmente e 13% discordam em parte). Concordam com a frase 30%, dos quais 17% concordam totalmente e 13% concordam em parte.
O percentual dos que discordam da afirmação de que a mulher pode até ter outros, mas o importante é que ela sempre volte pra casa, é de 90%, sendo que 84% discordam totalmente. Concordam com essa afirmação 9% (5% totalmente, 4%, em parte). Em relação aos homens, a tolerância é maior: 19% concordam que um homem até pode ter outras, contanto que volte pra casa, sendo que 11% concordam totalmente e 8% concordam em parte. A maioria (79%) discorda da afirmação.
A maioria (59%) discorda da afirmação de que a mulher deve deixar de trabalhar fora para cuidar dos filhos. Concordam com essa afirmação 33%.
Porém, 49% concordam que a mulher só deve trabalhar fora quando o salário dela é realmente necessário, ante 45% que discordam da afirmação. Entre os homens, a taxa dos que concordam chega a 56%; já entre as mulheres, ela, embora menor do que a registrada entre os entrevistados do sexo masculino, atinge 43%.
21% admitem ter sido infiéis no casamento
Apesar da valorização da fidelidade no casamento, um quinto (21%) dos entrevistados admitem já ter sido infiéis em sua união atual. Ente os homens essa taxa sobe para 34%; entre as mulheres ela é de 8%.
Quando indagados sobre a infidelidade do companheiro, 15% afirmam já ter sido traídos, percentual quase igual ao dos que não sabem responder ao questionamento (13%). Declaram que o companheiro não foi infiel 69%. Entre os homens, a taxa dos que dizem que já foram traídos é de 5%; entre as mulheres esse percentual é cinco vezes maior, chegando a 25%.
A grande maioria (81%) dos entrevistados casados, que vivem atualmente com alguém, que já foram casados ou já viveram com alguém, passaram pela experiência uma vez. A média de duração do casamento, levando-se em consideração o atual, é de 16 anos.
Dizem já ter se casado duas vezes 14%, e três vezes ou mais, 3%.
Declaram ter casado no religioso e no civil 44%. Casaram apenas no civil 17% e apenas no religioso 3%. Um terço (31%) dos que vivem ou já viveram com alguém não se casou nem no civil nem no religioso.
Os motivos mais citados pelos que não casaram no civil para essa opção foram falta de interesse do companheiro (16%), falta de dinheiro (15%) e não achar importante a formalização do casamento (12%). Entre os homens, a falta de dinheiro ocupa o primeiro lugar entre os motivos para a não realização do casamento civil, atingindo 22% das menções. Já entre as mulheres, o motivo mais citado é o desinteresse do cônjuge, citado por 21%.
A maioria dos brasileiros se casou no máximo até os 25 anos de idade: 28% se casaram até 18 anos e 48% se uniram a alguém entre os 19 e os 25 anos. A média de idade com que o casamento ou união aconteceu é de 22 anos, idêntica à registrada em 1998.
Chega a 85% a taxa dos que consideram o relacionamento com o companheiro ótimo ou bom. Segundo 10%, o relacionamento é regular, e apenas 3% classificam-no como ruim ou péssimo.
Mulheres se separam principalmente por causa de traição do cônjuge; homens, por causa do ciúmes
Dos entrevistados que já se casaram ou viveram com alguém, 35% já se separaram alguma vez. Desses, 28% se separaram uma vez, 4% passaram por duas separações e 2% por três separações.
O principal motivo para a última separação, hoje, como em 1998, foi infidelidade do companheiro. As menções a esse motivo oscilaram de 30% há nove anos para 31% hoje. O segundo motivo mais citado diz respeito a ciúmes e brigas geradas por desconfiança, resposta de 16%, taxa sete pontos maior do que a registrada na pesquisa anterior (9%).
Entre as mulheres, a taxa de menções à infidelidade do companheiro como principal motivo para a separação chega a 41%. Entre os homens, ela é de 17%, oito pontos menor do que a dos que citam ciúmes (25%) como causa da ruptura.
A taxa de menções a agressões e violência física caiu de 13% para 8%, e a dos que dizem que o principal motivo para a separação foi o fato do companheiro beber passou de 13% para 7%.
Alguns dos outros motivos citados para a separação mais recente foram: falta de amor (7%), incompatibilidade de gênios, motivos financeiros (6%, cada) e problemas com a família do companheiro (4%).
A maioria (64%) diz que, da última vez que se separou, a decisão foi sua. De acordo com 17%, foi o companheiro que tomou a decisão e segundo 13% a separação foi decidida por ambos.
Entre as mulheres, a taxa das que dizem ter tomado a iniciativa da separação (75%) é 24 pontos percentuais maior do que a registrada entre os homens (51%).
A maioria (59%) dos que já se separaram não casou novamente. Dizem que o companheiro se casou 46% do total. Entre as mulheres, a taxa das que dizem que o companheiro casou outra vez é de 50%; entre os homens, ela é de 42%.
Dos que se casaram novamente (36% do total de entrevistados), 28% levaram entre dois e cinco anos para se casar novamente. O intervalo entre a separação e uma nova união é em média de 3 anos.
Tinham filhos com o cônjuge no momento da separação 85%; 33% tinham um filho e 24% tinham dois filhos ao se separar. Os filhos tinham, em média, 11 anos no momento da separação.
Afirmam ter ficado com a guarda dos filhos 59%. Entre as mulheres essa taxa chega a 89%; entre os homens ela é de 18%.
A maioria (77%) desses entrevistados afirma que a guarda dos filhos foi decidida por comum acordo, 18% afirmam que foi uma decisão legal e 4% declaram que a decisão foi das crianças.
Um quinto (20%) declara pagar pensão para os filhos que teve em uma relação que terminou. Entre os homens essa taxa é de 45%; a maior parte deles (53%), no entanto, não paga pensão. Entre as mulheres, 1% paga pensão para os filhos. Apenas 5% declaram pagar pensão para o ex-cônjuge.
Dizem receber pensão para os filhos 17% e para si próprios 3%.
43% dos que já foram casados não querem viver com alguém novamente
A maioria (63%) dos brasileiros que não estão casados, nem vivendo com alguém no momento, pretendem mudar essa situação. Percebe-se que a vontade de casar é mais frequente entre os homens do que entre as mulheres. E que, quanto mais jovem o entrevistado, maior esse desejo.
Entre os homens que não vivem com alguém no momento, 71% pretendem passar a dividir um lar com outra pessoa. Entre as mulheres nessa condição essa taxa é de 55%, ou 16 pontos percentuais menor. Entre as mulheres que têm 41 anos ou mais a taxa das que não querem casar chega a 59%.
Entre os que têm entre 16 e 25 anos, e não estão casados no momento, a taxa dos que pretendem casar ou viver com outra pessoa chega a 82%. Ela é de 71% entre os que têm de 26 a 40 anos. Já entre os que têm 41 anos ou mais, 50% não pretendem se casar, ante 29% que têm essa intenção.
A pesquisa também mostra que a vontade de casar é bem mais expressiva entre os que ainda não viveram a experiência do que entre os que já passaram por ela, e que, entre as mulheres, a rejeição à ideia de uma nova união é mais forte do que entre os homens.
Entre os que nunca viveram com alguém, 80% pretendem casar pela primeira vez. Nesse caso, a diferença entre homens e mulheres não é tão grande: a taxa dos que nunca viveram com alguém antes e têm a intenção de fazê-lo é de 82% entre eles e de 78% entre elas.
Entre os que já viveram com alguém, 43% não têm a intenção de casar novamente, ante 38% que declaram essa vontade. Aqui revela-se uma diferença significativa entre os sexos. Entre os homens que já dividiram um teto com alguém, a maior parte (50%) ainda se mostra disposto a repetir a experiência, e 31% rejeitam a ideia. Entre as mulheres que já foram casadas, a situação é inversa: 50% não querem repetir a experiência e 30% têm esse desejo. Entre as que já viveram com alguém e tem 41 anos ou mais a taxa das que não querem se casar novamente vai a 60%.
62% têm filhos
Afirmam ter filhos 62% dos entrevistados, taxa idêntica à registrada em 1998. Entre as mulheres, 68% afirmam ser mães. Entre os homens, 56% são pais.
Declaram ter um filho 18%, dois filhos 20%, três filhos 11%, quatro filhos 5% e cinco filhos ou mais 8%. A média de filhos é de 2,7 por entrevistado.
Os entrevistados tiveram o primeiro filho, em média, aos 23 anos; 45% se tornaram pais entre os 19 e os 24 anos. A média de idade com que os entrevistados tiveram o primeiro filho é ligeiramente mais alta entre os homens (25 anos) do que entre as mulheres (21 anos).
A idade do companheiro, na época do nascimento do primeiro filho, não difere muito da do próprio entrevistado: 40% tinham entre 19 e 24 anos, e a média é de 24 anos.
A maioria (58%) afirma ter, até aqui, dedicado o tempo necessário a seus filhos. As mulheres se mostram mais tranquilas quanto a isso: 65% delas acham que o tempo dedicado a seus filhos até o momento tem sido adequado. Já entre os homens, 49% acham que deveriam ter dedicado mais tempo, percentual idêntico ao dos que acreditam que o tempo que dedicaram tem sido suficiente.
A taxa dos que consideram o relacionamento com seus filhos ótimo ou bom chega a 91%; ela é maior entre as mulheres (93%) do que entre os homens (88%).
O relacionamento com filhos de um relacionamento que já terminou não é tão bem avaliado: dos que vivem essa situação (27%), 63% dizem que sua relação com esses filhos é ótima ou boa. A taxa dos que não sabem ou não querem avaliá-la é de expressivos 28%.
No caso de entrevistados que moram com filhos que o companheiro teve em outro relacionamento, o relacionamento com eles é considerado ótimo ou bom por 91%. Entre os que não moram com os filhos do companheiro, essa taxa de 67%; 19% não souberam ou não quiseram fazer uma avaliação.
Foram investigadas sete situações em que um filho precisa de acompanhamento, para se saber quem está com ele na maioria das vezes. De modo geral, esse papel é desempenhado com maior frequência pelas mulheres, aqui não entendidas necessariamente como esposas. São elas que, em sua maioria, cuidam do filho quando ele está doente (90%), levam ao médico ou ao dentista (89%), acompanham nas refeições (83%), vão a reuniões de escola (78%), ajudam nas lições de casa (72%) e levam à escola (59%).
Declaram já ter batido em algum filho 57%; entre as mulheres, essa taxa chega a 71%. Entre os homens, ela é de 40%.
Dos que admitem já ter batido, 31% dizem fazer isso raramente, 17% batem de vez em quando, 3% afirmam que não fazem mais isso e 2% têm essa atitude sempre.
54% não pretendem ter filhos
Entre os que não têm, 77% ainda pretendem ter
A maioria (54%) dos brasileiros entrevistados pelo Datafolha não pretende ter filhos. Ainda pretendem ter filhos 40%. Naturalmente, entre os que não têm filhos, a taxa dos que ainda pretendem tê-los é maior, chegando a 77%. Entre os que já são pais e mães, ela é de 18%.
Entre as mulheres, a taxa das que não pretendem ter filhos chega a 62%, oito pontos a mais do que a verificada entre o total de entrevistados. Entre os homens, ela é de 45%.
Os motivos mais citados pelos que não querem ter filhos são a idade (32%), o fato de já ter filhos (20%), dificuldades financeiras (16%) e operação para não ter filhos por parte de um dos cônjuges (14%).
Declaram que viveriam com uma pessoa que já tivesse filhos 64%, dos quais 49% viveriam e se casariam com ela e 15% viveriam, mas não se casariam.
A tolerância à ideia de viver com uma pessoa que já tivesse filhos é maior entre os homens (67% deles admitem a hipótese) do que entre as mulheres (61%), e mais frequente entre os que não têm filhos (67%) do que entre os que já têm (62%).
A taxa dos que concordam com a afirmação de que um casal sem filhos pode ser feliz como qualquer outro subiu de 63% em 1998 para 69% hoje. Entre os que não têm filhos ela chega a 82%.
Ter casa própria é um atributo que deve figurar no topo da lista de quem quiser ter filhos, na opinião da maioria dos entrevistados. Para 70% é muito importante ser proprietário de um imóvel para que um casal decida ter filhos, percentual oito pontos maior do que o registrado em 1998 (62%). Estabilidade financeira fica em segundo lugar nesse ranking, sendo considerada muito importante por 58% (eram 50% há nove anos). Também aumentou a taxa dos que consideram muito importante ter estabilidade sentimental na hora de se decidir por ter filhos, tendo passado de 48% para 54%. Para 50% é muito importante ter um plano de saúde, taxa quatro pontos superior à registrada no levantamento anterior (46%).
Os itens considerados menos importantes para que um casal se decida por um filho são ter carro e contar com uma empregada em casa.
No caso do automóvel, 13% acham muito importante, taxa menor do que a dos que consideram isso nada importante (19%).
Ter empregada é algo considerado nada importante na hora de decidir ter um filho na opinião de 38%.
São Paulo, 31 de agosto de 2007.