Maioria dos Brasileiros quer justiça, sem guerra; 74% acham que terroristas deveriam ser presos e levados a julgamento; 79% são contrários a um ataque militar americano

DE SÃO PAULO

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A maioria dos Brasileiros é contra uma represália militar aos atentados que atingiram os Estados Unidos no último dia 11 de setembro, e pensa que a melhor atitude em relação a esses atentados seria a localização, prisão e julgamento dos responsáveis pelos ataques, revela pesquisa realizada pelo Datafolha em todo o país no último dia 18, uma semana depois da ação terrorista que chocou o mundo.

Foram entrevistados 2830 Brasileiros, e a margem de erro para a pesquisa é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.

A maioria (79%) dos Brasileiros é contra um ataque militar dos Estados Unidos ao país ou aos países que abrigam os responsáveis pelos ataques terroristas. São a favor do ataque 15%, se mostra indiferente 1% e não souberam opinar 4%.

A opinião favorável a um ataque militar dos Estados Unidos é maior entre os homens (22% deles, contra apenas 9% das mulheres), os Brasileiros que têm renda familiar mensal entre 10 e 20 salários mínimos (20%), os entrevistados com idade entre 16 e 24 anos e os moradores das regiões Norte e Centro-Oeste do país (19% em cada segmento).

Igualmente a maioria (81%) rejeita um ataque dos Estados Unidos contra todos os países que ajudam ou abrigam terroristas. São a favor de um ataque a esses países 13%, se dizem indiferentes à questão 1% e não souberam opinar 4%. Ao serem indagados a respeito de algumas atitudes que poderiam ser tomadas pelo governo dos Estados Unidos, entre elas o ataque militar, a maioria dos Brasileiros opta por uma via que descarta a guerra.

Para 74% o governo dos Estados Unidos deveria localizar, prender e levar a julgamento os responsáveis pelos atentados. Defendem que os EUA deveriam promover um boicote econômico ao país ou países que abrigam os responsáveis pelos ataques 10%; são favoráveis a um ataque militar a esses países 8%. Disseram espontaneamente que os Estados Unidos deveriam "promover a paz" 1%; não souberam responder à questão 8%.

Uma eventual participação das Forças Armadas Brasileiras em um ataque coordenado pelos Estados Unidos ao país ou países que abrigam os terroristas responsáveis pelos ataques do último dia 11 é rechaçada por 78%. São favoráveis à participação das Forças Armadas Brasileiras nessa ação militar 17%.

Considerando-se o partido de preferência do entrevistado, percebe-se que a opinião favorável ao engajamento das Forças Armadas Brasileiras em um ataque militar é maior entre os simpatizantes do PDT (24%), do PFL e do PTB (23% em cada um dos segmentos). Entre os que votariam em Anthony Garotinho (PSB) para presidente, 21% defendem a participação dos militares Brasileiros em um ataque coordenado pelos EUA; entre os que votariam em Enéas (PRONA) essa taxa é de 20%.

Para 53%, em caso de uma ação militar dos Estados Unidos, o Brasil deveria permanecer neutro. Acham que o Brasil deveria apoiar uma ação militar dos EUA, mas com restrições, 17% e defendem que o país deveria ser contrário à qualquer ação militar dos norte-americanos 15%. Para 7% o Brasil deveria apoiar qualquer ação militar dos Estados Unidos - percentual idêntico de Brasileiros não soube opinar.

A maioria dos Brasileiros acha que os atentados terroristas que atingiram os Estados Unidos no último dia 11 terão influência no Brasil, especialmente na economia do país.

Para 49% os atentados terão muita influência e para 29% um pouco de influência no Brasil, de um modo geral; para 13% eles não terão nenhuma influência no país. Não souberam opinar a respeito 9%.

Na opinião de 51% os ataques terão muita influência e para 29% eles terão um pouco de influência na economia Brasileira; acham que os atentados não terão influência alguma na economia do país 11%. Não souberam opinar 9%.

Um outro resultado da pesquisa, que faz parte de uma série de perguntas feitas pelo Datafolha a respeito de aspectos econômicos do país, mostra um aumento na percepção negativa dos Brasileiros em relação à situação econômica nacional após os atentados ocorridos nos Estados Unidos.

O percentual de Brasileiros que acredita que, nos próximos meses, a situação econômica do país vai piorar, passou de 44% em junho para 53% na presente pesquisa, um aumento de nove pontos percentuais e um recorde: nunca tantos Brasileiros haviam declarado pensar de tal forma desde 1997, quando o Datafolha fez essa pergunta pela primeira vez. Esse resultado só é comparável aos 50% que, em fevereiro de 1999, logo após a radical mudança no câmbio do país com consequente desvalorização do Real, diziam que acreditavam que a situação econômica do país ficaria pior nos meses seguintes.

A taxa dos que acreditam que os atentados terão muita influência na economia Brasileira é de 58% entre os que votariam em Anthony Garotinho e de 56% entre os que votariam em Ciro Gomes (PPS) para presidente. Já entre os que votariam no Ministro da Saúde, José Serra (PSDB), cotado para concorrer como candidato governista, 48% (três pontos abaixo da média) acham que os atentados terão muita influência, e 16% (cinco pontos acima da média) acham que eles não terão nenhuma influência na economia Brasileira.

As opiniões se dividem quanto à influência dos atentados terroristas na eleição presidencial do ano que vem. Para 32% os ataques não terão nenhuma influência na eleição; na opinião de 30% eles terão um pouco e segundo 27% muita influência na escolha do próximo presidente.

Entre os potenciais eleitores de José Serra chega a 37% a taxa dos que acreditam que não haverá nenhuma influência dos atentados terroristas na eleição presidencial. Entre os eleitores de Ciro Gomes 36% pensam assim.

Considerando a política Brasileira de um modo geral, 35% acham que os atentados terão muita influência, percentual idêntico considera que eles terão um pouco de influência e 20% dizem que os ataques terroristas não terão nenhuma influência no âmbito político.