Para paulistanos população tem muita responsabilidade pelo surto e o combate à dengue

DE SÃO PAULO

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Pesquisa realizada pelo Datafolha na cidade de São Paulo mostra que 52% dos entrevistados têm muito medo de contrair o vírus da dengue, enquanto 28% têm um pouco de medo e apenas 19% não têm medo de uma possível infecção. O Datafolha ouviu 1.075 paulistanos, com 16 anos ou mais, no primeiro dia de março de 2002.

O atual surto de dengue que vem ocupando grande espaço nos meios de comunicação tem sensibilizado os paulistanos. A maioria (88%) dos entrevistados vem fazendo alguma coisa para se prevenir contra a dengue. Dentre essas atitudes, mencionadas espontaneamente, destacam-se os cuidados com as plantas em casa (59%), não deixando água parada nos pratos e vasos (37%), colocando areia e borra de café nos pratos das plantas (17%) ou simplesmente descartando esses pratos (6%). Citam ainda medidas relacionadas ao acúmulo de água parada (57%), principalmente as que se alojam em latas e vasilhas (16%), pneus (8%), no quintal (8%) e virando garrafas, baldes, bacias e latas de cabeça para baixo (7%). Merecem destaque ainda atitudes como o fechamento e limpeza da caixa d água (18%), limpeza da casa e do quintal (6%), informar amigos e vizinhos sobre a prevenção (4%) e utilização de inseticidas (2%).

Em relação às informações sobre as formas de transmissão, sete de cada dez paulistanos (70%) afirmam que estão bem informados, 25% estão mais ou menos informados e apenas 5% mal informados. Dos que se dizem bem informados destacam-se principalmente as mulheres (75%), os mais velhos (76%), os mais escolarizados (89%), os com renda familiar acima de 20 salários mínimos (87%) e aqueles pertencentes à classe A (88%).

Embora os percentuais de entrevistados que se dizem bem informados sobre as formas de transmissão da dengue sejam altos (70%), o mesmo não se pode dizer sobre os sintomas e formas de tratamento. Quanto aos sintomas, 56% se consideram bem informados, 35% mais ou menos informados e 9% ainda estão mal informados. Os resultados são ainda menos animadores quanto ao conhecimento das formas de tratamento: 38% se dizem bem informados, 33% mais ou menos informados e 28% mal informados.

Estratificando-se os resultados, nota-se que entre os que se dizem bem informados sobre os sintomas, sobressaem-se as mulheres (61%), os mais velhos (66%), os mais escolarizados (70%), os com renda familiar acima de 20 salários mínimos (75%) e os pertencentes à classe A (75%). As mulheres (42%), os mais velhos (45%), os mais escolarizados (47%), os com renda familiar acima de 20 salários mínimos (46%) e os pertencentes à classe A (42%) destacam-se também entre os que se dizem bem informados sobre as formas de tratamento.

Os paulistanos atribuem à própria população a responsabilidade pelo atual surto de dengue. Dois terços (66%) acham que a população tem muita responsabilidade, 26% um pouco e 7% nenhuma responsabilidade. Em segundo plano aparecem empatados, como responsáveis pela dengue, os governos municipal (50%), estadual (49%) e federal (47%).

Os paulistanos consideram também a população como a maior responsável no combate ao mosquito transmissor do vírus da dengue. Na opinião de 71% dos entrevistados a população tem muita responsabilidade, enquanto 23% acham que tem um pouco e 5% nenhuma responsabilidade. Os entrevistados, no entanto, não excluem a participação dos governos no combate ao mosquito. Para de dois de cada três entrevistados (66%) o Governo Municipal tem muita responsabilidade, o governo Estadual vem a seguir, com 64%, e o Federal, com 62%.

Os paulistanos não estão satisfeitos com o desempenho no combate à dengue, tanto da população como dos governos municipal, estadual e federal. Na opinião de 33% o desempenho da população é ótimo ou bom, contra 32% atribuídos ao governo municipal, 29% ao governo federal e outros 29% ao governo estadual. Já, os que avaliam como regular, as taxas variam de 40% a 44%, enquanto os índices de ruim ou péssimo oscilam de 21% e 24%.

Indagados sobre a influência do atual surto de dengue na sucessão presidencial, as opiniões ficam divididas: 30% acreditam que terá muita influência, para 17% um pouco e para 48% não influenciará. Dos que consideram que o surto de dengue influenciará na sua intenção de voto destacam-se os pertencentes à classe D ou E (40%), enquanto entre os que acham que influenciará um pouco sobressaem-se os mais jovens (28%). Já, entre os que são de opinião que o surto não influenciará no seu voto, as maiores taxas estão entre os mais escolarizados (58%), os com renda acima de 20 salários (65%) e os pertencentes à classe A (63%).