Para 49% dos brasileiros o presidente Fernando Henrique Cardoso tomou conhecimento do suposto pedido de propina feito pelo economista, empresário e ex-diretor do Banco do Brasil, Ricardo Sérgio de Oliveira, ao empresário Benjamin Steinbruch durante a privatização da Companhia Vale do Rio Doce, mostra pesquisa realizada pelo Datafolha nesta terça-feira, 14 de maio. Ricardo Sérgio, que nega as acusações, auxiliou na arrecadação de recursos para campanhas políticas do presidente e do pré-candidato do PSDB à presidência, José Serra, no passado recente.
Foram entrevistados 3410 eleitores em 153 municípios de todo o país e margem de erro é de, no máximo, dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
O ex-ministro das Comunicações Luiz Carlos Mendonça de Barros disse que informou o presidente Fernando Henrique Cardoso sobre esse suposto pedido de propina. O presidente afirma que não se lembra dessa conversa com o ex-ministro.
Na opinião de 20% o presidente não tomou conhecimento desse suposto pedido de propina. Percentual expressivo (31%), no entanto, não sabe dizer se Fernando Henrique Cardoso tomou ou não conhecimento desse fato. Entre os que tomaram conhecimento da denúncia sobre a suposta propina chega a 63% a taxa dos que acreditam que o presidente tomou conhecimento do fato; entre os que se dizem bem informados sobre o assunto esse percentual atinge 70%.
Considerando a intenção de voto do entrevistado observa-se que a opinião de que o presidente tomou conhecimento da suposta propina fica acima da média entre os brasileiros que votariam em Lula e Ciro Gomes (56%, cada) e abaixo da média entre os que votariam no candidato governista, Serra (43%). Entre os potenciais eleitores de Garotinho 48% acreditam que o presidente tomou conhecimento desse fato, percentual dentro da média verificada para o total da amostra.
Dos que acreditam que Fernando Henrique Cardoso tomou conhecimento do suposto pedido de propina, a grande maioria (85%) acredita que o presidente agiu mal ao não comunicar o fato à Justiça. Para esses entrevistados, mesmo sem provas, o presidente deveria ter informado a Justiça do suposto pedido de propina.
Acham que o pré-candidato do PSDB, José Serra, tomou conhecimento do suposto pedido de propina feito por Ricardo Sérgio, 40%; percentual idêntico, no entanto, não sabe opinar. Entre os que tomaram conhecimento da denúncia 52% acreditam que Serra tomou conhecimento do fato; entre os que se dizem bem informados sobre o assunto esse percentual atinge 63%.
Dos que pretendem votar em Serra para presidente 28% acham que o ex-ministro tomou conhecimento do suposto pedido de propina e 31% pensam o contrário. Assim como acontece com a maioria do eleitorado, grande parte (41%), no entanto, não sabe opinar.
Tomaram conhecimento do suposto pedido de propina durante a privatização da Companhia Vale do Rio Doce 53%, dos quais 8% se dizem bem informados, 30% mais ou menos informados e 15% mal informados a respeito. Não tomaram conhecimento da denúncia 46%.
Entre os que tomaram conhecimento da denúncia 60% acreditam que Ricardo Sérgio pediu a propina; essa taxa chega a 80% entre os que se dizem bem informados a respeito.
Levando-se em consideração o total de entrevistados, no entanto, quase metade (47%) não soube responder à indagação. Para 44% Ricardo Sérgio pediu a propina a Benjamin Steinbruch durante a privatização da Companhia Vale do Rio Doce; para 10% não houve pedido de propina.
A grande maioria (84%) nunca tinha ouvido falar no economista e empresário Ricardo Sérgio.
A repercussão do caso não mudou a opinião que os brasileiros tem a respeito da corrupção no Governo Federal. A maioria (69%) dos entrevistados acredita na existência de corrupção no governo Fernando Henrique Cardoso; pesquisa realizada em março de 2001 mostrou que 71% tinham essa opinião. Ocorreu, portanto, uma variação dentro da margem de erro da pesquisa, que é de, no máximo, dois pontos percentuais, para mais ou para menos. Para 14% não existe corrupção no atual governo; não souberam responder à questão 17%.
Dos que acreditam existir corrupção no governo 33% atribuem muita responsabilidade ao presidente por esses casos (eram 31% em março de 2001); para 51% o presidente tem um pouco de responsabilidade e para 13% nenhuma responsabilidade nesses casos de corrupção.