90% dos brasileiros são contra ataques ao Iraque

DE SÃO PAULO

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Para 86% presidente Lula agiu bem ao se pronunciar contra guerra

A oposição aos ataques dos Estados Unidos ao Iraque chega a 90% entre os brasileiros, revela pesquisa realizada pelo Datafolha em todo o país. Apenas 7% são a favor; 2% se dizem indiferentes, mesmo percentual dos que não sabem responder.

Para 86% o presidente Luiz Inácio Lula da Silva agiu bem ao se pronunciar, em nome do governo brasileiro, contra o ataque ao Iraque.

Foram entrevistados 5729 pessoas em 229 cidades de todo o país. A margem de erro máxima para esta pesquisa é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.

Um em cada cinco (20%) dos brasileiros pretende deixar de adquirir algum produto ou serviço dos países envolvidos no conflito, como uma forma de protestar contra a guerra. Entre os brasileiros com nível superior de escolaridade essa taxa chega a 32%; entre os que têm renda familiar mensal superior a 10 salários mínimos, 28% pretendem deixar de comprar algum produto dos países envolvidos na guerra. A intenção de participar de boicote a produtos e serviços também fica acima da média nos municípios localizados na região metropolitana do estado de São Paulo, na capital paulista (24%, cada) e entre os brasileiros que se dizem bem informados sobre o conflito no Iraque (25%).

Não pretendem deixar de comprar algum produto 79% dos entrevistados.

Dos que pretendem protestar através de boicote, 79% afirmam que deixarão de adquirir produtos ou serviços dos Estados Unidos, país que tomou a decisão do ataque e que lidera a ofensiva contra o governo de Sadam Hussein. Essa taxa chega a 97% entre os brasileiros com nível superior de escolaridade, e a 94% entre os que têm renda familiar mensal acima de cinco e até dez salários mínimos. Citam o Iraque 18%; menções a Inglaterra e Grã-Bretanha somam 15%.

Dizem que vão boicotar produtos provenientes dos Estados Unidos, sem especificar marcas, 26%. Destes, 8% se referem de maneira geral a produtos que venham dos EUA; alimentos são citados por 3% e roupas, eletroeletrônicos e calçados são mencionados por 2%, cada.

Coca-Cola é a marca mais citada pelos brasileiros que pretendem protestar contra a guerra através de boicote a serviços e produtos, atingindo 17% das menções. A rede de lanchonetes McDonald´s é citada por 11%; Nike é uma marca citada por 4%.

As menções a Coca-Cola chegam a 42% entre os brasileiros com nível superior de escolaridade e a 40% entre os que têm renda familiar mensal superior a dez salários mínimos. Na cidade do Rio de Janeiro as citações ao refrigerante chegam a 32%.

Algo similar ocorre em relação ao McDonald´s: as menções à marca ficam acima da média entre os brasileiros com nível superior de escolaridade (34%) e entre os que têm renda familiar mensal superior a dez salários mínimos (29%). Na cidade do Rio de Janeiro, um quarto (25%) pretende boicotar a rede de lanchonetes.

Afirmam que pretendem boicotar produtos do Iraque 7% (dos quais 2% se referem a gasolina ou combustível) e têm a intenção de deixar de comprar produtos britânicos 4%.

Não sabem dizer de que país pretendem deixar de comprar produtos ou serviços 37% desses entrevistados.

Dois terços (60%) dos brasileiros afirmam que a imagem que tinham dos Estados Unidos mudou para pior após os ataques ao Iraque. Um terço (31%) afirma que a imagem que tinham dos Estados Unidos não mudou; 2% dizem que a imagem do país mudou para melhor.

O Datafolha solicitou aos entrevistados que dissessem com qual de três frases a respeito do ataque ao Iraque concordavam mais. Concordam com a frase "Os Estados Unidos atacaram o Iraque porque querem controlar o petróleo do país" metade (50%) dos entrevistados; para 27%, os EUA atacaram o Iraque "para mostrar para o mundo o quanto são poderosos"; para 12%, o ataque aconteceu "porque Sadam Hussein representa uma ameaça para o mundo".

A maioria (86%) tomou conhecimento dos ataques ao Iraque. Desses, 26% se dizem bem informados, 46% mais ou menos informados e 14% mal informados a respeito.