Após seis meses, avaliação de Lula permanece estável

DE SÃO PAULO

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Para 42% o desempenho de Lula vem sendo ótimo ou bom (eram 43% em março, após três meses de governo); consideram-no regular 43% (contra 40% em março) e ruim ou péssimo 11% (eram 10%, segundo o levantamento anterior). A taxa dos que não sabem avaliar o desempenho do presidente caiu de 7% para 4%.

As únicas variações registradas acima da margem de erro máxima da pesquisa, que é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, se deram entre os que consideram o desempenho do presidente regular (três pontos percentuais para cima) e entre os que não sabem opinar (três pontos percentuais para baixo).

Além disso, a pesquisa mostra que continua aumentando o otimismo dos brasileiros em relação ao cenário econômico. No entanto, por outro lado, os brasileiros se mostram decepcionados com o desempenho do presidente no combate ao desemprego e, ao contrário do que acreditavam antes da posse, acham que os trabalhadores têm sido os maiores prejudicados pelo governo petista.

Foram entrevistadas 2630 pessoas em 152 cidades de todo o país, nos dias 24 e 25 de junho. A margem de erro máxima para esta pesquisa é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.

A aprovação ao presidente fica acima da média entre os moradores das regiões Sul (49%), Norte e Centro-Oeste (47%), entre os homens (46%, contra 39% entre as mulheres), entre os brasileiros com idade entre 16 e 24 anos (46%), e entre aqueles que têm nível superior de escolaridade (45%).

Levando-se em consideração a ocupação principal declarada pelo entrevistado percebe-se maior aprovação ao presidente entre os estudantes (49%), aposentados (47%) e funcionários públicos (46%).

Reprovam o desempenho de Lula principalmente os autônomos (19%), os brasileiros com idade entre 35 e 44 anos (16%), aqueles que têm renda familiar mensal acima de 10 salários mínimos (15%), moradores do Sudeste, das cidades localizadas em regiões metropolitanas e que estão desempregados (14% em cada segmento).

Entre os que declaram ter votado em Lula para presidente no segundo turno da eleição, 50% aprovam seu desempenho, 40% consideram-no regular e 6% ruim ou péssimo. Já entre os que afirmam ter optado por José Serra, 24% consideram o desempenho do petista ótimo ou bom, 51% regular e 23% ruim ou péssimo.

*Aprovação a Lula, após seis meses, é semelhante à obtida por Fernando Henrique Cardoso;
reprovação ao peessedebista, no entanto, era maior*

Comparando-se os resultados obtidos por Lula após seis meses de mandato, com os de seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso, após idêntico período de governo, verifica-se que as taxas de aprovação são semelhantes (42% para Lula, 40% para Fernando Henrique Cardoso). A taxa dos que consideram Lula regular é ligeiramente superior (43%) do que a dos que pensavam o mesmo do presidente peessedebista (40%). o atual presidente leva vantagem no que diz respeito à reprovação. Em junho de 1995, Fernando Henrique Cardoso era reprovado por 17% dos brasileiros; hoje, Lula é considerado ruim ou péssimo por 11%.

A nota média atribuída pelos brasileiros ao desempenho de Lula é 6,5 (era 6,8 em março). Após seis meses de governo Fernando Henrique Cardoso obtinha nota média 6,1.

Para 50% Lula está fazendo um governo melhor do que o de Fernando Henrique Cardoso; para 31% seu desempenho pode ser considerado idêntico ao do peessedebista e para 13% ele está sendo pior.

Em junho de 1995, o desempenho de Fernando Henrique Cardoso era considerado melhor do que o de seu antecessor, Itamar Franco, por 48%; para 28% ele fazia um governo idêntico ao anterior e para 19% ele vinha sendo pior.

A maioria (69%) acredita que, após a posse do petista, sua vida permaneceu igual. Para 17% a vida melhorou após o início do governo petista. e para 13% piorou.

Em relação a Fernando Henrique Cardoso as reações eram mais extremadas: após seis meses de governo, 33% achavam que sua vida tinha melhorado, enquanto 23% achavam o oposto. Achavam que nada havia mudado em suas vidas 44%.

Passados seis meses de governo, 57% acham que o presidente Lula está tendo mais vitórias do que derrotas; 19% acreditam que ele está tendo mais derrotas do que vitórias. Esses números são semelhantes aos obtidos por Fernando Henrique Cardoso após mesmo período de governo: 59% achavam que o peessedebista vinha conquistando mais vitórias do que derrotas e 21% opinavam que ocorria o contrário.

A pesquisa também mostra que Lula completa seis meses de governo com uma aprovação maior do que a obtida no mesmo período por Itamar Franco (24%) e Fernando Collor de Mello (34%).

*Aumenta frustração em relação ao combate ao desemprego
Para brasileiros, melhor desempenho se dá no combate à fome*

O presidente Lula continua decepcionando em uma questão que foi decisiva para sua eleição: o combate ao desemprego.

Passados três meses de governo, o desemprego era considerado o principal problema do país por 31% dos brasileiros; hoje, essa taxa chega a 42%.

Antes da posse, indagados sobre em qual área o petista se sairia melhor, 27% citavam, espontaneamente, o combate ao desemprego. Após três meses, 13% já consideravam essa área como a de pior atuação do governo petista; hoje essa taxa chega a 20%. Apenas 2% afirmam que o combate ao desemprego é a área na qual o governo tem seu melhor desempenho, percentual idêntico ao verificado em março.

O percentual dos que consideram a fome o principal problema do país caiu de 22% em março para 12% hoje. Esse continua sendo o setor no qual os brasileiros acreditam que Lula está se saindo melhor; no entanto, o percentual dos que têm essa opinião caiu de 38% em março para 26% hoje.

Além de desemprego, fome e miséria, os principais problemas citados são segurança pública (15%), saúde (7%), educação (3%), salários, a economia, de um modo geral, e a inflação (2%, cada).

Foram citadas como áreas de melhor desempenho, entre outras, a saúde, a economia de modo geral (5%, cada), a educação (4%) e a área social (3%).

Segurança pública (12% de menções), saúde (4%), economia, de modo geral, educação, inflação, fome e miséria e salários (3% de citações, cada) são algumas das áreas apontadas como de pior desempenho do governo Lula.

Passados seis meses de governo, o percentual dos que não sabem apontar uma área na qual o governo petista estaria se saindo melhor é de 31%; já o dos que não sabem dizer qual é sua pior área de atuação caiu de 45% para 32%.

Considerando a avaliação feita pelos entrevistados de algumas áreas específicas, a pesquisa mostra que o percentual de brasileiros que reprovam o governo Lula em relação ao combate ao desemprego cresceu de 43% em março para 50% hoje. O desempenho do governo nessa área é aprovado por 15% dos entrevistados, taxa quatro pontos menor do que a verificada na pesquisa anterior. Antes da posse, 72% esperavam do governo Lula um desempenho ótimo ou bom no combate ao desemprego; apenas 5% achavam que ele seria ruim ou péssimo nesse aspecto.

O Datafolha pediu aos entrevistados que avaliassem o desempenho do governo Lula em 18 áreas específicas. Destacam-se, no que diz respeito à aprovação, o combate à fome e à miséria (52%), o esporte (47%), a cultura (46%), as relações exteriores (44%, cinco pontos acima do verificado no levantamento anterior) comunicações (42%), e turismo (40%).

Em relação à educação, a taxa dos que aprovam o desempenho do governo no setor caiu de 44% para 40%, enquanto o percentual de reprovação cresceu de 15% para 18%.

Como já foi dito acima, o desempenho do governo no combate ao desemprego é reprovado por 50%, taxa sete pontos acima da verificada em março. A atuação na questão da segurança é considerada ruim ou péssima por 49% dos brasileiros, quatro pontos superior à registrada na última pesquisa. Também aumentou o percentual dos que reprovam o governo no que diz respeito à reforma agrária, tendo passado de 22% em março para 26% hoje.

A maioria (56%) acha que o governo deveria priorizar áreas sociais, como saúde, educação e habitação; para 37% deveria ser dada prioridade à área econômica, para garantir a estabilidade.

Diminuiu um pouco o percentual de brasileiros que não veem semelhança entre as medidas econômicas tomadas pela equipe do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e as de seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso. Para 51% elas não são parecidas (eram 55% em março), para 30% são um pouco parecidas e para 12% são muito parecidas. No levantamento anterior, 26% consideravam essas medidas um pouco parecidas e para 10% elas eram muito parecidas.

*Para 38%, trabalhadores são maiores prejudicados até agora;
políticos, bancos e agricultura são vistos como setores mais beneficiados*

Políticos beneficiados, trabalhadores prejudicados: essa é a percepção que expressiva parte dos brasileiros têm do governo Lula até o momento.

Para 38% os trabalhadores têm sido os mais prejudicados até o momento; para 27%, os políticos têm sido os mais beneficiados.

Antes da posse, 43% acreditavam que os trabalhadores seriam os maiores beneficiados pelo governo Lula e 21% supunham que os políticos seriam os maiores prejudicados (hoje apenas 4% pensam assim).

Vêm a seguir como setores considerados mais prejudicados o comércio (15%), o setor de serviços (11%), a agricultura e a indústria (7%).

Em dezembro, 17% acreditavam que os bancos seriam prejudicados pelo governo petista; hoje, percentual idêntico acredita que os banqueiros são os maiores beneficiados, e apenas 2% acreditam que eles têm sido os maiores prejudicados.

Igualmente 17% acham que a Agricultura está sendo o setor mais beneficiado até o momento.

Para 45% o presidente fez até o momento menos do que esperavam dele; 30% afirmam que, nesses seis primeiros meses de governo, Lula fez o que esperavam que ele fizesse, e segundo 17% o presidente fez mais do que esperavam que ele fizesse.

Em relação à pesquisa anterior, diminuiu a taxa dos que acham que o presidente fez pelo país o que esperavam que ele fizesse (de 34% para 30%) e aumentou a dos que acreditam que ele fez mais do que esperavam (de 12% para 17%).

73% acreditam que, daqui para frente, desempenho de Lula será ótimo ou bom

Para 73% dos brasileiros, daqui para frente o desempenho do presidente Lula será ótimo ou bom. Essa taxa é três pontos inferior à verificada em março.

O percentual dos que consideram que Lula fará um governo melhor do que o de Fernando Henrique Cardoso caiu de 75% para 71% (eram 76% na pesquisa realizada antes da posse, em dezembro); 69% acham que ele fará um governo melhor do que o de Itamar Franco (eram 73% em março e 72% antes da posse); na opinião de 84% Lula será melhor do que Fernando Collor de Mello (eram 85% em março e em dezembro) e para 67% ele terá um desempenho melhor do que o de José Sarney (percentual idêntico em março, e de 70% em dezembro).

Brasileiros continuam otimistas quanto à situação econômica

A pesquisa mostra que os brasileiros estão cada vez mais otimistas em relação ao cenário econômico. Tal otimismo começou a se manifestar em dezembro do ano passado, poucos dias antes do final do governo Fernando Henrique Cardoso e da posse do então presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva; a presente pesquisa do Datafolha mostra índices que são recordes.

Hoje 35% acreditam na diminuição da inflação daqui para frente. Além de ser um recorde, é a primeira vez, desde que o Datafolha incluiu essa pergunta em seus questionários, em dezembro de 1994, que a taxa dos que acreditam na queda da inflação é maior do que a dos que creem em seu aumento (30%). Para 31%, a inflação vai permanecer igual.

Em relação a março, o percentual dos que acreditam no aumento da inflação caiu 14 pontos percentuais; e a dos que acham que ela vai diminuir aumentou 12 pontos.

Apesar de decepcionados com o desempenho do governo Lula em relação ao combate ao desemprego, 41% acreditam que, daqui para a frente, ele vá diminuir; eram 39% em março. Essa é a maior taxa verificada desde que essa pergunta foi feita pela primeira vez, em março de 1995. Para 20% o desemprego vai permanecer igual (oscilação de dois pontos para baixo em relação a março) e para 36% ele vai aumentar (percentual idêntico o verificado no último levantamento).

Indagados sobre o poder de compra dos salários, 37% acham que ele vai aumentar, percentual três pontos abaixo do verificado em março. Acham que o poder de compra vai diminuir 25% (eram 27% na pesquisa anterior) e que ele vai ficar como está 32%, taxa quatro pontos superior à verificada após três meses de governo.

Os percentuais dos que acreditam na melhora da situação econômica do país, assim como da sua própria, também são recordes.

Para 55% a situação econômica do país vai melhorar nos próximos meses; eram 49% em março. Para 12% ela vai piorar (18% pensavam assim após três meses de governo) e para 30% vai permanecer igual (31% tinham essa opinião segundo o levantamento anterior).

Para 58%, sua situação econômica vai melhorar nos próximos meses, taxa três pontos superior à verificada em março; 10% acreditam que ela vá piorar (eram 12% no último levantamento) e 29% que ela vai permanecer igual (30% pensavam assim em março).