Guia da carreira executiva

DE SÃO PAULO

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Pesquisa realizada pelo Datafolha junto a 161 executivos que trabalham em empresas localizadas na região metropolitana de São Paulo mostra que eles, de maneira geral, estão satisfeitos com seu trabalho, gostam do que fazem, trabalham muito e dão maior importância ao trabalho do que ao lazer. A pesquisa também mostra que cerca de um terço declara o desemprego como o que mais temem em suas vidas profissionais.

A pesquisa foi realizada entre os dias 4 e 25 de abril e a margem de erro máxima é de oito pontos percentuais, para mais ou para menos.

A pesquisa do Datafolha mostra que chega a 83% a taxa dos que se dizem muito felizes ou felizes com o trabalho. Declaram-se mais ou menos felizes 17%. Nenhum entrevistado se disse infeliz com seu trabalho.

Dos que se dizem muito felizes ou felizes com seu trabalho 52% afirmam que se sentem assim por que fazem o que gostam e estão realizados profissionalmente. Vêm a seguir, com bem menos menções, referências ao alcance de objetivos (9%), ao fato de ter autonomia no trabalho, ao salário (8%, cada), à satisfação por ver a empresa crescer, a desafios, bom relacionamento com a equipe e bom ambiente de trabalho (5%, cada).

Entre os que se dizem mais ou menos felizes com o trabalho a maioria das respostas se refere a aspectos negativos: 30% se queixam do salário, 15% se referem a dificuldades e a limitações da empresa na qual trabalham, 14% reclamam de falta de autonomia, 9% citam excesso de trabalho e 8% dizem que não conseguem atingir metas, mesma taxa dos que dizem que não se sentem realizados profissionalmente.

Segundo 60% a remuneração que recebem está de acordo com o trabalho exercido; na opinião de 39% essa remuneração está abaixo do trabalho que exercem.

Os executivos entrevistados avaliam positivamente seu relacionamento com as pessoas no trabalho. O relacionamento com as pessoas no trabalho é considerado ótimo por 62%, bom por 34% e regular por apenas 4%. Os números são similares no que diz respeito à avaliação do relacionamento com o chefe: 63% consideram-no ótimo, 31% bom e 6% regular.

Solicitados a dizer qual a principal qualidade de seu chefe ou superior imediato 12% citaram honestidade, 9% afirmaram que se trata de pessoa acessível ao diálogo, 6% mencionaram a sinceridade e 5% a visão comercial e o conhecimento profissional de seu chefe. Atingiram 4% das menções inteligência, perfil empreendedor, confiança nos funcionários, dinamismo, preocupação com os funcionários nas decisões a serem tomadas, caráter e compreensão. Ser justo é uma qualidade mencionada por 3%. Citam paciência 2%, mesmo percentual dos que dizem que têm um chefe prestativo.

Os principais defeitos listados foram teimosia (6%), ansiedade (5%), ser exigente (4%), falta de reconhecimento e valorização dos funcionários, demora em tomar decisões, ser ausente ou intransigente (3%, cada). Atingiram 2% das menções ser imediatista, temperamental, centralizador, inacessível ao diálogo, precipitado, trabalhar muito e otimista demais. Para 12% seu chefe ou superior imediato não tem defeitos.

Quando pensam na principal qualidade de seu próprio desempenho profissional 7% citam honestidade, 6% dedicação ou persistência e 5% interesse em aprender e se atualizar. Atingem 4% das citações responsabilidade, bom funcionamento com outros funcionários e perfeccionismo; chegam a 3% dinamismo, competência e ser acessível ao diálogo.

Os defeitos mais citados são impaciência (12%), perfeccionismo (10%), desorganização, ser exigente (5%, cada), ser explosivo, intransigência, teimosia (4%, cada), centralização, ansiedade, detalhismo e insegurança (3%, cada).

A maioria afirma receber tanto elogios quanto críticas por seu desempenho no trabalho.

Dizem receber elogios da equipe e colegas de trabalho 88% (34% sempre, 46% de vez em quando e 8% raramente) e afirmam ser elogiados pelo chefe ou pelos superiores 78% (26% sempre, 38% de vez em quando e 14% raramente).

Declaram ser criticados pelo chefe ou por superiores 64%; afirmam não receber críticas de superiores 36%. Costumam receber críticas por parte dos colegas de trabalho 59%; segundo 41% seu desempenho profissional não costuma ser criticado por sua equipe.

O Datafolha solicitou aos entrevistados a atribuição de uma nota de zero a dez para alguns aspectos da empresa na qual trabalham. Os aspectos que receberam maior nota foram a credibilidade da empresa no mercado (9,2 de nota média, sendo que 55% acham que sua empresa merece nota dez nesse aspecto), o ambiente de trabalho (8,6 de nota média, sendo que 33% acham que a empresa merece nota dez) e estrutura para trabalhar (nota média 8,1, 29% atribuem nota dez para a empresa); o aspecto que ficou com menor nota média foi o incentivo aos jovens talentos, com programas de estágio e trainees (6,2).

A maioria acredita que vai permanecer na empresa onde trabalham por pelo menos mais cinco anos. Para 20% esse é o tempo que ainda vão passar na mesma empresa; 27% afirmam que deverão continuar trabalhando na mesma empresa durante um período que vai de seis a dez anos e 24% acreditam que ficarão na mesma empresa por mais de dez anos.

Afirmam ter recebido promoção pela última vez há seis meses 18%; 14% declaram ter recebido promoção há mais de seis meses, até um ano; cerca de um quarto (26%) afirmam ter sido promovidos pela última vez há mais de cinco anos. A média de tempo há que receberam promoção é de aproximadamente quatro anos; no que se refere a aumento salarial por mérito essa média é de aproximadamente três anos.

Chega a 41% a taxa dos que declaram já terem sido demitidos alguma vez; desses, 28% afirmam que já foram demitidos uma vez, 6% duas, 4% três, 2% quatro e 1% cinco vezes. Afirmam que nunca foram demitidos 59%.

Afirmam já ter pensado em trocar de emprego 37% dos entrevistados. A maioria (63%), no entanto, nunca pensou em mudar de emprego.

Dos que dizem já ter pensado em mudar, 6% afirmam que mudariam para uma empresa maior, mas na mesma função, 5% trocariam seu atual emprego por um que pagasse um salário maior, 4% gostariam de mudar de área e 3% já pensaram em montar um negócio próprio. Dizem que gostariam de mudar para outra empresa, mas na mesma área de atuação, 2%.

A vontade de mudar de emprego é maior entre gerentes (42%) do que entre diretores (26%). A pesquisa também mostra que, quanto maior a remuneração, menor o desejo de mudança: já pensaram em mudar de emprego 44% dos que ganham até R$ 5.000,00, 34% dos que ganham entre R$ 5.001,00 e R$ 15.000,00 e 19% dos que ganham R$ 15.001,00 ou mais.

24% consideram desatualização maior ameaça para a carreira de um executivo

Na opinião de 24% dos entrevistados a desatualização é a maior ameaça para a carreira de um executivo nos dias de hoje. Citam o desemprego 11%, a instabilidade da economia brasileira 6% e a concorrência no mercado de trabalho 5%. Idade, instabilidade do mercado de trabalho e competitividade são citados por 4%, cada; salários, não cumprimento de metas, falta de motivação e dificuldade para trabalhar em equipe são mencionados por 2%, cada.

O Datafolha pediu aos entrevistados que atribuíssem uma nota de zero a dez para alguns aspectos para que um executivo tenha sucesso nos dias de hoje. Na escala, zero significava o mínimo de importância e dez o máximo de importância para cada aspecto.

A seguir, foi solicitado que o entrevistado desse uma nota de zero a dez para cada aspecto em relação a si próprio.

No que diz respeito à importância, os aspectos que atingiram maiores notas médias (acima de nove) foram: ser bem informado sobre sua área profissional, capacidade de trabalhar em equipe, ter iniciativa, ser criativo, ter capacidade de comunicação, ter capacidade de liderança, ser bem informado de maneira geral e ter uma boa formação. Atingem menores médias ter boa aparência, ter experiência internacional e saber falar outras línguas, além de inglês.

As maiores diferenças entre a nota média atribuída à importância da característica para o sucesso profissional e à nota atribuída ao próprio desempenho se verificam nos seguintes aspectos: experiência internacional, networking, aprimoramento profissional e conhecimento de inglês e de outras línguas.

Indagados sobre o que mais temem em suas vidas profissionais, 29% citam o medo de perder o emprego ou ficar desempregado. Afirmam ter medo de errar ou fracassar 8%, mesma taxa dos que fazem referências a aspectos da economia do país. Atingem 3% das menções falta de saúde, ficar desatualizado ou estagnado, incapacitação e questões relacionadas à segurança pessoal. Dizem não ter medo de coisa alguma em sua vida profissional 19%.

Maioria se graduou em universidade privada

A maioria (87%) dos entrevistados se graduou em uma universidade privada; 17% se graduaram em uma universidade pública. É importante frisar que essa pergunta permitia mais de uma resposta, ou seja, o entrevistado pode ter concluído um curso em uma universidade pública e outro em uma universidade privada.

Entre os que ocupam cargo de direção chega a 25% a taxa dos que se formaram em universidades públicas. Entre os que estudaram fora do país essa taxa é de 34%, e entre os que já trabalharam fora do país de 29%.

Chega a 75% a taxa dos que têm conhecimento (falam, leem ou escrevem) de alguma língua estrangeira. Entre os gerentes essa taxa é de 66%; já entre os diretores ela atinge 95%.

Dos que têm conhecimento de alguma língua estrangeira, 66% citam inglês e 38% espanhol; francês é citado por 9%, italiano por 8% e alemão por 1%.

Já estudaram fora do país 21% dos entrevistados. Desses, 10% estudaram nos Estados Unidos. Entre outros países citados destacam-se Inglaterra (3%), Argentina (2%), Canadá, Itália, Paraguai e Portugal (1%, cada).

Trabalharam fora do país 19%; nesse caso os países mais citados são Estados Unidos, Argentina (5%, cada), Venezuela, Bolívia, Alemanha, México (3%, cada), França, Itália, Chile, Espanha (2%, cada), Japão, Paraguai, Suécia, Uruguai e Costa Rica (1%, cada).

Afirmam que já foram sondados por um headhunter 43%. Esse percentual é de 76% entre os que ocupam cargo de direção e de 29% entre os gerentes. Essa taxa também fica acima da média entre os que já estudaram fora do país (63%) e entre os que já trabalharam no exterior (65%).

Um quarto (25%) dos entrevistados já recorreu a algum serviço de recolocação profissional. Entre os que recorreram, a nota média atribuída ao serviço, em uma escala de zero a dez, é de 4,7 (4,4 entre os gerentes e 6,5 entre os diretores).

A maioria (72%) prefere um trabalho com horário flexível, sem horário para começar nem para terminar; preferem trabalhar com horário fixo 25%.

Entre os que ocupam cargos de direção a preferência por um horário flexível chega a 82%; entre os gerentes essa taxa é de 67%.

Por outro lado, caso pudessem optar por trabalhar em casa, 85% prefeririam continuar trabalhando nas dependências da empresa.

*45% não costumam tirar férias anualmente
52% consideram tempo passado com familiares menos do que o suficiente*

Chega a 45% a taxa dos que afirmam que não costumam tirar férias anualmente; declaram ter férias anualmente 55%.

Entre os que declaram trabalhar 12 horas ou mais por dia chega a 54% a taxa dos que não tiram férias. Entre os que costumam tirar férias, a média foi de aproximadamente 15 dias de descanso no último período. Apenas 9% afirmam ter tirado 30 dias de férias.

Dizem que o tempo que têm para lazer é menos do que o suficiente 47%; consideram esse tempo suficiente 52%.

No que diz respeito ao tempo passado com os familiares 52% consideram-no menos do que o suficiente e 46% o suficiente. Dizem receber cobrança para que passem mais tempo com a família 55%.

Praticam atividades físicas 57%; são sedentários 42% dos entrevistados. As atividades físicas mais praticadas são caminhada (13%), natação, ginástica (10%, cada), corrida, futebol (9%, cada), tênis (7%) e musculação (5%).

A pesquisa mostra que, quanto maior o rendimento no final do mês, maior a prática de atividades físicas: entre os que ganham até R$ 5.000,00, 47% têm o hábito de se exercitar; entre os que ganham entre R$ 5.0001,00 e R$ 15.000,00 essa taxa é de 71%, e chega a 84% entre os que ganham acima de R$ 15.000,00. Diretores (71%) mais do que gerentes (51%) costumam praticar atividades físicas.

Dizem participar de alguma instituição ou campanha como voluntário 34%. Dos que participam, 62% trabalham como voluntários, 16% apenas fazem doações e 22% declaram fazer as duas coisas.

Trabalho é mais importante do que lazer e estudo

Quando indagados sobre o que é mais importante para sua vida entre trabalho e lazer a maioria optou pela primeira opção. Para 59% o trabalho é mais importante; para 22% o lazer tem mais importância. Na opinião de 16% ambos têm igual importância.

Entre os que têm até 35 anos chega a 72% a taxa dos que atribuem maior importância ao trabalho; entre os que têm entre 36 a 45 anos 47% atribuem maior importância ao trabalho (12 pontos abaixo da média) e 36% ao lazer (14 pontos acima da média). Já entre os que têm 46 anos ou mais 58% acham o trabalho mais importante e 18% dão maior importância ao lazer e 24% acham ambos igualmente importantes.

Entre os que têm rendimento bruto acima de R$ 15.000,00 65% acham o trabalho mais importante e 16% dão mais valor ao lazer; entre os que trabalham 12 horas ou mais por dia 60% preferem o trabalho e 10% o lazer.

Por outro lado, chega a 80% a taxa dos que acham a família mais importante do que o trabalho. Para 12% os dois são igualmente importantes e 8% consideram o trabalho mais importante.

O amor também leva vantagem sobre o trabalho, sendo considerado mais importante por 63%; para 24% o trabalho tem maior importância e para 13% os dois são igualmente importantes.

Consideram o sexo mais importante do que o trabalho 47%; opinam que o trabalho é mais importante do que o sexo 26%, mesma taxa dos que atribuem igual importância a ambos os aspectos.

A maioria (71%) acha o trabalho mais importante do que o estudo. Para 13% o estudo têm mais importância e 16% acham que os dois têm a mesma importância.

Entre os que já estudaram fora do país 66% dão maior importância ao trabalho e 20% ao estudo.

Indagados sobre qual a primeira coisa que vem à cabeça quando pensam em trabalho, 13% dos executivos entrevistados pelo Datafolha responderam com menções a prazer, satisfação, gostar do que faz; 12% citaram dinheiro, salário ou lucro.

Para 8% trabalho lembra produtividade, metas ou resultados a serem alcançados; percentual idêntico se refere a organização. Citam responsabilidade 7% e realização ou sucesso 6%.

Atingem 3% das menções dedicação, esforço ou força de vontade, desafios, e competência ou eficiência.

Maioria é de homens
Executivos trabalham, em média, 10 horas por dia

A maioria dos executivos da Grande São Paulo é do sexo masculino: 82% são homens e 18% mulheres. A diferença é um pouco menor entre os gerentes (77% de homens, contra 23% de mulheres) do que entre os que ocupam cargo de direção (95% de homens). Há mais mulheres em cargos executivos no Comércio (26%).

A idade média é de aproximadamente 42 anos, sendo que 30% têm até 35 anos, 27% entre 36 e 45 anos e 44% têm 46 anos ou mais.

A maioria (84%) tem formação universitária, sendo que 30% fazem ou fizeram pós-graduação. Declaram ter formação secundária 15%.

A média salarial, considerando o rendimento bruto (sem considerar os descontos) do mês anterior à pesquisa é de R$ 7.045,90; entre os diretores esse valor é de R$ 14.379,50, e entre os gerentes de R$ 3665,10.

Os executivos entrevistados trabalham, em média, aproximadamente 10 horas por dia. Um terço afirma trabalhar 12 horas ou mais; desses, 19% afirmam trabalhar 12 horas e 11% mais do que isso. Afirmam ter uma jornada de oito horas diárias 22%; dizem trabalhar nove horas 14%, dez horas 22% e 11 horas 10%.

A maioria (82%) afirma que sua semana de trabalho tem cinco dias; 17% declaram trabalhar seis dias por semana e 1% afirmam que trabalham todos os dias.

São casados 80% e têm filhos 75%; a média é de aproximadamente dois filhos.

Os executivos entrevistados começaram a trabalhar com aproximadamente 16 anos, em média. Declaram ter começado a trabalhar antes dos 14 anos 12%; dizem ter começado a trabalhar com 14 anos 21%.