Após um ano de governo, Lula é aprovado por 42% e reprovado por 15%

DE SÃO PAULO

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Pesquisa realizada pelo Datafolha em 396 cidades de todas as unidades da Federação entre os dias 8 a 12 e no dia 15 de dezembro revela a percepção que os brasileiros têm do governo de Luiz Inácio Lula da Silva após um ano de mandato.

A avaliação que os brasileiros fazem do presidente permanece estável, embora a reprovação ao seu desempenho tenha registrado ligeiro aumento; essa avaliação é semelhante à obtida por seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso, após mesmo período de mandato.

O Datafolha entrevistou 12.180 brasileiros, e a margem de erro máxima para o levantamento é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.

O desempenho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é aprovado por 42%, considerado regular por 41% e ruim ou péssimo por 15%.

Ao longo do ano a aprovação ao presidente se manteve estável; após três meses de governo, era de 43%; em junho, após seis meses, oscilou para 42%, e em agosto atingiu o pico de 45%, voltando a 42% no final de outubro, após dez meses, índice que se mantém agora.

A reprovação era de 10% após três meses, oscilou para 11% em junho, voltou a 10% em agosto e novamente e a 11% em outubro. O percentual de brasileiros que reprovam o presidente hoje (15%), quatro pontos acima do registrado em outubro, é o maior até o momento.

A pesquisa mostra que a avaliação do presidente Lula é bastante similar à obtida por seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso, após um ano de governo.

Em 15 de dezembro de 1995 o Datafolha mostrava que Fernando Henrique Cardoso era aprovado por 41%, considerado regular por 40% e reprovado por 15%.

Em relação ao levantamento anterior, a reprovação ao presidente Lula cresceu principalmente entre os brasileiros com nível superior de escolaridade (aumentou de 10% para 17%), entre os que têm renda familiar mensal acima de cinco e até dez salários mínimos (cresceu de 8% para 15%), entre os moradores das regiões Norte e Centro-Oeste (passou de 9% para 16%) e entre aqueles que têm de 25 a 34 anos (foi de 8% para 15%).

A pesquisa do Datafolha permite a análise dos resultados, em separado, em nove estados e no Distrito Federal, além de nove capitais. Comparando-se esses resultados com os obtidos entre o total de brasileiros entrevistados, verifica-se que os maiores contrastes se dão nas capitais.

Nesse sentido, vale lembrar que, nas cidades localizadas nas regiões metropolitanas, a aprovação ao presidente (37%) fica abaixo da média, enquanto sua reprovação (18%) é três pontos superior à taxa verificada entre o total de entrevistados. Nas cidades localizadas no interior do país a avaliação do presidente é similar à verificada entre o total de brasileiros (44% de aprovação e 14% de reprovação ).

No Distrito Federal o presidente Lula é reprovado por 24% (taxa nove pontos acima da média verificada entre o total de entrevistados) e aprovado por 34% (oito pontos abaixo da média). No estado do Rio de Janeiro a reprovação ao presidente fica seis pontos acima da média, atingindo 21%, enquanto a aprovação, de 32%, está dez pontos abaixo da média.

A aprovação ao presidente fica ainda abaixo da média no estado de São Paulo (39%). Em Pernambuco, a aprovação ao presidente é idêntica à obtida entre o total de brasileiros (42%), mas a reprovação (18%) fica ligeiramente acima da média. Já no Rio Grande do Sul a aprovação a Lula fica um pouco acima da média, chegando a 45%.

No Ceará a aprovação a Lula chega a 47% (cinco pontos acima da média); nesse estado, 35% consideram o desempenho do presidente regular (seis pontos abaixo da média). A taxa de reprovação (14%) fica dentro da média, considerando-se a margem de erro da pesquisa.

Em seis das nove capitais pesquisadas que permitem análise em separado, a reprovação ao presidente fica acima da média, enquanto a aprovação é inferior à verificada entre o total de brasileiros entrevistados. Quatro delas (São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre e Recife), são administradas pelo PT, partido do presidente.

Os moradores do Recife são os mais críticos: lá, 26% reprovam (onze pontos acima da média) e 32% aprovam o presidente (dez pontos abaixo da média). Na cidade do Rio de Janeiro Lula é aprovado por 33% e reprovado por 22%; em Belo Horizonte a aprovação ao presidente é de 36%, idêntica à taxa verificada em Porto Alegre. Na capital mineira a reprovação a Lula é de 21% e na capital gaúcha de 20%. Em São Paulo, 35% aprovam e 20% reprovam o desempenho de Lula. Em Florianópolis, Lula é aprovado por 37% e reprovado por 21%. Em Salvador a aprovação, de 35%, está abaixo da média, enquanto a taxa dos que consideram o desempenho do presidente regular é quatro pontos superior à verificada entre o total de entrevistados. Em Fortaleza, 39% aprovam e 17% reprovam o presidente. Curitiba é a capital onde se verificam percentuais mais próximos aos verificados no total da amostra: 43% aprovam o presidente, 40% consideram-no regular e 14% o reprovam.

A nota média atribuída ao presidente, em uma escala que vai de zero a dez, é 6,3. Após um ano de governo, Fernando Henrique Cardoso recebia nota média similar, 6,2.

Para 16% Lula merece nota cinco, 13% atribuem a ele a nota máxima e 7% a nota mínima.

A pesquisa também mostra que a expectativa positiva quanto ao desempenho futuro do presidente Lula vem caindo: para 63% o presidente terá, daqui para a frente, um desempenho ótimo ou bom. Na opinião de 23% ele será regular e para 9% ruim ou péssimo.

Na opinião de 51%, Lula está fazendo um governo melhor do que Fernando Henrique Cardoso. Em outubro, 55% pensavam assim. Para 31% Lula está fazendo um governo igual (eram 30% no levantamento anterior) e para 15% ele vem fazendo uma administração pior (eram 11% em outubro).

O percentual dos que acham que o desempenho de Lula será ótimo ou bom, hoje, é oito pontos inferior à verificada em outubro (71%), e 13 pontos menos do que a obtida após três meses de governo (76%). A taxa dos que esperavam de Lula um desempenho regular era de 15% após três meses de governo, oito pontos menor do que a verificada hoje. Já a dos que achavam que o presidente teria um desempenho ruim ou péssimo cresceu cinco pontos nesse período.

Principal promessa, combate ao desemprego decepciona

Uma explicação para a relativa diminuição do entusiasmo em relação ao governo Lula pode estar em uma das principais bandeiras do então candidato à presidência: o combate ao desemprego.

Durante o primeiro ano de governo do presidente Lula, o desemprego foi considerado o principal problema do país nas quatro pesquisas feitas pelo Datafolha sobre o tema.

Após três meses de governo, 31% apontavam o desemprego, de maneira espontânea, o principal problema do país. Citavam a fome e a miséria 22% e a questão da segurança pública 18%. Em junho a preocupação com o desemprego subiu para 42% e a taxa dos que citavam a fome caiu para 12%. Naquela ocasião a violência era citada por 15%. Em outubro as menções ao desemprego atingiram o pico, chegando a 46%, as citações à fome se mantiveram em 12% e a taxa dos que apontavam a violência como principal problema caíram para 10%. Hoje o desemprego é citado por 41%, fome e miséria por 15% e violência por 13%. Vêm a seguir saúde (8%), educação (4%), economia, corrupção e salários (2%, cada). Atingem 1% das citações a inflação e a área social, de maneira não específica.

As pesquisas realizadas pelo Datafolha também mostram que o governo Lula vem decepcionando nesse aspecto. Aos seis meses, um quarto (20%) dos entrevistados dizia, espontaneamente, que essa era a área de pior desempenho do governo, contra 12% que citavam a questão da segurança pública. Em outubro, a taxa dos que citavam o combate ao desemprego como área de pior desempenho do governo chegou a 25%; hoje, 26% têm essa opinião. É importante ressaltar que 27% não sabem citar qual é a área de pior desempenho do governo.

Levando-se em consideração esses números, não é de surpreender que 39% dos entrevistados afirmam que a principal promessa do candidato Lula era combater o desemprego e que 72% desses entrevistados dizem que ele ainda não começou a cumprir a promessa.

No entanto, a maioria (54%) dos entrevistados que afirmam que a principal promessa do candidato Lula era criar mais empregos, acredita que o presidente vai cumprir a promessa até o final de seu mandato, em 2006.

Por outro lado, o combate à fome e à miséria, citada por 26% como a principal promessa do candidato Lula, tem sido considerada a área de melhor desempenho do presidente Lula até agora, embora o percentual dos que tinham essa opinião já tenha sido maior. Após três meses de governo 38% pensavam assim; após seis meses essa taxa caiu para 26%. Em outubro, após dez meses, 28% citavam o combate à fome e à miséria como área de melhor desempenho do governo Lula. Hoje 27% dos brasileiros têm essa opinião.

Dos que afirmam que a principal promessa do candidato Lula era combater fome e miséria 70% afirmam que o presidente já começou a cumprir tal promessa.

Vêm a seguir como consideradas áreas de melhor desempenho do governo Lula a educação (6%), a área social, de maneira geral (5%), a saúde e a economia (4%). O combate ao desemprego é citado por 3%. Para 11% não há nenhuma área que possa ser considerada como de melhor desempenho do governo Lula. Não sabem citar uma área de melhor desempenho 23%.