Escândalo do mensalão" não afeta popularidade de Lula entre brasileiros

DE SÃO PAULO

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Intenção de voto no petista sofre ligeira queda

As denúncias feitas pelo deputado Roberto Jefferson (PTB) sobre suposta "mesada" paga pelo PT a parlamentares, em troca de apoio ao governo, não causaram maiores danos, até o momento, à popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. É o que revela pesquisa realizada pelo Datafolha junto a brasileiros de todo país nesta quinta-feira, 16 de junho de 2005, dois dias após o depoimento de Jefferson na Câmara sobre o caso: segundo o levantamento, o desempenho do presidente é considerado ótimo ou bom por 36%, regular por 44% e ruim ou péssimo por 19% dos brasileiros. Esses números diferem pouco dos verificados em pesquisa realizada nos dias 31 de maio e 1º de junho, pouco depois da criação da CPI para investigar denúncias de corrupção nos Correios: naquela ocasião o desempenho de Lula era considerado ótimo ou bom por 35%, regular por 45% e ruim ou péssimo por 18%.

A pesquisa mostra, no entanto, que entre os que tomaram conhecimento desse que vem sendo chamado "escândalo do mensalão" e se dizem bem informados a respeito, a taxa dos que consideram o desempenho do presidente ruim ou péssimo fica sete pontos acima da média, chegando a 26%. Entre os que acreditam que o PT pagava "mesada" a parlamentares do PP e do PL essa taxa é de 25% (seis pontos acima da média).

O Datafolha também investigou a avaliação que os brasileiros fazem do desempenho pessoal do presidente. Classificam esse desempenho como ótimo ou bom 49%, como regular 38% e como ruim ou péssimo 10%. O Datafolha tinha feito esta pergunta aos brasileiros pela última vez em março de 2004: naquela ocasião, o desempenho pessoal do presidente era considerado ótimo ou bom por 60%, regular por 28% e ruim ou péssimo por 9%.

O presidente recebe dos brasileiros, em uma escala de zero a dez, nota média 6,1. Para 10% ele merece a nota máxima, e, para 7%, nota zero.

A pesquisa também mostra o impacto do chamado "escândalo do mensalão" na disputa pela Presidência.

Lula continua liderando em todos os cenários testados pelo Datafolha, que se diferenciam por alternar quatro nomes do PSDB. No entanto, em três deles, a intenção de voto no petista variou ligeiramente (três pontos percentuais) além da margem de erro da pesquisa, de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.

O adversário mais forte de Lula continua sendo o prefeito de São Paulo, José Serra. Em relação à pesquisa anterior, a intenção de voto no petista passou de 36% para 33%, enquanto a preferência pelo peessedebista oscilou, dentro da margem de erro, de 26% para 27%. Anthony Garotinho (PMDB) oscilou de 10% para 9%, Cesar Maia (PFL) manteve os 5% obtidos anteriormente e Heloisa Helena (PSOL) oscilou de 3% para 4% e Roberto Mangabeira Unger (sem partido), se manteve com 1%, performance que repete nos outros três cenários pesquisados.

No cenário em que o nome do governador paulista, Geraldo Alckmin, representa o PSDB, a intenção de voto em Lula oscilou de 38% para 36%. Alckmin se manteve com 15%, empatado com Anthony Garotinho, que oscilou de 13% para 12%. Cesar Maia oscilou de 8% para 7% e Heloisa Helena de 3% para 5% das intenções de voto.

A hipótese em que Fernando Henrique Cardoso é incluído como candidato peessedebista mostra Lula com 35% das intenções de voto, taxa três pontos inferior à verificada no levantamento anterior (38%). O ex-presidente, por sua vez, oscilou de 17% para 16%, permanecendo ligeiramente à frente de Anthony Garotinho, que oscilou de 12% para 11%. Cesar Maia se manteve com 6% e Heloisa Helena oscilou de 3% para 5% das preferências.

Quando o nome tucano na disputa é o do governador mineiro, Aécio Neves, a intenção de voto em Lula é de 38%, três pontos inferior à registrada na pesquisa anterior (41%). Aécio, que oscilou de 11% para 10%, continua empatado com Garotinho, que oscilou de 14% para 13% das intenções de voto. Nesse cenário, Cesar Maia se manteve com 7% e Heloísa Helena oscilou de 3% para 5%.

Este é o único cenário no qual existe a possibilidade de Lula ganhar já no primeiro turno, superando seus adversários com 51% dos votos válidos. Levando-se em consideração a margem de erro, de dois pontos percentuais, a pesquisa mostra que o petista teria hoje, no mínimo, 49% (o que não seria suficiente para a reeleição já no primeiro turno) e no máximo 53% dos válidos.

Para o cálculo dos votos válidos a Justiça Eleitoral exclui os votos brancos e nulos. Em suas pesquisas de intenção de voto o Datafolha exclui, para o cálculo dos válidos, além dos votos brancos e nulos, os eleitores indecisos.

A intenção de voto espontânea em Lula, ou seja, aquela na qual o entrevistado diz em quem pretende votar em 2006, sem que veja os cartões circulares com os nomes dos possíveis candidatos, passou de 23%, na pesquisa anterior, para 20%, hoje. O petista é seguido de longe por Serra (4%), Fernando Henrique Cardoso (2%), Geraldo Alckmin, Anthony Garotinho, Aécio Neves e Cesar Maia (1%, cada). Pretendem votar em branco ou anular o voto 8%. Não sabem dizer, de maneira espontânea, em quem têm a intenção de votar, 57%.

Se o segundo turno da eleição fosse hoje, o adversário mais difícil para Lula, a exemplo do que ocorre nas simulações de primeiro turno, seria José Serra: nesse cenário, 46% votariam em Lula, ante 40% que optariam pelo peessedebista. A disputa mais fácil seria contra Cesar Maia: nesse caso, o petista, com 57%, bateria o pefelista, que teria 21%. Lula também sairia vitorioso, hoje, no confronto com Fernando Henrique Cardoso (53% a 29%), Geraldo Alckmin (54% a 28%) ou Aécio Neves (57% a 23%).