88% defendem CPI dos Correios

DE SÃO PAULO

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Aumenta percentual dos que acreditam que existe corrupção no governo

A defesa da convocação de uma CPI para investigar se existe ou não corrupção nos Correios, caso no qual o presidente do PTB, Roberto Jefferson, está sendo acusado de envolvimento, chega a 88%, revela pesquisa realizada pelo Datafolha em todo o país nos dias 31 de maio e 1º de junho. Entre os que votaram em Lula para presidente e entre os que se declaram simpatizantes do PT, 89% defendem a convocação da CPI. Essa taxa é de 92% entre os que votaram em Serra, de 94% entre os peessedebistas, de 92% entre os simpatizantes do PMDB e de 92% entre os que simpatizam com o PFL.

A maioria (56%) acha que a convocação de uma CPI para investigar se existe ou não corrupção nos Correios não prejudicaria a estabilidade política e econômica do país. Para 31% ela seria prejudicial à estabilidade.

O Datafolha ouviu 2532 brasileiros, a partir dos 16 anos de idade. A margem de erro para o levantamento é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.

A acusação de supostas irregularidades cometidas por Roberto Jefferson são de conhecimento de 41%, taxa similar à registrada em relação às acusações contra o ex-assessor da Casa Civil, Waldomiro Diniz, que vieram à tona em março de 2004. A acusação da qual mais brasileiros tomaram conhecimento foi a que diz respeito ao presidente do Banco Central, Henrique Meirelles: 46% ficaram sabendo dessas denúncias. As acusações contra o ministro da Previdência, Romero Jucá, são de conhecimento de 37%.

A maioria (60%) dos entrevistados acha que o presidente não está envolvido nas supostas irregularidades cometidas por integrantes e aliados do seu governo. Para 22%, Lula está envolvido. A opinião de que o presidente não tem envolvimento nessas supostas irregularidades chega a 67% entre os brasileiros com nível superior de escolaridade e a 65% dos que têm renda familiar superior a dez salários mínimos. Isso acontece apesar desses segmentos são, no momento, os mais insatisfeitos com o governo.

Para 83%, o presidente deveria afastar do cargo os ministros de seu governo que estão sendo acusados de corrupção, durante a investigação dessas denúncias.

A pesquisa também mostra que 65% dos brasileiros acredita na existência de corrupção no governo Lula. Em pesquisa de março de 2004, o percentual dos que acreditavam na existência de corruptos no governo era de 32%, ou seja, 33 pontos menor. Já a taxa dos que afirmam que não existe corrupção no governo Lula caiu pela metade, de 42% para 21%, e a dos que não sabem opinar passou de 26% para 15%.

Os números de hoje estão mais próximos dos verificados em relação ao governo de Fernando Henrique Cardoso em duas ocasiões. Em março de 2001, 71% achavam que havia corrupção no governo do peessedebista. Em maio de 2002 essa taxa era de 69%.

Entre os brasileiros com escolaridade superior a taxa dos que acreditam existir corrupção no governo Lula chega a 90%. Entre os que têm renda familiar acima de dez salários mínimos essa taxa é de 84%.

Os entrevistados que declaram ter votado em Lula, assim como os simpatizantes do PT, partido do presidente, compartilham da percepção dos brasileiros em geral: 63% dos que votaram em Lula e 64% dos petistas acreditam que existem corruptos no governo. Entre os que votaram em

Serra, 72% afirmam que há corrupção no governo do petista. Essa taxa é de 73% entre os simpatizantes do PSDB, de 68% entre os do PFL e de 67% entre os do PMDB.

A maior parte (46%) dos entrevistados acha que a corrupção na administração federal, depois da posse de Lula, permanece a mesma. Um em cada cinco (20%) acha que a corrupção aumentou e 27% dizem que ela diminuiu após o petista ter assumido a Presidência.

Para 28% dos que acreditam na existência de corrupção no governo Lula, o presidente tem muita responsabilidade nesses casos. Para 47% ele tem um pouco e para 17% nenhuma responsabilidade.

A pesquisa revela ainda que, quando se trata de corrupção, o PT, partido do qual o presidente é fundador, está mais parecido com os outros partidos aos olhos dos brasileiros.

Foram feitas três pesquisas nacionais sobre o tema, desde 2002. A primeira delas, em julho daquele ano, mostrava que, para 19% dos brasileiros, a maioria dos políticos ligados ao PT estava envolvida em casos de corrupção. Essa taxa permaneceu a mesma em pesquisa de março de 2004, e subiu para 22% hoje. A opinião de que muitos petistas estão envolvidos em corrupção, apesar da maioria estar isenta disso, que era de 24% em 2002, aumentou para 29% em 2004 e chega hoje a 35%. Por outro lado, o percentual dos que acreditam ser raro o envolvimento de políticos do partido em casos de corrupção, que era de 32% na primeira pesquisa, caiu para 28% no segundo levantamento e chega hoje a 24%. Apesar dessas variações, de caráter negativo para os petistas, o partido ainda é, entre os incluídos na pesquisa, o que tem a maior taxa de brasileiros que acreditam ser rara a existência de políticos corruptos, e o de menor taxa dos que não sabem opinar a respeito do envolvimento com corrupção (20%). Além disso, a série de pesquisas mostra que a percepção do aumento de políticos envolvidos em corrupção também aumentou em relação ao PSDB, ao PFL e ao PMDB.

Os números relativos ao PT são parecidos com os obtidos por seu principal adversário, o PSDB. Para 22% dos brasileiros a maioria dos peessedebistas está envolvida em casos de corrupção; para 35% muitos estão envolvidos, mas a maioria não. Acham que é raro o envolvimento de políticos tucanos em casos de corrupção 18%. Não sabem opinar a respeito 25%.

Na opinião de 26% a maioria dos políticos do PFL estão envolvidos em casos de corrupção. Para 34% muitos estão envolvidos, mas a maioria não, e para 16% é raro o envolvimento de pefelistas em corrupção.

No que diz respeito ao PMDB, 25% acreditam em uma maioria corrupta, 36% acham que muitos são corruptos, mas não a maioria, e 17% acham que um político peemedebista corrupto é uma raridade.

Quanto ao PTB, partido presidido pelo deputado federal Roberto Jefferson, acusado recentemente de envolvimento em casos de corrupção, a pesquisa mostra que 22% acreditam que a maioria de seus políticos seja corrupta, 34% acham que muitos o são e 17% acham que é raro o envolvimento dos integrantes desse partido em corrupção.

Os integrantes do PP são corruptos, em sua maioria, para 20% dos brasileiros; para 29%, muitos estão envolvidos, mas a maioria não, e para 17% é rara a existência de corruptos nesse partido. O percentual daqueles que não sabem responder à indagação é a maior entre os partidos incluídos no levantamento (34%).

São Paulo, 3 de junho de 2005.