Público da parada GLBT é mais escolarizado e têm maior renda do que média da população paulistana

DE SÃO PAULO

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Os participantes homossexuais, bissexuais e transsexuais da 9a Parada do Orgulho GLBT de São Paulo são, em sua maior parte, do sexo masculino (77%), com média de idade de aproximadamente 30 anos, (41% tem entre 16 e 25 e 46% entre 26 e 40 anos), brancos (69%), pertencentes às classes A (21%) ou B (49%) e moradores da cidade de são Paulo (56%).

Alguns dados, comparados ao perfil da população da cidade de São Paulo, como um todo, obtido em pesquisa realizada pelo Datafolha em abril deste ano, mostram que o público da Parada pertence a estratos de melhor classificação socioeconômica.

Entre os participantes da Parada, 45% têm o nível médio, e 50% nível superior de escolaridade. No conjunto da população, 48% têm o ensino fundamental e 38% o ensino médio; apenas 14% têm nível superior de escolaridade.

A taxa dos que têm renda familiar mensal até dez salários mínimos chega a 84% entre os paulistanos; 9% estão na faixa que vai de 10 a 20 salários mínimos e apenas 3% ganham mais de 20 salários mínimos por mês. Entre os participantes da Parada, 54% têm renda familiar mensal até dez salários mínimos, 23% se enquadram na faixa que vai de dez a 20 mínimos e 20% ganham mais de 20 mínimos por mês.

Enquanto 71% dos paulistanos faziam parte da População Economicamente Ativa (PEA) em abril (sendo 24% assalariados registrados), entre os participantes da Parada essa taxa é de 90% (41% de assalariados com registro em carteira).

Quanto à religião, enquanto 59% dos paulistanos se definem como católicos, entre os participantes da Parada essa taxa é de 36%; por outro lado, os participantes da Parada estão acima da média dos moradores da cidade, em especial, entre os espíritas kardecistas (19% a 6%) e entre os que dizem não ter religião (18% a 7%).

A maioria (54%) dos entrevistados que declaram ter uma religião se dizem praticantes, isto é, costumam comparecer e participar de cerimônias de sua crença.

Declaram-se homossexuais 81%; se dizem bissexuais 17% e transexuais 2%.

Maioria de homens teve primeira relação com alguém do mesmo sexo; entre as mulheres, ocorre o contrário

A maioria (58%) dos participantes homossexuais, bissexuais e transexuais da Parada teve a primeira relação sexual com uma pessoa do mesmo sexo; 42% dizem que foi com alguém do sexo oposto. A pesquisa mostra que as mulheres entrevistadas na Parada deram início à sua vida sexual de maneira mais convencional do que os homens: entre eles, 64% afirmam que a primeira relação sexual foi com alguém do mesmo sexo; 35% deles afirmam que foi com uma mulher. Já entre elas, ocorre o inverso: 64% tiveram a primeira relação sexual com alguém do sexo masculino, e 36% com alguém do mesmo sexo que o seu. Entre os que se declaram bissexuais, 61% afirmam que a primeira relação sexual foi com alguém de sexo diferente e 37% dizem que foi com alguém do mesmo sexo.

Afirmam que têm relações sexuais apenas com pessoas do mesmo sexo 79%; dizem que fazem sexo preferencialmente com pessoas do mesmo sexo, mas, eventualmente também com pessoas do sexo oposto, 12%. Para 9%, tanto faz: suas relações sexuais costumam ser tanto com pessoas do mesmo sexo quanto com pessoas do sexo oposto. Entre os que se declaram bissexuais, um quarto (25%), no entanto, afirma ter relações apenas com pessoas do mesmo sexo que o seu.

Afirmam que sua primeira relação sexual aconteceu entre os 16 e os 20 anos de idade 46%; segundo 39%, sua primeira relação sexual foi entre os 11 e os 15 anos. A idade média com que os entrevistados tiveram sua primeira relação sexual é de aproximadamente 15 anos.

Indagados sobre sua vida sexual no momento, 83% dos entrevistados a classificam como ótima ou boa. Segundo 12%, sua vida sexual anda regular, e 5% a classificam como ruim ou péssima. Os menos satisfeitos são os que se declaram bissexuais: 11% deles classificam sua vida sexual como ruim ou péssima.

A pesquisa mostra que a maioria (82%) tem medo de pegar AIDS; apesar disso, 22% afirmam que usam camisinha apenas às vezes e 16% dizem que nunca fazem uso de preservativo em suas relações sexuais. Dizem utilizar camisinha sempre, em todas as situações, 62%.

Segundo 15%, depois da descoberta do coquetel de medicamentos contra o HIV, a frequência com que utilizam camisinha em suas relações sexuais aumentou; de acordo com 5%, essa frequência diminuiu. A maioria (80%) afirma que a frequência com que utilizam camisinha permaneceu igual.

Maioria não se importa de falar abertamente de sua opção sexual

A maioria dos participantes homossexuais, bissexuais e transexuais da Parada GLBT já falou abertamente de sua opção sexual com amigos que não compartilham a mesma orientação (91%), com colegas de trabalho (74%) e com familiares (67%). A pesquisa mostra que entre os que se declaram bissexuais chega a 47% a taxa dos que afirmam não ter conversado abertamente com os familiares a respeito de sua opção sexual.

Para 52%, o homossexualismo é uma característica genética, que acompanha a pessoa desde o nascimento; cerca de um em cada cinco (22%) acham que se trata de uma opção feita por cada pessoa e 18% pensam se tratar de uma característica psicológica adquirida na infância ou adolescência.

Os homens são mais adeptos da tese segundo a qual a genética determina a orientação sexual: 58% deles pensam assim (57% dos que se declaram como gays). Já as mulheres são mais partidárias da idéia de escolha pessoal: 48% das entrevistadas (46% das que se declaram lésbicas) acreditam que o homossexualismo é uma opção pessoal.

O Datafolha apresentou aos entrevistados algumas frases, para que eles dissessem se concordavam ou discordavam de cada uma delas.

A frase "quanto mais gente assumir a homossexualidade, menor será o preconceito", atingiu o maior grau de concordância: 75% concordam totalmente e 12% concordam em parte. Concordam totalmente com a frase "alguns homossexuais exageram nos trejeitos, o que alimenta o preconceito contra os gays", 57%; concordam em parte 19%. Por outro lado, a maioria discorda da frase "não gostaria que meu filho ou filha fosse homossexual, é muito sofrimento": 51% discordam totalmente, 10% discordam em parte. Apesar disso, expressivos 33% concordam com a frase (23% totalmente, 10% em parte).

Segundo 41%, o preconceito contra os homossexuais, bissexuais e transexuais no Brasil, hoje, é igual ao preconceito sofrido pelos negros. Para 35%, o preconceito sofrido por esse grupo é maior, e para 21%, menor, do que o que os negros têm que enfrentar.

A maioria dos entrevistados do sexo masculino se diz incomodado quando são chamados de "franga" (81%), "veado" (74%) ou "bicha" (68%). Por outro lado, 80% não se incomodam quando são chamados de "gay".

Elas demonstram um pouco mais de tolerância com os termos usados para designar mulheres que gostam de mulheres: o termo "bolacha", por exemplo, incomoda a 48%; dizem não se importar de serem chamadas assim 52%. Dizem que se incomodam quando são chamadas de "sapatão" 54%; não se incomodam 46%. A maioria (79%) diz não se incomodar de ser chamada de lésbica.

A maioria dos entrevistados é a favor da legalização da união entre pessoas do mesmo sexo (92%) e da adoção de crianças por casais homossexuais (86%).

Reynaldo Gianecchini, Gisele Bündchen e Vera Fischer são considerados os mais sexy

Reynaldo Gianecchini é o homem mais sexy do Brasil, hoje, na opinião de 18% dos participantes homossexuais, bissexuais e transsexuais da Parada do Orgulho GLBT de São Paulo. As menções ao ator chegam a 25% entre os que se declaram bissexuais e a 22% entre as lésbicas.

Vêm a seguir Bruno Gagliasso, com 8%, e Rodrigo Santoro, com 5%; foram citados por 3% dos entrevistados, cada, Tiago Lacerda, Fábio Assunção, Marcelo Antoni, Antonio Fagundes e Henri Castelli. Não souberam dizer quem é o homem mais sexy do Brasil, hoje, 21%.

Quando se fala na mulher mais sexy do Brasil as opiniões são mais divididas: 11% citam Gisele Bündchen e 9% mencionam Vera Fischer. Sheila Carvalho e Juliana Paes são citadas por 4% dos entrevistados, cada, e Adriane Galisteu, Claudia Raia e Ana Hickmann por 3%, cada. Aline Moraes, que fez um par romântico com a atriz Paula Picareli na novela da Rede Globo "Mulheres Apaixonadas", e é citada por 2% do total de entrevistados, chega a 9% de menções entre as mulheres que se declaram lésbicas. Não sabem dizer qual é a mulher mais sexy do Brasil 12%.

73% dos que votaram para presidente em 2002 deram seu voto a Lula; 43% consideram governo do petista regular

Quando o assunto é política, o público da Parada GLBT (homossexuais, bissexuais e transsexuais) tende para o partido que está hoje, no poder Federal: 73% dos que votaram para presidente em 2002 deram seu voto ao presidente Lula; 40% declaram o PT como partido de preferência, ante 12% que citam o PSDB.

Quanto à eleição do ano que vem, 20% declaram, espontaneamente, que pretendem votar pela reeleição de Lula; 10% citam espontaneamente o governador do estado de são Paulo, o peessedebista Geraldo Alckmin, e 8% a petista e ex-prefeita da capital paulista, Marta Suplicy. Outros nomes do PSDB citados espontaneamente pelos entrevistados são o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (4%), o prefeito de São Paulo, José Serra (2%) e o governador de Minas Gerais, Aécio Neves (1%). O senador petista Eduardo Suplicy é citado espontaneamente por 1%. Pretendem votar em branco ou anular o voto 9%. Não sabem dizer, espontaneamente, em quem pretendem votar para presidente em 2006, 40%.

O governo Lula é considerado regular por 43% dos participantes da Parada. Para 30% o presidente vem tendo um desempenho ótimo ou bom e, segundo 26%, ruim ou péssimo.

São Paulo, 31 de maio de 2005.