Aprovação cai, reprovação continua subindo, e Lula atinge pior avaliação de seu mandato

DE SÃO PAULO

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Em simulações para 2006, Serra empata com Lula no primeiro turno e supera presidente no segundo

Em meio a CPIs que investigam casos de corrupção em seu governo, e cada vez mais questionado a respeito de sua omissão e responsabilidade nesses casos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva atinge a pior avaliação desde o início de seu mandato, e perde força na disputa pela reeleição, segundo pesquisa realizada pelo Datafolha quarta-feira, 10 de agosto, em todo o país. O levantamento mostra que o percentual de brasileiros que aprovam o desempenho do presidente nunca esteve tão baixo, nem tão próximo da taxa dos que o reprovam. Em 20 dias, a taxa dos que avaliam o governo Lula como ótimo ou bom caiu quatro pontos, de 35% no dia 21 de julho, para 31% hoje, enquanto a do que os consideram ruim ou péssimo subiu três pontos percentuais, de 23% para 26%, mantendo a tendência de crescimento da reprovação verificado na pesquisa anterior. A taxa dos que consideram o desempenho do presidente regular oscilou, dentro da margem de erro da pesquisa, de 40% para 41%.

A pesquisa também mostra que continua aumentando a taxa dos que acreditam na existência de corrupção no governo Lula, atingindo agora 83%, mas, apesar disso, a maioria dos brasileiros (63%) é contra a abertura de um processo de impeachment que pode levar ao afastamento do presidente.

O Datafolha ouviu 2551 brasileiros, a partir de 16 anos de idade, em municípios de todas as unidades da Federação, e a margem de erro máxima para o levantamento é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.

A nota média atribuída ao presidente, em uma escala de zero a dez, que, na pesquisa anterior, era a menor registrada desde o início de seu governo (5,8), está ligeiramente menor hoje: 5,6.

Dois dos segmentos que, até hoje, vinham sendo dos mais simpáticos ao presidente, e dos quais fazem parte a maioria da população brasileira, contribuem significativamente para a piora da avaliação de Lula. Entre os que têm escolaridade fundamental, a taxa dos que aprovam o presidente caiu cinco pontos, de 36% para 31%, enquanto a dos que o reprovam subiu seis pontos percentuais, de 22% para 28%. Entre os que têm renda familiar mensal até cinco salários mínimos, a aprovação ao presidente caiu de 36% para 32%, enquanto a reprovação subiu de 22% para 26%.

*Hoje, 30% votariam em Lula no primeiro turno, e 27% em Serra
Simulação de segundo turno mostra Serra nove pontos à frente de Lula*

A piora na avaliação do presidente coincide com uma queda em seu desempenho nas projeções para 2006. Lula perdeu, em 20 dias, entre quatro e cinco pontos percentuais, dependendo do cenário proposto, e, caso o primeiro turno da eleição para a Presidência fosse realizado hoje, empataria com seu mais forte oponente, a quem derrotou na eleição de 2002, o peessedebista José Serra. A pesquisa mostra ainda que, em um segundo turno disputado hoje, Serra venceria Lula, com uma vantagem de nove pontos percentuais.

Se o primeiro turno da eleição para presidente fosse hoje, 30% dos brasileiros votariam em Lula, e 27% em José Serra. Em relação ao levantamento anterior, a intenção de voto em Lula caiu quatro pontos (era de 34%), enquanto a taxa dos que votariam em Serra (de 25% na pesquisa anterior) oscilou dois pontos percentuais para cima. Como a margem de erro máxima do levantamento é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, o real percentual de intenção de voto em Lula está entre 28%, no mínimo, e 32%, no máximo. A taxa dos que votariam em Serra hoje, por sua vez, se situa em uma faixa que vai de 25% a 29%.

Nesse cenário, a intenção de voto em Anthony Garotinho (PMDB) oscilou de 9% para 10%. Heloísa Helena (PSOL), com, 6%, e Cesar Maia (PFL) com 4% das intenções de voto, repetem as taxas obtidas no levantamento anterior. Roberto Freire (PPS), oscilou de 2% para 3%, e Roberto Mangabeira Unger, sem partido, assim como na pesquisa anterior, não atingiu 1%. A taxa dos que, tendo estes candidatos como opção para a Presidência, votariam em branco ou anulariam o voto, se manteve em 13%, e a dos que se dizem indecisos oscilou de 6% para 7%.

No cenário com o governador paulista, Geraldo Alckmin, Lula também perdeu quatro pontos, caindo de 36% para 32% das intenções de voto, enquanto o peessedebista oscilou de 16% para 17%. Garotinho oscilou, nesse cenário, de 12% para 13%. Heloisa Helena, Cesar Maia e Roberto Freire repetiram os índices obtidos anteriormente, de, respectivamente, 6%, 5% e 2% das intenções de voto. A taxa dos que votariam em branco ou anulariam o voto oscilou de 16% para 17% e a dos que se dizem indecisos diante desta hipótese se manteve em 8%.

Com Fernando Henrique Cardoso representando o PSDB, Lula teria hoje 30% (eram 35% no levantamento anterior), e o tucano que o antecedeu no cargo receberia 16% dos votos dos brasileiros (eram 15%). Garotinho oscilou, nesse cenário, de 10% para 12% das intenções de voto. Heloisa Helena oscilou de 6% para 7% e Cesar Maia se manteve com 6% das intenções de voto. Roberto Freire oscilou de 2% para 3% e Roberto Mangabeira Unger, que não chegava a 1% das preferências na pesquisa anterior, atingiria esse índice, hoje. Diante deste elenco de candidatos, 17% dos brasileiros votariam em branco ou anulariam o voto (percentual idêntico ao verificado na pesquisa anterior) e 7% mostram-se indecisos (eram 6% no último levantamento).

A intenção de voto espontânea, ou seja, aquela na qual o entrevistado diz em quem pretende votar para presidente em 2006, sem que veja os cartões circulares com os nomes dos possíveis candidatos, não se alterou significativamente em relação à pesquisa anterior.

A taxa dos que afirmam, espontaneamente, que pretendem votar em Lula, oscilou de 22% para 20%.

Os demais possíveis candidatos que são citados por pelo menos 1% dos entrevistados mantiveram as mesmas taxas verificadas anteriormente: José Serra (4%), Fernando Henrique Cardoso, Geraldo Alckmin (2%, cada) e Anthony Garotinho (1%).

Não sabem dizer, de maneira espontânea, em quem têm a intenção de votar, 55%, percentual idêntico ao registrado no levantamento anterior, e pretendem votar em branco ou anular o voto 10% (eram 8% na última pesquisa).

Se o segundo turno da eleição presidencial fosse hoje, e se repetisse a disputa de 2002, entre Luiz Inácio Lula da Silva e José Serra, 48% votariam no candidato derrotado na eleição anterior e 39% no atual presidente.

A pesquisa anterior mostrava um empate entre os dois, no limite da margem de erro, com maior possibilidade do petista estar à frente: naquela ocasião, 45% votariam em Lula e 41% em Serra.

Contra Geraldo Alckmin, a vantagem de Lula em um hipotético segundo turno, caiu de 16 (49% a 33%) para 10 pontos percentuais (45% a 35%). A diminuição da vantagem de Lula em relação a Fernando Henrique Cardoso foi ainda maior: nesse caso, a diferença caiu de 23 (52% a 29%) para nove pontos percentuais (45% a 36%).

Se a disputa fosse contra Anthony Garotinho, 46% votariam em Lula e 32% dariam seu voto ao ex-governador do Rio de Janeiro. Na pesquisa anterior, esses percentuais eram, respectivamente, de 51% e 27%, o que demonstra uma redução na vantagem de Lula em relação a Garotinho de 24 para 14 pontos percentuais.

Os brasileiros estão divididos quanto à hipótese do presidente Lula tentar um novo mandato em 2006. Indagados se o petista deveria ou não se candidatar à reeleição no ano que vem, 50% aprovam essa iniciativa; 46%, por outro lado, acham que ele não deveria se candidatar. A maioria (75%), no entanto, acha que o presidente vai tentar a reeleição. Para 16%, Lula não vai se candidatar, e 8% não sabem responder à indagação.

Para cerca de um terço (31%) dos brasileiros, Lula é, entre os possíveis candidatos incluídos na pesquisa do Datafolha, aquele com mais chance de vencer a eleição presidencial do ano que vem.

Para 22%, Serra é o que tem mais chance. Apostam em Geraldo Alckmin 11%, em Fernando Henrique Cardoso 10% e em Anthony Garotinho 7%. Vêm a seguir Cesar Maia (3%), Heloisa Helena (2%) e Roberto Freire (1%). Não sabem opinar sobre quem terá mais chances de vencer a eleição 10%.