Dilma atinge 40% entre participantes do Bolsa Família

DE SÃO PAULO

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A oito meses das eleições para presidente da República, Dilma Rousseff (PT), que diminuiu a diferença em relação a José Serra (PSDB) de 14 para quatro pontos, inverte a vantagem em relação a Serra e vence em todas as situações quando observada a intenção de voto entre os brasileiros beneficiados pelo programa Bolsa Família. A mesma transferência de votos não ocorre nos segmento dos brasileiros participantes do programa Minha Casa, Minha Vida.

No primeiro dos quatro cenários de candidatos estimulados com cartão, com Ciro Gomes incluído pelo PSB, Serra alcança 32% e Dilma 28%, além de Ciro que obtém 12% e Marina Silva (PV) que tem 8% de preferência. Já, entre os entrevistados que declaram participar do Bolsa Família (cerca de 10% dos brasileiros), Dilma atinge 40%, ante 25% do peessedebista, Ciro fica com 10% e Marina Silva não muda sua posição (8%). Vale notar, ainda, que ocorre empate entre os dois principais candidatos no segmento de brasileiros que, mesmo não sendo beneficiário do programa, conhece alguém que participa: Serra com 31%, Dilma com 30%. Já, entre os que não participam nem conhece alguém filiado ao programa, a vantagem volta para Serra, com diferença ligeiramente maior: 35%, contra 24% para Dilma.

No segundo cenário testado pelo Datafolha, sem o nome de Ciro, Serra tem 38% e Dilma 31%, enquanto Marina consegue 10%. Novamente, a petista inverte a vantagem no segmento beneficiado pelo Bolsa Família: 41%, ante 30% de Serra, e 8% de Marina.

Na terceira hipótese investigada, Dilma, à frente no total da amostra, novamente aumenta a vantagem no segmento analisado. Entre o total de entrevistados, a candidata da situação tem 30%, Ciro obtém 21%, Aécio Neves (PSDB) consegue 13% e Marina Silva, 11%. Já entre os brasileiros participantes do Bolsa Família, a petista atinge 39%, Ciro fica com 25%, Aécio com 8%, e Marina, com 9%.

No quarto cenário, Dilma tem 34% no total da amostra, Aécio é citado por 18% e Marina por 15%. No segmento beneficiado pelo programa, as taxas ficam, respectivamente, em 46%, 9% e 15%. Neste caso, enquanto 18% declaram voto em branco ou nulo no total da amostra, essa parcela soma 11% no segmento observado, enquanto que os 15% de indecisos no total variam para 20% entre os participantes.

O efeito na intenção de voto não ocorre da mesma forma quando analisado o grupo dos brasileiros que participam do programa Minha Casa, Minha Vida.

No primeiro cenário, como nome de Ciro, o peessedebista obtém 35% contra 28% da petista entre aqueles que participam do programa habitacional do governo, enquanto no segundo cenário (sem Ciro), Serra amplia para 41% ante 29% da candidata no segmento.

No terceiro cenário, em que Dilma vence Ciro no total da amostra, não há alteração significativa da vantagem da candidata em relação a Ciro: de 30% para a candidata ante 21% de seu adversário no total da amostra, para 33% e 20%, respectivamente.

Na quarta situação testada, em que Dilma vence Aécio por 34% a 18% no total da amostra, a petista fica com 36% no segmento beneficiado pelo programa, contra 17% de Aécio.
A variação mais significativa entre o total da amostra e os participantes do Minha Casa, Minha Vida, ocorre no percentual dos que pretendem votar em branco ou anular, bem como entre aqueles que estão indecisos. Para o terceiro cenário, os votos brancos e nulos variam de 11% para 5%, e o de indecisos, de 10% para 14%. Já no quarto cenário, essa variação é de 18% para 10% (brancos e nulos) e de 15% para 22% em relação aos que não sabem indicar candidato.

Quando se observa a intenção de voto espontânea, o programa Minha Casa, Minha Vida surte maior efeito quando comparado ao Bolsa Família, mas essa diferença é observada em relação ao próprio Lula, e não à sua candidata.

Com 10% no total da amostra, Lula fica com 11% entre os brasileiros beneficiados pelo Bolsa Família, enquanto vai para 18% entre os que fazem parte do programa de habitação. Por sua vez, Dilma, que também tem 10% no total da amostra, fica com 9% no primeiro segmento e 11% no segundo. Já Serra, que alcança 7% no total, cai para 2% entre os que declaram participar do Bolsa Família, e varia para 6% no segmento dos participantes do Minha Casa, Minha Vida. Finalmente, vale observar que as menções a "candidato do Lula", varia de 4% no total para 8% entre os brasileiros do programa de distribuição de renda.

Não há alteração significativa na intenção de voto branco ou nulo e no grupo de indecisos.

Brasileiros acham muito importantes os programas Bolsa Família e Minha Casa, Minha Vida
Um em cada dez participa do Bolsa Família

Para a maioria da população brasileira de 16 anos ou mais, os programas sociais "Bolsa Família" (76%) e "Minha Casa, Minha Vida" (77%) são muito importantes para os brasileiros. O resultado é de pesquisa Datafolha, que ouviu 2.623 brasileiros de 16 anos ou mais nos dias 24 e 25 de fevereiro de 2010. A margem de erro é de dois pontos percentuais para o total da amostra, para mais ou para menos.

A minoria considera um pouco (17%) ou nada importante (5%) o Bolsa Família para os brasileiros, taxas que correspondem a 13% e 3%, respectivamente, em relação ao Minha Casa, Minha Vida. Não sabem avaliar a importância dos dois programas 2% e 7%, na ordem.

Pelo menos 80% dos que vivem no Nordeste, Norte e Centro-Oeste atribuem muita importância aos dois programas, par aos brasileiros de modo geral. Essa também é a percepção de 81% dos que moram no interior (ante 68% dos que residem em capitais e demais cidades metropolitanas), de 82% dos menos escolarizados e de 84% dos que têm renda de até dois salários mínimos.

Vale notar a diferença de opinião quando se observa o partido de preferência: enquanto 80% e 81% dos que simpatizam com o PT acham muito importante para os brasileiros o Minha Casa, Minha Vida e o Bolsa Família, atribuem muita importância aos dois programas 69% e 56%, respectivamente, dos simpatizantes do PSDB.

Quando questionados sobre a importância dos dois programas para si, 60% consideram muito importante o Bolsa Família, e 65%, o programa Minha Casa, Minha Vida, mas essas taxas são de 92% entre os participantes do primeiro e 91% entre os que participam do programa habitacional.

O Bolsa Família é muito importante para 66% dos que moram no Norte e Centro-Oeste, para 69% dos menos escolarizados, e para os que moram no Nordeste, bem como para os que têm renda familiar até dois salários mínimos (72%, cada). Também é no Nordeste que se atribui mais importância ao programa Minha Casa, Minha Vida (73%), assim como os brasileiros de menor renda familiar (71%).
Entre os que declaram intenção de votar em Dilma Rousseff, 65% acham muito importante para si o Bolsa Família, e 69% o programa habitacional do governo federal.

Um em cada dez brasileiros (10%) declara participar do Bolsa Família, taxa que permaneceu praticamente inalterada em comparação à observada em fevereiro de 2006 (9%). Não participam do programa 91%, mas 44% afirmam conhecer alguém próximo ou da família que participa.

No Nordeste, a taxa de participação no Bolsa Família alcança 18%, além de 14% entre as mulheres, 15% entre os brasileiros com idade entre 35 e 44 anos e 16% daqueles cuja renda familiar não ultrapassa dois salários mínimos.

Dizem participar do Minha Casa, Minha Vida 4%; não participam 96%, dos quais 14% conhecem participantes.

O Datafolha investigou a expectativa da população em relação à continuidade dos dois programas sociais do atual governo, dependendo do sucessor de Lula.

A expectativa de continuidade é maior caso Dilma Rousseff seja eleita: 73% acham que a candidata do PT dará andamento tanto ao Bolsa Família quanto ao Minha Casa, Minha Vida. Em relação ao primeiro, essa expectativa fica acima da média entre os que vivem no Sul (79%), e atinge 87% entre os mais escolarizados e entre os que ganham acima de cinco salários mínimos, em média.

Praticamente metade acredita na continuidade do Bolsa Família (53%) se Ciro Gomes ou se José Serra (55%) for o próximo presidente. A expectativa é praticamente a mesma quanto ao andamento do programa Minha Casa, Minha Vida, seja Ciro (55%) ou Serra (57%) o sucessor de Lula. Entre os que moram no Sudeste, o otimismo fica ligeiramente acima da média caso Serra seja eleito, tanto para o Bolsa Família (60%) quanto para o Minha Casa, Minha Vida (63%).

Já em relação a Aécio Neves, 47% acham que ele daria continuidade ao Bolsa Família, e 50% de que ele não acabaria com o Minha Casa, Minha Vida. Em relação à Marina Silva, 46% e 48%, respectivamente, têm a mesma opinião.

Vale notar que os brasileiros que vivem no Nordeste mostram-se mais pessimistas em relação à continuidade dos dois programas, em qualquer hipótese de candidato eleito, embora com menor intensidade quando se pensa em Dilma Rousseff como próxima presidente. Por outro lado, os mais escolarizados têm expectativas de continuidade de ambos os programas acima da média, independentemente de quem for o sucessor de Lula.

E, finalmente, entre os simpatizantes do PT, as expectativas são otimistas em relação a Dilma Rousseff e ficam abaixo da média considerando a hipótese de Serra ganhar as eleições. O mesmo não ocorre entre os que afirmam simpatizar com o PSDB: em relação aos dois programas e a qualquer candidato que possa vir a ser eleito, a expectativa de continuidade fica acima da média.

São Paulo, 01 de março de 2010