Desgaste de Serra ajuda Dilma

DE SÃO PAULO

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Mauro Paulino
Diretor-geral do Datafolha

Alessandro Janoni
Diretor de pesquisas do Datafolha

A pesquisa Datafolha sobre a corrida presidencial divulgada hoje pela Folha revela que o crescimento da candidata do governo Dilma Rousseff nos últimos dois meses reflete não só a transferência da popularidade de Lula para sua ministra como também eventuais arranhões na imagem do governador de São Paulo, José Serra, nesse período.

Uma análise segmentada dos resultados permite supor que a oficialização da candidatura do PT e a maior exposição do apoio do presidente da República a Dilma não são os únicos fatores que explicam as mudanças reveladas no levantamento. O desgaste da candidatura de Serra em estratos importantes do eleitorado também compõe o cenário.

O conhecimento de Dilma como candidata apoiada pelo presidente Lula cresceu de 52% para 59% no total da amostra. Nos segmentos de menor renda e menor escolaridade, mais sensíveis ao apoio de Lula a um dos candidatos, essa taxa também cresceu (oito pontos percentuais nos últimos dois meses), porém ainda não é majoritária.

Como exemplo, apenas metade (49%) dos que têm renda familiar de até 2 salários mínimos sabem que Dilma é candidata de Lula. Entre os que possuem renda superior a 10 salários, esse índice chega a 87%. Os de menor renda porém, são os que mais admitem escolher um candidato apoiado por Lula. A comunicação do apoio do presidente a Dilma, conclui-se, alcançou apenas parcialmente os terrenos mais férteis.

Assim, há ainda, aproximadamente, 14% de brasileiros que querem votar no candidato de Lula, mas não o fazem por desconhecê-lo. Em dezembro, esse percentual era de 15%.

Já, quanto à queda de Serra, o governador de São Paulo perdeu cinco pontos percentuais de intenção de voto no total da amostra. Como poderia se esperar, o prejuízo foi maior em regiões onde a aprovação do governo federal é mais expressiva - caiu seis pontos tanto no Nordeste quanto no Norte/Centro-Oeste. Manteve-se estável apenas no Sul do país.

Mas, a perda de três pontos percentuais do tucano na região Sudeste talvez seja mais relevante, não só pelo peso político, como também estatístico - o Sudeste responde por aproximadamente 42% da população adulta do país. A vantagem de Serra para Dilma na região caiu de 22 para 14 pontos em dois meses.

Outro dado que pode confirmar o desgaste recente da candidatura a presidente do governador de São Paulo é a taxa de rejeição dos brasileiros ao seu nome. Em dezembro, 19% diziam que não votariam em Serra de jeito nenhum. Agora, esse percentual é de 25%. Na Região Sudeste, a rejeição ao tucano também aumentou seis pontos.

Neste momento, Serra e Dilma encontram-se no mesmo patamar de intenções de voto. A partir da definição oficial dos nomes dos candidatos e do início da maratona de entrevistas e debates os eleitores iniciarão a fase de comparação direta entre os candidatos e também da imagem de Dilma com os atributos de Lula. Da empatia entre Dilma e o eleitorado dependerá a concretização do potencial de transferência de Lula para sua candidata e a manutenção do lastro adquirido até aqui.

São Paulo, 01 de março de 2010