TV associa Dilma a Lula e alavanca candidatura petista

DE SÃO PAULO

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Mauro Paulino
Diretor Geral do Datafolha

Alessandro Janoni
Diretor de Pesquisas do Datafolha

Mais uma vez as mudanças observadas na última pesquisa Datafolha de intenção de voto para presidente da República refletem a volatilidade típica de uma disputa polarizada. Quando um dos protagonistas ganha pontos, o outro perde. A novidade é que, pela primeira vez desde dezembro do ano passado, nota-se movimento no índice que acompanha o grau de influência da popularidade do presidente Lula no desempenho da candidatura de Dilma Rousseff.

Há cinco meses, o instituto monitora o impacto do principal cabo eleitoral da petista sobre as suas taxas de intenção de voto. Na ocasião, considerando-se o cenário em que Ciro Gomes era excluído do quadro, 14% dos brasileiros diziam que com certeza elegeriam um candidato apoiado por Lula, mas não votavam em Dilma, justamente por desconhecerem o fato de que ela era a candidata do presidente. Hoje, esse percentual corresponde a 11%.

O índice permaneceu praticamente inalterado até o mês passado. Em fevereiro, mesmo com a comunicação oficial da candidatura petista, o Datafolha revelava que o fator mais significativo para a aproximação entre Serra e Dilma dava-se por desgaste pontual do tucano.

Agora, ao se observar as pesquisas realizadas pelo Datafolha em 2010, nota-se que dos seis pontos obtidos pela candidata petista desde fevereiro, pelo menos metade deve-se à recente percepção, por esses eleitores, de que Lula a apoia. E o meio principal pelo qual essa parcela importante do eleitorado tomou conhecimento do apoio do presidente a Dilma foi a inserção publicitária do PT em intervalos comerciais de TV nas duas últimas semanas.

A comunicação em massa, em horário nobre na TV, promoveu a associação entre Lula e Dilma e alavancou a candidatura da ex-ministra, de maneira homogênea, em todas as regiões do país. A taxa dos que passaram a enxergar a petista como candidata de Lula cresceu expressivos dez pontos percentuais - de 61% para 71%. Entre estes, Dilma consegue vantagem de 16 pontos sobre Serra.

Na população em geral, 37% dizem ter visto na TV, por pelo menos uma vez, uma propaganda de Dilma Rousseff nos últimos 30 dias. Em relação às propagandas de José Serra, essa taxa cai para 29%. Mesmo em segmentos onde os índices de acesso à informação costumam ser muito mais modestos - habitantes do Nordeste e os que têm menor renda familiar - 33% afirmam ter assistido às propagandas de Dilma no último mês. No Sul e no Norte Centro-Oeste, essas taxas chegam a 40% e 39%, respectivamente. No Sudeste, ela é de 38%.

A diminuição do contingente que quer votar em candidato apoiado por Lula, mas que não escolhe Dilma por não associá-la ao presidente é mais nítida no Nordeste. A taxa dos que identificam Dilma como candidata apoiada por Lula cresceu principalmente entre as mulheres, os mais jovens, os que têm menor renda e também entre os que moram no Nordeste. Os primeiros passos dos candidatos na TV já demonstram a importância que o desempenho nesse veículo assumirá no desempate da disputa.