Presidente tem a melhor avaliação no início do governo em relação a antecessores
Dilma Rousseff (PT) completa três meses de governo com a melhor avaliação obtida por um presidente eleito em início de mandato. Pesquisa Datafolha realizada em todo o território nacional nos dias 15 e 16 de março mostra que a petista é aprovada por 47% dos brasileiros enquanto outros 7% a consideram ruim ou péssima. Já 34% a classificam como regular. No total da amostra, 12% não sabem opinar. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
Comparando-se com os presidentes pós-redemocratização, eleitos por voto direto, Dilma é a que obtém as taxas mais elevadas de popularidade nos três primeiros meses de gestão. Em junho de 1990, Fernando Collor, que havia tomado posse em março daquele ano, era considerado ótimo ou bom por 36% dos entrevistados contra 19% que o reprovavam e 43% que o chamavam de regular. Depois de três meses do impeachment, seu sucessor, Itamar Franco tinha 34% de aprovação contra 11% de reprovação e 45% de avaliação regular.
Em período equivalente, Fernando Henrique Cardoso iniciou seu primeiro mandato em março de 1995 com 39% de avaliação positiva contra 16% de negativa. Na época, 40% classificavam o tucano como regular. Lula em março de 2003 começou seu governo com 43% de popularidade e 10% de reprovação. Achavam-no regular 40% dos brasileiros.
A taxa de aprovação em início de governo que mais se aproxima da que agora Dilma alcança é a de Lula em março de 2007 quando começava seu segundo mandato - 48%. Mesmo assim, o índice de reprovação do petista era maior - 14%. Já o segundo mandato de Fernando Henrique foi o de pior início - o tucano obtinha 21% de avaliação positiva e 36% de classificação negativa.
Segmentando-se os resultados, percebe-se que Dilma tem desempenho melhor avaliado entre as mulheres (51% contra 43% entre os homens), entre os que têm de 25 a 34 anos (50%), entre os que possuem nível fundamental de escolaridade (50% contra 42% entre os que têm o nível superior) e entre os habitantes do Nordeste (também 50%).
Solicitados a atribuir notas de zero a dez aos três primeiros meses de governo de Dilma Rousseff, a grande maioria dos brasileiros responde notas iguais ou superiores a cinco. A nota média obtida pela petista é 6,9. A nota máxima (dez) é citada por 15% dos entrevistados e a mínima (zero) por 3%.
As maiores médias ocorrem entre as mulheres (7 contra 6,7 entre os homens), entre os mais velhos (7,2), entre os menos escolarizados (7,3) e entre os habitantes do Nordeste (7,3). As menores encontram-se entre os que têm nível superior de escolaridade (6,2), os que possuem maior renda (6,1), entre os simpatizantes do PSDB (5,6) e os que votaram em branco no segundo turno das eleições do ano passado (5,2).
Sobre a expectativa que os brasileiros revelam ter quanto ao futuro do governo Dilma Rousseff, nota-se um grande otimismo. A grande maioria (78%) aposta em uma gestão ótima ou boa da petista. Para 15%, será uma administração regular e 5% esperam o pior - um mandato ruim ou péssimo.
Comparando-se com os dados de expectativa do Governo Lula, em pesquisa realizada após três meses do início de seu primeiro mandato, percebe-se dados muito próximos. Em março de 2003, 76% mantinham expectativa positiva sobre o governo Lula. Já em relação ao governo Fernando Henrique Cardoso, o otimismo não era assim tão alto. Em março de 1995, 48% esperavam do tucano uma gestão ótima ou boa, 27% regular e 14% ruim ou péssima.
*Saúde, segurança, educação e corrupção são desafios para governo Dilma
Maior parte ainda não identifica, espontaneamente, áreas de pior e melhor desempenho*
Espontaneamente, sem qualquer tipo de estímulo, 31% dos brasileiros elegem a saúde como o principal problema do país hoje. Outros 16% apontam a violência, 12% a educação e 11% o desemprego. Para 7%, a miséria se destaca e 3% citam a corrupção. No geral, a maior parte dos brasileiros ainda não consegue espontaneamente apontar áreas de melhor ou pior desempenho do governo Dilma, mas quando se estimula alguns setores, a reprovação ao combate à corrupção e à política de segurança pública são potencializadas, assim como a aprovação às áreas de energia e esportes.
Nas perguntas espontâneas, nota-se que a questão da saúde preocupa mais os habitantes do Norte, do Centro-Oeste (36%) e os que têm de 25 a 34 anos (37%). A violência assusta os mais velhos (22%) e os que moram no Nordeste (20%). Quando a pergunta refere-se às áreas de melhor e pior desempenho do governo da petista, as taxas de desconhecimento chegam a 45% e 43%, respectivamente. Nos três primeiros meses do Governo Lula, esses índices também eram elevados - 33% e 45%, respectivamente. Porém, o setor de melhor desempenho do ex-presidente foi logo identificado como sendo o do combate à fome (38% de menções em março de 2003) por conta do lançamento do programa Fome Zero na ocasião.
Políticos são os mais beneficiados na era Dilma; trabalhadores, os mais prejudicados
Nos três primeiros meses de governo Dilma Rousseff, os políticos foram os mais beneficiados, e os trabalhadores, os mais prejudicados. Essa é a opinião dos brasileiros, para quem, até o momento, os políticos (com 23% das citações) aparecem no topo da lista de classes ou setores da sociedade mais beneficiados desde que a petista assumiu a presidência. Os trabalhadores são mencionados por 17% como os mais beneficiados, logo após os políticos e no mesmo patamar da indústria (14%) e dos bancos (13%). A seguir aparecem agricultura (8%), serviço (7%) e comércio (6%). Para 4%, todos os setores e classes foram beneficiados. Nessa modalidade de avaliação, a petista começa seu governo de maneira diversa à de Lula. Em 2003, os trabalhadores eram os mais citados (31%) como principais beneficiados nos três primeiros meses do governo Lula, seguidos por agricultura (20%) e políticos (13%).
Na lista dos mais prejudicados no governo Dilma, os trabalhadores são citados por 22%, à frente de agricultura (14%), comércio (13%), serviços (11%), políticos (8%), bancos (6%) e indústria (5%). Para 6% dos brasileiros, nenhum desses foi prejudicado nos três primeiros meses do governo Dilma. Também entre os mais prejudicados a avaliação dos brasileiros difere da captada no início do governo Lula. Naquele período, os políticos eram vistos como mais prejudicados (18%), seguidos por trabalhadores (16%), comércio (13%) e bancos (12%).