Brasileiros estão mais otimistas em relação à expectativa econômica do país e pessoal

DE SÃO PAULO

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As impressões sobre as expectativas econômicas dos brasileiros foi um dos temas pesquisados pelo Datafolha, em levantamento realizado entre os dias 17 e 19 de novembro. Os resultados foram comparados a mesma época em 2002, quando o então presidente Fernando Henrique Cardoso estava deixando o cargo. Foram entrevistados 11281 brasileiros, em todos os estados do país em 421 cidades, e a margem de erro máxima para o total da amostra é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

A sondagem investigou a expectativa sobre a situação econômica do país, e as percepções individuais de melhoria econômica, perguntando se nos próximos meses a situação econômica do país vai melhorar, piorar ou continuar como está, e continuando, perguntou no caso pessoal de cada entrevistado, se a situação particular iria melhorar, piorar ou continuar como está.

Metade dos entrevistados (51%) acredita que a situação econômica do Brasil vai melhorar, enquanto que para 9%, ela vai piorar e para 33% ela vai ficar como está hoje. Não souberam responder sobre a situação econômica do país, 7%. Em dezembro de 2002, no final do segundo mandato de FHC, 48% dos brasileiros diziam que a situação do país melhoraria, 18% que pioraria e 30% que ficaria estável. A taxa dos que acreditam que a situação econômica do país irá melhorar é uma das mais altas durante o governo Lula e é nove pontos maior do que o observado em dezembro de 2009.

Estão mais otimistas em relação à situação econômica do país os mais jovens (57%), os menos escolarizados (53%) e os que têm renda familiar inferior a cinco salários mínimos (53%).

Sobre a situação econômica pessoal, 61% afirmam que a sua situação vai melhorar, denotando um otimismo maior no esforço pessoal do que no esforço governamental. Somente 6% afirmam que a sua situação econômica vai piorar, e 28% que vai ficar como está atualmente. Não souberam responder sobre a sua situação particular, 5%.

A sensação de melhoria pessoal também era menor no final do governo FHC: 54% achavam que melhorariam suas situações particulares, 12% que piorariam e 29% que manteria sua situação econômica estável.

Os mais jovens também são os que são mais otimistas em relação as suas situações particulares, dos quais 68% afirmam que a situação econômica pessoal vai melhorar. Os moradores do Norte e Centro-Oeste são igualmente otimistas em relação a sua situação pessoal, dos quais 72% acham que a sua situação econômica vai melhorar e são seguidos pelos nordestinos, dos quais 63% acham que vai melhorar a sua situação pessoal.

Perguntados ainda sobre a percepção econômica do Brasil daqui a cinco anos, como uma impressão de médio prazo, 67% dos entrevistados acreditam que a situação econômica brasileira vai melhorar. Para 7%, ela vai estar pior e 17% acreditam que vai continuar como está atualmente. Não souberam responder, 10%. Para os mais jovens (74%), a situação econômica do país vai melhorar, assim como para os moradores das regiões Norte e Centro-Oeste, dos quais 76% acreditam que a situação econômica do Brasil melhorará.

Ao final do governo FHC, o índice de brasileiros que acreditavam que a situação econômica do país melhoria em cinco anos é exatamente igual ao índice atingido nessa pesquisa: 67%. Na época, 11% eram pessimistas e 14% achavam que a situação econômica brasileira não se alteraria.

Esse quadro é ainda mais otimista quando perguntados sobre a situação pessoal de cada entrevistado: 74% afirmam que estarão economicamente melhores daqui a cinco anos, 4% que estarão piores, e 14% que estarão exatamente como estão hoje. Não souberam responder sobre a situação pessoal, 8%. Os mais jovens, em relação à situação pessoal são ainda mais otimistas: 82% deles acreditam que melhorarão economicamente, mesmo índice dos moradores das regiões Norte e Centro-Oeste.

45% dos brasileiros acham que o que ganham não é suficiente

Para 45% dos brasileiros o dinheiro que ganham mensalmente não é suficiente, às vezes falta, revela a pesquisa. Para 31%, é exatamente o que precisam para viver, enquanto que para 19% é muito pouco, trazendo muitas dificuldades. Somente para 4% dos entrevistados o dinheiro que ganham é mais do que suficiente. Em relação ao final do governo FHC, esses índices eram em dezembro de 2002: 37% achavam que o ganho mensal não era suficiente, às vezes falta, 17% afirmavam que era exatamente o que precisavam para viver, 45% que o que ganhavam era muito pouco, trazendo muitas dificuldades e apenas 1% que era mais do que suficiente.

Comparadas as regiões do Brasil, os índices obtidos nessa pergunta têm algumas alterações significativas. Enquanto que para 42% dos moradores do Sudeste o dinheiro que ganham não é suficiente, faltando eventualmente, entre os nordestinos, esse índice chega a 49%. Já os que acham que o que ganham é exatamente o que precisam para viver, entre os nordestinos esse índice alcança 22%, menor índice entre as regiões brasileiras, enquanto que nos estados do Sul, a satisfação com o que ganham chega a 37%. Para 23% dos nordestinos o dinheiro que ganham é muito pouco, trazendo dificuldades, enquanto que esse índice só alcança 15% na região Sul.

Segmentada a amostra por escolaridade, as taxas também não são parecidas: enquanto que para os entrevistados de nível médio 48% deles afirmam que o que ganham não é suficiente, 32% acham que é exatamente o que precisam para viver, 14% afirmam ser muito pouco, trazendo dificuldades e somente 4% acreditam que ganham mais do que suficiente. Os mais escolarizados identificam respectivamente, 41%, 42%, 8% e 7%. Dos menos escolarizados, 42% afirmam que o ganho mensal não é suficiente, com eventuais faltas, 27% afirmam ser exatamente o que precisam para viver e outros 27% dizem que é muito pouco, trazendo muitas dificuldades.

Entre os mais ricos (com renda familiar superior a 10 salários mínimos), 20% afirmam que o que ganham não é suficiente, 56% dizem ser exatamente o que precisam para viver, 3% que é muito pouco, trazendo dificuldades e 20% concluem que o que ganham é mais do que suficiente para a sua vida. Esse retrato, para as classes mais baixas é bem diferente: 47% afirmam que o seu ganho mensal não é suficiente, eventualmente faltando, 27% dizem que o seu ganho mensal é exatamente o que precisam para viver, 21% que é muito pouco, trazendo dificuldades e somente 2% concluem que seus ganhos são mais do que suficientes para viver.

39% dos brasileiros acham que a inflação vai ficar como está hoje

Perguntados se daqui para frente, a inflação vai aumentar, diminuir ou ficar igual, 33% dos brasileiros acreditam que vai aumentar, enquanto 19% dizem que a inflação vai diminuir e 39% que vai ficar como está. Não souberam responder, 9%. Em dezembro de 2002, 46% acreditavam que a inflação iria aumentar, 27% que iria diminuir e 21% que ficaria estável.

Os moradores das regiões Norte e Centro-Oeste são os mais otimistas, dos quais 28% acreditam na diminuição da inflação, mesmo índice dos que acham que a inflação vai aumentar. A região Sudeste, por sua vez, é a mais pessimista, visto que 36% acreditam no aumento da inflação, enquanto que 15% acham que ela vai diminuir e 41% que vai ficar como está.

Entre os mais jovens (de 16 a 24 anos), 37% acham que a inflação vai aumentar, mesmo sendo essa uma parcela da população que nunca vivenciou os tempos de inflação galopante. Esse é o mesmo índice entre os mais ricos (com renda familiar superior a dez salários mínimos). Para a população economicamente ativa, 34% acreditam no aumento da inflação, enquanto que 18% acham que ela vai diminuir e 40% que vai ficar como está.

Evolutivamente, o índice de brasileiros que achavam que a inflação iria cair chegou no seu patamar mais baixo durante o primeiro mandato do governo Lula em 9% em abril de 2006, e posteriormente, no seu segundo mandato nos meses de novembro de 2007 (9%) e março de 2008 (9%). Já o maior percentual de brasileiros que acreditam que a inflação irá diminuir é alcançado nessa sondagem. No governo FHC, comparativamente, esse mesmo índice foi medido no início do primeiro mandato quando atingiu sua maior taxa:17%, e teve sua menor medição em junho de 1998 (7%). No segundo mandato do tucano, a percepção de aumento da inflação manteve patamares entre 5% e 8%, porém atingiu 27% após as eleições presidenciais que deram a vitória ao petista, em dezembro de 2002 (27%).

41% acham que o desemprego vai diminuir

Quanto à expectativa de desemprego, os brasileiros são mais otimistas: 41% acham que o desemprego vai diminuir, 24% que vai aumentar e 28% que vai ficar como está. Outros 7% não souberam responder. Esses índices, comparados ao final do governo FHC são um pouco mais otimistas. Na época, perguntados, 38% achavam que o desemprego iria aumentar, 39% diziam que iria diminuir e 18% que o desemprego iria ficar igual aquele momento.

Novamente as regiões Norte e Centro-Oeste são as mais otimistas: 51% acreditam que o desemprego vai diminuir, índice que chega a 38% nas regiões Sul e Sudeste. Entre os moradores das regiões Norte e Centro-Oeste, 21% acham que o desemprego vai aumentar e 22% que vai continuar como está atualmente. Esses índices para a região Sudeste são de 25% e 31% respectivamente, e para a região Sul, 22% e 35%. Para os nordestinos, 43% acreditam na diminuição do desemprego, 23% no aumento das taxas de desemprego e 24% afirmam que vai continuar como está.

Otimistas em relação à empregabilidade são também os mais pobres, dos quais 42% acreditam que o desemprego vai diminuir, índice que alcança 35% entre os mais ricos. Entre os que têm renda familiar menor do que cinco salários mínimos, 24% acham que o desemprego vai aumentar e 28% que vai continuar como está. Os mais jovens estão também entre os mais otimistas em relação à oferta de emprego, dos quais 45% acreditam que o desemprego vai diminuir, 24% que vai aumentar e 25% que vai continuar como está.

Na história dos últimos dois presidentes, a percepção mais otimista em relação ao desemprego ocorre agora, no final do segundo mandato de Lula, índice só atingido em junho de 2003 durante o seu primeiro mandato como presidente (41%). Durante os mandatos de Fernando Henrique Cardoso, a melhor percepção em relação ao desemprego ocorreu em agosto de 2002, quando 23% dos brasileiros acreditavam que o desemprego iria diminuir. Por outro lado, atingiu a pior percepção em junho de 2001, quando 72% dos brasileiros acreditavam que o desemprego iria aumentar. A partir de 2002, com Lula presidente, a sensação de que o desemprego iria aumentar teve seus índices mais altos em março de 2009 (59%), já no seu segundo mandato, e no primeiro mandato, em maio de 2005, quando essa percepção atingiu 48%.

46% acreditam no aumento do poder de compra

Quando perguntados sobre a expectativa do poder de compra dos brasileiros, 46% dos entrevistados acreditam que o poder de compra vai aumentar daqui para frente, enquanto que somente 15% acham que o poder de compra vai diminuir e 29% que vai ficar como está hoje. Essa mesma pergunta também foi aplicada no final do governo FHC. Na época, 38% acreditavam que o poder de compra dos brasileiros iria aumentar, 29% que iria diminuir e 27% que esse poder de compra se estabilizaria.

Novamente os mais jovens são os mais otimistas, dos quais 52% acreditam no aumento do poder de compra dos salários. Esse índice é perseguido pelos nordestinos (51%), e pelos que moram nas regiões Norte e Centro-Oeste (51%). Os homens, por sua vez, são mais otimistas do que as mulheres, dos quais 48% acham que o poder de compra vai aumentar, ante 45% das mulheres.

Na amostra segmentada por escolaridade, dos que possuem nível médio, 49% afirmam que o poder de compra vai aumentar daqui para frente, índice que atinge 44% tanto nos mais escolarizados quanto nos menos escolarizados.
Na comparação histórica, a atual sondagem revela o maior grau de otimismo em relação ao poder de compra, comparados os dois mandatos de Lula e os dois de FHC. Somente em abril de 2003, a sensação de aumento no poder de compra obteve índices similares: 40%. Durante os mandatos de Fernando Henrique, por sua vez, essa mesma percepção no aumento do poder de compra atingiu seu maior pico em dezembro de 94 (41%), quando ele não havia sido empossado ainda e em dezembro de 2002 (38%), já em transição ao governo Lula.

São Paulo, 02 de dezembro de 2010.