Para a maioria, Papa Francisco deveria se posicionar a favor do uso da camisinha e da pílula anticoncepcional

DE SÃO PAULO

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Pesquisa Datafolha revela que 74% dos entrevistados avaliam como ótima ou boa a escolha do cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio, ocorrida no último dia 13, como novo papa da Igreja Católica. Para 2% a escolha foi ruim ou péssima, para 9% foi regular e 15% não souberam responder.

Nesse levantamento, realizado nos dias 20 e 21 de março de 2013, foram realizadas 2.653 entrevistas com pessoas de 16 anos ou mais, em 166 municípios do país, com margem de erro máxima de 2 pontos percentuais para mais ou para menos para o total da amostra.

O Datafolha questionou a opinião pessoal dos entrevistados a repeito de certos temas polêmicos para a Igreja Católica, como uso de anticoncepcionais, legalização da união entre pessoas do mesmo sexo, aborto e celibato. Dos oito temas levantados pela pesquisa, em seis a maioria se mostrou favorável e em dois contrários. São favoráveis ao uso da camisinha, 93%, ao uso da pílula anticoncepcional, 86%, ao uso da pílula do dia seguinte, 68%, ao divórcio, 65%, a celebração de missas por mulheres, 61%, e que padres possam se casar e constituir família, 60%. Entre os católicos esses índices são: 93% para o uso de camisinha, 85% para o uso da pílula anticoncepcional, 69% para o uso da pílula do dia seguinte, 67% para o divórcio, 64% para a celebração de missas por mulheres e 51% para que padres possam se casar e constituir família.

Já quanto os temas do aborto e da legalização da união entre pessoas do mesmo sexo, as opiniões estão divididas, são contrários ao aborto, dentro dos limites da lei, 55%, e contrários à legalização da união entre pessoas do mesmo sexo, 51% - entre os católicos 54% são contra o aborto e 45% contra a união entre pessoas do mesmo sexo.

O Datafolha também perguntou aos entrevistados qual deveria ser a postura do novo papa em relação aos temas mencionados acima. Novamente, dos oito temas levantados em seis a maioria se mostrou favorável e em dois, contrários. Para a maioria dos entrevistados, o papa Francisco deveria orientar a Igreja Católica e torná-la favorável ao uso da camisinha (83%), ao uso da pílula anticoncepcional (77%), ao uso da pílula do dia seguinte (61%), permitir que mulheres celebrem missas (58%), ao divórcio (58%) e que padres possam se casar e constituir família (56%). Já em relação aos temas aborto e legalização da união entre pessoas do mesmo sexo, a maioria é contrária, respectivamente, 54% e 57%.

Entre os católicos, consideram que o papa Francisco deva ser favorável ao uso da camisinha 84%, ao uso da pílula anticoncepcional 77%, ao uso da pílula do dia seguinte 61%, ao divórcio 60%, que mulheres possam celebrar missas 58% e que os padres possam casar e constituir família 48% (ante 41% que são contrários). Já quanto aos temas do aborto e da legalização do casamento de pessoas do mesmo sexo, 54% são contra o aborto e 55% contra a união.

De maneira geral, entre os segmentos renda mensal familiar mensal, escolaridade e idade há importantes diferenças. Comparativamente, aqueles com renda mensal familiar de mais de cinco a dez salários mínimos se mostram mais favoráveis aos temas acima descritos que aqueles mais pobres. De forma semelhante, isso também ocorre no segmento escolaridade, aqueles com maior grau de instrução são mais favoráveis do que os menos instruídos, e no segmento etário, os mais jovens são mais favoráveis do que os mais velhos.

Já entre o segmento por sexo, as mulheres são mais favoráveis que os homens quanto ao uso da pílula anticoncepcional (90% a 81%) e a legalização da união entre pessoas do mesmo sexo (41% a 32%).

Entre aqueles que afirmam não ter religião, de maneira geral, os índices são também mais altos que a média. São favoráveis ao uso da pílula anticoncepcional, 92%, ao divórcio, 78%, ao uso da pílula do dia seguinte, 77%, ao casamento de padres, 70%, a liberação do aborto, de acordo com a lei, 54%, e a legalização da união entre pessoas do mesmo sexo, 42%.

87% acreditam que há padres envolvidos em casos de pedofilia e abuso sexual

A maioria dos entrevistados (86%) tomou conhecimento sobre as acusações de pedofilia e abuso sexual dirigida a padres e sacerdotes da Igreja Católica, com destaque entre os mais escolarizados (94%). Daqueles que tomaram conhecimento, 37% responderam estar bem informados sobre as acusações, 37% estão mais ou menos informados e 11% mal informados.

A maioria (87%) dos brasileiros acredita que há envolvimento de padres e sacerdotes em casos de pedofilia e abuso sexual. Entre os católicos esse índice é de 86%. Para 49% pensam que há muitos padres e sacerdotes envolvidos, mas a maioria não (entre os mais escolarizados esse índice chega a 57%), 33% pensam que é raro e quase não existe envolvimento de padres e sacerdotes e 15% acreditam que a maioria dos padres e sacerdotes está envolvida.

Entre os católicos, 11% acreditam que há envolvimento da maioria dos padres e sacerdotes nesses casos, índice que chega a 21% entre os evangélicos pentecostais.

Com relação à punição, por parte da Igreja Católica, aos padres e sacerdotes envolvidos em casos de pedofilia e abuso sexual, 57% dos entrevistados afirmam que tem havido punição (entre os católicos esse índice é de 65% e entre os mais pobres e menos escolarizados é, respectivamente, 62%), 41% que não (entre os mais escolarizados esse índice é de 50%) e 2% não souberam responder. A respeito do rigor dessas punições, 9% responderam que a Igreja Católica tem punido com rigor maior que o necessário, 21% com o rigor adequado e 28%, com rigor menor do que o necessário.