48% acreditam na versão da PM sobre massacre do Carandiru

DE SÃO PAULO

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Após 20 anos, o massacre do Carandiru ainda repercute entre os moradores da cidade de São Paulo. Na semana que antecede o início do julgamento de parte dos policiais acusados de matar 111 presos ao intervirem em uma rebelião na Casa de Detenção de São Paulo, 91% dos paulistanos afirmam ter conhecimento do episódio, que ocorreu em outubro de 1992. Mesmo entre os mais jovens (82%) e os menos escolarizados (90%), o assunto é de domínio da maioria.

Para 54% dos moradores da capital paulista, a Polícia Militar agiu errado ao acabar com a rebelião da forma como fez, resultando nas mortes dos presos. Parte significativa (36%) da população adulta de São Paulo, porém, acredita que os policiais agiram certo na rebelião do Carandiru. A fatia de paulistanos que acreditam que a PM agiu errado no episódio é igual à verificada há 20 anos, em pesquisa Datafolha realizada logo após o massacre. Em outubro daquele ano, 54% acreditavam que os policiais agiram errado, e 18% não souberam responder.

Entre os mais velhos, com 60 anos ou mais, 48% dizem que os policiais agiram de forma correta. De forma geral, o índice de apoio dos mais velhos aos policiais fica acima da média, seja na atribuição de culpa, seja no apoio à absolvição.

Quando questionados sobre os culpados pelo episódio, os paulistanos se dividem: 33% acreditam que os presos foram os responsáveis diretos pela própria morte, outros 30% atribuem a responsabilidade direta aos policias, e 26% afirmam que a culpa foi de ambos, policias e presos. Há 20 anos, 38% diziam que os principais responsáveis eram os policiais, 36% atribuíam a culpa aos presos, 11% acreditavam que ambos eram culpados, e 13% não sabiam responder.

Informados de que a Polícia Militar, na época das mortes no Carandiru, disse que os policiais agiram para se defender, 48% indicaram concordar com essa versão - destes, 20% acreditam totalmente, e 28% acreditam em parte. No mesmo patamar (46%) estão os que não acreditam na posição da PM, e 6% não souberam responder. Na comparação com levantamento de 1992, aumentou a fatia dos que acreditam na versão da PM: à época, 39% estavam de acordo com essa posição (17% totalmente, e 22%, em parte), e 52% não acreditavam na polícia.

Dois em cada três moradores de São Paulo (65%) creem que os policiais que serão julgados pelas mortes no Carandiru a partir da próxima semana deveriam ser condenados. Nem todos eles, porém, gostariam de vê-los presos: 24% dizem que os policiais deveriam ser condenados mas não irem para a prisão, e os demais 40% acreditam que deveriam ser condenados e presos. Para 26%, os acusados deveriam ser absolvidos, e 9% não souberam responder.

Apesar do apoio majoritário a punições para os envolvidos, há desconfiança da população se isso de fato ocorrerá. Para 51%, os policiais serão condenados, mas só 10% acreditam que eles serão condenados e presos. Os 41% restantes nesse grupo acreditam que haverá condenação, mas os policiais não irão para a prisão. Há ainda 40% que acreditam que os policiais serão absolvidos, e 8% não souberam responder.

No total, 26 policiais serão julgados na primeira etapa do júri, que tem início na próxima semana. O Datafolha, no entanto, baseou sua questão na previsão inicial de que seriam 28 policiais acusados nesta primeira parte do julgamento.