Paulistanos aprovam protestos, mas rejeitam vandalismo e tarifa zero

DE SÃO PAULO

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A maioria dos paulistanos é a favor dos protestos contra o reajuste da tarifa de ônibus na capital paulista, mas condena a violência dos manifestantes e não concorda com outra bandeira do movimento - - passe livre - se ele significar menos verbas parra serviços e obras na cidade. Esses resultados estão em pesquisa realizada pelo Datafolha durante a manhã e tarde de hoje, 3 de junho, dia em que parte do sistema de trens da capital não funcionou devido à paralisação dos funcionários. As entrevistas foram feitas em todas as regiões da cidade, com 815 entrevistados que representam a população da cidade de São Paulo.

Os protestos contra o reajuste da tarifa de ônibus que vêm ocorrendo na cidade de São Paulo chegaram ao conhecimento de 94% dos moradores da cidade com 16 anos ou mais. De forma geral, há 56% que declaram estar bem informados sobre o assunto, 33% que dizem estar mais ou menos informados e 5% que estão mal informados.

O levantamento mostra que 55% dos paulistanos são a favor de que haja protestos contra o reajuste da tarifa de ônibus, e 41%, são contra. Além disso, há 3% que dizem ser indiferentes, e 1% que não soube responder. O apoio é maior entre os mais jovens, e cai na medida em que avança a idade dos entrevistados. Na parcela dos que possuem curso superior, 69% apoiam os protestos.

Apesar do apoio, os paulistanos veem violência em excesso na ação dos manifestantes: para 78%, os autores dos protestos foram mais violentos do que deveriam, enquanto 15% consideram que foram violentos na medida certa e, 4%, que foram menos violentos do que deveriam. Uma parcela de 4% não soube responder. Entre os mais jovens, a parcela dos que avaliam ter havido mais violência do que deveria por parte dos manifestantes fica abaixo da média, e cresce entre as faixas etárias mais altas.

Essa condenação do uso de violência por parte dos manifestantes não vale para a repressão policial, considerada mais violenta do que deveria por 40% (metade dos que têm a mesma opinião sobre os manifestantes). Para 47%, os policiais usaram violência na medida certa, 8% acreditam que eles foram menos violentos do que deveriam, e 4% não souberam responder.

Outra discordância da população em relação aos manifestantes é a política de tarifa zero reivindicada por estes últimos. Para questionar os paulistanos a respeito, o Datafolha incluiu a posição defendida pelo Movimento Passe Livre, de zerar a tarifa do transporte público, e o argumento da Prefeitura de São Paulo, que informou recentemente que seriam necessários R$ 6 bilhões para zerar a cobrança pelo transporte público no sistema municipal, e que nas atuais condições isso só seria possível retirando verba de obras e serviços da cidade.

Confrontadas as duas posições, 76% disseram concordar que é preferível manter o investimento em obras e serviços, enquanto 14% disseram preferir que a Prefeitura de São Paulo cubra o custo total do transporte, mesmo que isso signifique tirar dinheiro de outras áreas. Outras respostas somaram 2%, e 8% não souberam responder. Entre os jovens de 16 a 24 anos, 28% prefeririam ver o custo total do transporte coberto pela prefeitura, índice que cai para 5% entre aqueles com 60 anos ou mais.