Cresce apoio a protestos contra a tarifa de ônibus entre paulistanos

DE SÃO PAULO

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O apoio aos protestos contra o reajuste da tarifa de ônibus na capital paulista ganho apoio da população desde a semana passada: na última quinta feira, 13 de junho, 55% dos paulistanos apoiavam os protestos, índice que subiu para 77% em pesquisa realizada hoje, 18 de junho.

O levantamento da semana passada foi realizado antes do protesto que terminou com acusações de uso de violência por parte da Polícia Militar contra manifestantes e jornalistas. O de hoje acontece um dia após nova manifestação, que dessa vez ocorreu sem confrontos entre policiais e manifestantes. Outros 18% indicaram, ontem, ser contra os protestos, ante 41% na semana passada. A fatia dos que indiferentes oscilou de 3% para 5% nesse período.

As entrevistas foram feitas em todas as regiões da cidade, com 805 entrevistados que representam a população da cidade de São Paulo. A margem de erro é de 4 pontos para mais ou para menos.

Espontaneamente, sem alternativas predefinidas, 67% dos paulistanos disseram que o motivo que levou cerca de 65 mil pessoas a protestarem em São Paulo, ontem, foi o aumento no preço das passagens do transporte municipal. Para 38%, as pessoas foram às ruas protestar contra corrupção. Para 35%, o protesto foi contra os políticos.

Aparecem ainda como motivos a reivindicação de mais qualidade no transporte (27%), mais segurança (20%), contra a violência ou repressão da polícia (18%), pela tarifa zero ou passe livre (14%), pela saúde (7%), contra gastos com Copa das Confederações ou Copa do Mundo (5%), pela educação (5%), pelo salário mínimo ou salário (1%) e para fazer bagunça ou baderna, entre outros motivos menos citados. Como cada pessoa pode mencionar mais de um motivo, a soma das respostas é maior do que 100%.

Ontem, durante protesto que teve início no Largo da Batata, na zona oeste da cidade, os manifestantes também foram questionados sobre quais os motivos que os levaram até o local. O protesto contra o aumento da passagem foi citado por 57%, seguido respostas contra corrupção (40%), contra a violência e repressão da polícia (31%), por um transporte público de melhor qualidade (27%) e contra os políticos (24%), entre outras.

Protestos trazem mais benefícios do que prejuízos

Uma parcela de 51% dos paulistanos entende que os protestos contra o reajuste da tarifa de ônibus trazem mais benefícios do que prejuízos para eles próprios, enquanto outros 39% dizem avaliam que os protestos trazem mais prejuízos do que benefícios pessoalmente. Outros 10% não responderam. Entre os homens, o índice dos que veem mais benefícios fica em 58%, ante 46% entre as mulheres. Na fatia dos que estudaram até o ensino superior, 64% veem mais benefícios que prejuízos para si nos protestos.

Quando são avaliados benefícios e prejuízos para os paulistanos, de maneira geral, 50% dizem que os protestos trazem mais benefícios do que prejuízos, e 46% avaliam que traz mais prejuízos do que benefícios. Nesse caso, 4% não souberam responder. Os mais escolarizados, nesse caso, também tem uma avaliação acima da média de que os protestos trazem mais benefícios do que prejuízos para os paulistanos, de modo geral.

O Datafolha também consultou a população da cidade sobre a ocupação da Avenida Paulista por manifestantes, e dois em cada três (65%) disseram que a via deve servir como palco para manifestações. Uma fatia de 32% avalia que a Avenida Paulista não deve ser rota dos manifestantes, e 3% não souberam responder. Entre os mais jovens, fica acima da média (84%) o apoio à ocupação da Paulista.

Alguns cenários sobre o reajuste da tarifa foram analisados pelos paulistanos, que são contrários a trocar investimentos por uma tarifa mais baixa e também não aceitaram pagar um IPTU menor por isso. De forma geral, essas propostas encontram um respaldo acima da média somente entre a população mais jovem da capital paulista.

Quando consultados se a Prefeitura de São Paulo deveria abrir mão de R$ 6 bilhões em obras e serviços em outras áreas para poder zerar a tarifa do ônibus, como defende o Movimento Passe Livre e argumenta financeiramente a Prefeitura de São Paulo, 66% fazem a opção pelas obras e investimentos. Uma fatia de 19% acredita que a Prefeitura de São Paulo deveria parar obras e serviços e cobrir o custo total do transporte. Uma fatia de 7% não soube responder, e 7% deram outras respostas.

Questionados se seriam a favor ou contra um aumento do IPTU para baixar a tarifa do ônibus, 81% dos paulistanos declararam ser contrários, 15%, a favor, e 4% não souberam responder.

Atuação de políticos frente aos protestos é reprovada

Para 83%, o prefeito Fernando Haddad (PT) deveria voltar com a tarifa de R$ 3,00, atendendo às reivindicações dos manifestantes, e não manter a tarifa de R$ 3,20, mesmo que isso desequilibrasse as contas da prefeitura. Para 17%, deveria ocorrer o contrário, e Haddad deveria manter a tarifa mais alta, não atendendo aos manifestantes.

A avaliação de como Haddad e o governador Geraldo Alckmin (PSDB) atuaram frente aos protestos na cidade de São Paulo mostra desaprovação. No caso do petista, 55% consideram sua avaliação frente aos protestos ruim ou péssima, 27%, regular, e 12%, ótima ou boa. Em relação ao governador, 51% avaliam sua atuação frente aos protestos na capital paulista como ruim ou péssima, enquanto 29% dizem que é regular, e 16%, ótima ou boa.

A atuação da presidente Dilma Rousseff frente aos protestos ocorridos no Brasil também foi avaliada, e 49% consideraram ruim ou péssima. Outros 29% disseram que a atuação da petista foi regular, e 16%, ótima ou boa.

Quando questionados se haveria algum partido político por trás dos protestos contra a tarifa de ônibus ocorridos na capital paulista, 52% responderam que não. Entres os que citaram algum partido político, 11% citaram PT, que foi seguido por PCO (7%), PSDB (7%), PSTU (6%) e PMDB (3%), entre outros partidos citados.

Manifestações atraem mais interesse do que futebol

Uma consulta sobre qual assunto de maior interesse no momento - manifestações ou Copa das Confederações -, 70% disseram estar mais interessados nas manifestações, e 18%, no torneio esportivo. Uma fatia de 6% declarou não ter interesse nos temas, e 6% não souberam responder.

Entre os mais jovens, 81% dizem ter mais interesse nas manifestações. Na fatia dos que possuem curso superior, esse índice é ainda mais alto (87%). No grupo dos que possuem ensino fundamental ocorre o oposto, e um índice acima da média (29%) diz ter mais interesse pela Copa das Confederações do que pelas manifestações.