Dirigentes das micro e pequenas indústrias de SP estão pessmistas

DE SÃO PAULO

Baixe esta pesquisa

A situação das micro e pequenas indústrias do Estado de São Paulo segue estável, sem previsão de melhora nos próximos meses. A preocupação com os rumos da economia do país, no entanto, aumentou, com mais dirigentes do setor prevendo inflação em alta e poder de compra dos salários em baixa.

A quarta etapa do Indicador de Atividade das Micro e Pequenas Indústrias do Estado de São Paulo, encomendado pelo Simpi-SP (Sindicato das Micro e Pequenas Indústrias do Estado de São Paulo) foi realizada entre os dias 11 a 27 de junho, com 300 micro e pequenas indústrias paulistas. Como parte das questões aos dirigentes de indústrias se referia ao mês anterior ou posterior da data da pesquisa, as respostas destas irão indicar resultados para maio e julho.

Foram consideradas micro indústrias aquelas que empregam até 9 funcionários, e pequenas, as que empregam de 10 a 50 trabalhadores registrados. A margem de erro para o total da amostra, ou seja, para o conjunto de entrevistados, é de 6 pontos para mais ou para menos.

Conjuntura econômica

O pessimismo dos dirigentes de micro e pequenas indústrias do Estado de São Paulo com a situação econômica nacional cresceu em junho na comparação com os meses anteriores. No levantamento atual, 44% indicam que a situação econômica do Brasil é ruim ou péssima (no mês anterior, 25% compartilhavam da mesma opinião) 40% veem a situação como regular (eram 50%), e outros 16%, como ótima ou boa (eram 23%).

Quando o assunto é a economia estadual, 34% dizem que a situação é ruim ou péssima (eram 15%). Há ainda 35% que analisam a situação como regular (eram 46%), e 30% que a veem como ótima ou boa (eram 38%).

Apesar da piora da conjuntura nacional e estadual, a avaliação feita pelos dirigentes sobre o próprio setor se manteve estável: 31% avaliam a situação como ruim ou péssima (eram 28%), 36% dizem que a situação é regular (eram 39%), e 33%, que é ótima ou boa (eram 32%).

Uma avaliação sobre as expectativas dos empresários mostra que, em relação à economia brasileira, o cenário é de mais pessimismo: 32% preveem que a situação irá piorar nos próximos três meses (21% que irá piorar um pouco, e 11%, que irá piorar muito). Na tomada de resultados realizada em abril, 15% previam uma piora da economia brasileira. Os que preveem que a situação do Brasil irá ficar como está somam 47% na pesquisa atual (na anterior, 56%), e há 20% que esperam por um cenário melhor nos próximos meses (eram 26% no mês anterior).

A avaliação da maioria sobre o futuro da economia do Estado de São Paulo e do próprio setor é de que nada irá mudar: 63% acreditam que a situação ficará como está em nível estadual, e 51% dizem o mesmo sobre o setor.

Para os próximos meses, a maioria dos dirigentes das micro e pequenas indústrias de São Paulo prevê que a inflação irá aumentar, que o desemprego ficará no nível atual e que o poder de compra dos salários irá diminuir.

A previsão dos empresários é mais pessimista do que a dos brasileiros, que, segundo pesquisa Datafolha realizada na última semana de junho, também esperam por mais inflação, com taxa de desemprego em alta e poder de compra dos salários em queda.

Em relação à inflação, subiu de 50% para 69% a fatia dos dirigentes do setor que preveem que a inflação irá aumentar, índice similar ao verificado em abril. Para 27%, a inflação ficará como está, e 4% acreditam que irá diminuir.

Um em cada três (32%) também preveem que o desemprego irá aumentar nos próximos três meses (no levantamento anterior, 27% tinha essa expectativa), enquanto 14% acreditam que irá diminuir, e a maioria (51%) prevê que ficará como está.

O poder de compra continuará no nível atual para 45% dos empresários. Outros 40% acreditam que irá diminuir (no mês anterior, 27% previam diminuição), e 12%, que vai aumentar (antes, 20%).

A avaliação dos governos da presidente Dilma Rousseff (PT) e do governador Geraldo Alckmin (PSDB) feita pelos empresários do setor também está alinhada à percepção da população do Brasil e do Estado de São Paulo, com reprovação em alta para ambos.

Entre os micro e pequenos industriais, 43% consideram o governo Dilma ruim ou péssimo (na pesquisa do mês anterior, 19% tinham essa avaliação), 32% o consideram regular, e 25%, ótimo ou bom.

Em relação a Alckmin, 24% avaliam seu governo como ruim ou péssimo (na pesquisa anterior, 13%), enquanto 44% o consideram regular, e 32%, ótimo ou bom.

Satisfação com desempenho da empresa

A situação das micro e pequenas empresas em junho segue em linha com os meses anteriores. De forma geral, 40% delas têm uma situação ótima ou boa, e 23% enfrentam uma situação ruim ou péssima. Para 37%, a situação é regular.

Em relação a julho, o cenário também é de estabilidade, com 53% delas prevendo que a situação ficará como está (no mês anterior, 49% previam o mesmo). A fatia dos que esperam por uma melhora é de 36%.

Faturamento e margem de lucro foram considerados positivos por 34% e 36%, respectivamente, dos dirigentes das empresas do setor em junho. Esses resultados mostram que o faturamento vem se recuperando após ter sido positivo para 21% em abril e para 31% em maio.

Com a margem de lucro acontece o mesmo: após ter sido considerada ótima ou boa por 19% em abril, passou para 22% em maio e agora alcança 36%.

Entre as empresas que utilizam máquinas e equipamentos para produção, 7% fizeram investimentos na produção em junho, Na tomada de resultados anterior, 13% haviam investido nesse tipo de bem de capital.

A fatia de micro e pequenas indústrias que pretendem investir em máquinas e equipamentos dobrou em relação ao mês anterior, de 12% para 23%, puxado pelo crescimento da disposição de investir das micro indústrias (de 8% para 25%). Há ainda 13% que pretendem fazer investimento em reforma ou ampliação do espaço físico onde funcionam.

O nível de contratação se manteve em patamar baixo: 8% das empresas disseram, em junho, ter feito aberto vagas de emprego no mês anterior. Uma fatia similar (10%) fechou vagas. Em relação a contratações futuras, 20% dos dirigentes do setor preveem abertura de novas vagas (no mês anterior, 14%), enquanto 3% preveem fechar vagas.

A satisfação com a mão de obra se mantém em nível alto: 52% dizem estar muito satisfeitos com mão de obra de que dispõem, e outros 23% estão um pouco satisfeitos. A taxa dos que estão um pouco insatisfeitos fica em 10%, e outros 14% estão muito insatisfeitos.

Avaliação do ambiente de negócios

Entre maio e junho, cresceu a taxa dos que dispõem de capital de giro no volume exato do que precisam (de 27% para 43%), e oscilou par abaixo (de 34% para 27%) a fatia dos que indicam que o capital de giro disponível é pouco, trazendo muitas dificuldades. Também recuou a taxa dos que dizem que o capital de giro é mais do que suficiente (de 11% para 3%), com destaque para as pequenas indústrias, onde essa disponibilidade caiu de 17% para 9%.

O nível de inadimplência continua a preocupar os dirigentes das micro e pequenas indústrias de São Paulo: 57% dizem que esse aspecto do negócio é preocupante, índice similar ao verificado no mês anterior (61%). Além disso, 57% dizem que a inadimplência ficará com está, enquanto 23% acreditam que irá aumentar, e outros 5%, que irá diminuir.