Micro e pequena indústria paulista dá sinais de confiança em agosto

DE SÃO PAULO

A situação das micro e pequenas indústrias de São Paulo apresentou sinais de reação em agosto, com uma fatia maior de empresários do setor indicando satisfação com seu negócio e prevendo melhora para os próximos meses.

Além disso, melhorou a avaliação sobre a situação econômica do seu setor e do país, assim como o diagnóstico que fazem sobre fatores econômicos (conjuntura do setor e do país, desemprego, poder de compra etc) nos próximos meses.

Os dados que apontam para esse cenário de estagnação no setor estão na sexta etapa do Indicador de Atividade das Micro e Pequenas Indústrias de São Paulo, encomendado pelo Simpi-SP (Sindicato das Micro e Pequenas Indústrias do Estado de São Paulo) foi realizada entre os dias 12 a 26 de agosto, com 313 micro e pequenas indústrias paulistas.

Como parte das questões aos dirigentes de indústrias se referia ao mês anterior ou posterior da data da pesquisa, as respostas destas irão indicar resultados para junho e agosto.

Foram consideradas micro indústrias aquelas que empregam até 9 funcionários, e pequenas, as que empregam de 10 a 50 trabalhadores registrados. A margem de erro para o total da amostra, ou seja, para o conjunto de entrevistados, é de 6 pontos para mais ou para menos.

Satisfação com o desempenho da empresa

De forma geral, a situação das micro e pequenas indústrias paulistas melhorou em agosto na comparação com o mês anterior, passando de 38% para 48% a parcela de dirigentes do setor que avaliaram a situação de seu negócio como ótima ou boa nesse período.

A fatia de empresas com situação regular passou de 42% para 37%, e 15% estavam em situação ruim ou péssima em agosto, ante 21% no mês anterior. Esse cenário positivo foi puxado pelas micro indústrias: em julho, 34% estavam em situação ótima ou boa, índice que foi a 47% no levantamento mais recente.

A satisfação dos empresários alimenta uma tendência otimista para o futuro. Para o próximo mês, ou seja, setembro, 54% esperam por melhora na situação geral do negócio (22% acreditam que melhorará muito, e 32%, que melhorará um pouco).

Na rodada anterior da pesquisa, essa perspectiva positiva era compartilhada por 37% (14% avaliavam que melhoraria muito, e 23%, um pouco).

Faturamento e margem de lucro tiveram oscilação positiva em agosto na comparação com julho e foram considerados positivos por 32%. No mês anterior, 27% haviam considerado o faturamento positivo, enquanto 30% indicavam o mesmo sobre o lucro.

No mesmo período, oscilou de 43% para 39% o índice de empresas com faturamento regular, e de 40% para 38% a fatia de empresas com margem de lucro regular.

A avaliação negativa do faturamento seguiu tendência similar e passou de 31% para 26%. Em relação ao lucro, a fatia dos que o consideraram ruim ou péssimo oscilou de 30% para 29%.

Em relação ao próximo mês, a expectativa para faturar fica abaixo do patamar registrado na pesquisa anterior: a maioria (65%) acredita que o faturamento irá manter seu nível atual (no mês anterior, 58% previam o mesmo).

Esperam crescimento no faturamento 26% dos micro e pequenos empresários da indústria (em julho, 30% tinham a mesma expectativa sobre agosto), e outros 13% esperam queda (em julho, 12%).

A expectativa com a margem de lucro é mais otimista do que com o faturamento: 27% esperam crescimento no próximo mês, ante 20% em julho. No mesmo período passou de 65% para 62% a fatia dos que esperam lucro estável, e de 13% para 10% o índice dos que esperam por queda nesse item.

O investimento em bens de capital subiu em agosto, mas ainda é realidade para a minoria das micro e pequenas indústrias paulistas. Tendo como referência julho, 18% dos dirigentes do setor indicaram ter investido em máquinas e equipamentos, ante 11% na pesquisa anterior.

Na comparação com setembro, a perspectiva é de estabilidade: 19% sinalizaram em agosto estar dispostos a investir em bens de capital no mês seguinte, ante 18% na pesquisa realizada em julho.

Uma fatia de 12% das micro e pequenas indústrias de São Paulo abriu novas vagas de trabalho no mês anterior ao atual levantamento - em julho, 9% abriram vagas no mês anterior. Uma fatia similar (13%, mesmo índice da rodada anterior) fechou vagas.

Em relação a contratações futuras, subiu de 10% para 16% a fatia de dirigentes do setor que preveem abertura de novas vagas, enquanto 3% preveem fechamento de vagas (no mês anterior, 4%).

A satisfação com a mão de obra se mantém em patamar alto: 48% dizem estar muito satisfeitos com mão de obra de que dispõem, e outros 30% estão um pouco satisfeitos. A taxa dos que estão um pouco insatisfeitos fica em 9%, e outros 9% estão muito insatisfeitos.

Avaliação do ambiente de negócios

Entre julho e agosto, ficou estável a fatia dos que indicam que o capital de giro disponível é muito pouco, trazendo muitas dificuldades (26%), assim como a de empresas com capital de giro no volume exato que precisam (37% em agosto, ante 27% no mês anterior), de empresas com capital giro que não é suficiente, às vezes há falta desse recurso (28% em agosto, 27% em julho) e de empresas com capital de giro mais do que suficiente (9% em agosto, 8% em julho) para suas atividades.

Na parcela das pequenas empresas, recuou de 21% para 15% a fatia das que tem muito pouco capital de giro disponível, o que causa muitas dificuldades, e subiu de 21% para 35% a fatia das que não tem capital de giro suficiente, e esse recurso às vezes falta.

Quando precisam de crédito, 39% das empresas do setor recorrem a linhas voltadas para pessoas jurídicas, 13%, a empréstimos pessoais no banco, 11%, ao cheque especial, 6%, a amigos ou parentes e 4%, a empresas ou pessoas que fornecem empréstimos, entre outras fontes.

A fatia de empresas com dívidas se manteve no mesmo patamar oscilou de 40% para 43% entre julho e agosto. Entre as endividadas, 16% têm nível moderado de endividamento, 12%, nível alto, e 15%, nível baixo.

A fatia que pretende fazer novos empréstimos continua sendo minoria: 11%, ante 5% no levantamento anterior.

O nível de inadimplência continua a preocupar a maioria dos dirigentes das micro e pequenas indústrias do Estado de São Paulo: 57% dizem que esse aspecto do negócio é preocupante, índice similar ao verificado no mês anterior (55%). Além disso, 70% dizem que a inadimplência ficará com está, enquanto 17% acreditam que irá aumentar, e outros 9%, que irá diminuir.

O aumento de custos afetou 36% das empresas do setor em agosto, com destaque para insumos e matérias-primas, que impactou 26% delas. Em relação ao futuro, 39% esperam novos aumentos significativos nos custos de produção (na pesquisa anterior, 30%), com destaque novamente para matéria-prima e insumos (25%, ante 18% em junho).

A concorrência com produtos importados continua desfavorável para as micro e pequenas indústrias, indicam 78% dos que concorrem com esse tipo de produto (na rodada anterior, 75% tinham a mesma opinião). Para 9%, a competição acontece em igualdade para ambos os lados, e 11% indicam que a concorrência é favorável para seus produtos, e desfavorável para os itens que vêm do exterior.

A fatia de empresas que não consegue atender a todos os pedidos dos clientes subiu de 13% para 19% entre julho e agosto. Entre os que conseguem atender os pedidos dos clientes, 31% conseguem atender com grande folga (em junho eram 48%), e metade (50%) está perto do limite da capacidade de produção (alta em relação a julho, quando 39% estavam na mesma situação).

Conjuntura econômica

O otimismo dos dirigentes de micro e pequenas indústrias do Estado de São Paulo com a situação econômica cresceu em agosto de na comparação com o mês anterior. No levantamento atual, 20% indicam que a situação econômica do Brasil é ótima ou boa (no mês anterior, 13% faziam a mesma avaliação), 44% veem a situação como regular (eram 40%), e outros 35%, ruim ou péssima (eram 48%).

Em relação à economia estadual, 26% dizem que a situação é ótima ou boa, ante 13% no levantamento anterior. Há ainda 45% que analisam a situação da economia paulista como regular (eram 39%), e 28% que a veem como ruim ou péssima (eram 41%).

A avaliação sobre o próprio setor também está mais otimista: subiu de 29% para 37%, entre julho e agosto, a fatia de dirigentes de micro e pequenas indústrias que avaliam a conjuntura do seu setor como ótimo ou bom. A fatia dos que avaliam a situação como ruim ou péssima passou de 32% para 27% no mesmo período, enquanto a avaliação regular passou de 39% para 36%.

Também cresceu a expectativa positiva para os próximos meses. Para 48%, o setor de atuação irá melhorar (na pesquisa anterior, 30% tinham a mesma opinião), enquanto 37% acreditam que irá ficar como está (no mês passado, 54%), e 14%, que irá piorar (antes, 15%).

Em relação à economia brasileira, 28% acreditam que a situação irá melhorar nos próximos três meses (na pesquisa anterior, 23%). Para 52%, a economia nacional irá ficar como está (em julho, 44% tinham a mesma opinião), e 21% avaliam que irá piorar (na pesquisa anterior, 31%).

A avaliação o futuro da economia do Estado de São Paulo mostra que 30% esperam por uma situação melhor nos próximos meses (na pesquisa anterior, 21% tinham a mesma opinião), enquanto 57% veem um cenário estável (em julho, 52%), e 13% avaliam que a conjuntura estadual irá piorar (antes, 22%).

Expectativas econômicas sobre inflação, emprego e poder de compra também estão em alta na visão dos dirigentes das micro e pequenas indústrias de São Paulo.

Após chegar a 69% em junho, a taxa dos que esperam por aumento da inflação recuou para 60% em junho e em agosto continuou sua trajetória de queda, chegando a 54%. A fatia dos que esperam por uma inflação menor passou de 5% para 11% entre julho e agosto, e o índice dos que esperam por inflação estável se manteve em 33% nesse período.

A previsão sobre o nível de desemprego mostra que, entre julho e agosto, caiu de 39% para 29% a parcela dos que preveem aumento desse indicador. Para 20%, o desemprego irá diminuir (em julho, 15% tinham a mesma expectativa), e 50% acreditam que a taxa de desemprego atual irá se manter (na pesquisa anterior, 39% compartilhavam dessa avaliação).

Em relação ao poder de compra, cresceu de 15% para 28% a fatia dos que acreditam que haverá crescimento nos próximos meses. Em tendência contrária, houve recuo dos que esperam queda (de 43% para 35%) e o dos que esperam estabilidade (de 40% para 36%).

A avaliação do governo da presidente Dilma Rousseff (PT) feita pelos empresários do setor reverteu sua tendência de queda em agosto, mas continua com índice de desaprovação maior do que seu índice de aprovação. Para 23%, a gestão da petista é considerada ótima ou boa (em julho, 12%), enquanto 35% consideram-na ruim ou péssima (em julho, 42%), e 41%, regular (em julho, 37%).

Esse avanço na avaliação da presidente segue tendência similar à verificada entre os brasileiros. Pesquisa Datafolha realizada no início de agosto apontou que, após sucessivas quedas, a aprovação ao governo da petista cresceu (de 30% no final de junho para 36% na primeira semana de agosto), e o índice de desaprovação recuou (de 25% para 21% no mesmo período).

Em relação ao governador Geraldo Alckmin (PSDB), 19% avaliam seu governo como ruim ou péssimo (na pesquisa anterior, 20%), enquanto 55% o consideram regular (ante 55% em julho), e 26%, ótimo ou bom (ante 27% na pesquisa anterior).

Relação empresários/governo

Pela primeira vez desde que o Indicador de Atividade das Micro e Pequenas Indústrias de São Paulo passou a ser realizado, em março deste ano, os dirigentes do setor foram questionados sobre sugestões que dariam ao governo para melhoras as condições de seu negócios. As respostas sobre o tema foram espontâneas, ou seja, não havia alternativas predefinidas como em outras questões aplicadas no mesmo levantamento.

Sugestões relacionadas a impostos e tributos foram mencionadas por 47%, índice mais alto entre os assuntos apontados. Nesse grupo de respostas se destacam as relacionadas a diminuir impostos, tributos, encargos fiscais, sociais e ICMS, com 34% das citações.

É válido ressaltar que o problema com impostos - e o número de sugestões relacionadas ao tema, por consequência - atinge tanto as micro (47% das sugestões relacionadas) quanto as pequenas indústrias (51%).

Em seguida aparecem as sugestões sobre créditos e empréstimos, mencionadas por 25%. Destaca-se nesse grupo de respostas àquelas relacionadas à facilidade para obter empréstimos e mais linhas de crédito para micros e pequenas empresas, com 14% das citações.

Sugestões relacionadas com o tema importação somaram 11%, no mesmo de patamar daquelas relacionadas à mão de obra (ter mais mão de obra especializada, oferecer cursos de capacitação etc), que somaram 10%.

As indicações relacionadas a investimentos atingiram 5% (aumentar investimentos em obras públicas, por exemplo), no mesmo patamar de inflação (estabilizar a inflação) e corrupção (não ter desvio de verba, roubo etc). Uma fatia de 6% não soube responder.