Pesquisa Datafolha revela que 53% dos paulistanos já sofreram algum tipo de assédio sexual, e essa taxa de vítimas é ainda mais alto entre as mulheres (63%).
Os paulistanos compreendem assédio sexual de diferentes formas. A definição mais comum para assédio sexual, espontaneamente declarada na pesquisa, foi abuso físico ou verbal, com 57% das menções.
Menos citadas, 'maneira como os homens tratam as mulheres' e 'desrespeito' tiveram, respectivamente, 16% de menções, entre outras com menos de 3% de menções. Há ainda 6% que não souberam definir assédio sexual.
Esses e outros resultados fazem parte da pesquisa Datafolha realizada junto a 798 moradores da cidade de São Paulo, com 16 anos ou mais, no dia 07 de abril de 2014. A margem de erro máxima é de 4 pontos percentuais, para mais ou para menos, para o total da amostra.
A pesquisa mostra que os tipos de assédio sexual, físico ou verbal, variam conforme o local onde a vítima sofreu o assédio. Dos espaços físicos citados pelas vítimas, o transporte público lidera com 35% de menções, sendo o assédio físico o mais frequente (26%, assédio verbal chega a 6%) nesse espaço.
Entre as mulheres, 49% declararam ter sofrido assédio sexual no transporte público (ante 18% entre os homens), destes, 38% foram vítimas de assédio físico.
A rua é citada por 30% (entre as mulheres chega a 36% e entre os homens 22%), sendo o assédio verbal o mais comum nesse lugar (22%, ante 4% do assédio físico); o bar ou a balada, é citado por 23%, sendo o assédio verbal o mais comum (11%); o local de trabalho é citado por 20%, sendo o assédio verbal o mais frequente (13%); a escola ou faculdade, por 12%, sendo o verbal o mais frequente (8%); e em casa por 5%, sendo o físico o mais comum (3%).
De maneira geral, a maioria dos paulistanos discorda de frases que justificam a violência explícita contra a mulher e quer punições aos assediadores. Em outras situações, o paulistano observa o assédio por parte do homem em transportes públicos e tem opinião dividida quanto à natureza do comportamento masculino.
As perguntas sobre esse tema reproduziram as aplicadas pelo IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), em pesquisa publicada há três semanas.
Nove de dez entrevistados (90%) discordam totalmente ou em parte da frase "mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser estupradas" e 87%, discordam da frase "mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas".
Taxas nesse patamar também são observadas entre os paulistanos que concordam, em alguma medida, com as frases "homens que filmam ou fotografam mulheres com celulares sem que elas percebam devem ser presos" (88%) e "homens que apalpam e 'encoxam' nos transportes públicos devem ser presos" (90%).
Com índices próximos de concordância se observam as frases "homens se aproveitam de ambientes com muita gente, como ônibus, trens e metrô, para 'encoxar' as mulheres" (86% concordam; entre as mulheres, 91%) e "mulheres que usam roupas curtas e provocantes correm o risco de serem assediadas" (85% concordam).
Sete de dez (70%) discordam da afirmação "homens só assediam mulheres vestidas com roupas vulgares e provocantes". Entre as mulheres (74%) esse índice é mais alto do que entre os homens (65%).
No entanto, em outras situações, a opinião dos paulistanos fica dividida: 63% concordam totalmente ou em parte com a frase "homens assediam mulheres nas ruas, no trabalho, em casa, nos trens, nos ônibus porque elas não reagem" (contra 35% que discordam); 50% concordam totalmente ou em parte com a afirmação "mulheres casadas devem evitar roupas provocantes para não atiçar outros homens" (contra 47% que discordam); e 47%, com "é normal homens assediarem mulheres que usam decote ou minissaia, faz parte da natureza masculina" (contra 50% que discordam).
Declararam que já foram aconselhadas por familiares, amigos ou parceiros a trocar de roupa por ela ser considerada provocante, 37% das paulistanas - entre as mulheres mais jovens essa taxa sobe para 61%.
As mulheres que passaram por essa situação e seguiram o conselho de trocar de roupa chega a 71%.
A ideia de vagões de trens ou metrô exclusivos para mulheres nos horários de pico agrada a maioria dos paulistanos. Sete a cada dez (73%) são favoráveis à ideia, outros 23% são contra, e 3%, indiferentes..