Pessimismo com a situação econômica do país fica estável entre abril e maio

DE SÃO PAULO

BAIXE OS DADOS DESTA PESQUISA

Pesquisa Datafolha mostra que o pessimismo do brasileiro com a situação econômica do país se manteve estável na comparação com o levantamento do mês passado. A parcela dos brasileiros que esperam a piora da situação econômica nos próximos meses oscilou de 29%, em abril, para 28% - a segunda taxa mais alta já registrada no governo da presidente Dilma Rousseff (PT).

A taxa dos otimistas, que acreditam que a situação econômica do país irá melhorar nos próximos meses, oscilou de 27% para 26% - o índice mais baixo observado ao longo do governo Dilma Rousseff. O mesmo ocorreu com a taxa dos brasileiros que acreditam que a situação ficará como está, de 39% para 41%.

Nesse levantamento, realizado entre 07 e 08 de maio de 2014, foram entrevistadas 2.844 pessoas com 16 anos ou mais em 174 municípios do país. A margem de erro máxima do levantamento é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos, para o total da amostra.

O pessimismo em relação à situação econômica do país é mais alto entre os moradores da região Sudeste (32%), entre os que têm renda familiar mensal de 5 a 10 salários mínimos (35%) e entre os que avaliam como ruim ou péssimo o Governo Federal (48%). Já o otimismo com a situação econômica do país é maior entre os mais pobres (30%), entre os menos escolarizados (30%), entre os mais jovens (32%), na região Nordeste (35%) e entre os que avaliam como ótimo bom o governo federal (39%).

Quanto à expectativa da situação econômica pessoal para os próximos meses, o otimismo segue diminuindo desde o início do ano. A parcela de otimistas caiu de 49%, em fevereiro, para 46%, em abril, e agora, alcançou 43% - índice próximo ao mais baixo obtido no fim de junho de 2013 (44%) quando começaram as manifestações nas ruas. A parcela dos pessimistas permaneceu estável em 12%, e a fatia dos que acreditam que a situação econômica pessoal ficará igual foi de 39% para 41%.

Taxas de otimismo mais altas com a situação econômica pessoal são encontradas entre os mais jovens (50%), entre os moradores das regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste (respectivamente, 57%, 53% e 51%), entre os simpatizantes do PT (55%) e entre os que avaliam positivamente o governo Dilma Rousseff (56%). Por outro lado, taxas de pessimismo mais altas são encontradas entre os que avaliam negativamente o governo Dilma (21%).

A pesquisa mostra que a expectativa de aumento da inflação, para os próximos meses, pela primeira vez no ano diminuiu. O aumento dos preços era esperado por 59% em fevereiro, subiu para 65% em abril, e agora, caiu sete pontos, alcançando 58% - o índice mais baixo no ano. No período, a taxa dos que esperam que a inflação ficará igual foi de 22% para 29%, enquanto a taxa dos que esperam a queda da inflação oscilou positivamente, de 6% para 8%.

Os índices com relação ao desemprego e ao poder de compra dos salários para os próximos meses também se mantiveram estáveis na comparação com abril. A taxa dos brasileiros que esperam aumento do desemprego oscilou negativamente três pontos, foi de 45% para 42%. Já, a taxa dos que acreditam que o desemprego ficará como está, oscilou de 30% para 33%, e a taxa dos que creem que o desemprego irá diminuir ficou em 20%.

Acreditam que o desemprego irá aumentar, principalmente, os que têm 45 a 59 anos (49%), os que avaliam negativamente o governo federal (56%). Em oposição, taxas mais altas dos que acreditam que o desemprego irá diminuir são entre os que têm o PT como partido de preferência (28%) e entre os que avaliam positivamente o governo federal (26%).

Com relação à expectativa do poder de compra dos salários para os próximos meses, 34% esperam por uma queda (era 35% em abril) - o segundo índice mais alto desde o início do governo Dilma -, 28% esperam por um aumento do poder de compra (era 27% em abril) e 32% não esperam por mudanças (mesmo índice anterior).

A expectativa da diminuição do poder de compra é mais alta entre os que têm 45 a 59 anos (43%), entre os que têm renda familiar mensal de mais de cinco a dez salários mínimos (47%), entre os moradores das Regiões Sul e Sudeste (respectivamente, 45% e 39%), entre os mais escolarizados (46%), entre os que têm o PSDB como partido de preferência (47%) e entre os que avaliam negativamente o governo federal (53%).

Situação econômica do país influencia muito a decisão do voto de 49% dos brasileiros

Na hora de decidir o voto para Presidente da República, a metade dos brasileiros (49%) declarou ter muita influência a situação econômica do país. Para 28%, a situação econômica exerce um pouco de influência na escolha do candidato, e para 18%, não exerce nenhuma influência - principalmente, entre os mais velhos (23%) e entre os menos escolarizados (22%).

Em pesquisa Datafolha anterior, de julho de 2002, os índices eram próximos. Para 43% a situação econômica do país influenciava muito a decisão do voto, para 29%, tinha pouca influência, para 22%, nenhuma influência e 6% não souberam responder na época.

Na análise das variáveis sócio demográficas, observa-se que a situação econômica tem mais influência na decisão do voto, sobretudo, entre os mais escolarizados do que entre os menos escolarizados (67% ante 41%); entre os mais ricos do que entre os mais pobres (70% ante 41%); entre moradores de municípios com mais de 500 mil habitantes (54%), entre os que avaliam negativamente o Governo Federal (58%); e entre os moradores da região Centro-Oeste (60%).

Comparado essa influência entre os principais candidatos à presidência da República, observa-se que a situação econômica exerce muita influência, principalmente, entre os eleitores de Aécio Neves (61%) do que entre os eleitores de Dilma Rousseff (45%) e de Eduardo Campos (54%).

Quando perguntados se o agravamento da situação econômica até a eleição poderia mudar o voto, 57%% dos entrevistados declararam que há essa possibilidade. Desses, 23% responderam serem grandes as chances de mudança, 21% médias e 13%, pequenas. Para 37%, a piora do cenário econômico até o dia das eleições não mudariam o seu voto (entre os mais velhos e entre os homens o índice sobe para, respectivamente, 46% e 42%) e 6% não souberam responder.

Em julho de 2002 a tendência era inversa. Para 60%, o agravamento da situação econômica do país até o dia da eleição não mudaria o voto dos entrevistados, para 33%, poderia levar a mudança - desses, 10% declararam ser grande a chance de mudança, 16% média e 8% pequena. Não souberam responder na época, 7%.

A taxa dos que não mudariam de voto, mesmo com a piora da situação econômica do país é mais alta entre os eleitores do ex-senador de Minas Gerais (44%) do que entre os eleitores da presidenta (34%) e entre os eleitores do ex-governador de Pernambuco (40%) - entre os que pretendem anular ou votar em branco o índice alcança 50%.