A realização da Copa do Mundo no Brasil coloca em lados opostos fatias iguais da população de São Paulo. Entre os paulistanos com 16 anos ou mais, 45% são a favor da realização do evento, e 43% são contra. Há ainda 10% que são indiferentes, e 2% que não opinaram sobre o assunto. O maior nível de apoio ao torneio acontece entre os paulistanos de 35 a 44 anos (57% a favor) e entre os simpatizantes do PT (56%). Já o menor se dá entre aqueles com 60 anos ou mais (36% a favor) e entre os que não torcem por nenhum time (28% a favor, e 54%, contra).
Quando o assunto são as condições do Brasil para sediar a Copa, essa polarização dá lugar á opinião majoritária, de três em cada quatro paulistanos (76%), de que o país não está preparado para receber o torneio de futebol. Entre os 22% que veem o Brasil preparado, 9% avaliam que o país está totalmente preparado, e 13%, que está parcialmente preparado. Entre os que são a favor da Copa, 56% analisam que o país está despreparado para o evento, e 42%, que está preparado. Na fatia dos que se posicionam contra o evento, 97% acreditam que o Brasil está despreparado para recebê-lo.
Essa avaliação também vale para a cidade de São Paulo: 75% de seus moradores acreditam que a capital paulista não está preparada para a Copa, ante 24% que a avaliam como preparada (10% totalmente, e 14%, em parte).
À rejeição expressiva e descrédito da maioria em relação ao preparo do país para a Copa se soma a avaliação da maior parte dos paulistanos de que o evento será prejudicial para si e para a população em geral. Para 59%, a Copa trará mais prejuízos do que benefícios para si, enquanto 24% avaliam que trará mais benefícios do que prejuízos. Uma fatia de 16% não opinou sobre o assunto. Uma fatia ainda maior (de 66%) avalia que a Copa trará mais prejuízos do que benefícios para os brasileiros de maneira geral. Outros 28% acreditam no contrário, que o evento trará mais benefícios para a população. Neste caso, a taxa dos que não souberam opinar cai para 5%. Entre os paulistanos com renda mensal familiar intermediária (de 5 a 10 salários mínimos), a fatia dos que veem mais prejuízos do que benefícios na Copa fica abaixo da média (47%). Na parcela dos que são a favor do evento, esse índice cai para 39%, e sobe para 42% a taxa dos que enxergam mais benefícios para si. Ainda entre os favoráveis a Copa, 46% avaliam que o torneio traz mais prejuízos do que benefícios para os brasileiros, e outros 46%, que traz mais benefícios.
O Datafolha também avaliou a opinião dos paulistanos sobre duas entidades ligadas diretamente á organização da Copa no Brasil, Fifa e CBF, e os resultados mostram uma opinião dividida sobre elas. Informados previamente de que a Fifa é a entidade internacional responsável pela organização das Copas do Mundo, além de outros torneios esportivos, 27% dos moradores da capital avaliaram que a atuação dela na organização do torneio no Brasil é ótima ou boa, 32% avaliaram que é regular, e 34%, que é ruim ou péssima. Uma parcela de 6% preferiu não opinar. Na parcela da população com nível superior de escolaridade, o índice dos que analisam a atuação da Fifa como ruim ou péssima fica acima da média (42%), e é ainda mais alto entres aqueles que são contra a Copa (53%).
A avaliação da CBF traz números semelhantes: a atuação da entidade na organização do futebol brasileiro é vista por 26% como ótima ou boa, por 31% como regular, e por 36%, como ruim ou péssima. Não opinaram sobre a atuação da CBF 7%. Entre os que possuem ensino superior, a atuação da CBF é vista como ruim ou péssima por 51%, e entre os que são contra a Copa, 49% têm a mesma opinião.
Nove em cada dez paulistanos (90%) acreditam que existe corrupção nas obras da Copa no Brasil, e apenas 6% avaliam que não existe corrupção, índice similar ao dos que preferem não emitir opinião sobre o assunto (4%). Esse índice se mantém elevado mesmo entre aqueles que são a favor da realização da Copa (86%).
Pela primeira vez desde junho, maioria vê mais prejuízos do que benefícios em protestos
A aprovação aos protestos que vem ocorrendo desde junho do ano passado na cidade de São Paulo é a menor desde que o Datafolha começou a consultar a opinião dos moradores sobre o assunto. Pesquisa realizada nos dias 27 e 28 de junho de 2013 apontava apoio de 89% aos protestos que ocorriam nas ruas da cidade, inicialmente contra o aumento da tarifa de ônibus, e depois abrangendo outras pautas. À época, 8% eram contrários às manifestações. Em 11 de setembro, o apoio a elas caiu para 74%, e a rejeição subiu para 21%. Atualmente, 52% aprovam os protestos que vem acontecendo nas ruas da cidade, e uma fatia similar de 44% é contra. Há ainda 3% que são indiferentes, e 1% que não soube responder.
É válido ressaltar que os resultados desta pesquisa foram coletados no mesmo dia (20 de maio) em que motoristas de ônibus da capital paulista paralisaram suas atividades e que professores da rede municipal de ensino também ocuparam vias públicas da cidade para protestar.
A rejeição em alta aos protestos coincide com uma maior percepção, pelos paulistanos, de que eles trazem mais prejuízos do que benéficos para si e para a população da cidade. Em 18 de junho do ano passado, 51% dos moradores adultos da cidade avaliavam que esses protestos eram mais benéficos do que prejudiciais, e 50% tinham a mesma opinião em relação a benefícios e prejuízos para os paulistanos de modo geral. Em 21 de junho, o índice dos que viam mais benefícios do que prejuízos pessoais subiu para 65%, e 61% tinham a mesma opinião a respeito do impacto na população da cidade. Em 11 de setembro, a avaliação de que havia mais benefícios do que prejuízos para si (52%) e para os paulistanos (50%) recuou para os níveis verificados em 18 de junho. Na pesquisa atual, porém, apenas 22% acreditam que os protestos trazem mais benefícios para si, e 25% pensam o mesmo quanto aos benefícios para a população. A maioria, desta vez, avalia que os protestos causam mais prejuízos do que benefícios tanto para si (69%) quanto para os paulistanos de maneira geral (73%). Uma fatia de 9% não opinou sobre o assunto quando ele diz respeito a benefícios e prejuízos pessoais, e 3% fizeram o mesmo a respeito da população.
Na parcela dos mais jovens, o índice dos que veem mais prejuízos do que benefícios para si nos protestos fica abaixo da média (55%), e vai a 75% entre aqueles que tem entre 35 e 44 anos ou entre 45 e 59 anos. Na fatia dos que possuem ensino fundamental, a percepção de mais prejuízos também abrange 75%, e cai para 62% entre os mais escolarizados.
Também é majoritária (63%) a fatia dos paulistanos contrários à realização de protestos durante a Copa. Uma parcela de 32% é a favor de que isso ocorra, e 3% são indiferentes. Entre os mais jovens, a fatia dos que apoiam protestos (46%) e dos que não apoiam (50%) é igual. Na fatia dos que possuem ensino superior, também fica acima da média a taxa de apoio aos protestos durante o torneio (42%), enquanto entre os que estudaram até o ensino fundamental fica acima da média a desaprovação (74%) a esses atos. Mesmo entre aqueles que são contra a Copa, 48% desaprovam protestos durante o evento.
Uma das razões para essa rejeição a protestos durante a Copa pode estar ligada à avaliação, compartilhada por 83%, de que eles irão prejudicar a imagem do Brasil no exterior. Uma fatia de 16% discorda e acredita que a realização de protestos não irá prejudicar a imagem do país no exterior, e 1% não respondeu. O índice dos que veem prejuízos à imagem do Brasil no exterior é o mesmo (83%) entre os que são contra e entre os que são a favor da realização do torneio no Brasil.
Para 76%, no entanto, daqui para frente o número de protestos contra a Copa irá aumentar. Há ainda 14% que acreditam que os protestos ficarão como estão, e 7% que acreditam que o número deles irá diminuir. Uma fatia de 3% não opinou sobre o assunto.
De forma geral, 10% dos paulistanos declaram ter ido à rua protestar desde junho do ano passado (20% entre os mais jovens), índice próximo ao dos que pretendem participar de protestos na cidade daqui até a Copa (11% de forma geral, e 19% entre os mais jovens).