O problema da falta de chuvas, que tem feito baixar o volume do reservatório de água usado para abastecer a população da cidade de São Paulo, é conhecido por toda a população adulta da cidade de São Paulo. A maioria (71%) está bem informada sobre o assunto, 25% estão mais ou menos informados, e 4% estão mal informados. Na comparação com pesquisa realizada em agosto deste ano, cresceu de 60% para 71% o índice dos bem informados sobre o tema.
De forma geral, os moradores da capital paulista atribuem muita responsabilidade sobre o problema tanto à população quanto ao poder público, passando pelas grandes empresas. O governo do Estado de São Paulo, porém, tem a maior taxa entre todos os segmentos consultados: 66% dizem que o Executivo estadual tem muita responsabilidade sobre o risco de faltar água em São Paulo, 23% acreditam que tem um pouco de responsabilidade, e somente 10%, que não tem responsabilidade. Há ainda 1% que não opinou a respeito.
A Sabesp, empresa responsável pelo abastecimento de água em São Paulo, sob controle do governo estadual, tem muita responsabilidade na opinião de 60%. Para 25%, a empresa tem um pouco de responsabilidade, 13% avaliam que não tem responsabilidade, e 2% não opinaram. Na fatia dos mais escolarizados, 79% atribuem muita responsabilidade ao governo estadual pelo risco de faltar água, e 69% têm a mesma opinião a respeito da Sabesp.
Para 59%, a população tem muita responsabilidade sobre o problema de água em São Paulo, e 30% avaliam que têm um pouco de responsabilidade. A fatia dos que eximem a população de culpa é de 10%. As grandes empresas, segundo 52%, também têm muita responsabilidade, e 30% avaliam que tem um pouco de responsabilidade. Uma fatia de 14%, no entanto, avalia que elas não têm responsabilidade, e 4% não opinaram.
O Governo Federal, na opinião de 53%, tem muita responsabilidade sobre o risco de faltar água em São Paulo. Para 29%, tem um pouco de responsabilidade, e 15% livram o Executivo nacional de qualquer responsabilidade sobre o assunto. Há ainda 3% que não opinaram. Os índices de responsabilidade do Governo Federal ficam próximos aos atribuídos à Prefeitura de São Paulo: para 53%, o a prefeitura tem muita responsabilidade sobre o risco de faltar água na cidade, outros 29% avaliam que ela tem um pouco de responsabilidade, 16% acreditam que não tenha responsabilidade, e 2% não opinaram.
Três em cada quatro paulistanos (77%) acredita que o governo do Estado de São Paulo tem fornecido somente as informações que interessam ao próprio governo quando o tema é a falta de água em São Paulo. Esse índice é superior ao registrado em agosto (71%). No mesmo período, passou de 23% para 20% a taxa dos que avaliam que o governo tem fornecido todas as informações de que dispõe, e 3% que não têm opinião sobre o assunto. Entre aqueles que ficaram mais de 10 dias sem água nos últimos 30 dias, sobe para 86% a taxa dos que avaliam que o governo só divulga as informações de interesse próprio.
A taxa de aprovação (19%) à maneira como o governador Geraldo Alckmin (PSDB) vem lidando com os problemas gerados pelo baixo volume de água em alguns reservatórios e represas do Estado de São Paulo é bem menor do que à reprovação (43%) ao seu desempenho. Para 36%, a maneira como Alckmin vem lidando com o problema é regular. Na comparação com levantamento realizado em agosto, aumentou a reprovação à conduta do tucano (de 38% para os atuais 43%) e oscilou a aprovação (era de 21%).
A avaliação do desempenho de Alckmin na crise da água varia conforme a proximidade com o problema: entre os que não foram atingidos por corte no abastecimento nos últimos 30 dias, 35% desaprovam a maneira como ele lida com o tema, 24% aprovam. Entre aqueles que ficaram sem água por menos de 10 dias, 44% o aprovam, e 17% o reprovam. Na fatia dos atingidos por mais de 10 dias, 52% reprovam a conduta de Alckmin, e apenas 12% aprovam.
Cresce o índice dos atingidos por falta de água
O risco de ficar sem água assusta ampla maioria dos paulistanos: para 88%, a cidade corre grande risco de ficar por longos períodos sem água nos próximos meses, e 6% avaliam que corre um pequeno risco. Para 4%, não há risco de isso acontecer, e 1% não opinou sobre o assunto.
Essa previsão encontra justificativa nos problemas de abastecimento ocorridos recentemente. De acordo com 60% dos moradores da cidade, houve interrupção do fornecimento de água em suas casas nos últimos 30 dias, e 37% não foram atingidos pelo problema. A falta de água na cidade vem se agravando: no início de junho, 35% relatavam ter faltado água nos 30 dias anteriores; em agosto, o índice passou para 46%; e agora chega aos 60% indicados. Entre aqueles que moram em casa, a taxa dos que ficaram sem água alguma vez sobe para 67%, e cai para 26% entre os moradores de apartamentos.
Nos últimos quatro meses, a taxa de frequência das interrupções no abastecimento também aumentou significativamente: em junho, 16% haviam sofrido com problemas de falta de água em casa por cinco dias ou mais; na pesquisa de julho, o índice subiu para 28%; no levantamento atual, 38% indicam ter ficado sem água por mais de cinco dias.
Entre os mais pobres, com renda familiar mensal de até 5 salários mínimos, 41% tiveram interrupção do fornecimento de água em casa por cinco dias ou mais durante os últimos dias. Na fatia de renda intermediária, com rende de 5 a 10 salários, o índice cai para 36%, e fica em 20% entre os mais ricos, com renda familiar superior a 10 mínimos.
A falta de água tem acontecido, principalmente, no período noturno. Segundo 56% dos paulistanos, na última vez em que o fornecimento foi interrompido isso aconteceu durante a noite, e 40% indicam que ocorreu durante o dia. Há ainda 4% que também foram atingidos pelo problema mas não souberam determinar o período em que ele ocorreu.
A maioria (74%) dos atingidos por cortes de água nos últimos 30 dias indicam também que, na última vez em que o problema aconteceu, a interrupção durou mais do que seis horas, e os demais 26% relatam que durou menos de seis horas.
Além da situação na própria casa, os moradores também foram consultados sobre problemas na residência de pessoas próximas, e a maioria (73%) afirmou ter parentes e amigos que sofreram com problemas de água nos últimos 30 dias.
Três em cada quatro moradores da capital paulista (75%) avaliam que os problemas de falta de água na cidade poderiam ter sido evitados por alguma medida adotada pelo governo, e 23% acreditam que não poderiam ter sido evitados, já que foram causados pela falta de chuvas. Uma parcela de 2% não opinou sobre o assunto. Entre os menos escolarizados, fica acima da média o índice dos que avaliam que não havia como evitar esses problemas (35%), enquanto entre os mais escolarizados fica abaixo da média (13%).
Em caso de piora na situação da falta de água em São Paulo, 91% acreditam que os paulistanos de forma geral serão muito prejudicados, 9%, que serão um pouco prejudicados. Em relação a si e à família, 78% avaliam que serão muito prejudicados, 18%, que serão um pouco prejudicados, e 3%, que não serão prejudicados.
Há diferença significativa em relação a problemas causados pela falta de água em bairros ricos e bairros pobres. Para 95%, a população dos bairros mais pobres será muito prejudicada caso piore a situação de falta de água em São Paulo, 3% acreditam que será um pouco prejudicada, e 1%, que não será prejudicada. Em relação aos que vivem nos bairros mais ricos, 26% avaliam que eles serão muito prejudicados, índice próximo ao dos que avaliam que não serão prejudicados (27%). Há ainda 45% que apontam que a população dos bairros mais ricos será um pouco prejudicada.
Fechar torneiras e banho mais rápido são medidas mais adotadas para economizar água
Entre as medidas mais adotadas pelos paulistanos nos últimos meses para economizar água estão fechar as torneiras para lavar louça (98% adotaram) ou para escovar dentes (97%) e tomar banho mais rápido (95%).
Deixaram de lavar calçadas e quintal 86%, e a reutilização de água foi adotada por 80%, com mais frequência entre aqueles que moram em casa (83%) do que entre aqueles que moram em apartamento (65%).
Outro hábito deixado de lado foi lavar o carro: 60% adotaram essa medida nos últimos meses. Os demais ou não deixaram de lavar ou não possuem ou utilizam carros (31%). Uma parcela também significativa (de 46%) deixou de usar a máquina de lavar roupa, enquanto 49% não deixaram, e 4% não possuem esse tipo de equipamento. Entre os que moram em casas, 49% deixaram de usar máquinas de lavar roupa, ante 33% entre moradores de apartamento.
Apenas 2% dos moradores declaram ter utilizado, pessoalmente ou por meio do condomínio, o serviço de carro-pipa nos últimos 30 dias para conseguir água. A pergunta foi estendida a pessoas próximas que moram em São Paulo, e neste caso 9% indicam ter amigos ou parentes que utilizaram serviço de carro pipa nos últimos 30 dias para obter água.
A conta de água de 37% dos paulistanos diminuiu nos últimos meses, a de 18% aumento, e a de 39% ficou igual. Os demais 7% não souberam responder sobre a conta de água da residência. Questionados sobre o bônus oferecido pela Sabesp pela economia de água, 43% afirmam ter conseguido atingir a meta de redução de consumo no último mês e receberam o bônus, e 36% não atingiram. Há ainda 21% que não souberam responder, índice que sobe para 45% entre os moradores da cidade que moram em apartamentos.
Na opinião de 38%, o desconto oferecido pela Sabesp é muito eficiente para reduzir o consumo de água, e 43% avaliam que é um pouco eficiente. Os que acreditam que é nada eficiente são 16%, e 3% não opinaram. Entre aqueles que ficaram mais de 10 dias sem água nos últimos 30 dias, fica acima da média o índice dos que consideram o desconto nada eficiente (23%). Na parcela dos que avaliam como ruim ou péssima a maneira como Geraldo Alckmin vem lidando com a crise da água em São Paulo, um índice abaixo da média considera o bônus muito eficiente (28%).
Uma fatia de 34% dos paulistanos declara estar estocando água para se prevenir de problemas de abastecimento em casa. Entre os que ficaram sem água nos últimos 30 dias, o índice sobe para 44%. Isso também vem acontecendo com mais frequência entre os moradores de casas (37%) do que entre os que moram em apartamento (18%). O índice dos que tem guardado água em casa é maior entre os mais pobres (39%) do que entre os mais ricos (15%).
Dois em cada três (66%) paulistanos admitem, porém, que pretendem começar a estocar água daqui para frente. Na parcela dos mais pobres, 72% pretendem começar a estocar água, índice que cai para 59% entre aqueles com renda intermediária, e para 39% entre os mais ricos.