A maioria dos manifestantes presentes à Avenida Paulista no domingo, 15 de março, era do sexo masculino (63%), e 38% eram do sexo feminino. Uma parcela de 14% tinha até 25 anos, 28%, de 26 a 35 anos, 37%, de 36 a 50 anos, e 21%, 51 anos ou mais. A idade média era de 40 anos. Uma parcela de 76% tinha ensino superior, e os demais haviam estudado até o ensino médio (21%) ou fundamental (2%). Uma fatia de 85% fazia parte da PEA (População Economicamente Ativa), com destaque para assalariados registrados (37%), autônomos regulares (11%), profissionais liberais (7%), empresários (14%). A segmentação por renda mostra que 14% tinham renda mensal de até 3 salários mínimos, 15%, de 3 a 5 salários mínimo, 27%, de 5 a 10 salários mínimos, 22%, de 10 a 20 salários mínimos, e 19%, mais de 20 salários. Uma fatia de 4% não informou sua renda mensal familiar.
Sete em cada dez (69%) se declararam de cor branca, e os demais se dividiram entre pardos (20%), preta (5%), amarela (3%) e indígena (1%). Os moradores das regiões sul (28%) e oeste (23%) eram os mais numerosos, e em seguida aparecem leste (14%), centro (13%), norte (9%) e outras cidades (13%).
A parcela dos que já haviam participado de outras manifestações neste ano é de 26%. Neste grupo, a média foi de participação em 3,6 protestos neste ano.
O PSDB é o partido preferido dos manifestantes (37%), e 51% não têm partido preferido. Ampla maioria (94%), porém, não tem filiação partidária, e entre os filiados se destacou somente o PSDB (3%). A fatia dos que disseram não ter ligação com nenhum dos grupos que organizaram os protestos é de 91%. Entre os que declararam ter ligação, 3% disseram fazer parte do Vem pra Rua, 2%, do Revoltados, e 1%, do MBL, entre outros menos citados.
A maioria absoluta (96%) dos presentes na Paulista no domingo avalia o governo da presidente Dilma Rousseff (PT) como ruim ou péssimo, e 3%, como regular. Há ainda 1% que não opinou. No 2% turno da última eleição presidencial, 82% votaram em Aécio Neves (PSDB), 6% não votaram, 8% votaram em branco ou nulo, e 3% votaram na petista Dilma Rousseff, que acabou reeleita.
Espontaneamente, ou seja, sem alternativas previamente informadas aos respondentes, 47% declararam estar na manifestação para protestar contra a corrupção. Um em cada quatro (27%) teve como motivação o impeachment/saída da presidente Dilma Rousseff, e 20% declararam estar protestando contra o PT, de forma geral. A fatia dos que disseram estar na Paulista para protestar contra todos os políticos soma 15%, e 6% foram pedir mais segurança.
A avaliação do trabalho dos deputados e Senadores do Congresso Nacional também é negativa: 77% atribuem a eles desempenho ruim ou péssimo, 19%, regular, e 3%, ótimo ou bom.
Avaliação de instituições
As redes sociais via internet são o meio ou categoria de maior prestígio entre os manifestantes: 83% avaliam que elas têm muito prestígio, 14%, que têm pouco prestígio, e 3%, que têm nenhum prestígio. A imprensa vem a seguir: 61% a consideram com muito prestígio, 30%, com pouco prestígio, e 8%, com nenhum prestígio. Para 33%, a Igreja Católica tem muito prestígio, enquanto 49% avaliam que têm pouco prestígio, e 17%, que têm nenhum prestígio. As Forças Armadas têm prestígio similar (32% consideram que têm muito prestígio, 49%, que têm pouco de prestígio, e 16%, que têm nenhum prestígio).
Em seguida aparece o Poder Judiciário, considerado por 22% com muito prestígio junto à sociedade, por 55%, com pouco prestígio, e por 22%, com nenhum prestígio. Em outro patamar aparecem a Igreja Universal do Reino de Deus (12% a avaliam com muito prestígio, 33%, com pouco prestígio, e 51%, com nenhum prestígio), os sindicatos dos trabalhadores (12% de muito prestígio, 39%, de pouco prestígio, e 48%, nenhum prestígio), os partidos políticos (10% de muito prestígio, 39%, de pouco prestígio, e 50%, de nenhum prestígio), e o Congresso Nacional (9% de muito prestígio, 50%, de pouco prestígio, e 41%, de nenhum prestígio).
A Presidência da República e ministérios possuem o menor grau de prestígio: 7% avaliam que têm muito prestígio, 25%, pouco prestígio, e 68%, nenhum prestígio.
Sobre as mesmas categorias, o Datafolha também mediu o poder ou capacidade de influência no Brasil atualmente, e as redes sociais foram apontadas como as mais influentes pelos manifestantes. Segundo 89% deles, as redes sociais têm muita influência, 9% acreditam que pouca influência, e 1%, nenhuma influência. A imprensa vem a seguir: para 77%, ela têm muita influência, 21% dizem que têm pouca influência, e 3%, que têm nenhuma influência. Os partidos políticos têm muita influência para 39%, pouca influência para 39%, e nenhuma para 21%.
Em seguida aparecem a Presidência da República e ministérios (35% de muita influência, 31% de pouca influência, e 34% de nenhuma influência), o Poder Judiciário (29% de muita influência, 54% de pouca influência, e 16% de nenhuma influência), o Congresso Nacional (29% de muita influência, 49% de pouca influência, e 22% de nenhuma influência), a Igreja Católica (27% de muita influência, 57% de pouca influência, e 15% de nenhuma influência), os sindicatos de trabalhadores (26% de muita influência, 47% de pouca influência, e 26% de nenhuma influência), a Igreja Universal do Reino de Deus (26% de muita influência, 40% de pouca influência, e 30% de nenhuma influência).
Petrobras e corrupção
Em uma escala de 0 a 10 em que zero significa nada importante e 10, muito importante, a Petrobras teve nota média 8,5 em importância para o Brasil. A maioria (57%) atribuiu nota 10 em importância à estatal. Uma parcela de 99% dos presentes ao protesto acreditam que a corrupção descoberta na Petrobras irá prejudica-la, sendo que a maioria (75%) avalia que a corrupção irá prejudicar a estatal por muito tempo e coloca seu futuro em risco. Há ainda os que acreditam que irá prejudicar por muito tempo mas não coloca seu futuro em risco (19%), e aqueles que acreditam que irá prejudicar por pouco tempo e não colocar o futuro da empresa em risco (5%).
Para 90%, a presidente Dilma Rousseff sabia da corrupção na Petrobras e deixou que ela ocorresse, e 9% avaliam que a petista sabia mas não poderia fazer nada para evitá-la.
Democracia e posicionamento político
A maioria (85%) dos manifestantes acredita que a democracia é sempre a melhor forma de governo. Para 10%, em certas circunstâncias é melhor uma ditadura do que um regime democrático, e 3% consideram que tanto faz se é uma democracia ou uma ditadura.
Também foi consultada a posição política dos manifestantes. Em uma escala de 1 a 7 em que 1 é o máximo à esquerda e 7, o máximo à direita, a média obtida foi de 4,6, ou seja, entre o centro e a direita. Um em cada quatro (25%) se posicionaram mais à direita (6 e 7), e 6%, nas posições mais à esquerda (1 e 2).
Os dados completos da pesquisa, com comparação de perfil com resultados da manifestação de 13 de março, também na Avenida Paulista, pode ser baixada neste link