Os 135 mil manifestantes que foram à Avenida Paulista para protestar no domingo, 16 de agosto, tinham opiniões e perfil similar aos dos que estiveram nas manifestações ocorridas em março e abril deste ano, no mesmo local. A maioria dos manifestantes era do sexo masculino (61%), e 39% eram do sexo feminino. Uma parcela de 11% tinha até 25 anos, 19%, de 26 a 35 anos, 30%, de 36 a 50 anos, e 40%, 51 anos ou mais. A idade média ficou em 45 anos.
Três em cada quatro (76%) dos que foram ao protesto tinham ensino superior, e 20%, ensino médio. Apenas 4% haviam estudado até o ensino fundamental. A maioria (84%) também fazia parte da PEA (População Economicamente Ativa), com destaque para assalariados registrados (33%), autônomos regulares (13%) e empresários (13%).
A segmentação por renda mostra que 14% tinham rendimento familiar mensal de até 3 salários mínimos, 13%, de 3 a 5 salários mínimo, 25%, de 5 a 10 salários mínimos, 25%, de 10 a 20 salários mínimos, e 17%, de 20 salários ou mais. Uma fatia de 4% não informou sua renda mensal familiar.
A maioria (75%) se declarou de cor branca, e 17%, de cor parda. Apenas 3% se declararam da cor preta, 1% afirmou ser indígena, 2% disseram ser amarelos, e 2% indicaram, espontaneamente, outras cores.
Os moradores da própria capital eram 80% dos manifestantes. Entre eles, quatro em cada dez (40%) eram moradores da zona sul, e 22%, do centro. Os demais eram das regiões oeste (17%), leste (13%) e norte (8%)..
O público reunido na avenida tem um perfil diverso dos paulistanos de forma geral. Na população da cidade de São Paulo com 16 anos ou mais, há mais mulheres do que homens (53% a 47%), a idade média é mais baixa (40,2 anos), a minoria chegou ao ensino superior (28%), a faixa de renda familiar mensal de até 5 salários mínimos abrange 69% e a cor branca não é preponderante (48%).
Cunha é aprovado por 25%, e Renan, por 2%
A reprovação ao governo Dilma Rousseff (PT) entre os manifestantes alcança 95%, e 4% avaliam a gestão da petista como regular. Apenas 1% considera o governo ótimo ou bom. Entre os brasileiros, o governo da presidente Dilma Rousseff é aprovado por 8%, considerado regular por 20%, e reprovado por 71%, segundo pesquisa realizada no início de agosto.
Dos que foram à Paulista, 77% declaram ter votado em Aécio Neves (PSDB) no 2º turno da eleição presidencial. Apenas 5% votaram em Dilma, e os demais não votaram (10%), votaram em branco ou nulo (7%) ou não responderam (1%).
Além da avaliação de Dilma Rousseff, o Datafolha também consultou os manifestantes sobre o desempenho dos presidentes da Câmara, Eduardo Cunha, e do Senado, Renan Calheiros, e do vice-presidente da República Michel Temer, todos eles do PMDB.
O melhor avaliado entre eles é Cunha, conhecido por 96% dos presentes (45% declaram conhecê-lo muito bem, 36%, um pouco, e 15%, só de ouvir falar). Para 25%, o peemedebista está fazendo um trabalho ótimo ou bom à frente da Câmara dos Deputados, e 25% avaliam seu desempenho como regular. Uma fatia de 43%, porém, considera o trabalho de Cunha ruim ou péssimo, e 7% não opinaram sobre o tema.
Na população brasileira, Cunha é conhecido por 65%, sendo que somente 5% dizem conhece-lo muito bem, segundo pesquisa realizada pelo Datafolha em julho. A taxa de aprovação do peemedebista entre os brasileiros fica em 13%, menor do que a registrada entre os manifestantes.
Calheiros é conhecido por 97% dos que foram à Paulista, considerando os que declaram conhecê-lo muito bem (61%), um pouco (26%) ou só de ouvir falar (11%). Seu desempenho à frente do Senado é avaliado como ruim ou péssimo por 79%, como regular por 15%, e como ótimo ou bom por apenas 2%. Uma parcela de 4% não opinou. Entre os brasileiros, 74% conhecem Calheiros, que tem seu trabalho aprovado por 11%.
O vice-presidente Michel Temer é conhecido por 100% dos manifestantes, sendo que 65% dizem conhecê-lo muito bem, 24%, um pouco, e 8%, só de ouvir falar. Na opinião de 68%, o desempenho de Temer no governo é visto como ruim ou péssima. Uma parcela de 22% consideram seu trabalho regular, e 6%, ótimo ou bom Há ainda 5% que não opinaram. Na população brasileira, o vice-presidente também tem taxa de conhecimento menor (72%) e aprovação mais alta (13%).
49% acreditam em afastamento da presidente
Para 82% dos que foram aos protestos, a Câmara dos Deputados deveria abrir um processo de impeachment, isto é, um processo para afastar Dilma Rousseff da Presidência da República. Uma fatia de 15% acredita que a Câmara não deveria abrir processo de impeachment contra a petista, e 2% não opinaram. Entre os brasileiros, 66% acreditam que a Câmara deveria agir para afastar Dilma da Presidência.
Questionados se acreditam que Dilma será afastada da Presidência da República, 49% dizem que sim, e 44% não creem que a petista será afastada. Há ainda 7% que não souberam opinar sobre o assunto. Entre os brasileiros, 53% avaliam que Dilma não será afastada, 38%, que será afastada, e 9% não responderam.
Quase metade (48%) dos que foram protestar menciona corretamente o nome de Michel Temer (PMDB) quando consultados sobre quem assumiria o cargo de presidente caso Dilma seja afastada. Há ainda 21% que citam o vice-presidente, sem especificar seu nome. Uma fatia de 12% não soube responder, 6% responderam que haveria novas eleições, 4% mencionaram Aécio, e 2%, Eduardo Cunha, entre outros.
Para 85% dos manifestantes, Dilma deveria renunciar ao cargo de presidente, e 14% acreditam que ela não deveria renunciar.
Caso Dilma e Temer fossem afastados e houvesse uma nova eleição presidencial, Aécio Neves seria o preferido dos manifestantes, com 67% das intenções de voto. Em seguida aparecem Marina Silva (12%), Eduardo Jorge (2%), Luciana Genro (2%), Lula (2%) e Eduardo Paes (1%). Há ainda 13% que não votariam em nenhum deles, e 1% que não opinou. Esse foi o único cenário consultado.
Em uma escala de 1 a 7, em que 1 é o máximo à esquerda e 7 o máximo à direita, 34% dos que estiveram no protesto se colocam na posição de centro (4), e 21% ficam entre o centro e a direita (5). A parcela de direita soma 26%, considerando as posições 6 (12%) e 7 (14%).
A média registrada entre os manifestantes foi 4,7, ou seja, entre o centro e a direita do espectro ideológico. A fatia dos que se posicionam mais à esquerda é de 14%, incluindo as posições 3 (8%), 2 (2%) e 1 (4%).
A maioria (93%) declarou não ser ligada a nenhum dos grupos que organizaram a manifestação. Entre aqueles ligados a algum grupo, 3% afirmaram fazer parte do Vem pra Rua, 1%, ao MBL, e 1%, ao Revoltados, entre outros menos citados.
O PSDB é citado como partido preferido por 33%, e 52% dizem não ter preferência partidária.