Avaliação de Dilma tem leve melhora

DE SÃO PAULO

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A reprovação ao governo Dilma Rousseff (PT) oscilou negativamente entre novembro e dezembro e, atualmente, 65% dos brasileiros consideram seu governo ruim ou péssimo (no mês passado, eram 67%). No mesmo período, também oscilou ligeiramente o índices de avaliação positivo (de 10% para 11%) e se manteve o de avaliação regular (em 22%) da gestão petista, além de 1% que não opinou. Com isso, a popularidade de Dilma retorna ao nível de junho deste ano, com taxas de avaliação ainda entre as piores de seu mandato e da série histórica do Instituto Datafolha, que tem início em 1987.

Dilma tem índices de reprovação acima da média entre os mais jovens (69% entre quem tem de 16 a 24 anos, e 70% na faixa de 25 a 34 anos), na parcela dos mais ricos, com renda mensal familiar superior a 10 salários (74%) e nas regiões Sudeste (71%) e Centro-Oeste (73%). Entre os mais velhos, a taxa de aprovação à petista fica acima da média (em 21%), assim como na região Nordeste (17%).

De 0 a 10, a nota média atribuída ao desemprenho de Dilma Rousseff à frente da Presidência atualmente é 3,4, ante 3,2 em novembro.

Nesse levantamento, realizado nos dias 16 e 17 de dezembro 2015, foram feitas 2.810 entrevistas em 172 municípios brasileiros. A margem de erro da pesquisa é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos considerando um nível de confiança de 95%.

A avaliação do desempenho dos deputados federais e senadores que formam o atual Congresso Nacional ficou estável entre novembro e dezembro. Uma parcela de 53% avalia o trabalho dos parlamentares ruim ou péssimo, 34% o consideram regular, e para 8% é ótimo ou bom. Há ainda 5% que não opinaram. Como verificado em novembro, o índice de reprovação de 53% é o mais alto desde 1993, no período em que denúncias de desvio de verbas envolvendo parlamentares ficou conhecido como "escândalo dos anões do Orçamento".

Com a decisão da Câmara dos Deputados de dar início a um processo para afastar Dilma Rousseff da Presidência, os brasileiros foram consultados sobre qual deveria ser a posição dos parlamentares diante do tema: se deveriam votar a favor ou contra afastar a petista. A maioria (60%) é a favor de que eles optem pelo afastamento, e 34% são contra. Há ainda 3% que são indiferentes, e 3% não souberam opinar sobre o assunto. Em pesquisas anteriores, o Datafolha também consultou a opinião dos brasileiros sobre o impeachment de Dilma, mas considerando outra questão, se "o Congresso Nacional deveria ou não abrir um processo de impeachment, isto é, um processo para afastar a presidente Dilma da Presidência". Em agosto deste ano, 66% gostariam que o Congresso abrisse um processo para afastar a petista, e no mês passado, 66%.

Na parcela da população que avaliam o governo Dilma como ruim ou péssimo, 78% querem que os deputados federais votem por seu afastamento. Na fatia dos que consideram a gestão da petista regular, esse índice cai para 36%, e fica em 12% na parcela dos que o avaliam como ótimo ou bom.

Questionados se acreditam no afastamento de Dilma da Presidência, 54% avaliam que ela não será afastada, índice próximo ao registrado me novembro (56%), e dos demais se dividem entre os que acreditam que ela será afastada (39%) e os que não têm opinião sobre o assunto (7%). Essa fatia dos que acreditam no afastamento é a maior desde que o assunto começou a ser consultado, em abril deste ano, mês em que 29% afirmavam que a petista seria afastada. Em agosto, o índice passou para 38%, e havia oscilado para 36% em novembro.

Entre os mais escolarizados, a taxa dos que acreditam que Dilma não será afastada fica acima da média, em 61%. Na parcela que estudou até o ensino médio, cai para 55%, e entre quem estudou até o ensino fundamental, fica em 49%.

Para 56%, Dilma deveria renunciar à Presidência, 41% acreditam que ela não deveria renunciar, e há 4% que não opinaram. O índice dos que querem ver a renúncia da presidente atualmente é inferior ao registrado em novembro (62%).

A situação do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB), também foi avaliada pelos brasileiros, e a maioria (82%) é a favor da cassação do peemedebista. Os demais são contra (8%), indiferentes (2%) ou não opinaram. O resultado é similar ao registrado no mês passado, quando 81% declararam ser a favor da cassação de Cunha.

Quando perguntados se Cunha, por estar sendo investigado em casos de corrupção, deveria ou não ter dado prosseguimento ao pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff, 55% responderam positivamente. Uma parcela de 36%, por outro lado, afirmou que, diante das acusações. Cunha não deveria ter dado prosseguimento ao processo de impedimento de Dilma, e 9% não opinaram sobre o assunto.

Otimismo quanto a governo Temer é de 18%

Caso Dilma seja afastada da Presidência, 27% citam espontaneamente o vice-presidente Michel Temer (PMDB) como seu sucessor no cargo, e 24% mencionam que quem assume é o vice-presidente, sem especificar um nome. Uma parcela de 36% preferiu não responder, e outros nomes citados espontaneamente foram Aécio Neves (5%), Lula (3%), Marina (1%), Tiririca (1%) e Geraldo Alckmin (1%), entre outros com menos de 1%. Consultados diretamente sobre o nome do vice-presidente da República, 47% responderam corretamente que é Michel Temer, e 52% declararam não saber.

Para 18%, se Temer assumir como presidente ele fará um governo ótimo ou bom. A maioria é menos otimista: 36% avaliam que seu eventual governo será regular, e há 32% que acreditam que será ruim ou péssimo. Há ainda uma parcela significativa, de 14%, que preferiu não opinar. Entre os mais escolarizados, 45% dizem que se assumir Temer fará uma gestão ruim ou péssima. Esse índice também fica acima da média nas camadas mais ricas da população - entre aqueles com renda mensal familiar de 5 a 10 salários, 40% preveem um governo ruim ou péssimo, e entre aqueles com renda superior a 10 salários, o índice fica em 41%.

A perspectiva de um eventual governo na comparação com a atual gestão mostra uma divisão entre os brasileiros: 30% avaliam que o peemedebista faria um governo melhor do que de Dilma Rousseff, 38%, que faria um governo igual, e 20% avaliam que seria um governo pior. Há ainda 13% que não opinaram. Entre os menos escolarizados, 30% avaliam que um governo Temer seria igual ao de Dilma; na parcela dos que estudaram até o ensino médio, esse índice sobe para 41%, e vai a 48% entre os mais escolarizados. Na parcela dos favoráveis ao afastamento de Dilma pela Câmara dos Deputados, 39% acreditam que Temer faria um governo melhor do que o atual, uma parcela similar (37%) acredita que faria um governo igual, e 12%, que faria um governo pior. Entre os contrários ao afastamento, esses índices mudam para 17%, 39% e 14%, respectivamente.

Aécio lidera contra Lula e Marina

O Datafolha estimulou quatro cenários visando a eleição presidencial, considerando diferentes postulantes no PSDB (Aécio Neves e Geraldo Alckmin) e PMDB (Michel Temer e Eduardo Paes), e Lula como nome do PT. Além do petista, fizeram parte de todos os cenários os nomes de Ciro Gomes (PDT), Jair Bolsonaro (PP), Marina Silva (Rede), Eduardo Jorge (PV) e Luciana Genro (PSol).

Quando Aécio é testado como candidato do PSDB e Paes disputa pelo PMDB, o tucano lidera com 26%, seguido por Lula (20%), Marina (19%), Ciro Gomes (6%), Jair Bolsonaro (4%), Luciana Genro (2%), Eduardo Paes (1%) e Eduardo Jorge (1%). Uma fatia de 14%, neste caso, votaria em branco ou anularia seu voto, e 5% preferiram não opinar.

O senador do PSDB alcança seus melhores índices entre os mais jovens (33%), nas regiões Centro-Oeste (33%) e Norte (38%) e entre os que são favoráveis ao impeachment de Dilma (36%). Empatado em segundo lugar com Marina Silva no plano geral, Lula lidera entre os menos escolarizados (30%, ante 24% de Aécio), na fatia dos mais velhos (27%, ante 22% de Aécio), no segmento mais pobre (27%, empatado com Aécio, que tem 25%), e na região Nordeste (33%, ante 21% de Marina e 18% de Aécio).

Chama a atenção, considerando ainda o cenário anterior, os índices registrados entre os brasileiros com nível superior e entre os mais ricos. Nessa fatia dos mais escolarizados, Aécio tem 25%, Marina, 19%, e Lula aparece com 11%, no mesmo patamar de Ciro (9%) e Bolsonaro (9%). Entre os que possuem renda mensal familiar superior a 10 salários mínimos, o tucano lidera com 30%, e em seguida aparecem Marina (18%), Ciro (12%), Lula (9%) e Bolsonaro (6%), entre outros.

No cenário em que Alckmin é candidato pelo PSDB e Paes é mantido como nome do PMDB, Marina Silva (24%) e Lula (21%) dividem a liderança, e o tucano fica em terceiro (com 14%). Em seguida aparecem Ciro Gomes (7%), Bolsonaro (5%), Luciana Genro (3%), Eduardo Paes (2%) e Eduardo Jorge (1%). Uma parcela de 17% votaria em branco ou anularia o voto, e 6% não opinaram.

Sem Aécio, Marina assume a dianteira entre os jovens (32%, ante 20% de Lula) e na região Sudeste (26%, ante 16% de Alckmin e 14% de Lula). Uma análise por renda mostra que, no segmento dos mais pobres, com renda mensal familiar de até 2 salários, a ex-senadora tem 26%, empatada com Lula, que aparece com 28%. Na faixa de renda posterior, com renda de 2 a 5 salários, Marina tem 24%, ante 17% de Lula e 14% de Alckmin. Entre os que obtêm de 5 a 10 salários, a ex-senadora e o atual governador de São Paulo empatam (23% a 21%, respectivamente), e entre os mais ricos Marina fica novamente à frente (21%, ante 16% de Alckmin, 13% de Ciro, 9% de Lula e 9% de Bolsonaro). Na divisão por escolaridade, Lula lidera entre quem estudou até o ensino fundamental (31%, ante 20% de Marina),e a ex-senadora fica à frente na parcela que estudou até o ensino médio (28%, ante 19% de Lula e 15% de Alckmin) e entre quem estudou até o ensino superior (24%, ante 13% de Alckmin, 11% de Lula, 10% de Ciro e 9% de Bolsonaro).

Além da região Sudeste, Marina também fica à frente no Centro-Oeste (23%, ante 15% de Alckmin e 12% de Lula). No Nordeste, Lula lidera com 35%, a ex-senadora aparece com 26%, e Alckmin fica com 7%, no mesmo patamar de Ciro Gomes (6%). Na região Norte, o petista tem 28%, ante 23% de Marina e 15% de Alckmin, e na região Sul há empate triplo entre Alckmin (20%), Lula (17%) e Marina (17%).

A substituição de Paes por Michel Temer tem pouco impacto nas simulações de voto: o vice-presidente oscila entre 1% e 2%, assim como seu correligionário. Com Aécio e Temer na disputa, o tucano tem 27%, e depois aparecem Lula (20%), Marina (19%), Ciro (6%), Bolsonaro (4%), Luciana Genro (2%), Temer (2%) e Eduardo Jorge (1%). Votariam em branco ou nulo, neste cenário, 14%, e 5% não opinaram. A entrada de Alckmin faz Marina (24%) liderar ao lado de Lula (22%), com o tucano aparecendo a seguir, com 14%, à frente de Ciro (7%), Bolsonaro (5%), Luciana Genro (2%), Eduardo Jorge (2%) e Temer (1%). Neste caso, 17% votariam em branco ou nulo, e 6% preferiram não opinar.

O ex-presidente Lula é o mais rejeitado entre os nomes incluídos nos cenários eleitorais para 2018. Uma parcela de 48% dos brasileiros não votariam de jeito nenhum no 1º turno da eleição presidencial. O posto de segundo mais rejeitado é dividido entre Aécio (26%) e Temer (26%), e em seguida aparecem Alckmin (21%), Marina Silva (17%), Bolsonaro (17%), Ciro (17%), Luciana Genro (14%), Paes (13%) e Eduardo Jorge (12%). Há ainda 5% que não votariam em nenhum deles, 4% que votariam em todos, e 3% que não opinaram.