Cresce percepção de que maioria dos políticos está envolvida em corrupção

DE SÃO PAULO

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Pesquisa Datafolha sobre corrupção e política mostra que a imagem dos políticos brasileiros piorou. Para dois terços dos brasileiros adultos (65%), a maioria dos políticos está envolvida em casos de corrupção, para 29%, a minoria deles está envolvida, para 3%, é raro o envolvimento, e há 3% que não responderam.

Nesse levantamento, nos dias 16 e 17 de dezembro, foram realizadas 2.810 entrevistas em 172 municípios brasileiros. A margem de erro para o total da amostra é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos.

Na comparação com a pesquisa anterior, de junho 2005, no início das denúncias do Mensalão, a percepção que a maioria dos políticos está envolvida em casos de corrupção cresceu 19 pontos (era 46%), enquanto a taxa que declararam que apenas a minoria dos políticos está envolvida recuou treze pontos (era 42%).

Na análise das variáveis sócio demográficas, observam-se diferenças no índice de brasileiros que consideram que a maioria dos políticos está envolvida em casos de corrupção. O índice é mais alto entre os mais escolarizados (70%) do que entre os menos escolarizados (60%), entre os que têm renda familiar mensal de cinco a dez salários mínimos (75%) do que entre os mais pobres (62%), entre os moradores da região Sudeste (69%) do que entre os moradores da região Norte (61%), entre os moradores de capitais (69%) do que entre os moradores do interior (63%) e entre os moradores de municípios com mais de meio milhão de habitantes (69%) do que entre os moradores de municípios com até 50 mil habitantes (62%).

No período, a parcela de brasileiros que têm a percepção de que a maioria dos políticos do PT, PMDB e do PSDB, as maiores bancadas da Câmara dos Deputados, estão envolvidos em casos de corrupção também cresceu. Esse crescimento foi maior entre os partidos da situação, PT e PMDB, do que entre o partido de oposição, PSDB.

No caso do PT, a taxa dos entrevistados que consideram que a maioria dos políticos do partido está envolvida em casos de corrupção cresceu de 27% (em 2005) para 59%, enquanto a taxa dos que acham que muitos políticos estão envolvidos, mas não a maioria, recuou de 37% para 30%, e a taxa é raro o envolvimento diminuiu de 20% para 5%. A parcela dos que não responderam recuou de 16% para 6%.

Entre os favoráveis ao impeachment de Dilma Rousseff (PT) é observada a taxa mais alta de entrevistados que declararam que a maioria dos políticos do PT está envolvida em casos de corrupção, 69%.

Quanto ao PMDB, 44% declararam que a maioria dos políticos do partido está envolvida em corrupção (era 28% em 2005), 38% declararam que a minoria está envolvida (era 37%), 7% que são raros os políticos envolvidos (era 16%) e 10% não responderam . No caso do PSDB os índices foram, respectivamente, 38% (era 27%), 40%( era 36%), 11% (era 18%) e 11% (era 20%).

De maneira geral, conforme aumenta o grau de escolaridade e a renda familiar do entrevistado cresce a percepção de que a maioria dos políticos tanto do PT quanto do PMDB, estão envolvidos em casos de corrupção. No caso do PT, observam-se diferenças significativas na imagem de seus quadros políticos entre as variáveis sócio demográficas: 64% entre os moradores da região Sudeste (ante 50% entre os moradores da região Nordeste), 64% entre os moradores de capitais (ante 57% entre os moradores do interior) e 63% entre os moradores de municípios com mais de 500 mil habitantes (ante 53% entre municípios com até 50 mil habitantes).

Para 50%, Dilma tem muita responsabilidade nos casos de corrupção em seu governo

Quando perguntados sobre em qual governo do atual período democrático houve mais casos de corrupção, 37% declararam o governo Dilma Rousseff. A seguir aparecem empatados os governos Collor (20%) e Lula (17%), seguidos pelos governos FHC (9%), Sarney (4%) e Itamar Franco (1%). Para 5%, todos esses governos foram igualmente corruptos e 8% não responderam.

Na comparação com a pesquisa anterior, de dezembro de 2014, a taxa de entrevistados que responderam o governo Dilma como o governo com mais casos de corrupção cresceu 17 pontos (era 20%). O governo Lula subiu 5 pontos (era 12%), enquanto recuaram as taxas para o governo Collor (era 29%), FHC (era 13%) e os que não responderam (era 12%). Já, as demais taxas oscilaram.

Na análise das variáveis, observa-se que o governo Dilma lidera em todas as faixas etárias, dividindo a liderança com o governo Collor apenas entre os mais velhos (24% a 22%). As menções ao governo Dilma alcançam índices mais altos entre os mais jovens (45%), entre os moradores das regiões Sul e Centro Oeste (respectivamente, 45% e 47%), entre os insatisfeitos com o governo federal (43%) e entre os que defendem o impeachment (44%) da presidente Dilma Rousseff.

O governo Lula se destaca como o governo com mais casos de corrupção entre os homens (21%), entre os que defendem o impeachment de Dilma (21%), entre os que estão insatisfeitos com o governo federal (21%), entre os moradores da região Sudeste (21%), entre os moradores de municípios com mais de 200 mil a 500 habitantes (23%), entre os mais instruídos (29%), entre os mais ricos (42%) e entre os simpatizantes do PSDB (32%).

Já, os governos Collor e FHC ficam acima da média entre os que estão satisfeitos com o governo federal e entre os que são contrários ao impeachment.

Se por um lado o governo Dilma é o governo com mais casos de corrupção, por outro, é o governo que mais investigou e puniu os casos de corrupção para a maior parcela dos brasileiros. Para seis em cada dez brasileiros adultos (60%), o governo Dilma Rousseff é o governo que mais investigou casos de corrupção. A seguir aparecem empatados os governos Collor (13%) e Lula (10%), e os governos FHC (3%), Sarney (2%) e Itamar Franco (1%). Para 1%, todos esses governos foram iguais em matéria de investigação, 1% declarou nenhum e 10% não souberam responder.

Na análise das variáveis, observa-se índices de respostas governo Dilma mais altos entre os mais instruídos (69%), entre os mais ricos (68%) e entre os moradores das regiões Sul e Centro Oeste (respectivamente, 68% e 69%). O governo Dilma lidera em todas as faixas etárias, em todos os graus de escolaridade e de renda familiar.
Na comparação com a pesquisa anterior, a taxa de entrevistados que apontaram o governo Dilma como o governo que mais investigou casos de corrupção cresceu 14 pontos (era 46%). O governo Lula recuou 6 pontos (era 16%) e as demais taxas oscilaram.

Para a maior parcela dos brasileiros adultos, o governo Dilma é o governo que mais puniu a corrupção. Cinco em cada dez entrevistados citaram o governo da petista (48%), 15% responderam o governo Collor, 7% o governo Lula, 4% o governo FHC, 2% o governo Sarney e 1% o governo Itamar Franco. Para 9%, nenhum dos governos puniu a corrupção e 15% não souberam responder.

O governo Dilma é o mais citado em todas as faixas etárias, em todos os graus de escolaridade e de renda familiar, destacando-se entre os mais instruídos (54%), entre os moradores da região Sul (57%), entre os simpatizantes do PT (57%) e entre os que são contra o impeachment da presidente (58%).

Comparativamente com a pesquisa de 2014, observa-se que a taxa de entrevistados que declararam o governo Dilma como o governo mais punitivo aos casos de corrupção cresceu 8 pontos (era 40%), enquanto recuou a taxa para o governo Lula (era 11%). As taxas dos demais governos oscilaram no período.

A maioria dos brasileiros adultos considera que há corrupção no governo Dilma Rousseff. Nove em cada dez entrevistados (92%) declararam que há, 4% que não há e 4% não responderam.

Para a metade dos entrevistados (50%), Dilma tem muita responsabilidade nesses casos de corrupção, para 30%, um pouco, para 9%, nenhuma responsabilidade e 2% não responderam. Os segmentos que mais responsabilizaram a presidente nos casos de corrupção são: os mais ricos (60%), os mais instruídos (60%), os insatisfeitos com o governo federal (62%), os que são favoráveis ao impeachment da presidente (64%) e os simpatizantes do PSDB (71%).