51% rejeitam aborto de fetos com microcefalia causada por zika

DE SÃO PAULO

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A maioria (57%) dos brasileiros está bem informada sobre o vírus da zika, e 33% estão mais ou menos informados sobre o tema. A taxa de mal informados é de 9%, e 1% prefere não opinar sobre seu conhecimento do tema.

Independente do grau de conhecimento sobre o zika, 58% dizem ter muito medo de contrair o vírus, e os demais se dividem entre aqueles que têm um pouco de medo (23%) e os que não têm medo (19%). Há maior preocupação entre as mulheres (65% delas têm muito medo do vírus) do que na parcela dos homens (51%). Entre os mais jovens, o índice dos que têm muito medo também fica abaixo da média (51%).

A análise dos estratos de escolaridade mostra que entre os menos escolarizados há uma maior preocupação em contrair o vírus zika (63% têm muito medo) do que entre os mais escolarizados (52%). O mesmo acontece no segmento mais pobre (64%) quando comparado ao mais rico (42%). No Nordeste, 70% têm muito medo de pegar o vírus da zika, situação que contrasta com o Sul, onde 44% tem a mesma preocupação.

De forma geral, a maioria dos brasileiros responsabilizam todas as esferas do governo pelos casos de zia, mas há um número maior de pessoas que vê culpa da população pela epidemia da doença.

Para 57%, o Governo Federal tem muita responsabilidade pelos casos de zika, e os demais se dividem entre os que acreditam que tenha um pouco de responsabilidade 32% e aqueles que não veem responsabilidade (10%), além dos 2% que preferem não opinar.

A atribuição à responsabilidade do governo estadual tem índices similares (56% atribuem muita responsabilidade, 32%, um pouco de responsabilidade, e 10%, nenhuma responsabilidade, com 2% sem opinião), assim como ao governo municipal (58% dizem que tem muita responsabilidade, 30%, um pouco de responsabilidade, e 9%, nenhuma responsabilidade)

No caso da responsabilidade da população brasileira, 75% acreditam que ela tem muita responsabilidade pelos casos de zika, e os demais avaliam que tenha um pouco de responsabilidade (18%), nenhuma responsabilidade (5%) ou não responderam (2%).

Somente para as mulheres, o Datafolha perguntou se haviam planejado engravidar em algum momento nos últimos meses, e 9% responderam positivamente. Diante disso, elas foram consultadas se haviam desistido ou adiado o plano de engravidar por causa do vírus zika ou haviam mantido o plano, e houve uma divisão: 4% desistiram ou adiaram a gravidez por temor ao vírus, e 4% mantiveram o plano de engravidar.

A população de forma geral também foi questionada sobre o aborto em casos de gravidez de mães que contraíram zika. Inicialmente, os entrevistados foram informados que pesquisas têm mostrado que o vírus da zika, em grávidas, pode afetar a formação do cérebro de fetos nos estágios iniciais da gravidez, e que isso levaria ao nascimento de bebês com má formação cerebral, como microcefalia.

Questionados se essas mulheres deveriam ou não ter o direito de fazer aborto, 58% disseram que elas não deveriam ter o direito de fazer aborto, e 32% avaliam que deveriam ter esse direito. Há ainda uma parcela de 10% que não opinou. Entre os homens, 36% acreditam que mulheres deveriam ter direito a abortar nestes casos; na fatia das mulheres, essa taxa cai para 29%. Entre os mais escolarizados, 48% se posicionam contra o direito das mulheres que tiveram zika abortar, índice próximo ao dos que são favoráveis (44%).

Na parcela dos menos escolarizados, esses índices são de 60% e 28%, respectivamente. Também há contraste entre a posição dos mais pobres (63% são contra o aborto em casos de zika, e 27%, a favor) e os mais riscos (38% contra, 56% a favor).

No caso de confirmação de microcefalia durante a gravidez de mulheres que tiveram zika, o aborto continua sendo rechaçado, porém em menor grau: 51% são contrários ao aborto neste caso, 39%, a favor, e 10% não opinaram. Também neste caso há uma tendência de rejeição maior ao aborto entre as mulheres, os mais pobres e os menos escolarizados, e apoio acima da média na parcela dos homens, dos mais escolarizados e dos estratos mais ricos da população.