O governo do presidente Michel Temer (PMDB) é avaliado como ruim ou péssimo por 51% dos brasileiros, índice 20 pontos superior ao registrado em julho, quando 31% tinham uma opinião negativa sobre sua gestão. A fatia dos que avaliam o governo Temer como ótimo ou bom caiu de 14% para 10% no mesmo período, e a avaliação regular passou de 42% para 34%. Há ainda 5% que não opinaram sobre o mandato do peemedebista, índice inferior ao registrado no levantamento anterior (13%).
A comparação da avaliação de Temer com período similar do governo de Itamar Franco mostra uma aprovação maior do mineiro à frente da Presidência: em maio de 1993, sete meses após assumir no lugar de Fernando Collor, a gestão de Itamar era considerada ótima ou boa por 19%, regular por 50% e ruim ou péssima por 26%, com outros 5% sem opinião sobre o assunto. Dilma Rousseff (PT), antecessora de Temer, tinha 63% de reprovação ao seu mandato antes de ser impedida de continuar no cargo, em abril deste ano.
Entre os segmentos em que a avaliação negativa de Temer mais avançou estão a parcela que tem de 35 a 44 anos (de 30% para 55%), os brasileiros com renda mensal familiar de renda média, entre 5 e 10 salários ao mês (de 26% para 56%) e os moradores das regiões Sul (de 23% para 48%) e Nordeste (de 33% para 60%).
De 0 a 10, a nota média atribuída ao desempenho de Temer até o momento é 3,6, ante 4,5 em junho.
Para 40% dos brasileiros, Temer está fazendo um governo pior do que sua antecessora, Dilma Rousseff (PT). Uma fatia de 34% considera seu governo igual ao da petista, e para 21% é melhor do que anterior. Há ainda 5% que não opinaram.
A fatia dos que avaliam que Temer faz um governo pior do que o de sua antecessora é mais alto entre as mulheres (45%) do que entre os homens (35%). Entre os mais pobres, esse índice fica em 45%, e cai conforme o avanço da renda familiar, atingindo 24% entre os mais ricos (neste segmento, 40% avaliam a gestão atual como melhor do que a anterior, ante 16% entre os mais pobres). Na região Nordeste, 57% veem o governo do peemedebista como pior do que o de Dilma, e na região Norte, 46%, enquanto no Sudeste (32%), Sul (34%) e Centro Oeste (33%) esses índices são mais baixos.
Maioria vê Temer como muito inteligente, desonesto e defensor dos mais ricos
A imagem de Temer diante da opinião pública brasileira mistura a percepção majoritária de que o presidente é muito inteligente, defende os mais ricos e é desonesto, entre outros atributos.
A avaliação de que Temer defende os mais ricos é compartilhada por 75%, ante 7% que acreditam que ele defende os mais pobres, além de 18% que não opinaram nesta questão. Para 63%, o peemedebista é muito inteligente, e os demais o consideram pouco inteligente (27%) ou não opinaram (10%). O índice dos que avaliam Temer como falso fica em 65%, e para 18% ele é sincero, com 17% sem opinião. Para 58%, o atual presidente é desonesto, e 18% o consideram honesto, além de 25% que não tem opinião sobre o assunto. Metade (50%) dos brasileiros também considera Temer autoritário, ante 34% que o consideram democrático, com os demais 16% não opinando. Por fim, no atributo que mais divide a população adulta do país, 46% veem o peemedebista como decidido, e 43%, como indeciso, e há 11% sem opinião sobre a questão.
Alguns desses atributos também foram consultados durante o governo Dilma Rousseff e permitem uma comparação com a imagem do atual presidente. Em fevereiro do ano passado, 47% consideravam a petista desonesta, e 39%, honesta. Na mesma pesquisa, 66% avaliam Dilma como muito inteligente, ante 31% que a consideravam pouco inteligente; para 54%, ela era falsa, ante 35% que a viam como sincera; e metade (50%) a avaliava como indecisa, e para 46% ela era decidida.
63% são a favor de renúncia de presidente para convoção de nova eleição
A maioria (63%) dos brasileiros gostaria que Michel Temer renunciasse a seu mandato até o final deste ano para que pudesse ser realizada uma eleição direta para a Presidência da República. São contra essa proposta 27%, e os demais são indiferentes (6%) ou não opinaram (3%). No faixa dos mais jovens, 68% defende a renúncia do atual presidente, índice que cai para 51% entre os mais velhos. No Nordeste, 69% se posicionam pela saída de Temer. Entre os mais ricos, a taxa de contrários à renuncia e nova eleição atinge 40%.
Após ceder lugar à corrupção como principal problema do país nas pesquisas realizadas pelo Datafolha sobre o tema, a saúde retomou o posto de principal preocupação dos brasileiros entre as áreas de responsabilidade do governo federal. Foi mencionada espontaneamente por 33% dos brasileiros, á frente de corrupção (16%), desemprego (16%), educação (10%), economia (6%), violência/segurança (5%), fome/miséria (2%), inflação (2%) e salário (1%), entre outras menos citadas.
Em julho deste ano, a corrupção era apontada como o principal problema do por 32%, e em março, por 37%. Nesses dois levantamentos, a saúde era citada por 17% dos brasileiros. Desde julho, também subiu o índice dos que citam a educação como principal problema (era de 6%).
Entre os mais pobres, 37% apontam a saúde como principal problema do país, e na sequência aparecem emprego (19%) e corrupção (13%). Na parcela dos mais ricos, a corrupção (30%) fica à frente da saúde (24%), e na sequência estão educação (14%) e economia (11%). No Sul, 43% apontam a saúde como principal problema, ante 28% na região Nordeste. Na parcela dos mais jovens, destaca-se a área da educação como principal problema (16%), e o mesmo ocorre entre aqueles com nível superior de ensino (16%).