50% dos eleitores avaliam que Brasil pode enfrentar nova ditadura

DE SÃO PAULO

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Pesquisa Datafolha mostra que cresceu entre os eleitores brasileiros a expectativa de haver uma nova ditadura no Brasil. O índice de eleitores que declararam haver atualmente essa possibilidade cresceu 11 pontos em comparação à pesquisa de fevereiro de 2014, o índice passou de 39% para 50%. Desses, 31% avaliam que há muita chance de uma nova ditadura no país (era 15%) e 19% (era 24%) que há um pouco de chance. Já, o índice de eleitores que declararam não haver nenhuma chance de uma nova ditadura no país recuou de 51% para 42% e 8% não opinaram (era 10%).

Na análise das variáveis sociodemográficas, observa-se que a percepção de uma nova ditadura no país é mais alta entre as mulheres (55%) do que entre os homens (45%) e aumenta conforme diminui a faixa etária (59% entre os mais jovens ante 47% entre os mais velhos), o grau de instrução (54% entre os menos instruídos ante 43% entre os mais instruídos) e a renda familiar mensal do entrevistado (57% entre os mais pobres ante 38% entre os mais ricos). Por outro lado, observa-se entre os homens (50%), entre os mais instruídos (54%) e entre os mais ricos (60%) os índices mais altos de não haver nenhuma chance de uma nova ditadura no Brasil.

Na análise por intenção de voto para presidente da República, observa-se que a percepção de uma nova ditadura é mais alta entre os eleitores de Fernando Haddad (PT) (75%). Em contrapartida, a percepção de não haver possibilidade de uma nova ditadura no país é mais alta entre os eleitores de Jair Bolsonaro (PSL) (65%).

Nesse levantamento, nos dias 17 e 18 de outubro de 2018, foram realizadas 9.137 entrevistas presenciais com eleitores, em 341 municípios de todas as regiões do país. A margem de erro máxima é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos, para o total da amostra.

Passados trinta e três anos da entrega da Presidência da República de um militar à um civil, o legado da ditadura militar no país divide os eleitores brasileiros. Em comparação à pesquisa anterior, de 2014, a taxa de eleitores que não opinaram sobre o tema recuou e as avaliações tanto positivas quanto negativas sobre o legado do regime militar cresceram.
A maioria (51%) avalia que a ditadura deixou mais realizações negativas do que positivas ao país (era 46%), para 32%, deixou mais realizações positivas do que negativas (era 22%) e uma parcela de 17% não opinou (era 32%).

A imagem negativa do legado do regime militar alcança índices acima da média entre os mais jovens (66%). Por sua vez, a imagem positiva do legado do regime militar alcança índices mais altos entre os mais instruídos (38%), entre os mais velhos (39%) e entre os mais ricos (49%).