Pauta de prioridades de Bolsonaro gera interesse em poucos brasileiros

DE SÃO PAULO

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A agenda de propostas prioritárias do presidente Jair Bolsonaro (PSL) para seu governo - e para o país - está longe de coincidir com o que pensa o brasileiro sobre temas como flexibilização da posse de armas, privatizações, licenciamento ambiental e escola sem partido, entre outros. No conjunto, a pauta do governo de Jair Bolsonaro está descolada da opinião pública, mostra análise análise de Mauro Paulino e Alessandro Janoni, diretores do Instituto Datafolha, a partir do resultado de uma série de questões apresentada aos brasileiros em pesquisa realizada em dezembro. Todos os dados que envolvem o estudo e as conclusões dessa análise estão em artigo publicado pela Folha.

Na base desssa análise estão 12 frases sobre temas polêmicos apresentados aos brasileiros, que foram estimulados a concordar ou discordar de cada uma delas. O resultado mostra que em duas frases os entrevistados ficaram divididos e nas restantes uma parcela foi majoritária. As duas frases a dividir as opiniões envolveram os direitos da mulher.

Uma parcela de 46% declarou concordar com a frase 'Mulheres estupradas que engravidem não deveriam abortar e sim receber ajuda financeira para ter o filho', desses, 34% totalmente e 12% em parte, 1% não concorda e nem discorda, 51% discordam (10% em parte e 40% totalmente) e 2% não opinaram. A taxa de concordância é mais alta entre os mais pobres (55%), entre os evangélicos pentecostais (55%), entre os mais velhos (56%), entre os menos instruídos (58%) e entre os moradores de municípios com até 50 mil habitantes (58%). Por outro lado, a taxa de discordância é mais alta entre os mais instruídos e entre os mais ricos (71%, em cada segmento).

Quanto à frase 'Mulheres ganharem menos do que os homens é um problema das empresas e não do governo', os índices são próximos: 47% concordam com ela (34% totalmente e 13% em parte), 1% não concorda e nem discorda e 50% discordam (12% em parte e 38% totalmente).

Em ambas as frases não foram observadas diferenças significativas nas taxas de concordância ou discordância pela variável de sexo.

O tema da escola sem partido foi abordado em duas frases: 'Assuntos políticos devem ser tema de aula nas escolas' e 'Educação sexual deve ser tema de aula nas escolas'. Na primeira frase, 71% declararam concordar com ela (54% totalmente e 17% em parte) e 28% discordam (8% em parte e 20% totalmente), e na segunda, 54% concordam (35% totalmente e 19% em parte) e 44% discordam (10% em parte e 35% totalmente).

Outras frases em que a taxa de concordância foi maior que a de discordância foram: 'O Brasil deve controlar mais a entrada de imigrantes', 67% concordam (42% totalmente e 24% em parte), 1% não concorda e nem discorda e 30% discordam (12% em parte e 18% totalmente); e, 'Se o Brasil se envolvesse em uma guerra, hoje, eu estaria disposto a lutar pelo país', 62% concordam (46% totalmente e 16% em parte) e 37% discordam (9% em parte e 28% totalmente).

Já as frases com índices de discordância majoritários foram: 'É preciso facilitar o acesso de pessoas às armas', com 68% (17% em parte e 51% totalmente) e 30% concordam (16% totalmente e 14% em parte); 'O Brasil deve dar preferência ao governo dos EUA em relação aos outros países', com 66% (19% em parte e 47% totalmente) e 29% concordam (15% totalmente e 14% em parte); 'O governo deve reduzir as áreas destinadas as reservas, com 60% (13% em parte e 46% totalmente) e 37% concordam (22% totalmente e 15% em parte); 'O governo deve privatizar, ou seja, vender para empresas particulares, o maior número possível de empresas estatais', com 60% (17% em parte e 44% totalmente) e 34% concordam (19% totalmente e 15% em parte); 'A política ambiental atrapalha o desenvolvimento do Brasil', com 59% (19% em parte e 40% totalmente) e 35% concordam (18% totalmente e 17% em parte); e, 'É preciso ter menos leis trabalhistas', com 57% (14% em parte e 43% totalmente) e 40% concordam (22% totalmente e 17% em parte).