Serra volta a se isolar no segundo lugar

DE SÃO PAULO

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O pré-candidato do PSDB, José Serra, ganhou quatro pontos percentuais desde 14 de maio, passando de 17% para 21% das intenções de voto, e assumiu de maneira isolada a segunda posição na disputa pela presidência, mostra pesquisa realizada pelo Datafolha nesta sexta-feira, 7 de junho de 2002. O peessedebista já ocupara o segundo lugar isoladamente em abril. Luiz Inácio Lula da Silva continua liderando a disputa: o petista perdeu três pontos percentuais em relação ao levantamento anterior, passando de 43% para 40% das intenções de voto.

Esta é a primeira pesquisa de intenção de voto para presidente realizada pelo Datafolha após a indicação da deputada federal Rita Camata (PMDB-ES) para vice do pré-candidato José Serra.

A pesquisa revela, aliás, que 36% atribuem muita importância ao nome do candidato a vice-presidente na decisão de seu voto; essa taxa sobe para 41% entre os que pretendem votar em José Serra. Atribuem um pouco de importância ao nome do vice 26%; para 31% o nome do vice não tem nenhuma importância na escolha do candidato à presidência.

A margem de erro para este levantamento é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, considerando-se o total da amostra.

O Datafolha ouviu 2793 eleitores brasileiros em 171 cidades do país, Anthony Garotinho (PSB), que oscilou de 15% para 16%, e Ciro Gomes (PPS), que passou de 14% para 11% das intenções de voto, dividem o terceiro lugar. Enéas atinge 2% das menções.

Votariam em branco ou anulariam o voto 5% dos entrevistados, mesmo percentual dos que se declaram indecisos.
Considerando-se os segmentos do eleitorado passíveis de análise a maior variação ocorreu entre aqueles de maior renda familiar mensal (acima de 10 salários mínimos). Nesse estrato Lula perdeu 15 pontos percentuais, caindo de 47% para 32% das intenções de voto. Serra, por outro lado, ganhou 10 pontos, subindo de 16% para 26%.

A pesquisa mostra que, em vários estratos do eleitorado, registram-se variações positivas para Serra em proporção similar às variações negativas de Lula.

Entre os mais pobres (com renda familiar até cinco salários mínimos mensais) Lula perdeu quatro pontos (foi de 43% para 39%), enquanto Serra ganhou cinco (passou de 17% para 22%).

Entre os eleitores com idade entre 35 a 44 anos Lula caiu de 47% para 40% e Serra passou de 17% para 24% das intenções de voto; já entre os que têm mais de 60 anos Lula passou de 41% para 36% enquanto Serra foi de 18% para 24%.

O desempenho de Lula também piorou entre os eleitores que moram nas cidades localizadas no interior: nestas localidades a taxa de intenção de voto no petista foi de 44% para 39%, enquanto a de Serra foi de 18% para 24%.

Levando-se em consideração a região do país percebe-se que Lula perdeu oito pontos percentuais nas regiões Norte e Centro-Oeste (caiu de 48% para 40%) e cinco pontos no Sudeste (passou de 39% para 34%).

Serra passou de 12% para 20% no Nordeste e de 17% para 23% nas regiões Norte e Centro-Oeste.

Entre os eleitores que consideram o desempenho do presidente Fernando Henrique Cardoso ótimo ou bom a taxa de intenção de voto em Serra aumentou nove pontos, passando de 28% para 37%. Nesse segmento Lula perdeu seis pontos, passando de 33% para 27%. Na pesquisa anterior Lula superava Serra entre os eleitores que aprovam o desempenho do presidente.

A propósito, indagados sobre quem o presidente apoia na disputa presidencial, cerca de metade (50%) dos brasileiros cita, corretamente, José Serra. Entre os que pretendem votar no ex-ministro da Saúde do governo Fernando Henrique Cardoso essa taxa é de 59%. Não sabem dizer quem é o pré-candidato apoiado pelo presidente 35%. Ciro Gomes é citado como o candidato apoiado pelo presidente por 5%, Garotinho e Lula por 4%, cada, e Enéas por 1% dos entrevistados.

A pesquisa mostra que o apoio do presidente Fernando Henrique Cardoso a um dos pré-candidatos à presidência levaria 16% dos eleitores brasileiros a votar nele. Entre os que pretendem votar em José Serra essa taxa fica 13 pontos acima da média, atingindo 29%. Para 47% dos brasileiros, no entanto, esse apoio seria indiferente. Cerca de um terço (31%) afirma que não votaria em um candidato apoiado pelo presidente.

Um segundo cenário, sem o nome do ex-governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho, também foi apresentado aos entrevistados. Nesse cenário Lula atinge 42% das intenções de voto, três pontos a menos do que atingia em 14 de maio. Nessa hipótese, Serra tem 26%, quatro pontos a mais do que o que obteve no último levantamento. Ciro Gomes oscilou dos 18% obtidos anteriormente para 16%. Enéas é citado por 2%.

O percentual de brasileiros que dizem, espontaneamente, que pretendem votar em Lula para presidente oscilou de 27% para 25%. Essa é a primeira pergunta feita ao entrevistado, antes da apresentação de cartões circulares com os nomes dos possíveis candidatos. Citam espontaneamente José Serra 8% - eram 6% em maio. As citações espontâneas a Garotinho e Ciro Gomes permanecem idênticas às verificadas na pesquisa anterior: 6% para o pré-candidato do PSB e 5% para o presidenciável do PPS. Não sabem dizer de maneira espontânea em quem gostariam de votar para presidente 48%.

A taxa de intenção de voto em Lula também caiu no que diz respeito a um possível segundo turno, mas o pré-candidato petista continua levando vantagem sobre seus prováveis adversários. Se o segundo turno fosse entre Lula e José Serra o petista teria 50% dos votos, contra 41% do peessedebista; em maio o pré-candidato do PT venceria por 54% a 36%.

Caso enfrentasse Anthony Garotinho, Lula teria 52% e o pessebista 37%; se o adversário fosse Ciro Gomes, Lula teria 52% e o pré-candidato do PPS 38%. Em abril Lula tinha 55% contra 34% de Garotinho e 54% contra 36% de Ciro.

José Serra é a segunda opção de um terço dos eleitores de Garotinho e Ciro Gomes

O Datafolha perguntou aos eleitores brasileiros em quem votariam além do pré-candidato escolhido no primeiro cenário.

Apontam José Serra como segunda opção 32% dos eleitores de Garotinho e Ciro Gomes e 25% dos que pretendem votar em Lula. Garotinho é citado como segunda opção por 27% dos eleitores de Serra, 24% dos que pretendem votar em Ciro Gomes e 20% dos que escolhem Lula como primeira opção de voto.

Ciro Gomes é a segunda alternativa para 36% dos potenciais eleitores de José Serra e para 26% dos que pretendem votar em Lula ou em Garotinho.

Têm Lula como segunda opção 24% dos eleitores de Ciro Gomes, 17% dos de Garotinho e 15% dos de José Serra.

Rejeição a Lula volta a crescer

A taxa dos eleitores brasileiros que dizem que não votariam de jeito nenhum em Lula para presidente, que havia caído, de 31% em abril para 27% em maio, voltou a crescer, atingindo o mesmo percentual de abril. A rejeição a Serra, que havia aumentado de 18% em abril para 23% em maio, oscilou para 21%.

A rejeição a Garotinho oscilou de 23% para 22% e a de Ciro Gomes, de 17% para 18%.

O candidato com maior taxa de rejeição continua sendo Enéas: 54% dos eleitores brasileiros não votariam no pré-candidato do PRONA para presidente de jeito nenhum.

Votariam em qualquer um dos pré-candidatos 4% e não votariam em nenhum deles 3%.

45% acham que Lula faria governo melhor do que o de FHC

Para 45% dos eleitores brasileiros Lula faria, se eleito, um governo melhor do que o do presidente Fernando Henrique Cardoso. Entre os que pretendem votar no petista 85% pensam assim. Acham que um eventual governo de Lula será pior do que o atual 28%, e que será igual 17% dos entrevistados.

Acham que um governo do pré-candidato governista, José Serra, será melhor do que o do presidente Fernando Henrique Cardoso 28% - dos que pretendem votar no ex-ministro 59% têm essa opinião. Para 43% um governo de Serra seria igual ao atual e para 17% seria pior.

Para 32% Garotinho faria um governo melhor do que o de Fernando Henrique Cardoso; 30% acham que Ciro Gomes seria melhor. Dizem ter grande interesse pela eleição presidencial 40% dos brasileiros; 28% dizem ter médio interesse e 7% pequeno interesse. Dizem não ter interesse 23%.

Em relação à eleição do governador 41% dizem ter grande interesse, 29% médio e 7% pequeno interesse. Não têm interesse na eleição para governador 22%.

As eleições para os demais cargos não despertam interesse em cerca de um terço dos entrevistados: o desinteresse chega a 31% no caso da eleição para o Senado, a 28% no da eleição para deputados federais e a 29% no caso dos deputados estaduais.

São Paulo, 07 de junho de 2002.