Lula se recupera e atinge 37%; Ciro oscila negativamente e tem 27%; Serra divide terceiro lugar com Garotinho

DE SÃO PAULO

Baixe esta pesquisa

Pesquisa realizada pelo Datafolha nos dias 15 e 16 de agosto mostra que o candidato do PT à presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, recuperou parte das perdas sofridas durante o mês de julho e lidera a disputa presidencial, dez pontos à frente do segundo colocado, Ciro Gomes.

José Serra (PSDB) perdeu três pontos e está empatado tecnicamente com Anthony Garotinho (PSB) no terceiro lugar.

Lula ganhou quatro pontos em relação à última pesquisa do Datafolha, quando estava cinco pontos à frente de Ciro.

O candidato petista tinha atingido 43% em 14 de maio, caiu para 40% no dia 7 de junho, oscilou para 38% em levantamento realizado nos dias 4 e 5 de julho, voltou a cair, desta vez para 33% em pesquisa realizada no dia 30 do mesmo mês, e atinge agora 37%.

Ciro tinha 11% no início de junho; passou a 18% em levantamento realizado no início de julho, e conquistou mais dez pontos, na pesquisa seguinte, em 30 de julho, atingindo 28%; tendo oscilado negativamente um ponto, atinge hoje 27%.

José Serra apresenta uma curva descendente: em junho o peessedebista tinha atingido 21% das intenções de voto e era o segundo colocado na disputa. A partir de então só apresentou variações negativas: oscilou para 20% no início de julho, caiu para 16% no fim do mês e para 13% na presente pesquisa.

Garotinho atingia 16% em junho, caiu para 13% no início de julho, oscilou para 11% no fim do mês e chega agora a 12%.

Zé Maria (PSTU) tem 1% das intenções de voto; Rui Costa Pimenta (PCO) não atinge 1% das menções.

O percentual de eleitores brasileiros que votariam em branco ou anulariam o voto é de 4%, e a taxa dos que se declaram indecisos é de 6%.

Em uma situação sem Garotinho, a pesquisa também mostra que Lula se distanciou de Ciro: o petista passou de 35% para 38% nessa hipótese, enquanto o candidato do PPS oscilou de 32% para 31%. Nesse cenário Serra oscilou de 19% para 17%.

O Datafolha ouviu 4916 eleitores em 263 cidades do país e a margem de erro máxima para este levantamento é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.

Desde a última pesquisa realizada pelo Datafolha, em 30 de julho, o país viveu uma intensificação da crise econômica, com alta do dólar, e que resultou em um acordo com o FMI, fechado pelo governo no dia 7 de agosto. Lula considerou o acordo inevitável, comparando-o a uma ida ao dentista; Ciro achou o acordo um desastre, embora não visse outra saída para o país; Garotinho classificou o acordo como "espúrio". Serra viu o acordo como positivo.

Nesse período o candidato Ciro Gomes perdeu o coordenador-geral de sua campanha, o deputado José Carlos Martinez, que renunciou ao cargo após ser revelado que ainda tinha uma dívida contraída com Paulo César Farias, o PC, e viu seu candidato a vice, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, ser alvo de várias denúncias. Por outro lado, o candidato recebeu o apoio público do antigo desafeto Antonio Carlos Magalhães, e do ex-presidente Fernando Collor de Mello -apoio este rejeitado por Ciro.

A pesquisa também é a primeira realizada pelo Datafolha após debate entre os candidatos na TV Bandeirantes, no dia 4 de agosto. O debate marcou o início de uma polarização entre Serra e Ciro, que trocaram acusações que se prolongariam pelas semanas seguintes. Na tabela abaixo encontram-se os resultados para os dois possíveis cenários, apresentados aos entrevistados em cartões circulares:

O percentual de brasileiros que dizem, espontaneamente, que pretendem votar em Lula para presidente oscilou positivamente em relação ao levantamento anterior, passando de 23% para 25%; já a taxa dos que citam espontaneamente Ciro, permaneceu em 18%. José Serra é citado espontaneamente por 6%, mesma taxa dos que mencionam Garotinho. A taxa dos que não declaram voto espontaneamente em nenhum dos candidatos vem diminuindo: em junho eram 48%; essa taxa caiu para 44% no início de julho, oscilou para 42% na última pesquisa, e chega agora a 41%.

Lula não receberia o voto, sob nenhuma hipótese, de 33% dos entrevistados, taxa próxima à verificada por Garotinho (32%). A rejeição a Serra é de 28%, e a Ciro, de 17%.

Não votariam de jeito nenhum em Zé Maria 28%, e Rui Costa Pimenta não receberia o voto, sob nenhuma hipótese, de 27% dos entrevistados.

Votariam em qualquer um dos pré-candidatos 6% e não votariam em nenhum deles 2%.

Ciro perdeu oito pontos percentuais entre os eleitores de renda familiar mensal entre cinco e dez salários mínimos (caiu de 40% para 32%) e quatro pontos entre os eleitores de maior renda (passou de 42% para 38%).

No entanto, Ciro continua à frente de Lula no segmento de maior renda e empata com o petista no estrato de renda intermediária.

A intenção de voto no candidato da Frente Trabalhista também apresentou variações negativas entre as mulheres (foi de 28% para 25%), entre os que estudaram até o 2º grau (passou de 35% para 32%) e entre os eleitores com nível universitário (passou de 38% para 35%).
Com essas variações, Lula retomou a dianteira no Sul, nas cidades com mais de 150 mil eleitores, entre as mulheres, entre os eleitores com escolaridade secundária e entre os mais jovens. Entre os entrevistados com nível superior e renda entre cinco e dez salários mínimos ocorre empate técnico entre os candidatos, mas Lula está numericamente à frente de Ciro.

A intenção de voto em José Serra variou positivamente apenas entre os eleitores com maior renda (foi de 11% para 17%) e entre os mais escolarizados (passou de 10% para 13%). Suas maiores perdas ocorreram nas cidades com eleitorado entre mais de 50 a 150 mil votantes (foi de 23% para 16%), entre os eleitores com idade entre 16 e 24 anos (passou de 17% para 12%), entre os que estudaram até o 1º grau (de 18% para 14%), entre os que ganham até cinco salários mínimos (foi de 17% para 13%), no Nordeste (passou de 14% para 10%) e entre os eleitores que consideram o desempenho do presidente Fernando Henrique Cardoso regular (de 16% para 12%).

Garotinho passou de 6% para 13% nas cidades que têm até 10 mil eleitores, de 8% para 13% naquelas que têm entre 50 mil e 150 mil votantes, de 6% para 11% entre os eleitores com idade entre 35 e 44 anos, e de 8% para 11% entre os que ganham mais de cinco a dez salários mínimos.

Lula e Ciro teriam 45%, cada, em eventual segundo turno

Se o segundo turno da eleição para presidente fosse hoje, e os candidatos fossem Lula e Ciro Gomes, ambos teriam 45% do total de votos.

Na pesquisa anterior os candidatos estavam empatados no limite da margem de erro máxima da pesquisa e a possibilidade de que Ciro estivesse à frente era maior. Ciro estava numericamente à frente, com 48% (ou em um intervalo entre 46% e 50%), enquanto Lula tinha 44% (entre 42% e 46%).

Caso o adversário de Ciro fosse José Serra, o candidato da Frente Trabalhista, com 50% (atingia 52% na pesquisa anterior), venceria o peessedebista, que atingiria 32% (taxa idêntica à obtida no levantamento anterior). Se enfrentasse Garotinho, Ciro teria 56% do total de votos, contra 27% do candidato do PSB.

Maioria não sabe o número de seu candidato a presidente

A maioria dos eleitores entrevistados pelo Datafolha que já escolheram um candidato não sabe dizer o número que devem digitar na urna eletrônica para confirmar seu voto para a presidente em outubro. Do total, 74% não sabem o número que devem digitar e 2% citam números que não correspondem à realidade. Menções corretas atingem 14%. O total de eleitores sem candidato é de 10%.

Lula é o candidato com maior percentual de eleitores que sabem seu número: um em cada quatro (25%) dos entrevistados que pretendem votar no petista responderam corretamente à indagação. Essa taxa é de 10% entre os que votam em Ciro, de 7% entre os que votam em Garotinho e de 6% entre os eleitores de Serra.

35% admitem que ainda podem mudar voto para presidente

O percentual de eleitores brasileiros que escolheram um candidato a presidente ou que declaram que pretendem votar em branco ou anular o voto e dizem que ainda podem mudar até outubro se mantém estável: 35% dizem que ainda podem mudar, taxa que era de 34% na pesquisa de 30 de julho. Dizem estar totalmente decididos 62% (eram 63% no último levantamento).

Entre os eleitores de Garotinho a taxa de eleitores que admitem mudar aumentou oito pontos, passando de 35% para 43%. A taxa dos que votam em José Serra e admitem mudar também cresceu (de 43% para 47%).

Não foram registradas alterações significativas entre os eleitores de Ciro e Lula. Entre os eleitores de Ciro a taxa dos que dizem que ainda podem mudar o voto é de 36% (eram 35% na pesquisa anterior). Os eleitores de Lula continuam sendo os que mostram maior certeza em relação ao seu voto: 71% se dizem totalmente decididos e 27% admitem que ainda podem mudar, taxas que eram, respectivamente, de 72% e 26% na pesquisa anterior.

Dos entrevistados que admitem ainda mudar o voto 24% optariam por Ciro ou Serra, 18% por Lula e 12% por Garotinho.

Considerando os eleitores que têm um candidato a presidente, mas admitem que ainda podem mudar, verifica-se que Ciro Gomes seria, em caso de mudança, a opção de 43% dos atuais eleitores de José Serra - essa taxa era de 37% na pesquisa anterior. Ciro seria escolhido por 38% dos que votam em Lula e por 25% dos que votam em Garotinho.

José Serra é o candidato com mais possibilidade de receber o voto de 37% dos atuais eleitores de Ciro, de 25% dos que hoje votam em Lula e de 28% dos que hoje optam por Garotinho.

Em caso de mudança, Lula receberia 31% dos votos de Ciro, 30% dos eleitores arrependidos de Garotinho e 16% dos que hoje votariam em Serra.

Garotinho ficaria com 17% dos votos dos eleitores de Ciro e 13% dos de Lula ou Serra.

36% votam em candidato por falta de opção melhor

Mais de um terço (36%) dos eleitores entrevistados dizem que o candidato em quem pretendem votar para presidente não chega a ser o candidato ideal, mas não há opção melhor. A maioria (58%), no entanto, afirma que pretende votar no candidato que escolheu por considerá-lo o candidato ideal.

Entre os eleitores de Garotinho chega a 68% (dez pontos acima da média) a taxa dos que afirmam votar nele por considerá-lo o candidato ideal. Já entre os eleitores de Ciro, 41% (seis pontos acima da média) dizem votar nele por falta de opção; entre os eleitores de Serra 40% (cinco pontos acima da média) fazem a mesma afirmação.

Dos que votam em Lula 61% afirmam que o fazem por considera-lo o candidato ideal e 34% porque não vêem melhor opção.

Cerca de metade (49%) dos eleitores que pretendem votar em branco ou anular o voto dizem que tomarão tal atitude porque nenhum dos candidatos é suficientemente preparado para ser presidente. Um quarto (25%) diz que o faria como uma forma de protesto.

A maioria (67%) dos entrevistados que ainda não sabem em quem votar afirmam que estão se informando sobre os candidatos e acham que ainda é cedo para decidir. Segundo 9%, nenhum dos candidatos a presidente está preparado para o cargo, e por isso não sabem ainda em quem votar; 4% se dizem indecisos entre mais de um candidato.

São Paulo, 16 de agosto de 2002.