O candidato do PPS, Ciro Gomes, perdeu sete pontos percentuais após o início do horário eleitoral, e agora divide o segundo lugar na disputa pela presidência com José Serra (PSDB), que ganhou seis pontos, revela pesquisa realizada pelo Datafolha nesta sexta-feira, 30 de agosto. Lula mantém a liderança.
A pesquisa mostra um quadro semelhante ao registrado no início de julho. Pesquisa realizada nos dias 4 e 5 daqueles mês mostrava Lula na liderança isolada, com 38%, e o empate técnico entre Ciro, com 18%, e Serra, com 20%.
A pesquisa seguinte, de 30 de julho, mostrou que a intenção de voto em Ciro havia aumentado dez pontos, e o candidato, com 28%, se aproximava de Lula, que caíra para 33%.
Serra, naquela ocasião, tinha caído para 16% das intenções de voto. Nos dias 15 e 16 de agosto Lula voltou a crescer, chegando a 37%, Ciro oscilou para 27%, e Serra caiu para 13%.
Agora, Lula tem 37% das intenções de voto, seguido por Ciro, com 20%, e Serra, com 19%. Anthony Garotinho (PSB) oscilou negativamente dois pontos percentuais em relação à última pesquisa e tem agora 10%.
Zé Maria (PSTU) tem 1% das intenções de voto; Rui Costa Pimenta (PCO) não atinge 1% das menções. O percentual de eleitores brasileiros que votariam em branco ou anulariam o voto é de 5%, e a taxa dos que se declaram indecisos é de 8%.
O Datafolha ouviu 2581 eleitores em 148 cidades do país e a margem de erro máxima para este levantamento é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
A propaganda eleitoral teve início no dia 20 de agosto. Desde o primeiro dia a propaganda de José Serra vem sendo agressiva em relação a Ciro Gomes, inclusive tendo mostrado, repetidas vezes, cenas de uma entrevista do candidato à uma rádio na Bahia durante a qual ele chamou de "burro" um ouvinte que havia lhe feito uma pergunta.
A pesquisa mostra que a intenção de voto espontânea (medida pela primeira pergunta feita aos entrevistados, sem apresentação de cartão circular com os nomes dos candidatos) em José Serra aumentou quatro pontos em relação à pesquisa anterior, passando de 6% para 10%, enquanto a taxa de eleitores que citam espontaneamente Ciro caiu cinco pontos, passando de 18% para 13%. O percentual de brasileiros que dizem, espontaneamente, que pretendem votar em Lula para presidente oscilou positivamente, de 25% para 26%; a taxa dos que citam espontaneamente Garotinho oscilou de 6% para 5%. O percentual dos que não declaram voto espontaneamente em nenhum dos candidatos se manteve em 41%.
A rejeição a Ciro aumentou oito pontos em relação ao levantamento anterior: 25% afirmam que não votariam no candidato do PPS para presidente, de maneira alguma; essa taxa era de 17% na pesquisa realizada nos dias 15 e 16 de agosto.
A rejeição aos demais candidatos não apresentou variações significativas. Lula não receberia o voto, sob nenhuma hipótese, de 31% dos entrevistados (eram 33% na pesquisa anterior), e Garotinho é rejeitado por 30% (contra 32% no último levantamento). A rejeição a Serra é de 27% (era de 28% no levantamento anterior).
Não votariam de jeito nenhum em Zé Maria 27%, percentual idêntico ao dos que rejeitam Rui Costa Pimenta. Votariam em qualquer um dos candidatos 6% e não votariam em nenhum deles 2%.
Ciro perde votos entre eleitores com maior escolaridade e renda
A pesquisa mostra que Ciro teve sua maior perda (13 pontos) entre os que têm nível superior de escolaridade. Serra ganhou seis, e Lula cinco pontos percentuais nesse estrato.
Lula lidera entre os mais escolarizados com 44%, o dobro do percentual obtido por Ciro (22%). Serra tem 19% entre esses eleitores.
Entre os que estudaram até o 1º grau, Serra, com 20% (seis pontos a mais do que obtinha anteriormente), leva ligeira vantagem numérica sobre Ciro, que tem 17% (seis pontos a menos do que na pesquisa anterior); já entre os que têm escolaridade secundária Ciro está numericamente à frente de Serra (25% a 19%), mas na pesquisa anterior sua vantagem era maior (32% a 13%).
O candidato do PPS perdeu 11 pontos entre os eleitores com renda familiar acima de R$ 2.000,00 ou dez salários mínimos (caiu de 38% para 27%). Nas pesquisas de 30 de julho e de 15 e 16 de agosto Ciro superava Lula nesse segmento. Desta vez, o petista teve seu maior ganho exatamente nesse segmento, crescendo dez pontos e passando de 32% para 42%, retomando a liderança isolada entre os eleitores de maior renda. Serra ganhou três pontos entre esses eleitores, passando de 17% para 20%.
Ciro perdeu nove pontos entre os eleitores com renda familiar entre R$ 1.000,00 e R$ 2.000,00, ou cinco a dez salários mínimos (foi de 32% para 23%), entre os moradores das regiões Norte e Centro-Oeste (caiu de 28% para 19%), e entre os que moram em municípios com eleitorado entre 20 e 50 mil inscritos (foi de 30% para 21%).
No Sudeste, Ciro perdeu oito pontos percentuais (caiu de 25% para 17%). Nessa região Lula tem 36%, Serra 18% e Garotinho 15%.
A pesquisa mostra que José Serra ganhou pontos em todos os segmentos que permitem análise.
No Sul o candidato peessedebista cresceu 13 pontos, passando de 17% para 30% das intenções de voto. Lula, por sua vez, caiu 11 pontos, de 42% para 31%, ficando em situação de empate técnico com Serra. Ciro caiu de 23% para 18% nessa região.
Serra conquistou sete pontos entre os que aprovam (foi de 26% para 33%) e entre os que consideram regular (passou de 12% para 19%) o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso. Entre os que aprovam o presidente Serra está numericamente à frente de Lula, que tem 27%.
Neste segmento Ciro teve uma de suas maiores perdas: caiu de 29% para 20%.
Nas duas pesquisas anteriores o candidato do PPS empatava tecnicamente com Serra entre os eleitores que aprovam Fernando Henrique Cardoso.
O candidato do PSDB também ganhou sete pontos entre os eleitores com 60 anos ou mais, entre os municípios do interior (foi de 14% para 21% em ambos os segmentos), e aqueles que tem até 10 mil eleitores (passou de 11% para 18%).
Entre as mulheres Serra ganhou seis pontos (foi de 15% para 21%), mesmo percentual perdido por Ciro neste estrato (caiu de 25% para 19%).
Ciro e Serra também estão empatados em simulação de segundo turno
Lula venceria todos os adversários em possível segundo turno
A pesquisa mostra Ciro e Serra empatados tecnicamente em um possível segundo turno: se o segundo turno fosse realizado hoje, o candidato do PSDB estaria numericamente à frente, com 42% do total de votos, e o presidenciável do PPS teria 41%. Em razão da margem de erro máxima da pesquisa a taxa dos que votariam em Serra situa-se em uma faixa que vai de 40% a 44%, e a dos que escolheriam Ciro fica entre 39 e 43%. Na pesquisa realizada nos dias 15 e 16 de agosto Ciro vencia Serra, por 50% a 32%.
Se o segundo turno da eleição para presidente fosse hoje, Lula venceria todos seus possíveis oponentes.
Caso enfrentasse Ciro, Lula teria 48% do total de votos, contra 41% do candidato do PPS. Na pesquisa anterior os candidatos estavam empatados numericamente, com 45%, cada.
Caso o adversário de Lula fosse José Serra, o petista teria 51%, e o candidato do PSDB 39% (na pesquisa anterior Lula tinha 51%, e Serra 37%). Lula venceria Garotinho por 54% a 33%.
Aumenta conhecimento do número dos candidatos a presidente
Após o início do horário eleitoral gratuito a taxa dos eleitores que sabem dizer o número que devem digitar na urna eletrônica para confirmar seu voto para presidente em outubro aumentou 15 pontos percentuais, passando de 14%, segundo a pesquisa realizada nos dias 15 e 16 de agosto, para 29%. A taxa dos que não sabiam dizer o número de seu candidato caiu de 74% para 56% (18 pontos).
O conhecimento do número de Ciro Gomes foi o que mais cresceu (31 pontos): entre os eleitores que pretendem votar no candidato do PPS foi de 10% para 41% a taxa dos que respondem corretamente qual número devem digitar na urna eletrônica para elegê-lo.
Esse percentual é semelhante ao dos que conhecem o número de Lula (39%).
A taxa dos que conhecem o número do petista cresceu 14 pontos em relação ao levantamento anterior, quando 25% respondiam corretamente à indagação sobre o número do candidato.
Entre os eleitores de Garotinho 26% (taxa 19 pontos superior à verificada na pesquisa anterior) sabem dizer corretamente qual número digitar para confirmar seu voto.
José Serra é o candidato com menor taxa de conhecimento do número entre seus eleitores (e aquele cujo conhecimento do número apresentou menor crescimento em relação ao último levantamento): 17% sabem dizer seu número (eram 6% na pesquisa anterior).
17% dos eleitores dizem ter mudado voto após início do horário eleitoral
A pesquisa revela que 17% dos eleitores que pretendem votar em um dos candidatos, votar em branco ou anular o voto, afirmam ter mudado o voto após o início do horário eleitoral. Dos que mudaram o voto 8% afirmam que, antes do horário eleitoral, não sabiam em quem votar; 3% afirmam que pretendiam votar em Ciro Gomes, 2% que votariam em Lula, 1% em José Serra e percentual idêntico em Garotinho.
Entre os que hoje pretendem votar em José Serra a taxa dos que mudaram o voto após o início da exibição dos programas chega a 27%, dos quais 7% dizem que, antes, pretendiam votar em Ciro; 12% afirmam que não tinham candidato antes do início do horário eleitoral.
Entre os que pretendem votar em Garotinho e em Ciro Gomes essa taxa fica dentro da média (17% e 16%, respectivamente), e entre os eleitores de Lula fica abaixo da média (12%).
Considerando apenas os entrevistados que assistiram os programas de cada candidato no horário eleitoral gratuito, verifica-se que Lula atinge a maior taxa de aprovação, com 64% de entrevistados que consideram seu desempenho nos programas ótimo ou bom. O desempenho de Serra é aprovado por 56%, o de Ciro por 50%, e o de Garotinho por 40%.
Na tabela abaixo estão os resultados de avaliação para cada um dos seis candidatos à presidência.
Do total de entrevistados, 59% assistiram, pelo menos algum dia, a propaganda dos candidatos a presidente na TV. Afirmam ter assistido, pelo menos algum dia, a propaganda eleitoral de Lula na TV 51% dos eleitores entrevistados. Em relação à propaganda de Serra e Ciro essa taxa é de 49%; os programas de Garotinho foram assistidos por 46%.
36% admitem que ainda podem mudar voto para presidente
O percentual de eleitores brasileiros que escolheram um candidato a presidente ou que declaram que pretendem votar em branco ou anular o voto e dizem que ainda podem mudar até outubro continua estável: 36% dizem que ainda podem mudar, taxa que era de 35% na pesquisa realizada nos dias 15 e 16 de agosto e de 34% na pesquisa de 30 de julho. Dizem estar totalmente decididos 62% (mesmo percentual registrado no último levantamento, e que era de 63% no levantamento de 30 de julho).
Entre os que pretendem votar em Ciro a taxa de eleitores que admitem mudar aumentou seis pontos, passando de 36% para 42%.
Não foram registradas alterações significativas entre os eleitores de Lula, Serra e Garotinho.
Os eleitores de Lula continuam sendo os que demonstram maior certeza em relação ao seu voto: 74% se dizem totalmente decididos e 25% admitem que ainda podem mudar, taxas que eram, respectivamente, de 71% e 27% na pesquisa anterior.
Por outro lado, os eleitores de Serra continuam sendo os mais propensos à mudança: a taxa dos que dizem que ainda podem mudar o voto entre os que pretendem votar no peessedebista é de 49% (eram 47% na pesquisa anterior).
Dos que pretendem votar em Garotinho 37% admitem que ainda podem mudar (eram 43% no último levantamento).
Entre os entrevistados que admitem ainda mudar o voto aumentou quatro pontos (de 18% para 22%) a taxa dos que dizem que, em caso de mudança optariam por Lula. Optariam por Serra 25%, por Ciro 24% e por Garotinho 15%.
Considerando os eleitores que têm um candidato a presidente, mas admitem que ainda podem mudar, verifica-se que José Serra é o candidato com mais possibilidade de receber o voto de 39% dos atuais eleitores de Ciro, de 35% dos que hoje votam em Lula e de 33% dos que hoje optam por Garotinho.
Ciro Gomes seria, em caso de mudança, a opção de 42% dos atuais eleitores de José Serra, de 29% dos que votam em Lula e de 27% dos que votam em Garotinho.
Em caso de mudança, Lula receberia 39% dos votos de Ciro, 29% dos que hoje votariam em Serra, e 22% dos que hoje optam por Garotinho.
Garotinho ficaria com 21% dos votos dos eleitores de Lula, 18% dos de Serra e 11% dos de Ciro.
São Paulo, 30 de agosto de 2002.