Lula lidera disputa no 1o e 2o turnos. Preferência pelo presidente cresce significativamente entre brasileiros com maior renda e mais escolarizados

DE SÃO PAULO

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Após meses de disputa acirrada pela preferência dos brasileiros para a eleição Presidencial de 2006, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) volta a liderar a disputa, segundo pesquisa realizada pelo Datafolha nos dias 20 e 21 de fevereiro. Se o primeiro turno da eleição fosse hoje, 39% dos brasileiros votariam pela reeleição de Lula. Votariam no prefeito de São Paulo, e seu mais forte oponente, José Serra, 31%. Lula ganhou seis pontos percentuais em relação à pesquisa anterior, realizada nos dias 1 e 2 de fevereiro (tinha 33% das intenções de voto na ocasião), enquanto Serra perdeu três (tinha 34%).

A pesquisa mostra que Lula também se fortaleceu nas simulações para um eventual segundo turno e em relação à intenção de voto espontânea, e que ganhou apoio significativo entre os brasileiros com maior renda e escolaridade superior.

O Datafolha entrevistou 2651 brasileiros de todas as unidades da Federação, a partir dos 16 anos de idade. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.

No cenário com Serra, Anthony Garotinho (PMDB) oscilou de 10% para 8% e, Heloisa Helena (PSOL), de 6% para 5%. Roberto Freire (PPS) e Cristovam Buarque (PDT) mantiveram as taxas obtidas anteriormente, respectivamente de 2% e 1%. Eymael (PSDC) foi citado, mas não atingiu 1%. Votariam em branco ou anulariam o voto hoje 8% e não saberiam em quem votar 5%.

Lula não atingia tal diferença em relação a Serra desde a eclosão do chamado escândalo do mensalão, em junho de 2005. Em dezembro de 2004, antes das denúncias, a vantagem de Lula era de 13 pontos percentuais (41% a 28%). No início de junho ela caiu para 10 pontos (36% a 26%), e foi a seis pontos (33% a 27%) na segunda quinzena daquela mês, logo após entrevista do ex-deputado Roberto Jefferson à Folha de S. Paulo, na qual ele revelava o suposto pagamento de mesada feito pelo governo a deputados.

Em julho, o petista batia o peessedebista por 34% a 25%. Na pesquisa seguinte, em agosto, essa diferença caiu para três pontos percentuais, o que resultou em um empate técnico (30% a 27%), que se repetiria em outubro. Em dezembro, Serra atingiu pela primeira vez a liderança isolada, chegando a 36% das intenções de voto, enquanto Lula atingia 29%. Em fevereiro, novo empate técnico: 34% para Lula, 33% para Serra

Variação idêntica ocorreu no cenário em que o governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto, substitui Garotinho como candidato do PMDB e o prefeito de São Paulo é mantido como o candidato tucano: Lula ganhou seis pontos (foi de 36% para 42%) e Serra perdeu três (passou de 35% para 32%). Heloisa Helena oscilou de 7% para 6%; Roberto Freire e Germano Rigotto se mantiveram com 2%, cada, Cristovam Buarque repetiu a taxa de 1% e Eymael, novamente, não chegou a essa marca.

No cenário em que o governador do estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, é incluído como o candidato do PSDB, e Garotinho figura como concorrente peemedebista, Lula ampliou ainda mais sua vantagem. Se o primeiro turno da eleição fosse hoje, 43% votariam no atual presidente e 17% dariam seu voto a Alckmin, ou seja, uma diferença de 26 pontos a favor do petista, 10 pontos maior do que a verificada no começo do mês. Em relação àquela pesquisa, Lula ganhou sete pontos percentuais (tinha 36% das intenções de voto) e o governador paulista recuou três pontos (tinha 20%).

Nesse cenário, Lula sempre esteve à frente. A maior vantagem foi registrada em dezembro de 2004, quando atingia 44% das intenções de voto, enquanto Alckmin ficava com 13%, empatado com Anthony Garotinho, que obtinha 12%. Em dezembro de 2005 a vantagem de Lula em relação a Alckmin era de oito pontos percentuais (30% a 22%; Garotinho atingia 14%).

Em relação à pesquisa anterior, no cenário com Alckmin, Garotinho oscilou de 13% para 11% e Heloisa Helena de 7% para 6%. Roberto Freire e Cristovam Buarque se mantiveram com 2% e 1% das intenções de voto, respectivamente. Votariam nulo ou em branco 12% e não saberiam em quem votar 7%.

Com Rigotto no lugar de Garotinho, Lula atinge 45%, cinco pontos a mais do que na pesquisa anterior, quando obtinha 40%. Nesse cenário, Alckmin oscilou de 21% para 20%. Heloisa Helena oscilou de 9% para 8% e Rigotto de 3% para 2%. Cristovam Buarque se manteve com 1% e Eymael, mais uma vez, não atingiu esse percentual. Votariam em branco ou anulariam o voto 14% e 8% não saberiam em quem votar.

Lula também lidera simulações para segundo turno

O presidente também se fortaleceu nas simulações para um provável segundo turno. Em uma disputa contra José Serra, hoje, 48% votariam em Lula e 43% no tucano. No começo do mês, Serra batia Lula por 49% a 41%. É a primeira vez que o petista vence o peessedebista desde junho do ano passado. Naquela ocasião, 46% votariam no atual presidente e 40% no prefeito de São Paulo.

Na simulação de um segundo turno entre Lula e Geraldo Alckmin, o petista ganhou cinco pontos percentuais (foi de 48% para 53% das intenções de voto), enquanto o peessedebista recuou quatro (de 39% para 35%). O pior momento de Lula nesse cenário ocorreu em dezembro do ano passado, quando foi verificado empate técnico (41% para Lula, 40% para Alckmin). A atual vantagem do petista, de 18 pontos percentuais, é comparável à registrada em julho do ano passado (49% a 33%, ou seja, de 16 pontos percentuais) e só não é maior do que a verificada em 16 de junho (54% a 28%, isto é, 26 pontos).

Se o segundo turno fosse, hoje, entre Lula e Garotinho, o atual presidente se reelegeria com 56% do total de votos. Votariam no peemedebista 28%. Em relação à pesquisa de fevereiro, a vantagem do petista subiu de 17 para 28 pontos: naquela ocasião, 50% votariam em Lula e 33% em Garotinho. Ou seja, também nessa simulação, o petista volta a status semelhante ao que obtinha no início da crise do "mensalão", quando, em junho batia o peemedebista por 30 pontos percentuais (54% a 24%).

Presidente conquista apoio de brasileiros com maior renda e com escolaridade superior

A pesquisa mostra um significativo fortalecimento de Lula entre os brasileiros com nível superior de escolaridade e com renda familiar mensal superior a dez salários mínimos.

No cenário para o primeiro turno, com José Serra e Anthony Garotinho, Lula ganhou 18 pontos percentuais entre os mais escolarizados, passando de 22% para 40%. Serra perdeu 12 pontos percentuais, caindo de 40% para 28%. É a primeira vez que o petista fica à frente do peessedebista nesse segmento desde agosto, quando atingia 30% das intenções de voto - Serra tinha 20%.

Na simulação de segundo turno contra Serra, Lula ganhou 16 pontos percentuais entre os brasileiros com escolaridade superior, e hoje, com 48%, empata com Serra, que perdeu 12 pontos, caindo de 57% para 45%.

No cenário com Geraldo Alckmin e Garotinho, Lula ganhou 15 pontos (foi de 24% para 39%) entre os mais escolarizados, enquanto o peessedebista perdeu sete (passou de 34% para 27%). Na simulação de segundo turno, mais uma vez o petista, que cresceu de 34% para 45%, empata com o possível candidato do PSDB, que passou de 51% para 46%.

Entre os brasileiros com renda familiar mensal acima de 10 salários mínimos, Lula ganhou 15 pontos percentuais no cenário para o primeiro turno com José Serra, passando de 16% para 31%, enquanto o tucano perdeu 14 pontos, caindo de 49% para 35%. No cenário para um provável segundo turno, Lula subiu de 24% para 40% (16 pontos percentuais), enquanto Serra caiu de 65% para 52% (13 pontos).

Contra Alckmin, entre a população de maior renda, Lula passou de 15% para 30% no primeiro turno e de 23% para 39% na simulação para o segundo turno. O governador paulista passou de 45% para 36% na simulação para o primeiro turno e de 64% para 52% em um provável segundo turno.

O fortalecimento de Lula se mostra consistente, entre outras razões, pelo crescimento obtido no que diz respeito ao voto espontâneo. A taxa dos que dizem, antes da apresentação de cartões circulares com os nomes dos possíveis candidatos, que pretendem votar em Lula para presidente em 2006, aumentou de 23% no começo do mês para 30% hoje. As taxas de intenção de voto espontânea nos demais prováveis candidatos apresentaram variações dentro da margem de erro ou se mantiveram idênticas. José Serra oscilou de 9% para 11%, Geraldo Alckmin se manteve com 4% e Anthony Garotinho permaneceu com 2%. Heloísa Helena, que atingia 1% na pesquisa anterior, hoje não chega a esse percentual. A taxa dos que não sabem dizer, espontaneamente, em quem pretendem votar em outubro, caiu de 51% para 43%.

A população brasileira se divide quando indagada sobre a possibilidade do prefeito de São Paulo, José Serra, renunciar a três anos do fim do seu mandato, para concorrer à Presidência da República. Para 41%, ele vai agir mal, se assim o fizer; para 39%, vai agir bem. Um quinto dos entrevistados, no entanto (20%), não sabe responder à questão.

Entre os brasileiros que se declaram simpatizantes do partido do prefeito, o PSDB, por outro lado, a maioria (61%), acha que ele agiria bem se renunciasse. A maior parte dos brasileiros com renda familiar mensal acima de 10 salários mínimos e nível superior de escolaridade acha que Serra agiria mal ao renunciar; em ambos os segmentos, a taxa dos que pensam assim é de 51%, dez pontos acima da média.