O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) começa o ano de 2006 recuperando parte da popularidade que seu governo perdeu em 2005 e, também, reconquistando pontos no que diz respeito à disputa na eleição a se realizar em outubro deste ano. É o que mostra pesquisa realizada pelo Datafolha em todo o país, nos dias 1 e 2 de fevereiro. A pesquisa mostra que as intenções de voto no petista aumentaram nos dois cenários que permitem comparação com levantamento realizado em dezembro e nas simulações para o segundo turno. Se o primeiro turno fosse hoje, Lula, com 33%, empataria com o prefeito de São Paulo, o peessedebista José Serra, que ficaria com 34%. O empate ocorre porque, como a margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, Serra pode ter, na verdade, entre 32% e 36% das intenções de voto, enquanto Lula se situa em uma faixa que vai de 31% a 35%. Caso o PSDB fosse representado na disputa pelo governador Geraldo Alckmin, o petista ficaria 16 pontos à frente do tucano (36% a 20%).
Na pesquisa de dezembro, Serra, pela primeira vez, ficava à frente do petista na preferência dos brasileiros, com 36% das intenções de voto, enquanto Lula obtinha 29%. De lá para cá, Lula ganhou quatro pontos, enquanto Serra oscilou dois pontos para baixo. No cenário com Alckmin, Lula ganhou seis pontos percentuais (tinha 30% das preferências em dezembro), enquanto o tucano oscilou dois pontos para baixo (obtinha 22%).
Os demais candidatos incluídos nas duas pesquisas se mantiveram estáveis. No cenário com Serra, Anthony Garotinho (PMDB) se manteve com 10%, Heloisa Helena (PSOL) oscilou de 5% para 6% e Roberto Freire (PPS) permaneceu com 2%. Na hipótese em que Alckmin é o candidato do PSDB na disputa, Garotinho oscilou de 14% para 13%, Heloisa Helena se manteve com 7% e Roberto Freire oscilou de 4% para 2%.
O Datafolha também incluiu nesta pesquisa dois cenários incluindo o governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto, que se inscreveu, em janeiro, nas prévias que definirão o candidato do PMDB à Presidência.
No cenário com Serra, repete-se o empate verificado quando Garotinho é o candidato peemedebista: nesse caso, Lula teria, hoje, 36%, e o tucano ficaria com 35% das preferências. Heloisa Helena assume o terceiro lugar, com 7%. Rigotto atinge 2%, percentual idêntico ao obtido por Roberto Freire.
Com Alckmin e Rigotto na disputa, a vantagem de Lula em relação ao segundo colocado chega a 19 pontos percentuais. Diante dessa lista de candidatos, 40% dos brasileiros votariam, hoje, no petista, e 21% no governador tucano. Heloisa Helena, com 9%, ficaria em terceiro lugar. Roberto Freire teria 4% e Germano Rigotto 3% dos votos.
Também foram incluídos os pré-candidatos pelo PDT, Cristovam Buarque, e pelo PSDC, José Maria Eymael. Buarque atinge 1% em todos os cenários apresentados pelo Datafolha; Eymael não chega a atingir 1% em nenhum deles.
Lula também recuperou pontos nas simulações de um eventual segundo turno. O petista seria derrotado hoje, caso seu adversário no segundo turno fosse José Serra, a exemplo do que já era demonstrado na pesquisa anterior; porém, a vantagem do peesedebista caiu de 14 para oito pontos percentuais de dezembro para cá.
Na pesquisa anterior, Serra vencia por 50% a 36%; hoje, esse placar seria 49% a 41%. Contra Geraldo Alckmin, Lula saiu de uma situação de empate técnico (41% a 40%) no levantamento anterior para uma vantagem de nove pontos hoje (48% a 39%). A vantagem de Lula em relação a Anthony Garotinho passou de 11 (44% a 33%) para 17 pontos percentuais (50% a 33%) nesse período.
Quando solicitados a dizer, espontaneamente, em quem pretendem votar para presidente em 2006, 23% citam Lula, 9% Serra, 4% Alckmin, 2% Garotinho e 1% Heloisa Helena. Não sabem dizer ainda em quem pretendem votar 51%.
Lula recupera pontos entre os mais pobres e menos escolarizados; Serra e Alckmin ampliam vantagem entre os de maior renda e escolaridade
A pesquisa do Datafolha mostra que, enquanto Lula obteve ligeira recuperação entre os brasileiros mais pobres e de menor escolaridade, os tucanos, especialmente José Serra, ampliaram sua liderança entre os de maior renda e mais escolarizados.
Serra fica à frente de Lula no Sudeste, no Sul, e nas regiões Norte e Centro-Oeste, em ambos os cenários para o primeiro turno em que é incluído, e na simulação de segundo turno. O petista supera o prefeito paulistano apenas no Nordeste, tanto no primeiro quanto no segundo turno. Contra Alckmin, Lula supera o tucano no Nordeste e nas regiões Norte e Centro-Oeste, no primeiro e no segundo turno. No Sul, Lula vence no primeiro turno, e empata com Alckmin no segundo. No Sudeste, ocorre empate no primeiro turno e o tucano supera o petista na simulação para o segundo.
Maioria aponta Serra e Garotinho como melhores nomes de seus partidos para eleição presidencial
José Serra, pelo PSDB, e Anthony Garotinho, pelo PMDB: esses são os dois melhores nomes em seus respectivos partidos para disputar a eleição presidencial de 2006, segundo a maioria dos brasileiros ouvidos pelo Datafolha.
Solicitados a opinar a respeito da disputa no PSDB pela vaga na eleição presidencial de 2006, 60% afirmam que José Serra é o melhor candidato para concorrer ao cargo máximo do país. Para 26%, o melhor nome do PSDB para a disputa é o governador Geraldo Alckmin. De acordo com 5% nenhum dos dois pode ser considerado o melhor nome do partido para a eleição e 9% não souberam opinar. Entre os que declaram o PSDB como partido de preferência a taxa dos que apontam Serra como o melhor nome é idêntica à verificada entre o total de entrevistados, enquanto a dos que citam Alckmin vai a 37%. Para 2% dos peessedebistas nenhum dos dois pode ser considerado o melhor nome e 1% não soube responder. A preferência por Serra chega a 71% entre os simpatizantes do PFL, a 70% entre os que simpatizam com o PMDB e é de 55% entre os petistas.
Quando se trata da disputa no PMDB, 54% acham que Anthony Garotinho é o melhor nome do partido, enquanto 19% preferem Germano Rigotto. Para 12%, nenhum dos dois pode ser considerado o melhor e 15% não souberam opinar. Entre os simpatizantes do PMDB as menções a Garotinho vão a 67% e as citações a Rigotto atingem 18%. Para 8% dos peemedebistas, nem Garotinho nem Rigotto deveriam disputar a Presidência, e 6% deles não souberam responder. Garotinho é citado como o melhor nome peemedebista por 60% dos simpatizantes do PFL, por 54% dos petistas e por 53% dos peessedebistas.
*59% dão maior importância à proposta de governo na hora de definir voto para presidente
Cresce preferência por presidente que faça muita coisa, mesmo que não seja totalmente honesto*
A maioria dos brasileiros afirma que, na hora de escolher um candidato a presidente, entre a proposta de governo, a pessoa e o partido do candidato, ficam com a primeira opção. Essa é a resposta de 59% quando indagados a respeito do que consideram mais importante na hora de definir seu voto. Cerca de um terço (31%) dão maior importância à pessoa do candidato, e apenas 5% se pautam pelo partido do concorrente. Essas taxas são semelhantes às verificadas em julho do ano passado, quando 58% davam maior importância à proposta, 30% achavam mais importante a pessoa e percentual idêntico ao de hoje citava o partido do candidato como o mais importante.
Entre os que têm escolaridade superior, a taxa dos que atribuem maior importância à proposta de governo chega a 63%; entre os que têm renda familiar mensal superior a dez salários mínimos essa taxa é de 62%.
Indagados se preferem um presidente que seja totalmente honesto, ainda que faça menos, ou um que faça muita coisa, mesmo que roube um pouco, 68% afirmam preferir aquele que prima pela honestidade. Essa taxa é quatro pontos menor do que a verificada em julho de 2005, quando 73% pensavam assim. Em dezembro de 2001, 10 meses antes da última eleição presidencial, essa era a posição de 74%.
Um percentual significativo, 27%, afirma preferir um presidente mais realizador, ainda que não seja exatamente honesto, taxa quatro pontos maior do que a registrada no levantamento anterior. Em dezembro de 2001, 22% se posicionavam dessa maneira.